terça-feira, 30 de setembro de 2014

O Gato de Botas

O Gato das Botas

 Narrador
gato 
Há muito tempo atrás morreu um moleiro que tinha três filhos. Era pobre, mas deixou uma coisa para cada um. O mais velho herdou o moinho, o filho do meio um burro e o mais novo um gato.
O mais velho tornou-se moleiro como o pai, o segundo partiu na garupa do burro à procura de fortuna e o mais novo sentou-se a chorar. “O que faço com um gato?”, lamentava-se. “O que será de mim?”
O gato, vendo-o desesperado, aproximou-se e disse: ” Não te preocupes. Arranja-me uma capa, um chapéu com umas belas plumas e um par de botas novas. Do resto trato eu.”
O rapaz secou as lágrimas e obedeceu.
No dia seguinte, o gato enfiou as botas e correu para o castelo, veloz como o vento, para oferecer um coelho ao rei. “Isto é um presente do meu amo, o marquês de Caraíbas!”, disse o gato a sua majestade.
E durante sete dias seguidos, apresentou-se todas as noites ao rei com novos presentes: lebres, perdizes, faisões…
No castelo estavam todos cheios de curiosidade.
“Que homem generoso, este marquês de Caraíbas!”, comentavam na corte.
Gostaríamos tanto de conhecer o teu patrão”, disse um dia a rainha ao gato.
“O marquês de Caraíbas terá muita honra em vos convidar para o seu castelo”, responde-lhe o gato.
O dono do gato ficou aflito e suspirou: “Oh, não! Todos ficarão a saber que sou pobre!”
“Não te preocupes e faz o que te digo”, disse o gato. “Amanhã irás tomar um banho ao rio.”
“Mas não sei nadar”, lamentou o rapaz.
“Não faz mal”, respondeu o gato, “confia em mim!”
O gato sabia que o rei e a rainha iam passear na sua carruagem junto ao rio. Esperto como era, mal sentiu os cavalos a aproximarem-se, atirou o patrão à água e gritou: “Socorro! Socorro! O meu patrão, o marquês de Caraíbas, está a afogar-se!”
O rei ordenou aos criados que salvassem o marquês. Depois deu-lhe roupas secas e luxuosas e disse que ele e a rainha gostariam muito de visitar o seu castelo. O falso marquês desatou a chorar, pensando que tinha sido descoberto, mas o gato não perdeu tempo a consolá-lo. Tinha-lhe arranjado roupas novas, só faltava encontrar-lhe uma casa.
E, sem hesitar, correu para o castelo do Ogro.
“Diz-me uma coisa, Ogro, é verdade que estás a perder poderes?”, perguntou o gato com muita astúcia.
“Diz-se por aí que consegues transformar-te em animais enormes, mas em animais pequenininhos, não.”
“Já vais ver!”, respondeu o Ogro ofendido. Num instante, transformou-se num pequeno ratinho, que o gato engoliu de uma só vez! Depois apoderou-se do castelo do ogro, instalou-se com o seu patrão e convidou o rei e a rainha para jantar.
Os reis aceitaram o convite e levaram consigo a sua filha, uma bela princesa por quem o filho do moleiro logo se apaixonou.
O rei e a rainha organizaram um baile maravilhoso para festejar o casamento.
A partir de então, graças ao gato das botas, todos viveram felizes para sempre.

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