terça-feira, 23 de setembro de 2014



em Palavras

Brancas, suaves mãos de irmã 
Que são mais doces que as das rainhas, 
Hão de pousar em tuas mãos, as minhas 
Numa carícia transcendente e vã. 

E a tua boca a divinal manhã 
Que diz as frases com que me acarinhas, 
Há de pousar nas dolorosas linhas 
Da minha boca purpurina e sã. 

Meus olhos hão de olhar teus olhos tristes; 
Só eles te dirão que tu existes 
Dentro de mim num riso d’alvorada! 

E nunca se amará ninguém melhor; 
Tu calando de mim o teu amor, 
Sem que eu nunca do meu te diga nada!... 

Florbela Espanca

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