terça-feira, 30 de setembro de 2014

O Pinheirinho Torto

O Pinheirinho Torto

Narrador
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Era uma vez, um lindo vilarejo em que morava uma família que trabalhava o ano todo se preparando para o Natal. Manoel era o pai que plantava mudas de pinheiro no início do ano e cuidava delas todos os dias durante todos os meses para que pudessem se tornar fortes pinheiros que deveriam ser belas árvores de Natal. Seu filho Paulo o ajudava com a plantação e aproveitava para aprender tudo sobre o trabalho do pai. Dona Liana, a mãe, se encarregava de cuidar da horta para garantir o sustento da família e também se dedicava a todas as tarefas do lar com muito carinho.
Manoel entendia tudo de sua plantação e conhecia suas mudas como ninguém! Sabia exatamente como estava seu processo de crescimento e o que estava indo bem ou mal, resolvia qualquer problema com as mudas para que todas fossem bem aproveitadas para quando chegasse a época de vendê-las. E assim seguia o ano com o cuidado que cada estação exigia; na primavera as mudas cresciam mais rápido, mas se enchiam de neve quando o inverno chegava, as folhas ficavam muito ressecadas quando estavam no verão e caíam bastante quando era outono. Manoel e Paulo tinham que prestar atenção no clima o tempo todo, afinal, se suas árvores não se tornassem fortes pinheiros, elas não seriam vendidas para as pessoas do vilarejo e assim, a família poderia passar por dificuldades financeiras.
Um dia, numa de suas observações pela plantação, Manoel percebeu que um de seus pinheirinhos havia nascido totalmente torto. Ele não era verdinho como os outros, suas folhas não tinham muito brilho e seu aspecto era de uma árvore fraca e sem graça. Manoel ficou muito preocupado com o formato da pobre arvorezinha, mas, como não havia o que fazer, decidiu ficar observando para ver se ela iria sobreviver às estações do ano ou se morreria logo. O tempo foi passando e toda a plantação foi crescendo bela e saudável, menos aquele pinheirinho torto, que só crescia cada vez mais torto.
O Natal havia chegado! Logo no início do mês de dezembro, as pessoas já começavam a procurar o vilarejo de Seu Manoel para comprarem seus pinheiros e montarem suas árvores de Natal. Não havia uma só família que não montasse uma linda árvore de Natal em sua sala! Era uma tradição na cidade, e a vizinhança até costumava chamar os amigos para ver como haviam decorado suas árvores. Era cada uma mais linda que a outra! A cidade se preparava para a festa mais encantadora de todas, onde todos se reuniam para orar e agradecer as bênçãos que tiveram no decorrer do ano.
Sr. Noel era o simpático velhinho conhecido por todos como Papai Noel. Ele se preparava para dar início a mais uma longa viagem em que entregaria presentes a todas as crianças do mundo! Noel alimentava suas renas e preparava seu trenó para que nada desse errado durante sua missão. Todos o conheciam como o “bom velhinho que atende pedidos”.
Enquanto isso, no vilarejo de Seu Manoel, algo muito estranho acontecia. Todos os clientes que lhe compravam os pinheiros ignoravam o pinheirinho torto porque o julgavam o mais feio da plantação. Seu Manoel começou a ficar preocupado, pois, sabia que precisava vender todos sem deixar nenhum. Mas as pessoas só escolhiam os pinheiros altos, bonitos e verdinhos e não se importavam com o pinheiro torto. Quando o viam diziam:
– Eu não quero uma árvore de Natal torta! Imagine! Não vou ficar com ele!
E foi assim que todos os pinheiros da plantação de Seu Manoel foram vendidos, mas o pinheiro torto ficou para trás, sozinho, sem nenhum outro por perto.
Na manhã seguinte, já era véspera de Natal, e Papai Noel estava pronto para partir quando viu que uma de suas renas amanheceu muito doente. Ele ficou muito triste e preocupado com ela. Como ele viajaria sem uma de suas renas para dirigir seu trenó? Como poderia viajar o mundo todo com ela naquele estado? Fez o que pôde para curá-la, mas ela só piorava a cada instante. O médico veterinário que a observou disse que ela fatalmente morreria, não haveria mais nada o que fazer.
Foi aí que Noel teve a ideia de pedir a seu amigo Manoel que a deixasse em sua fazenda até que ele voltasse de viagem. O amigo atendeu seu pedido e a colocou perto da pastagem onde só havia o pinheiro torto e mais nada. Papai Noel viajou com o coração apertado, pois, sabia que quando voltasse, sua rena estaria morta. Sentiria muita falta dela!
Sem forças, a pobre rena doente curvou sua cabeça para perto do pinheirinho torto e comeu um pouco de suas folhas, depois adormeceu até o outro dia e descansou como há muito tempo não fazia.
Na manhã seguinte, o menino Paulo ficou estarrecido com o que estava vendo; a rena de Papai Noel estava correndo e pulando pelo campo numa alegria de dar gosto! Ela havia se curado! Mas como? Foi quando o menino percebeu que ela tinha comido as folhas do pinheiro abandonado e assim tinha ficado fora de perigo.
– Papai, papai! A rena está curada, ela comeu as folhas do pinheirinho torto e se salvou!
Manoel não podia acreditar que realmente era verdade. Ele não entendia como um pinheiro poderia curar um animal. Então, para ver se era mesmo verdade resolveu testar: deu algumas folhinhas do pinheiro torto para uma galinha da fazenda que estava quase morta.
– Uau! Disse Seu Manoel assustado. – A galinha ficou boa novamente! É verdade, temos um pinheiro milagroso aqui na plantação!
Quando Papai Noel voltou de sua viagem e encontrou sua rena em ótima saúde, chorou emocionado e agradeceu muito a seu amigo por ter cuidado dela. Manoel explicou que havia sido o pinheiro que a tinha curado e não ele. A notícia se espalhou pela cidade e desde então todos os moradores queriam comprar o pinheirinho torto que curava os animais. Mas Seu Manoel, muito esperto, antes de vender seu único pinheiro milagroso, fez várias mudas daquele, e à medida que iam crescendo ele as vendia por um preço mais alto, afinal, a muda curava a todos os bichos que tivessem doentes.
A partir de então, nunca mais tiveram animais doentes na cidade ou nas fazendas, todos tinham uma mudinha daquele pinheirinho que um dia havia sido ignorado pelas pessoas só porque era tortinho. A família de Seu Manoel ganhou muito dinheiro com as mudas de seu pinheiro milagroso e todos viveram felizes para sempre.

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