quinta-feira, 24 de abril de 2014

Linguagem do futebol

COISAS DO FUTEBOL - COISAS DA LINGUAGEM

Aconteceu aos 45 minutos do segundo tempo - Aconteceu no final da partida de futebol. Na gíria da língua geral, diz-se quando algo só foi resolvido no último instante possível.
Agora é só correr para o abraço - Expressão usada por muitos narradores de partidas de futebol, pelo rádio ou pela televisão. Mais uma vez, o prestígio desse fabuloso esporte de massas faz reproduzir na gíria da língua geral essa expressão, quando alguém fez tudo certo e agora só vai receber os cumprimentos pelo que realizou, comemorar.
Bate um bolão - Diz-se de um jogador que está atravessando uma excelente fase. Na gíria da língua geral, diz-se quando alguém que é muito bom em determinada coisa.
Bater na trave - A bola quase entrou na meta, mas não foi gol. Essa imagem do futebol fez surgir na gíria da língua comum o sentido de quase acontecer/conseguir algo.
Chutar - No futebol é tocar na bola com força, numa direção qualquer. Na gíria da língua comum é desprezar alguém; afirmar alguma coisa sem ter certeza, mentir.
Comer (a) bola - No futebol significa jogar muito bem. Passou para a gíria da língua comum como: a) falar ou fazer algo inconveniente sem perceber; b) vacilar, deixar alguma chance passar ou ser enganado.
Dar bola a - No futebol é lançar a bola a um jogador companheiro. Na gíria comum é dar confiança a; dar entrada a, para namoro (aplica-se às mulheres).
Deixar fora da jogada - Um drible desconcertante deixa o adversário completamente fora da jogada, mesmo! Na gíria da língua geral é excluir alguém.
Deixar no banco - O técnico pode contar com alguns jogadores para serem usados durante o decorrer do jogo. Eles ficam sentados no banco. Na gíria da língua comum é deixar algo/alguém em segundo plano.
Entrar de sola - Jogada brusca, punida pelo juiz com um tiro direto. Na gíria da língua geral é ir direto ao assunto, sem fazer cerimônia.
Ficar/deixar pra escanteio - No futebol é um recurso legítimo para se desfazer da bola, jogando-a pela linha de fundo. Na gíria da língua comum significa deixar algo/alguém de lado, esquecido.
Freguês - No futebol, diz-se que um time é freguês do outro, quando uma equipe perde seguidas vezes para esse outra equipe. Do futebol passou para a gíria da língua comum, em qualquer situação em que ocorra um insucesso constante.
Marcar um gol - Do futebol para a gíria da língua geral, com o mesmo sentido. Neste caso presentifica-se o grande prestígio de futebol, influenciando falares neutros. Portanto, significa conseguir atingir um objetivo, principalmente quando foi difícil conseguir tal coisa.
Na marca do pênalti - No futebol significa que a bola está preste a entrar no gol adversário, pois pênalti é coisa que não se perde... Na gíria da língua comum significa última alternativa para alguma situação, única maneira de se resolver algo; quando alguém está pronto para tomar alguma decisão importante.
Pendurar as chuteiras - O jogador, que se aposenta, pendura seu instrumento de trabalho, as chuteiras. O prestígio do futebol estendeu esse significado para todas as profissões, num linguajar de gíria. Aposentar-se.
Pimba na gorduchinha - (Ver GORDUCHINHA) Expressão criada pelo locutor Osmar Santos. Pimba é o chute. Gorduchinha é a bola. A expressão saiu do futebol e significa, na gíria comum, ter de fazer algo rápido por falta de tempo, equivalendo a uma outra gíria vapt-vupt, também recuperada pela linguagem dos meios de comunicação (de um programa humorístico), numa espécie de pingue-pongue de usos distintos desses termos.
Pisar na bola - Diz-se, no futebol, que isso é coisa de quem não sabe jogar. Ora, onde se viu alguém pisar em cima da bola. É tombo certo! Logo, na gíria da língua geral, quando alguém pisa na bola, é sinal de que fez algo errado, condenável.
Tá na área e se derrubar é pênalti - É claro que se isso acontecer num jogo de futebol, é pênalti, mesmo. Na gíria da língua geral: é quando falta só um detalhe para alguma coisa ser concluída.
Tirar o time de campo - Quem manda o time sair de campo se responsabiliza por esta indisciplina e desiste da competição. Assim, reproduz-se, na gíria da língua geral, com o sentido de desistir de algo.
Um a zero para mim - É um placar (V.) minguado, mas vale uma vitória... A gíria da língua comum se apropriou disso e diz que é quando alguém está em uma situação de vantagem.
Vestir a camisa - Com o advento do profissionalismo no futebol, os jogadores passam, constantemente, de um time para outro, assinando contratos novos, ao fim ou no meio de algumas temporadas. Assim, perde-se o romantismo do ideal e amor a camisa do clube, objeto emblemático, ícone verdadeiramente desencadeador de paixões e delírios, amor e deslumbramento pelos clubes. Hoje, isso é muito raro. As cenas de jogadores que mudam de time, beijando a camisa da nova equipe é um ato mais de marketing do que de sinceridade, fidelidade, intimismo ou amor verdadeiro. Na gíria da língua comum, diz-se de quem acredita e defende alguma coisa, algum ideal.
Zona do agrião - Expressão criada por João Saldanha. Refere-se à grande área, local onde ocorrem jogadas importantes para o ataque e para a defesa. O local (zona) onde é plantado o agrião é um local pantanoso, portanto perigoso de se pisar. Com esse sentido é usada na gíria comum.

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