terça-feira, 16 de agosto de 2016



TEXTOS DIVERSOS


                DUAS FÁBULAS SOBRE A DISSIMULAÇÃO

O maior fabulista francês, Jean de La Fontaine (1621-1695), uma vez inquirido sobre a recorrente presença dos animais em seus textos, foi pedagógico em sua asserção ao afirmar: “Sirvo-me dos animais para instruir os homens.”As duas fábulas abaixo transcritas demonstram que, para sobreviver, é preciso estar alerta às armadilhas da dissimulação e às artimanhas da astúcia. Um oponente conhecido é menos danoso que um amigo hipócrita. 

As pessoas falsas são piores que os inimigos ferozes.  A aranha, o gafanhoto e o camaleão. A aranha, o gafanhoto e o camaleão habitavam o aprazível bosque da cidade. Conviviam a uma distância razoável, pois, reciprocamente, temiam as artimanhas que sempre eram recorrentes. A aranha foi a primeira a urdir:
— Meu caro gafanhoto, sejamos previdentes e cuidadosos! O camaleão é o rei dos disfarces, muda de cor e nem percebemos. 
— É mesmo! — completa o gafanhoto. Ele fica nos troncos das árvores com cara de boi-sonso e é só passar por perto que ele estica aquela língua imensa e... “crau!”. 
— Sim, companheiro, sempre alerta! 
— continua a aranha.
 — Eu passo o dia fiando, mas é um olho na teia, o outro no camaleão. Você sabe: o seguro morreu de velho. Precaução e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, dizia a minha avó. 
— Belos conselhos, Dona Aranha. Esse camaleão é o mestre da desfaçatez, é o rei da dissimulação.
— Vá por mim! Dificilmente eu me engano! E tem mais 
— disse a aranha sussurrando. 
— O camaleão tem uma armadilha mortal! Chegue mais perto, meu caro amigo gafanhoto, que eu lhe contarei. Ingenuamente, o gafanhoto se aproxima e se enrosca todo na teia. Diante da morte certa, fica a pensar o quanto foi bobo em confiar na ardilosa aranha.

 A rã e o escorpião

O fogo crepitava feroz e avassalador. Na margem do largo rio que permeava a floresta, encontram-se a rã e o escorpião. Lépida e faceira, a rã prepara-se para o salto nas águas salvadoras. O escorpião   que não sabe nadar
aterroriza-se ante a morte iminente: ou estorricado pelas chamas ou impiedosamente tragado pelas águas revoltas. Arguto, e em um esforço derradeiro, implora o escorpião: 
— Bela rã, leva-me nas tuas costas na travessia do rio! 
— Não confio em ti! Teu ferrão é inclemente e mortal 
— responde a rã.
— Jamais tamanha ingratidão. Ademais, se eu te picar, morte certa para nós dois. — É verdade, pensou candidamente o bondoso batráquio. 
— Então, suba! E lá se foram, irmanados e felizes. No entanto, no meio da travessia, a rã é atingida no dorso por uma impiedosa ferroada. Entremeando dor e revolta, trava o derradeiro diálogo: 
— Quanta maldade! — exclama a rã, contorcendo-se. 
— Não vês que morreremos os dois?!
— Sim. — responde o escorpião. 
— Mas esta é a minha natureza!Jacir J. Venturi é professor, diretor de escola e autor do livro Da sabedoria clássica à popular.                                         

"Gaiolas e asas!" Rubem Alves
Os pensamentos me chegam de forma inesperada, sob a forma de aforismos. Fico feliz porque sei que Lichtenberg, William Blake e Nietzsche frequentemente eram também atacados por eles. Digo "atacados" porque eles surgem repentinamente, sem preparo, com a força de um raio. Aforismos são visões: fazem ver, sem explicar. Pois ontem, de repente, esse aforismo me atacou: "Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asa
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-las para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Esse simples aforismo nasceu de um sofrimento: sofri conversando com professoras de segundo grau, em escolas de periferia. O que elas contam são relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças... E elas, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a burocracia determina que sejam feitas, como dar o programa, fazer avaliações... Ouvindo os seus relatos, vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes arreganhados, garras à mostra - e a domadoras com seus chicotes, fazendo ameaças fracas demais para a força dos tigres.
Sentir alegria ao sair de casa para ir à escola? Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que as fecha com os tigres.
Nos tempos de minha infância, eu tinha um prazer cruel: pegar passarinhos. Fazia minhas próprias arapucas, punha fubá dentro e ficava escondido, esperando... O pobre passarinho vinha, atraído pelo fubá. Ia comendo, entrava na arapuca e pisava no poleiro. E era uma vez um passarinho voante. Cuidadosamente eu enfiava a mão na arapuca, pegava o passarinho e o colocava dentro de uma gaiola. O pássaro se lançava furiosamente contra os arames, batia as asas, crispava as garras e enfiava o bico entre os vãos. Na inútil tentativa de ganhar de novo o espaço, ficava ensanguentado... Sempre me lembro com tristeza da minha crueldade infantil.
Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende? Violentos, os adolescentes de periferia? Ou serão as escolas que são violentas? As escolas serão gaiolas? Vão me falar sobre a necessidade das escolas dizendo que os adolescentes de periferia precisam ser educados para melhorarem de vida. De acordo. É preciso que os adolescentes, que todos, tenham uma boa educação. Uma boa educação abre os caminhos de uma vida melhor. Mas eu pergunto: nossas escolas estão dando uma boa educação? O que é uma boa educação?
O que os burocratas pressupõe sem pensar é que os alunos ganham uma boa educação se aprendem os conteúdos dos programas oficiais. E, para testar a qualidade da educação, criam mecanismos, provas e avaliações, acrescidos dos novos exames elaborados pelo Ministério da Educação.
Mas será mesmo? Será que a aprendizagem dos programas oficiais se identifica com o ideal de uma boa educação? Você sabe o que é "dígrafo"? E os usos da partícula "se"? E o nome das enzimas que entram na digestão? E o sujeito da frase "Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante"? Qual a utilidade da palavra "mesóclise"? Pobres professoras, também engaioladas... São obrigadas a ensinar o que os programas mandam, sabendo que é inútil. Isso é hábito velho das escolas. Bruno Bettelheim relata sua experiência com as escolas: "Fui forçado (!) a estudar o que os professores haviam decidido que eu deveria aprender. E aprender à sua maneira".
O sujeito da educação é o corpo, porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens. A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver. Nietzsche dizia que ela, a inteligência, era "ferramenta" e "brinquedo" do corpo. Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender "ferramentas", aprender "brinquedos".
"Ferramentas" são conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia-a-dia. "Brinquedos" são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria à alma.
Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o resumo da educação. Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. Ferramentas me permitem voar pelos caminhos do mundo.
Brinquedos me permitem voar pelos caminhos da alma. Quem está aprendendo ferramentas e brinquedos está aprendendo liberdade, não fica violento. Fica alegre, vendo as asas crescer... Assim todo professor, ao ensinar, teria de se perguntar: "Isso que vou ensinar, é ferramenta? É brinquedo?" Se não for, é melhor deixar de lado.
As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o aumento dos alunos matriculados. Esses dados não me dizem nada. Não me dizem se são gaiolas ou asas. Mas eu sei que há professores que amam o vôo dos seus alunos.
Há esperança...
Rubem Alves

Dez coisas que levei anos para aprender... 
Luís Fernando VeríssimO

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom ou empregado, não pode ser uma boa pessoa. (Esta é muito importante. Preste atenção, nunca falha).
2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.(Está cheio de gente querendo te convencer!).
3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.(Na maioria das vezes quem está te olhando também não sabe! Ta valendo!).
4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.(Deus deu 24 horas em cada dia para cada um cuidar da sua vida e tem gente que insiste em fazer hora-extra!).
5. Não confunda sua carreira com sua vida.(Aprenda a fazer escolhas: trabalho é trabalho , vida pessoal é vida pessoal !).
6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.(Quem escreveu deve ter conhecimento de causa!).
7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria 'reuniões'.(Onde ninguém se entende.....)
8. Há uma linha muito tênue entre 'hobby' e 'doença mental'.(Ouvir música é hobby... No volume máximo às sete da manhã pode ser doença mental!).
9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito (Que bom!)
10. Lembre-se: nem sempre os profissionais são os melhores. Um amador construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.(É Verdade!).Uma última, mas não menos sábia. 'Guardar ressentimentos é como tomar veneno e esperar que outra pessoa morra.
William Shakespeare

Mensagem para formatura


Querido(s) formandos! ______________________ É com imensa alegria que parabenizamos a linda data que ora se inicia em suas vidas! Por este motivo, nós educadores e toda a equipe do Colégio .................., desejamos que a partir de hoje vocês possam trilhar um mundo letrado, repleto de grandes desafios. Desafios estes que envolvem a escrita, a leitura, a interpretação, o cálculo. Que ao longo de todos esses dias, meses aprenderam com muito afinco, responsabilidade, amor e muita dedicação! O nosso colégio se sente orgulhosa por poder compartilhar esse momento!! Agradecemos a Deus, a vocês, a família, aos amigos, aos coleguinhas e toda equipe pedagógica; pela paciência, carinho, dedicação nesta etapa de suas vidas: a “alfabetização”. Deixamos esta linda prece irlandesa, para que vocês reflitam, como forma de demonstrarmos nosso carinho e gratidão. Parabéns, formando(s)!!
Que a estrada se abra à sua frente,Que o vento sopre levemente em suas costas,Que o sol brilhe morno e suave em sua face,Que a chuva caia de mansinho em seus campos.E até que nos encontremos de novo...Que Deus lhe guarde nas palmas de suas mãos.Prece Irlandesa.
Fonte: Grupo Professores Solidários                                                         


 O parafuso

Algumas vezes é um erro julgar o valor de uma atividade simplesmente pelo tempo utilizado para realizá-la…Um bom exemplo é o caso do técnico em informática que foi chamado a consertar um computador gigantesco e extremadamente complexo… um computador que valia 12 milhões de dólares.Sentado frente ao monitor, apertou umas teclas, balançou a cabeça, murmurou algo a si mesmo e desligou o aparelho. Tirou de seu bolso uma pequena chave de fenda e girou uma volta e meia a um minúsculo parafuso.A seguir, religou o computador e verificou o seu perfeito funcionamento.O presidente da companhia mostrou-se encantado e se dispos a pagar a conta imediatamente.-“Quanto é que lhe devo? “- perguntou.-“São mil dólares pelo serviço efetuado.” -Mil dólares? Mil dólares por uns momentos de trabalho? Mil dólares por apertar um simples parafusinho? Eu sei que meu computador custa 12 milhões de dólares, mas mil dólares é uma quantidade brutal!-“Efetuarei seu pagamento desde que me envie uma fatura detalhada que justifique a sua cobrança”. O técnico confirmou com a cabeça o pedido e se foi. Na manhã seguinte, o presidente recebeu a fatura, a leu com cuidado, balançou a cabeça resolveu pagá-la no ato, sem pestanejar. A fatura dizia: Detalhes dos serviços prestados Apertar um parafuso……….. …. …. …. …. .......… 1 dólar. Saber qual parafuso apertar………….. …..... 999 dólares.                                          

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