terça-feira, 21 de outubro de 2014

Síntese de Obras do Mestre Machado de Assis

Dom Casmurro

( Machado de Assis

Maior escritor brasileiro de todos os tempos, Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) era um mestiço de origem humílima, filho de um mulato e de um lavadeira portuguesa dos Açores. Moleque de morro, magro, franzino e doentio, o maior escritor brasileiro se fez sozinho, adquirindo a sua vasta e espantosa cultura de forma inteiramente autoditada.
Ao estudar a obra de Machado de Assis, a crítica divide-a em duas fases bem distintas cujo marco deliminatório é o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas publicado em 1881. Até essa data, a obra machadiana é marcante romântica, e nela sobressai poesia, conto e romances como Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878). Tais obras pertencem pois, à chamada primeira fase.

A partir de 1881, com a publicação das Memórias, Machado de Assis muda de tal forma que Lúcia Miguel Pereira, biógrafa e estudiosa do escritor, chega a afirmar que "tal obra não poderia ter saído de tal homem", pois, "Machado de Assis liberou o demônio interior e começa uma nova aventura": a análise de caracteres, numa verdadeira dissecação da alma humana. É a Segunda fase, fase perpassada dos ingredientes do estilo realista.
Além de contos, poesia, teatro e crítica, integram essa fase os romances seguintes, entre os quais está o nosso Dom Casmurro (1900): Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908), seu último livro, pois morre nesse mesmo ano.

Toda essa obra está ligada ao estilo realista, embora seja correto reconhecer que um escritor da categoria ao estilo realista, embora seja correto reconhecer que um escritor da categoria de Machado de Assis não pode ficar preso às delimitações de um estilo de época.
Conforme observa Helen Caldwell, Dom Casmurro é "talvez o mais fino de todos os romances americanos de ambos os continentes" ("perhaps the finest of all American novels of either continent")
Construído em flash-back, o protagonista masculino (Dom Casmurro), já cinqüentão e solitário, tenta "atar as duas pontas da vida" (infância e velhice), contando a história de sua vida ao lado de Capitu, a qual acaba tomando conta do romance, dada a sua força e o seu mistério.


 
ENREDO DE DOM CASMURRO
A seguir, para que se possa acompanhar melhor a análise a que vamos proceder neste trabalho, transcrevemos aqui o enredo elaborado por Marisa Lajolo, em "Literatura comentada", da Abril Editora:

Dom Casmurro foi publicado em 1900 e é um dos romance mais conhecidos de Machado. Narra em primeira pessoa a estória de Bentinho que, por circunstância várias, vai se fechando em si mesmo e passa a ser conhecido como Dom Casmurro. Sua estória é a seguinte: Órfão de pai, criado com desvelo pela mãe (D. Glória), protegido do mundo pelo círculo doméstico e familiar (tia Justina, tio Cosme, José Dias), Bentinho é destinado à vida sacerdotal, em cumprimento a uma antiga promessa de sua mãe.
A vida do seminário, no entanto, não o atrai, já o namoro com Capitu, filha dos vizinhos. Apesar de comprometido pela promessa, também D. Glóri a sofre com a idéia de separar-se do filho único, interno no seminário. Por expediente de José Dias, o agregado da família, Bentinho abandona o seminário e, em seu lugar, ordena-se um escravo.
Correm os anos e com eles o amor de Bentinho e Capitu. Entre o namoro e o casamento, Bentinho se forma em Direito e estreita a sua amizade com um ex-colega de seminário, Escobar, que acaba se casando com Sancha, amiga de Capitu.
Do casamento de Bentinho e Capitu nasce Ezequiel. Escobar morre e, durante seu enterro, Bentinho julga estranha a forma qual Capitu contempla o cadáver. A partir daí, os ciúmes vão aumentando e precipita-se a crise. Á medida que cresce, Ezequiel se torna cada vez mais parecido com Escobar. Bentinho muito ciumento, chega a planejar o assassinato da esposa e do filho, seguido pelo seu suicídio, mas não tem coragem. A tragédia dilui-se na separação do casal.
Capitu viaja com o filho para a Europa, onde morre anos depois. Ezequiel, já mocó, volta ao Brasil para visitar o pai, que apenas constata a semelhança entre e antigo colega de seminário. Ezequiel volta a viajar e morre no estrangeiro. Bentinho, cada vez mais fechado em usas dúvidas,  passa a ser chamado de casmurro pelos amigos e vizinhos e põe-se a escrever de sua vida (o romance).
ORGANIZAÇÃO / ESTRUTURA
1) Dom Casmurro é narrado em primeira pessoa pelo protagonista  masculino que dá nome ao romance, já velho e solitário, desiludido e amargurado pela casmurrice, conforme lhe está no apelido. A visão, pois, que temos dos fatos é perpassada da sua ótica subjetiva e unilateral: "tudo que sabemos do seu passado, de seus amores, de Capitu, só o conhecemos do seu ângulo" - observa o Prof. Delson Gonçalves Ferreira em estudo sobre Dom Casmurro. Em conseqüência disso, paira dúvida sobre o adultério de Capitu - dúvida que não se tem dissipado ao longo dos anos.
2) O romance , como já observamos, é construído a partir de um flash-back, por um cinqüentão solitário e casmurro, "à la recherche de  temps perdu" ("à procura do tempo perdido"), o qual procura "atar as duas pontas da vida" ( infância e velhice). Perpassa. Pois, o romance uma atmosfera memorialista, dando a impressão de autobiografia, a qual, com o se sabe, não tem nada a ver com Machado de Assis.
3) O título do livro ("Dom Casmurro") reflete uma das características mais marcantes do protagonista masculino no crepúsculo da existência: a visão amarga e doída de quem foi traído e machucado pela vida, e, em conseqüência disso vai-se isolando e ensimesmando. "Não consultes dicionários, Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo" (Cap. I).
4) O romance se compõe de 148 capítulos curtos, com títulos bem precisos, que refletem o seu conteúdo. A narrativa vai lenta até o capítulo XCVII, a partir do qual se acelera, como declara o próprio narrador, ao dar-se conta da sua lentidão: "Agora não há mais que levá-la a grandes pernadas, capítulo sobre capítulo, pouca emenda, pouca reflexão, tudo em resumo. Já esta página vale por meses, outras valerão por anos, e assim chegares ao final" (Cap. XCVII).
5) Assim, pois, até o capítulo XCVII, quando o narrador sai do seminário, "com pouco mais de dezessete anos", focaliza-se, em câmera lenta, a infância e a adolescência, dada necessidade do narrador traçar o perfil dos protagonistas da estória (Bentinho e Capitu), revelando, desde as entranhas, o caráter e as tendências de cada um: afinal, o adulto sempre se assenta no pilar da infância, como insinua Dom Casmurro, no final da narrativa, ao referir-se a Capitu: "Se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca" (Cap. CXLVIII).
6) Quanto ao lugar em que decorre a ação, trata-se do Rio de Janeiro da época do Império: há inúmeras referências a lugares, ruas, bairros, praças, teatros, salões de baile que evocam essa cidade imperial. Por outro lado, há também ligeiras referências a São Paulo, onde foi estudar Direito o ex-seminarista Bentinho, e também à Europa onde morre Capitu, e mesmo aos lugares sagrados, onde morre Ezequiel (Jerusalém).
7) Cronologicamente falando, a narrativa decorre durante o segundo Império, detendo-se mais o autor na inicia pela razão exposta no item 5. Contudo, construído sob a forma de flash-back; "o que domina no livro não é esse tempo cronológico; é o psicológico, que se passa dentro das personagens, dentro da própria vida", observa o Prof. Delson Gonçalves. Debruçado sobre a reconstrução da longínqua inicia de outrora, o solitário e magoado Dom Casmurro vai reconstituindo o "tempo perdido" de sua existência, filtrando os fatos sob sua ótica de cinquentão amargurado, revivendo a vida subjacente, que jaz nas suas entranha.
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Machado de Assis



Publicada entre 15/06/1886 a 15/09/1891 na revista Estação, é a continuação da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Inicialmente o livro de Romance, que tem um foco narrativo em 3ª pessoa, tem como tema a loucura despertada, através de um processo que ativa fatores latentes.

Com isso, o autor joga com palavras que simulam oscilações da estrutura que o substância, transformando de repente a personagem de "professor em capitalista".
A OBRA
A história gira em torno da vida de Pedro Rubião de Alvarenga, ex-professor primário, que torna-se enfermeiro e discípulo do filósofo Quincas Borba, que falece no Rio, na casa de Brás Cubas. Com isso, Rubião é nomeado herdeiro universal do filósofo, sob a condição de cuidar de seu cachorro, de nome Quincas Borba também.

Rubião, então, parte para o Rio de Janeiro e, na viagem, conhece o capitalista Cristiano de Almeida e Palha e também Sofia que lhe dispensava olhares e delicadezas. Sofia era mulher de Crtistiano, mas Rubião se apaixonou por ela, tendo em vista o modo em que os dois entraram em sua vida.

O amor era tão grande que Rubião foi obrigado a assumi-lo perante Sofia. Para o espanto, Sofia recusa seu amor, mesmo tendo lhe dado esperanças tempos atrás, e conta o fato para Cristiano.

Apesar de sua indignação, o capitalista continua suas relações com Rubião pois queria obter os restos da fortuna que ainda existia.

O amor de Sofia, não correspondido, aos poucos começa a despertar a loucura em Rubião. Essa loucura o levou à morte e foi comparada à mesma que causou o falecimento de Quincas Borba. Louco e explorado por várias pessoas, principalmente Palha e Sofia, Rubião morre na miséria e assim se exemplifica a tese do humanitismo
A FILOSOFIA
O livro representa a filosofia inventada por Quincas Borba, de que a vida é um campo de batalha onde só os mais fortes sobrevivem e que fracos e ingênuos, como Rubião, são manipulados e aniquilados pelos superiores e espertos, como Palha e Sofia, que no fim da obra terminam vivos e ricos.
HUMANISTAS
Princípio de Quincas Borba: "Nunca há morte. Há encontro de duas expansões, ou expansão de duas formas"
Explicando de uma melhor maneira, criou a frase: "Ao vencedor, as batatas", princípio esse que marcou e é o enfoque principal do enredo.

-"Supões-se em um capo de duas tribos famintas. As batatas apenas chegavam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrerão de inanição. A paz, neste caso, é a destruição; a guerra, é a esperança.

Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí, a alegria da vitória, os hinos, as aclamações. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se. Ao vencido, o ódio ou compaixão.....Ao vencedor, as batatas !"




 
UM NARRADOR GENIAL
O narrador de Quincas Borba é, em certa medida, o próprio Machado de Assis. É importante observar que não se deve confundir o narrador com o escritor.

Neste romance, porém, Machado de Assis assume a postura de escritor/narrador. A passagem a seguir, como outras  da obra, quebra a objetividade do narrador em 3ª pessoa: "Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de ler Memórias Póstumas de Brás Cubas, é aquele mesmo náufrago da existência, que ali aparece, mendigo, herdeiro inopinado e inventor de uma filosofia. Aqui o tens agora, em Barbacena".

OBS: As narrativas de Memórias Póstumas de Brás Cubas e de Quincas Borba tocam-se no início do capítulo IV, sendo uma espécie de continuação daquela. Mas a história de Quincas Borba é completamente outra.

Este romance mostra a caminhada de Rubião para a loucura. De modo que o verdadeiro elo entre os romances é apenas o Humanitismo, filosofia com a qual Quincas Borba marcou sensivelmente Brás Cubas, mas da qual apesar de seus esforços, nada conseguiu transmitir a Rubião.
Rubião pretendia ver sua irmã, Maria da Piedade, casada com Quincas Borba. No entanto isso não aconteceu e o laço que os uniu foi o da amizade. Quincas possuía alguns parentes, o último deles foi um tio que lhe deixou uma grande herança. Mas ele tinha uma doença que logo o levaria. Rubião tornou-se seu melhor amigo e foi viver com ele, o médio fingia-lhe uma melhora apenas para não lhe provocar grande dor com a morte próxima. Rubião teve ao longo desse tempo que dividir seu amigo com o cachorro de tal, também chamado Quincas Borba.


Quincas resolveu ir à corte, ignorando seu estado físico, Rubião ficou encarregado de cuidar do cão. Antes de voltar Quincas Borba morreu, Rubião entristeceu-se com a notícia, mas não parava de pensar no quanto receberia de herança. Com a morte do amigo presenteou uma senhora com o cachorro, mas quando o testamento foi lido Quincas Borba havia lhe feito herdeiro universal com a condição de adotar o cachorro pra si.
Rubião conseguiu o cachorro de volta. E sendo rico mudou-se pra corte, e foi na viagem de trem que conheceu Cristiano de Almeida e Palha e sua mulher, a belíssima Sofia. Logo se tornaram grandes amigos. Rubião logo de ínicio ficou encantado com os olhos de Sofia, encantamento que só aumentou ao longo dos dias, até se tornar uma grande paixão.


As trocas de olhares e supostas atenções dirigidas por Sofia à Rubião o tornava mais apaixonado e o fazia crer que era correspondido. Durante um almoço com dois amigos, Freitas um homem muito agradável, humilde e admirável e Carlos Maria, jovem, orgulhoso e esnobe, recebeu uma cestinha com morangos e um bilhete escrito por Sofia lhe convidando para um jantar. Tal mimo o animou mais ainda quanto à paixão que sentia. No horário marcado foi para Santa Teresa, localidade da casa de Palha. Haviam ali outros convidados apenas uma das senhoras era solteira, na verdade uma solteirona. D. Tonica, que obviamente encheu-se de interesse por Rubião, mas a troca de olhares entre ele e Sofia, que muitas vezes fixavam, lhe despertou a desesperança e a raiva, afinal Sofia que já era casada possuía outros homens em vez de lhe deixar.


Sofia convidou ambos para um passeio ao luar no jardim, mas apenas Rubião aceitou. E foi ali no jardim que se declarou para Sofia, a pobre não teve reação, até que foram interferidos pelo major Siqueira. Sofia conseguiu se recompor e iludir o homem acerca do que acontecera, no entanto Rubião se perdeu em embaraço. Assim a noite seguiu ao fim. A sós Sofia e Palha conversavam sobre o jantar e Palha ouviu os fatos do jardim, Sofia desejava um corte violento na amizade, mas Palha preferiu ignorar tal acontecimento. Afinal, os homens se maravilharem com Sofia não era novidade, era vaidade de Palha mostrar a bela mulher que tinha, por isso dava-lhe vestidos decotados que lhe deixavam o colo e os braços nus.

A verdade era que Palha tinha negócios com Rubião, não só lhe devia dinheiro como também eram sócios em um comércio de importações. Chegou da "roça" uma prima de Sofia, Maria Benedita e sua mãe. Sofia insistia que era necessário que a prima aprendesse francês e a tocar piano, mas as saudades que sentiam do campo sempre lhes levavam embora. Porém desda vez Maria Benedita ficou e sempre que as saudades da mãe e do campo lhe viam ela e Sofia iam para lá.
Em certo baile por quinze minutos Sofia e Carlos Maria valsaram e foi durante essa dança que ele se declarou. Essa declaração não foi revelada a Palha. E ainda despertou em Rubião uma grande onda de cíume e em Maria Benedia um desejo de voltar para o campo. Por esses tempos Sofia, a prima e mais algumas senhoras haviam formado a comisão de Alagoas, tal grupo fez D. Fernanda e Maria Benedita criarem laços de amizades. D. Fernanda era prima de Carlos Maria e pretendia casar-lhe com uma amiga do sul, mas sua amizade com Maria Benedita lhe mudou de idéia e assim o casamento entre os dois foi marcado.

O ciúme de Rubião diminuiu suas idas à casa de Palha. Em uma tarde chegou um negro em sua casa e lhe entregou uma carta de Sofia, leu-a, quando o negro saía caiu uma carta que Rubião só veio ver depois que o moleque já tinha ido embora, a carta era de Sofia para Carlos Maria. Rubião ficou extremamente enciumado e foi nessas condições que alguns dias depois foi ter com Sofia, lhe entregou a carta acusando-a e saiu antes da senhora ter a chance de se explicar. A carta ainda fechada não passava de uma declaração.
Chegou então o aniversário de Sofia, Palha lhe ofereceu um baile, em certo momento Sofia ficou a sós com Rubião e esclareceu o conteúdo da carta, entre as lágrimas pela falsa acusação lhe disse que ele estava tremendamente enganado, noticiou a ele o casamento de Carlos Maria com Maria Benedita. Rubião foi tomado por uma felicidade tremenda e parabenizou a noiva com muito prazer. Os noivos casaram e foram para a Europa.


Por esses tempos Palha havia findado os seus negócios com Rubião. Por esses tempos também Rubião havia ganhado fama na corte e era cercado por muitos amigos que praticamente viviam em sua casa como discípulos de sua filosofia. E nesse momento iniciou-se a loucura de Rubião.
O primeiro ato de loucura foi quando chamou um barbeiro para que lhe cortasse a barba como a de Napoleão III, depois buscou por Sofia e se declarou a ela como Napoleão fez à sua amante. Com o tempo as crises de loucura aumentavam, e o dinheiro ia se findando. Palha e Sofia estreitaram suas relações com ele. Nas visitas que faziam sempre se assustavam com as crises que às vezes aconteciam.

D. Fernanda dizia ver nos olhos dele a recuperação, se fosse tratado. Assim Palha lhe comprou uma casa menor onde iniciou um tratamento, os "discípulos" só assim findaram suas visitas. A esse ponto voltou da Europa Maria Benetida que veio ter sua filha na corte.
Rubião foi internado em uma clínica para ser tradado, já se tornara chacota na rua. Palha e Sofia contribuiam com tais atos, financeiramente Rubião havia perdido muito. O médico ao longo do tratamento disse que rápido o homem estaria curado, mas antes disso ele desapareceu. Palha havia lhe dado cem mil contos de réis para se ver livre do homem. Rubião e o cão Quincas Borba voltaram pra Minas, não houve cura. Lá reconheceu toda sua antiga vida, mas sem ter onde ficar dormiu na porta da igreja debaixo de uma tempestade.
Ao amanhecer uma comadre o reconheceu e o acolheu. No entanto ele teve nova crise e toda a cidade veio testemunhar a loucura do homem. Louco e vítima de uma febre, faleceu. Quincas Borba morreu três dias depois.
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Quincas Borba

Machado de Assis

Publicada entre 15/06/1886 a 15/09/1891 na revista Estação, é a continuação da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Inicialmente o livro de Romance, que tem um foco narrativo em 3ª pessoa, tem como tema a loucura despertada, através de um processo que ativa fatores latentes.

Com isso, o autor joga com palavras que simulam oscilações da estrutura que o substância, transformando de repente a personagem de "professor em capitalista".



 
A OBRA

 
A história gira em torno da vida de Pedro Rubião de Alvarenga, ex-professor primário, que torna-se enfermeiro e discípulo do filósofo Quincas Borba, que falece no Rio, na casa de Brás Cubas. Com isso, Rubião é nomeado herdeiro universal do filósofo, sob a condição de cuidar de seu cachorro, de nome Quincas Borba também.

Rubião, então, parte para o Rio de Janeiro e, na viagem, conhece o capitalista Cristiano de Almeida e Palha e também Sofia que lhe dispensava olhares e delicadezas. Sofia era mulher de Crtistiano, mas Rubião se apaixonou por ela, tendo em vista o modo em que os dois entraram em sua vida.

O amor era tão grande que Rubião foi obrigado a assumi-lo perante Sofia. Para o espanto, Sofia recusa seu amor, mesmo tendo lhe dado esperanças tempos atrás, e conta o fato para Cristiano.

Apesar de sua indignação, o capitalista continua suas relações com Rubião pois queria obter os restos da fortuna que ainda existia.

O amor de Sofia, não correspondido, aos poucos começa a despertar a loucura em Rubião. Essa loucura o levou à morte e foi comparada à mesma que causou o falecimento de Quincas Borba. Louco e explorado por várias pessoas, principalmente Palha e Sofia, Rubião morre na miséria e assim se exemplifica a tese do humanitismo
A FILOSOFIA
 
O livro representa a filosofia inventada por Quincas Borba, de que a vida é um campo de batalha onde só os mais fortes sobrevivem e que fracos e ingênuos, como Rubião, são manipulados e aniquilados pelos superiores e espertos, como Palha e Sofia, que no fim da obra terminam vivos e ricos.
 
HUMANISTAS
 
Princípio de Quincas Borba: "Nunca há morte. Há encontro de duas expansões, ou expansão de duas formas"
Explicando de uma melhor maneira, criou a frase: "Ao vencedor, as batatas", princípio esse que marcou e é o enfoque principal do enredo.

-"Supões-se em um capo de duas tribos famintas. As batatas apenas chegavam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrerão de inanição. A paz, neste caso, é a destruição; a guerra, é a esperança.

Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí, a alegria da vitória, os hinos, as aclamações. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se. Ao vencido, o ódio ou compaixão.....Ao vencedor, as batatas !"







 
UM NARRADOR GENIAL
O narrador de Quincas Borba é, em certa medida, o próprio Machado de Assis. É importante observar que não se deve confundir o narrador com o escritor.

Neste romance, porém, Machado de Assis assume a postura de escritor/narrador. A passagem a seguir, como outras  da obra, quebra a objetividade do narrador em 3ª pessoa: "Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de ler Memórias Póstumas de Brás Cubas, é aquele mesmo náufrago da existência, que ali aparece, mendigo, herdeiro inopinado e inventor de uma filosofia. Aqui o tens agora, em Barbacena".

OBS: As narrativas de Memórias Póstumas de Brás Cubas e de Quincas Borba tocam-se no início do capítulo IV, sendo uma espécie de continuação daquela. Mas a história de Quincas Borba é completamente outra.

Este romance mostra a caminhada de Rubião para a loucura. De modo que o verdadeiro elo entre os romances é apenas o Humanitismo, filosofia com a qual Quincas Borba marcou sensivelmente Brás Cubas, mas da qual apesar de seus esforços, nada conseguiu transmitir a Rubião.
Rubião pretendia ver sua irmã, Maria da Piedade, casada com Quincas Borba. No entanto isso não aconteceu e o laço que os uniu foi o da amizade. Quincas possuía alguns parentes, o último deles foi um tio que lhe deixou uma grande herança. Mas ele tinha uma doença que logo o levaria. Rubião tornou-se seu melhor amigo e foi viver com ele, o médio fingia-lhe uma melhora apenas para não lhe provocar grande dor com a morte próxima. Rubião teve ao longo desse tempo que dividir seu amigo com o cachorro de tal, também chamado Quincas Borba.




Quincas resolveu ir à corte, ignorando seu estado físico, Rubião ficou encarregado de cuidar do cão. Antes de voltar Quincas Borba morreu, Rubião entristeceu-se com a notícia, mas não parava de pensar no quanto receberia de herança. Com a morte do amigo presenteou uma senhora com o cachorro, mas quando o testamento foi lido Quincas Borba havia lhe feito herdeiro universal com a condição de adotar o cachorro pra si.
Rubião conseguiu o cachorro de volta. E sendo rico mudou-se pra corte, e foi na viagem de trem que conheceu Cristiano de Almeida e Palha e sua mulher, a belíssima Sofia. Logo se tornaram grandes amigos. Rubião logo de ínicio ficou encantado com os olhos de Sofia, encantamento que só aumentou ao longo dos dias, até se tornar uma grande paixão.


As trocas de olhares e supostas atenções dirigidas por Sofia à Rubião o tornava mais apaixonado e o fazia crer que era correspondido. Durante um almoço com dois amigos, Freitas um homem muito agradável, humilde e admirável e Carlos Maria, jovem, orgulhoso e esnobe, recebeu uma cestinha com morangos e um bilhete escrito por Sofia lhe convidando para um jantar. Tal mimo o animou mais ainda quanto à paixão que sentia. No horário marcado foi para Santa Teresa, localidade da casa de Palha. Haviam ali outros convidados apenas uma das senhoras era solteira, na verdade uma solteirona. D. Tonica, que obviamente encheu-se de interesse por Rubião, mas a troca de olhares entre ele e Sofia, que muitas vezes fixavam, lhe despertou a desesperança e a raiva, afinal Sofia que já era casada possuía outros homens em vez de lhe deixar.


Sofia convidou ambos para um passeio ao luar no jardim, mas apenas Rubião aceitou. E foi ali no jardim que se declarou para Sofia, a pobre não teve reação, até que foram interferidos pelo major Siqueira. Sofia conseguiu se recompor e iludir o homem acerca do que acontecera, no entanto Rubião se perdeu em embaraço. Assim a noite seguiu ao fim. A sós Sofia e Palha conversavam sobre o jantar e Palha ouviu os fatos do jardim, Sofia desejava um corte violento na amizade, mas Palha preferiu ignorar tal acontecimento. Afinal, os homens se maravilharem com Sofia não era novidade, era vaidade de Palha mostrar a bela mulher que tinha, por isso dava-lhe vestidos decotados que lhe deixavam o colo e os braços nus.

A verdade era que Palha tinha negócios com Rubião, não só lhe devia dinheiro como também eram sócios em um comércio de importações. Chegou da "roça" uma prima de Sofia, Maria Benedita e sua mãe. Sofia insistia que era necessário que a prima aprendesse francês e a tocar piano, mas as saudades que sentiam do campo sempre lhes levavam embora. Porém desda vez Maria Benedita ficou e sempre que as saudades da mãe e do campo lhe viam ela e Sofia iam para lá.
Em certo baile por quinze minutos Sofia e Carlos Maria valsaram e foi durante essa dança que ele se declarou. Essa declaração não foi revelada a Palha. E ainda despertou em Rubião uma grande onda de cíume e em Maria Benedia um desejo de voltar para o campo. Por esses tempos Sofia, a prima e mais algumas senhoras haviam formado a comisão de Alagoas, tal grupo fez D. Fernanda e Maria Benedita criarem laços de amizades. D. Fernanda era prima de Carlos Maria e pretendia casar-lhe com uma amiga do sul, mas sua amizade com Maria Benedita lhe mudou de idéia e assim o casamento entre os dois foi marcado.

O ciúme de Rubião diminuiu suas idas à casa de Palha. Em uma tarde chegou um negro em sua casa e lhe entregou uma carta de Sofia, leu-a, quando o negro saía caiu uma carta que Rubião só veio ver depois que o moleque já tinha ido embora, a carta era de Sofia para Carlos Maria. Rubião ficou extremamente enciumado e foi nessas condições que alguns dias depois foi ter com Sofia, lhe entregou a carta acusando-a e saiu antes da senhora ter a chance de se explicar. A carta ainda fechada não passava de uma declaração.
Chegou então o aniversário de Sofia, Palha lhe ofereceu um baile, em certo momento Sofia ficou a sós com Rubião e esclareceu o conteúdo da carta, entre as lágrimas pela falsa acusação lhe disse que ele estava tremendamente enganado, noticiou a ele o casamento de Carlos Maria com Maria Benedita. Rubião foi tomado por uma felicidade tremenda e parabenizou a noiva com muito prazer. Os noivos casaram e foram para a Europa.


Por esses tempos Palha havia findado os seus negócios com Rubião. Por esses tempos também Rubião havia ganhado fama na corte e era cercado por muitos amigos que praticamente viviam em sua casa como discípulos de sua filosofia. E nesse momento iniciou-se a loucura de Rubião.
O primeiro ato de loucura foi quando chamou um barbeiro para que lhe cortasse a barba como a de Napoleão III, depois buscou por Sofia e se declarou a ela como Napoleão fez à sua amante. Com o tempo as crises de loucura aumentavam, e o dinheiro ia se findando. Palha e Sofia estreitaram suas relações com ele. Nas visitas que faziam sempre se asustavam com as crises que às vezes aconteciam.

D. Fernanda dizia ver nos olhos dele a recuperação, se fosse tratado. Assim Palha lhe comprou uma casa menor onde iniciou um tratamento, os "discípulos" só assim findaram suas visitas. A esse ponto voltou da Europa Maria Benetida que veio ter sua filha na corte.
Rubião foi internado em uma clínica para ser tradado, já se tornara chacota na rua. Palha e Sofia contribuiam com tais atos, financeiramente Rubião havia perdido muito. O médico ao longo do tratamento disse que rápido o homem estaria curado, mas antes disso ele desapareceu. Palha havia lhe dado cem mil contos de réis para se ver livre do homem. Rubião e o cão Quincas Borba voltaram pra Minas, não houve cura. Lá reconheceu toda sua antiga vida, mas sem ter onde ficar dormiu na porta da igreja debaixo de uma tempestade.
Ao amanhecer uma comadre o reconheceu e o acolheu. No entanto ele teve nova crise e toda a cidade veio testemunhar a loucura do homem. Louco e vítima de uma febre, faleceu. Quincas Borba morreu três dias depois.
 
 


                                      Propostas de Redações
 


O sociólogo Octavio Ianni (1926-2004), em trecho reproduzido no texto 1 desta prova, afirma o seguinte: "A história dos povos está atravessada pela viagem, como realidade ou metáfora. Todas as formas de sociedade, compreendendo tribos e clãs, nações e nacionalidades, colônias e impérios, trabalham e retrabalham a viagem, seja como modo de descobrir o 'outro', seja como modo de descobrir o 'eu'''.
Produza um texto dissertativo-argumentativo - claro, coerente e bem fundamentado -, no qual você apresente um ponto de vista sobre uma história - do noticiário, da tradição oral, da História Geral ou de ficção (parte de um filme, romance, conto, crônica, etc.) - que tenha como foco uma viagem. Você deverá, em cerca de 25 linhas, apresentar a história - colocando seus referentes completos -, e analisá-la à luz da mencionada citação de Ianni.
A seleção de textos a seguir tem por objetivo ajudá-lo a desenvolver suas próprias ideias a respeito da questão abordada. Alguns desses textos podem ser reproduzidos, em parte, na sua produção textual - assim como os demais constantes desta prova -, mas em forma de DISCURSO INDIRETO ou PARÁFRASE, com as devidas fontes mencionadas na redação. Coloque um título em seu texto. NÃO ASSINE.
 

Texto 1
O que não é uma viagem? Por menos que se dê um sentido figurado a esse termo - e jamais pudemos deixar de fazê-lo - a viagem coincide com a vida, nem mais, nem menos: o que é esta, além de uma passagem do nascimento à morte? O deslocamento no espaço é o indício primeiro, o mais óbvio, da mudança; ora, quem diz, diz mudança. O relato também se alimenta da mudança; nesse sentido, viagem e relato aplicam-se mutuamente. A viagem no espaço simboliza a passagem do tempo, o deslocamento físico o faz para a mudança interior; tudo é viagem, mas trata-se de um tudo sem identidade. A viagem transcende todas as categorias, incluindo a da mudança, do mesmo e do outro, pois desde a mais remota Antiguidade são acumuladas viagens de descobrimento, explorações do desconhecido, e viagens de regresso, reapropriação do familiar: os argonautas são grandes viajantes, mas Ulisses também o é.
[...] podemos, com um pouco mais de probabilidade de êxito, tentar distinguir, no próprio interior desse magma imenso, vários tipos de viagem, ou talvez várias categorias que permitem caracterizar as viagens particulares. A oposição mais comum, e que se impõe primeiramente, é a dos planos espiritual e material, ou, se preferirmos, do interior e do exterior. Tomemos dois exemplos célebres de relatos medievais: a Viagem de ultramar, de Mandeville, e A busca do Santo Graal. O primeiro descreve duas viagens (compostas de elementos reais e imaginários; mas podemos deixar essa distinção de lado, por enquanto), na Terra Santa e no Extremo-Oriente, lugares onde o autor descobre, para grande prazer de seus leitores, todas as espécies de seres maravilhosos, e ainda por cima o próprio Paraíso terrestre! O segundo descreve as aventuras dos cavaleiros da Távola Redonda, da corte do rei Artur, que partem em busca de um objeto misterioso e sagrado, o Graal; mas pouco a pouco esses cavaleiros descobrem que a busca em que estão envolvidos é de natureza espiritual, e que o Graal é uma entidade impalpável; por isso só os mais puros, Galaad e Perceval, podem alcançá-lo [...].

Fragmento de artigo do filósofo Tzvetan Todorov, "Le voyage et son récit", publicado em: Les morales de l'histoire (TODOROV, 1995). Tradução de Lea Mara Valezi Staut - publicação original no volume 39 (1999) da Revista de Letras. Rev. Let., São Paulo, v.46, n.1, p.231-244, jan./jun. 2006.
 
Texto 2
Entre os inúmeros narradores anônimos, dois grupos se interpenetram de múltiplas maneiras. [...] Quando alguém faz uma viagem, então tem alguma coisa para contar, diz a voz do povo e imagina o narrador como alguém que vem de longe. Mas não é com menos prazer que se ouve aquele que, vivendo honestamente do seu trabalho, ficou em casa e conhece as histórias e tradições de sua terra. Se se quer presentificar esses dois grupos nos seus representantes arcaicos, então um está encarnado no lavrador sedentário e o outro no marinheiro mercante.

Fragmento retirado do texto "O narrador" (1936), de Walter Benjamin (1892-1940). In: Os pensadores, nº 8 - Textos escolhidos: Benjamin, Horkheimer, Adorno, Habermas. 2ª ed.Trad.: José Lino Grunnewald et al. São Paulo: Abril Cultural, 1983; p.58.
 
Texto 3
[...] O viajante vai sempre optar por não viver onde estiver morando. Para ele, não estar em casa significa estar mais em casa do que em qualquer outro local. A busca de um lugar passa pela recusa de ter um lugar. Para se encontrar, ele tem de ir embora e não morar em lugar nenhum. [...] Incapazes de levar uma vida sedentária numa cidade qualquer, eles estão sempre na estrada. [...] Viajar, aqui, não é uma forma de chegar a algum lugar, mas de deixar para trás tudo aquilo que torna a vida insuportável. Estar em movimento é uma espécie de estado de suspensão. [...]

Fragmento retirado do capítulo "O viajante", do livro Cenários em ruínas, de Nélson Brissac Peixoto. São Paulo: Brasiliense, 1987; p. 82-85.
 
Texto 4
Compreendemos, portanto, que as viagens sejam sempre experiências de estranhamento. E podemos mesmo observar que está, talvez, neste efeito de distanciamento, no sentimento de dépaysement (termo forjado com tanta felicidade pela língua francesa, cuja significação se aproximaria do nosso termo "desterro", se tomássemos num registro exclusivamente psicológico e simbólico) que, de um modo ou de outro, sempre envolve o viajante (que não se mostra inabalavelmente frívolo), o seu núcleo essencial e sua expressão mais íntima.

Fragmento do artigo "O olhar do viajante", de Sérgio Cardoso. In: NOVAES, Adauto. O olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p.359

      
REDAÇÃO

Sírio Possenti afirma, em Os humores da língua (Campinas: Mercado das Letras, 1988. p. 25-26), que piadas são "um tipo de material altamente interessante" para estudo, porque [1] "praticamente só há piadas sobre temas que são socialmente controversos" (sexo, política, racismo, crenças, escola, loucura, morte, desgraças, deficiências físicas, etc.), [2] "piadas operam fortemente com estereótipos" (judeu avarento, português estúpido, gaúcho enrustido, marido traído, esposa infiel, mineiro esperto, loura burra, etc.), [3] "piadas são quase sempre veículo de um discurso proibido, subterrâneo, não oficial" (casamentos por interesse, governos corruptos, professores incompetentes, religiosos sem vocação etc.). Assim sendo, com frequência, episódios relacionados ao humor causam constrangimento quando vêm a público, via internet, TV, jornais impressos e outras mídias.

Escreva um texto dissertativo-argumentativo, posicionando-se quanto à questão: O humor pode ter total liberdade ou deve ter limites éticos ou morais? Inclua, em sua argumentação, pelo menos uma piada que possa ser tomada como exemplo para o ponto de vista desenvolvido.













 

 

 

 

 

 



























































































































































































 

 



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