quarta-feira, 13 de maio de 2015


Sequência Di
Foto de Portal Vida Consciente.


Sequência Didática - Gênero Poema modelo 2

Objetivos
Aprender a escutar; ler; compreender; interpretar; declamar e produzir; revisar; editar e socializar poemas. Reconhecer e fazer uso do gênero bem como de recursos característicos do poema como verso, estrofe, rima,  linguagem poética, sonoridade e linguagem figurada; diferenciar eu-lírico de narrador; reconhecer os poemas em suas mais varias formas; perceber a relação com outros textos lidos; diferenciar poema de prosa

Conteúdos específicos 
Recursos da linguagem poética, quanto à sonoridade: rima e ritmo,
e quanto ao significado das palavras: linguagem figurada, conotação e denotação,  metáfora;
Estrofes e Versificação;
Pontuação, como marca expressiva;
Intertextualidade;
Escolha do vocabulário

Sequência Didática

1-   Compartilhando a proposta de trabalho com os alunos

Inicialmente apresentar o poema “Delícias” sem mencionar que é um poema

Delícias – (Rosilda da Silva)

Bilhetinho escondido
enquanto a professora fala,
caderninho de perguntas
que a magia abraça,
bala no canto da boca,
alívio pra aula chata...

E posteriormente questionar que tipo de texto é.  Ouvir todas as respostas (que poderão ser elaboradas em grupos) e anotar no quadro.


2-   Mapeando o conhecimento prévio dos alunos


Verificar se alguma delas é poema ou poesia e questionar:


Qual é a diferença entre poema e poesia?



- Ouvir as possibilidades de respostas e posteriormente conferir com as definições corretas - através de um cartaz previamente elaborado, no datashow,  ou  em não havendo alternativa, no quadro mesmo; caso fique somente na oralidade o aluno pode esquecer.


Poesia – É a linguagem que comove, encanta e desperta sentimentos, confere ao texto (seja ele em versos ou prosa) harmonia e beleza. É a arte de criar com palavras, está presente no poema.


Poema – Obra literária apresentada em versos, caracterizada pela criatividade e emprego de figuras de linguagem.  É a obra que se faz com a poesia e na qual há a presença do eu-lírico,





Atividade diagnóstica

  • Entregar para cada aluno uma folha, pedir para que criem um poema, sobre o tema que preferirem e no formato que quiserem a partir das definições apresentadas.

  • Montar um cartaz com os poemas entregues e expor na sala de aula para que todos tenham acesso à visualização dos poemas dos colegas e consultas posteriores.


Se houver tempo pedir para que os alunos leiam os poemas de seus colegas no cartaz e depois escolham um para declamar.  Nada impede que o seu próprio poema seja o escolhido.
### FIM DA PIMEIRA AULA ###

3 – Ampliando o repertório dos alunos

Apresentar em datashow, cartaz ou em folhas entregues para os alunos alguns exemplos de variados tipos de poemas. Declamar para os alunos alguns dos poemas levados, posteriormente solicitar voluntários para declamar outros. É importante que esse momento inicie com o professor para que os alunos possam observar a impostação da voz, as pausas, o ritmo, a musicalidade, o entusiasmo e a segurança no tom de voz.

Professor, caso não tenha muita habilidade para declamar poemas, favor treinar antes.


Exemplos:          

Quadrinhas
Costumei tanto os meus olhos
A namorarem os teus,
Que de tanto confundi-los,
Nem já sei quais são os meus.

Quem me dera a liberdade
Que a réstia do luar tem,
Entrava pela janela,
Ia falar do meu bem.


Companheiro me ajude
Que eu não posso cantar só.
Eu sozinho canto bem,
Com você canto melhor.

Eu chupei uma laranja,
As sementes deitei fora.
Da casca fiz um barquinho:
- Meu amor, vamos embora








Com rimas                                        Em versos livres ou brancos
A PORTA
(Vinicius de Moraes)

Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.
Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão.
Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa...)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.
Eu sou muito inteligente!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo neste mundo
Só vivo aberta no céu.
Tereza
(Rosilda da Silva)

Rainha e guerreira és,
no mundo impetrando sua marca,
de mulher sábia e fecunda.
Reza escondido quando não pode
e até quando não quer.
Esmaga com o olhar as imprevidências
noite adentro se preciso for
e só então balbucia,
já cansada,
com seu toque galhofeiro
de mãe, mulher amada
que a vida necessita de ajustes,
talvez até uma gambiarra,
pois a noite chegou envelhecendo o dia
e escurecendo o brilho de sua casa asseada.










INVERNO

chuva
fininha,
molha
bobo
e criança

                    Só não molha velhinha
                                        !
                                       !
                                       !
                                       !
     !                              !
            !              !                                                      Poema Cinético ou Visual


Após os exemplos é interessante conversar com os alunos e perguntar se alguém lembra outro poema que gostaria de mencionar ou declamar para a turma. 

Em seguida, distribuir livros de poemas na sala ou levar os até a biblioteca da escola para fazer a leitura de outros poemas de autores diversos.
Professor – verifique com a bibliotecária a possibilidade de um livro de poemas para cada aluno. Podendo ser de sonetos, quadrinhas, cordel, haikais, visuais, ou o que houver disponível na escola, de autores consagrados ou não.
Importante – Solicitar que cada aluno empreste um livro e leve para a leitura diária em casa também.

Tarefa
Escolher um poema do qual tenha gostado e copiar em seu caderno.  Não se esqueça de copiar também o título do poema e o nome do poeta.

Providenciar para a próxima aula cópias do texto Casa Arrumada, de Carlos Drummond de Andrade, uma cópia para cada aluno.
### FIM DA SEGUNDA AULA ###
Explique para a classe que, juntos, vocês vão ampliar a compreensão da linguagem poética, dedicando-se agora ao estudo específico da metáfora.   Aproveite para introduzir o assunto e conhecer o que pensam os alunos sobre o tema, pergunte:
Você sabe o que é metáfora?
O que é linguagem subjetiva e linguagem objetiva?
Em que a linguagem de um texto científico é diferente da linguagem de um poema?
Alguém da classe já escreveu um poema? Qual? 
Dê um tempo para a classe discutir as questões em pequenos grupos. Depois, abra uma roda de conversa e solicite que comentem sobre o que conversaram. Esse momento dará a você uma ideia do que seus alunos já sabem ou pensam sobre metáfora e linguagem subjetiva e objetiva. Na roda de conversa, eles estarão expondo o conhecimento prévio que têm do tema. 
          Depois de ouvir as respostas dos alunos, distribuir cópias do texto “Casa Arrumada” de Carlos Drummond de Andrade e realizarem a primeira leitura, silenciosamente. Em seguida, em voz alta, que poderá ser feita por  um aluno.




Atividades

1 – Leitura do texto “ Casa Arrumada” de Carlos Drummond de Andrade.

Casa Arrumada - Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.

Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

Leia atenciosamente cada pergunta antes de responder e volte ao texto se for preciso tantas vezes quanto necessário para um melhor entendimento.
2 – Discuta com um colega e responda:  O texto lido pode ser considerado um texto poético?  Por quê?
Sugestão: Ouvir as respostas de todos ou dos que se voluntariarem, conforme disponibilidade de tempo.  Depois de ouvidas as respostas, explicar que este é realmente um texto poético e apresentar algumas frases que contenham figuras de linguagem, como por exemplo: “casa pra mim tem que ser casa e não centro cirúrgico...”, “Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar”.


3 – O que significa pra você uma casa arrumada?
Ouvir todos que quiserem reportar seu entendimento da questão.

4 – Há diferença entre o que você considera uma casa arrumada e o que sua mãe pensa sobre o assunto? Comente.
Essa questão fica mais interessante quando os alunos podem discutir com os colegas, comentar o que pensam, ouvir o outro e depois então escrever uma resposta em seu caderno.

5 – Ao longo de seus anos de estudo, você certamente aprendeu que  um texto para ficar bem elaborado não deve repetir demasiadamente as palavras.  Entretanto, no que você acabou de leu a palavra casa aparece várias vezes.  Em sua opinião, por que isso acontece?
Sugestão:  caso nenhum aluno perceba ou comente que um texto poético é diferente dos outros, justamente por permitir estas liberdades na escrita, é tarefa sua, professor, fazer a mediação oportunizando assim uma reflexão sobre o fazer poético.

6 – Algumas frases do texto terminam com reticências, como por exemplo:
Aqui tem vida...
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
Arrume sua casa todos os dias...


E, sabendo que as reticências são um recurso para marcar a interrupção de determinada fala ou pensamento e que servem para dizer muito mais do que “dizer dizendo”, como podem ser entendidas as reticências usadas nas frases acima?  Discuta com um colega para responder a questão.
Sugestão: Depois de ouvir as respostas apresentar o poema “Dá discrição” de Mário Quintana, para ilustrar o que significa “é mais forte dizer sem dizer do que dizer dizendo”.

“Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...”

7 – A partir do texto “Casa Arrumada”, elabore 10 frases poéticas juntamente com um colega, apenas deslocando as palavras do texto, trocando-as de lugar, sem, contudo, mudar as palavras.  Crie metáforas, como no exemplo abaixo: da questão anterior.
Observe o exemplo:
Reconhecer a casa da gente é uma boa festa para mim.

As reticências também podem ser utilizadas, desde que sirvam para aumentar o significado da frase e diminuir sua extensão.

Observe o exemplo:
No sofá sem mancha ninguém namora...

Esta é uma atividade que deve ser corrigida oralmente e de preferência pelo menos uma frase de cada aluno.


Correção da tarefa

A correção poderá ser realizada em duplas, trocando os cadernos com o colega de trabalho. Os alunos deverão ler os poemas copiados e averiguar se há alguma figura de linguagem.  Destacá-la e explicar o significado oralmente, após a leitura do poema.

Para criar um ambiente favorável ao estudo, leve para a classe imagens e breves biografias dos poetas que serão lidos em sala de aula. Os alunos devem ser solicitados para também pesquisarem imagens e biografias. Organize um painel num canto da sala com esse material e dê um título a ele ou faça um concurso entre os alunos para a escolha do nome da área. Na medida em que o trabalho avançar, ali podem ser fixados poemas de autores escolhidos pelos alunos ou poemas produzidos por eles mesmos, que poderão ser tanto em atividades  na sala de aula quanto aqueles desenvolvidos ou criados em casa, com ou sem a orientação do professor.  Para iniciar o painel poderá ser afixada a biografia do poeta Carlos Drummond de Andrade, do texto lido em sala.

### FIM DA TERCEIRA AULA ###

4 – Produzindo textos coletivos

Para iniciar a aula, declamar o poema “Convite”, de José Paulo Paes e posteriormente ler e afixar a biografia do poeta no painel da sala, bem como o poema declamado.

Convite – José Paulo Paes (1926 -1998)
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio,pião
de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
Como a água do rio
que é água sempre nova.
Como cada dia
que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?


Continuação das atividades da aula anterior

7 – Tendo como exemplo o texto “Casa Arrumada”, em equipes de 3 ou 4 alunos, elaborar um texto poético sobre a escola.  Sejam criativos, pois a produção final será exposta em mural e no blog da escola.

Lembre-se:  Estes itens os alunos deverão copiar no caderno, destacando-os, para consultar sempre que necessário.


Apresente o tema de forma interessante;
Use linguagem adequada ao gênero;
É possível estabelecer relação com outros textos;
Evite o use de clichês;
Esbanje originalidade;
A pontuação é um recurso bastante expressivo em textos poéticos;
Não se esqueça de que todo texto deve ter um título;
Elabore um primeiro rascunho;
Troque informações e ouça a opinião dos seus colegas e do seu professor;
Reescreva-o quantas vezes você julgar necessário;
Preparem-se para apresentar para a turma antes de elaborar o mural e divulgar no blog.

O professor deverá estar passando nas equipes e verificando a escrita dos textos, colaborando com ajustes quando necessário, orientando quanto aos aspectos do gênero e do tema e incentivando a participação de todos os envolvidos. Em cada equipe pela qual passar, elogiar pelo menos um aspecto da produção, como forma de estímulo para a continuidade do trabalho.
### FIM DA QUARTA AULA ###

Continuação da atividade da aula anterior

Essa aula deverá ficar para os alunos passarem seus textos a limpo, fazerem a entrega do mesmo e ensaiarem para apresentar/declamar, para a turma.

Depois de corrigido pelo professor, postar o texto no blog.

### FIM DA QUINTA AULA ###

Continuação da atividade da aula anterior

Apresentações dos textos para a turma
v  Para interagir oralmente é preciso, em qualquer apresentação, se expressar de forma diferente daquela conversa informal entre os amigos, lembre-se, situações diferentes exigem produções de fala diferentes.
v  Montagem do mural para exposição, por parte da equipe;
v  Digitação para postagem no blog da escola pela outra parte da equipe.
### FIM DA SEXTA AULA ###
Audição do CD O Prazer da Poesia de José Mindlin, poema “O Caso do Vestido” de Carlos Drummond de Andrade de 1978.
Quando lemos um livro de poesias, elas nos emocionam e nos fazem refletir, buscar interpretações possíveis e tirar conclusões. E se alguém contar que essa obra foi escrita durante uma guerra, por exemplo, quando todos os escritores eram perseguidos? Ou chamar a nossa atenção para a estrutura do poema e nos fizer pensar por que o autor usa cada palavra, cada figura de linguagem? Com certeza, nossa visão sobre a obra vai mudar e vamos entender melhor aquele conjunto de versos. É isso que acontece quando se alia o ensino da literatura às práticas de leitura. Os alunos aproveitam a teoria para ampliar o olhar sobre os livros.

v Discussão do tema “Separação de pais”;
v Leitura silenciosa e individual ouvido “O Caso do Vestido”;
v Comentar sobre outros textos que tratem do mesmo tema, como por exemplos nas músicas;
v Lembrar que para uma obra ser artística é preciso que haja a intenção estética, como no caso do poema a ser lido.

Caso do Vestido
Carlos Drummond de Andrade




Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?

Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?

Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.

Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.

Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.

O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.

Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.

Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.

E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós,

se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,

chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,

me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,

mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.

Dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro,

beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,

me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,

que tivesse paciência
e fosse dormir com ele…

Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.

Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio. Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.

Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.

E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.

Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.

Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,

só pra lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.

Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.

Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.

O seu vestido de renda,
de colo mui devassado,

mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.

Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei… disse que sim.

Sai pensando na morte,
mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio,

visitei vossos parentes,
não comia, não falava,

tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.

Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,

perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,

minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,

minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.

Vosso pai sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.

Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,

pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.

Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,

que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido,

última peça de luxo
que guardei como lembrança

daquele dia de cobra,
da maior humilhação.

Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.

Mas então ele enjoado
confessou que só gostava

de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,

fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,

me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,

me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,

bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,

dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.

Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito

de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.

Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.

Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?

quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?

quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?

quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?

Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.

Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada

vosso pai aparecia.
Olhou pra mim em silêncio,

mal reparou no vestido
e disse apenas: — Mulher,

põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,

comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,

comia meio de lado
e nem estava mais velho.

O barulho da comida
na boca, me acalentava,

me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito

de que tudo foi um sonho,
vestido não há… nem nada.

Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.



Atividades
A literatura, nos seus mais variados gêneros, pode ou não se utilizar da norma culta. Seu objetivo não é “ficar dentro das regras”, mas buscar qualquer dialeto ou registro que melhor consiga expressar a linguagem  do mundo criado por ela, com seus significados.
1 – A partir do que foi exposto sobre literatura e relendo o poema “O Caso do Vestido”, é possível afirmar que não fazem parte da norma culta? Cite exemplos.

2 – Que outras palavras ou expressões poderiam ser substituídas por essas que você encontrou?

3 – Relendo os versos destacados abaixo, diga se estão no sentido figurado – conotativo, ou no sentido real – denotativo. Caso você considere-os nos sentido figurado, não esqueça de mencionar qual pode ser o significado deles.
“...chorou no prato da carne...”
“...andei pelas cinco ruas...”
“...beberia seu sobejo...”

 4 - Leia atentamente as questões abaixo antes de começar a responder.

a) Normalmente quando se usa a palavra mas é para expressar ideias contrastantes, pensamentos opostos e restritivos.   Observe os excertos e dê sugestões de outras palavras ou expressões que poderiam substituí-la, com sentido equivalente.

“...Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.
Mas posso ficar com ele...”

“...não comia, não falava,
 tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava...”

 “...Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou. 
Mas então ele enjoado...”

“...não te dou vosso marido,
 que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido...”




Importante
Várias palavras juntas não podem ser consideradas um texto.  É preciso que haja entre elas uma ligação, uma conexão entre as ideias, orações e parágrafos ou versos.   É o correto uso dessas palavras, desses conectivos, que faz um texto progredir estabelecendo sentidos entre suas partes.


5 – A substituição realizada na questão anterior alterou o sentido do verso? Por quê?
Sugestão: comentar com os alunos que muitas palavras diferentes desempenham a mesma função, portanto, na hora da escrita, substituir palavras por outras equivalentes evitando a repetição é um ponto positivo.

Providenciar cópias para as próximas aulas dos textos e agendar aula na sala informatizada.


Boneca de pano – Zelândia Thomazi Bartti
Dois e dois: Quatro – Ferreira Gullar
A boneca – Olavo Bilac
Mundo Pequeno – Manoel de Barros
Interiores do Musgo – Rita de Cássia Alves
Os Sinos – Manuel Bandeira
Canção do Exílio – Gonçalves Dias
O Filho que eu quero ter – Vinícius de Moraes
Meus oito anos – Cassemiro de Abreu
As Duas Flores – Castro Alves
Sedução – Adélia Prado


### FIM DA SÉTIMA AULA ###

Atividade em pequenos grupos ou duplas
1 - Dividir a turma em pequenos grupos ou duplas; levar os alunos até a sala informatizada para pesquisar a biografia dos autores e acrescentar no painel da sala, bem como pelo menos mais um poema de cada poeta pesquisado. Cada equipe receberá o nome de um poeta para pesquisar.


### FIM DA OITAVA AULA ###
Atividade de Revisão

1 – Complete com o que falta, construindo uma unidade de sentido em relação a poema e poesia.

a-    Pode-se dizer que Poesia é ___________________________________________
_______________________________________________________________________
e que ela pode ser pode ser encontrada textos como_____________________________ _______________________________________________________________________.
b-    Por outro lado, entende-se por poema___________________________________ _________________________________________________________________
e eles podem se apresentar de diversas formas, tais como:________________________
_______________________________________________________________________

2       – Assinale a alternativa correta:
É correto afirmar que os versos brancos são aqueles que:
A – São menores que os demais.
B – São os mais longos dos poemas.
C – Possuem rimas.
D – Não possuem rimas.

Podemos afirmar que rimas são:
 A – Palavras que tem obrigatoriamente a mesma terminação, como palhaço e estardalhaço
B – A semelhança de sons entre as palavras, sem necessariamente ter a mesma terminação, como céu e papel.
C- Poemas escritos com rimas são os que representam o tempo passado.
D – As rimas em um poema sempre acontecem com as últimas palavras de cada verso.

Em se tratando de estrofes, é possível afirmar que:
A – Todos os poemas são divididos em estrofes em pelo menos 2 estrofes.
B  - É um conjunto de versos.
C  - Não é correto construir poemas com mais de 10 estrofes.
D – O menor número de versos admitido em uma estrofe é 4.

Realizar a atividade individualmente, de preferência, entregar uma cópia para cada aluno que deverá colar no caderno para possíveis consultas, se necessário.
Trocar entre os alunos as atividades e fazer a correção oral, envolvendo a turma para melhor fixação do conteúdo e entendimento do gênero.
O restante da aula deverá ser utilizado para leitura individual de livros de poemas, previamente trazidos para a sala de aula.
### FIM DA NONA AULA  ###
1 – Dividir a sala em equipes, as mesmas da pesquisa realizada na sala informatizada;
2 – Entregar para cada equipe um poema do autor pesquisado, que deverá ser lido,
      estudado e ensaiado para apresentação;
3 – Explicar que o trabalho poderá acontecer através de encenação, teatro de 
      bonecos, fantoches, musical ou de alguma outra forma, bem criativa,  para ser
      apresentado para outras turmas no dia 14/03 – Dia da Poesia.
4 – Toda a confecção de cenário, ensaios e outros ajustes para a apresentação deverão ocorrer em sala de aula, tendo em vista que é norma da escola não permitir trabalhos em grupo como atividades para casa.
5 – Todos os grupos terão 08 aulas disponíveis para distribuição de tarefas e organização da performance, construção do cenário e ensaios.
Lembrar:
Recitar com entusiasmo; manter um tom de voz que possa ser ouvido por todos expressando segurança; dar ritmo e cadência às falas; usar a criatividade para escolher a forma de apresentar (teatro de bonecos, fantoches, encenação, musical...); boa postura e respeito com o público é essencial.

### FIM DAS AULAS 10 – 17###
Na primeira aula depois das apresentações o professor deverá fazer uma avaliação juntamente com os alunos, do trabalho desenvolvido pelas equipes.

Para incentivar a produção escrita final do gênero Poema, convidar um poeta local para conversar com os alunos acerca do fazer poético e para apresentar seu trabalho aos alunos.

Sugestões de alguns autores:

Sandra Pereira
Rita de Cássia Alves
J.B.
Rubens da Cunha
Maria Rosa de Miranda Coutinho
Rita Pabst Martins
### FIM DAS AULAS 18 – 20 ###
5 – Produzindo texto individualmente

Avaliação final do gênero estudado: Poema
Preferencialmente realizar a atividade no início da aula, quando os alunos ainda não estão cansados e se sentem mais dispostos para atividades escritas.

Chegou a hora de você ser o poeta. Releia os poemas recebidos em sala, relembre dos que foram apresentados pelos colegas, a fala do poeta que visitou nossa escola, ou outros dos quais você goste, escolha um tema interessante, concentre-se e solte a imaginação.

Lembre-se:

1 – É obrigatório ser de um tema que você conheça;
2 – O estilo do poema, e a elaboração dos versos, com rimas ou brancos,
      ficará a critério do aluno;
3 – Use tudo que aprendeu sobre o gênero para realizar um trabalho bem
      feito;
4 – Não esquecer: Sentido figurado – metáforas  - é uma das principais  
      características da linguagem poética, versos são frases curtas, estrofes não
      são parágrafos, procure não misturar assuntos em um mesmo poema;
5 – Planejar o vai ser escrito, elaborar, revisar e reescrever são etapas
      importantíssimas e que não devem ser esquecidas;
6 - Troque de texto com um colega, peça que ele leia o seu enquanto você lê o dele. 
     Verifique se ele seguiu todos os passos sugeridos, se o título é atraente, sugira
      aperfeiçoamentos e correções;
7 - Aceitar críticas e sugestões nem sempre é tarefa fácil, porém necessária.  É hora então 
     de reescrever seu texto fazendo as alterações que julgar necessárias.
8 -  Depois da escrita final, entregue ao seu professor para analisar e indicar alterações a
      serem feitas.

### FIM DAS AULAS 20 e 21 ###





6 – Revisando e aprimorando o texto – (revisão coletiva e individual)

Professor, escolha um poema que apresente problemas de estrutura, falta de características do gênero ou complicações na colocação das ideias. Converse com o aluno, autor do poema e peça-lhe sua autorização para construir melhorias no texto juntamente com outra turma.  É interessante optar por um texto de outra turma, não constrangendo nenhum aluno da sala.

Uma boa ideia é digitar o texto e usar o datashow para apresentá-lo à turma.  É importante explicar que o texto é de algum aluno de outra sala.  Apresente o texto, sem, contudo, apresentar o nome do aluno.

O texto deverá ficar em duas colunas, em uma o original e na outra as mudanças sugeridas pela turma para melhorá-lo.

Em duplas, as possibilidades de troca de ideias e sugestões são maiores.

Terminado aprimoramento do poema que serviu como exemplo de revisão, devolver os textos aos alunos e pedir que baseados no exercício em conjunto, revisem e melhorem seus próprios textos.



Agendar aula na sala informatizada para digitação dos poemas e posterior postagem no blog da escola
### FIM DAS AULAS 22 e 23 ###

7 – Socializando a produção final

v Resgatar o texto inicial, aquele que ficou afixado no cartaz em sala de aula, elaborado como atividade diagnóstica e comparar com o elaborado ao final da sequência didática.  Houve melhora? Em que aspectos? 


v Cada aluno deverá observar também o outro cartaz, aquele com as biografias e os textos dos poetas já lidos em sala e comparar a sua produção com a deles.  De qual estilo de escrita mais se aproxima mais se aproxima o seu?  Comente.

Os textos revisados e passados a limpo deverão ser digitados e postados no face escola.

### FIM DA AULA 24 ###

Nenhum comentário:

Postar um comentário