segunda-feira, 29 de agosto de 2016

LEITURA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - ARTIGO DE OPINIÃO - GRÁVIDAS NO CONTRAFLUXO

ARTIGO DE OPINIÃO: Os artigos de opinião trazem questões polêmicas que dizem respeito a toda a sociedade. Seu objetivo, portanto, não é abordar assuntos de cunho pessoal, mas discutir problemas que atingem a coletividade, levando os leitores a refletir e a tomar uma posição sobre determinado assunto. Como trata de questões polêmicas, o leitor pode concordar ou discordar do que está escrito no artigo de opinião. Portanto, se o autor quer convencer o leitor de sua opinião, é muito importante que ele conheça bem o assunto de que está falando para poder construir uma boa argumentação.

ARGUMENTAR é mais do que dar uma opinião; é justificá-la, sustentá-la, isto é, defendê-la com argumentos, para tentar convencer o ouvinte ou o leitor. Existem diferentes tipos de argumentos: apresentação de fatos que funcionam como exemplos; citações de opiniões de pessoas importantes e/ou de dados de pesquisa; apresentação de valores e princípios; etc.

GRÁVIDAS NO CONTRAFLUXO
Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou a pesquisa Indicadores Sociais 2007, e um dos dados que mais chamou a atenção foi o número de adolescentes que tiveram filhos nos últimos dez anos. Em 1996, 6,9% das garotas entre 15 e 17 anos já eram mães. Esse número subiu para 7,6% em 2006. Você pode até pensar que o aumento não foi tão grande assim, se não fosse por um detalhe: essa é a única faixa etária em que a taxa de fecundidade aumentou. Ou seja, as mulheres estão tendo menos filhos e as adultas estão esperando mais para se tornarem mães. Só as adolescentes vêm no contrafluxo. Para se ter uma ideia, na faixa dos 18 aos 24 anos, a fecundidade caiu de 38% para 34,9% durante os últimos dez anos. Quer mais um número impressionante? De todos os partos realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no ano passado, quase 16% deles envolveram garotas com menos de 19 anos, ou seja, elas engravidaram ainda na adolescência.
Esse aumento de mães adolescentes é bastante preocupante. Não é só por causa da questão emocional que a gravidez na adolescência deve ser evitada. Vendo sob o aspecto da saúde, a gestação precoce é considerada de alto risco, mesmo que a garota seja muito saudável. Como o corpo da adolescente ainda não está completamente desenvolvido, as condições para a realização do parto são mais complicadas. Além disso, os bebês gerados por adolescentes têm uma tendência maior a nascerem prematuros e abaixo do peso normal – o baixo peso, menos de 2,5 quilos ao nascer, é um dos fatores de risco para a mortalidade infantil. A chance de uma adolescente ter hipertensão (pressão alta na gestação), por exemplo, é cinco vezes maior do que uma mulher adulta. O risco de desenvolver anemia durante a gravidez também é maior entre as adolescentes. A coisa é bem séria: a gestação precoce é a terceira causa de morte de garotas entre 15 e 18 anos no Brasil.
Outro ponto a ser levado em consideração é a evasão escolar. Pense bem: se às vezes já é difícil levar os estudos direitinho sem ter que cuidar de um bebê, imagine uma garota que tem de amamentar, trocar fralda, preparar papinha e que não vai conseguir dormir bem porque seu bebê chora a noite inteira! Sem contar que muitas ficam com vergonha de voltar para a escola depois de terem seus bebês. Por isso, tantas meninas saem da escola quando engravidam. Um estudo feito pela ONU, com mais de 10 mil brasileiros na faixa etária de 15 a 17 anos, mostra que 56% dos jovens que abandonam a escola são garotas. Um quarto delas parou de estudar porque engravidou na adolescência. Isso torna a gravidez precoce a maior causa de evasão escolar entre as meninas que deveriam estar no Ensino Médio.
O problema não é só durante a gestação ou logo após o parto. Mesmo depois de terem seus filhos, a taxa de retorno à escola é bem baixa entre as jovens mães. Para agravar ainda mais a situação, cerca de 40% das garotas que têm filho antes dos 18 anos voltam a engravidar dentro de 3 anos. Complicado, hein?

Autor: Jairo Bouer é médico e autoridade em sexualidade e comportamento jovem. Palestrante em todo o país, em escolas, universidades, empresas e grandes eventos abertos à população.
BOUER, Jairo. Disponível em: http://blog.educacional.com.br/jairo_bouer/p74553/#cmnt. Acesso em: 25 abr. 2012.
REFLEXÃO SOBRE O TEXTO
1. O que quer dizer “vir no contrafluxo”?
2. Segundo o artigo lido, quem são as grávidas que estão no contrafluxo? Por quê?
3. Onde esse artigo foi publicado?
4. Qual é a profissão e a especialidade do autor no assunto tratado?
5. Na sua opinião, quando o autor escreveu esse artigo, quem ele imaginava que seriam seus leitores?
6. Esse artigo poderia ser publicado numa revista de esportes ou de carros? Por quê?
7. Os artigos de opinião costumam discutir uma questão polêmica de alcance social amplo. Qual é a polêmica ou o problema social que motivou o autor a escrever esse artigo?
8. Qual é o posicionamento do autor a respeito dessa questão?
9. O autor do artigo expressa sua opinião várias vezes no decorrer do texto e usa argumentos para sustentá-la. Para a opinião abaixo ele usou quatro argumentos. Reescreva do texto esses quatro argumentos em sequência.
Não é só por causa da questão emocional que a gravidez na adolescência deve ser evitada”.
1º argumento:
2º argumento:
3º argumento:
4º argumento:
10. Que argumento o autor utiliza para justificar a seguinte opinião: “o problema não é só durante a gestação ou logo após o parto”.
11. Por que o autor do artigo acha que a gravidez na adolescência é “uma coisa bem séria”?
12. Reescreva do texto uma justificativa de opinião em que o autor usa de dados estatísticos.
13. Reescreva do texto uma justificativa de opinião em que o autor usa de dados de pesquisas.
OPINANDO SOBRE O ASSUNTO EM QUESTÃO
14. Em sua opinião, até que ponto a vida da garota e de seu namorado muda por causa de uma gravidez acidental?
15. Mesmo com tantas informações sobre o assunto “gravidez na adolescência” (na escola, nos programas de TV, na internet etc), há um grande número de garotas que engravidam entre 15 e 17 anos. Na sua opinião, por que isso ainda tem ocorrido?

FONTE: FIGUEIREDO, Laura de; BALTHASAR, Marisa; GOULART, Shirley. Singular & Plural: leitura, produção e estudos de linguagem. São Paulo: Moderna, 2012.

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