terça-feira, 11 de novembro de 2014

Textos Argumentativos




Definição
Sabemos que, dentre os tipos textuais, destaca-se o argumentativo - que tem como objetivo discursivo convencer o interlocutor a respeito de determinado ponto de vista. A atividade de argumentar pode ser feita de diferentes maneiras, seguindo distintos formatos. Cada um desses formatos corresponderá a uma concretização textual específica, sendo chamados de gêneros textuais, nesse caso, argumentativos.
Então, tratemos de travar contato aqui com os principais gêneros argumentativos. Primeiramente, delimitemos que estamos aqui a tratar mais diretamente de gêneros textuais escritos, uma vez que há muitos gêneros argumentativos orais também (palestras, debates, comícios, discursos de defesa, discurso de acusação, diálogos argumentativos, assembleias, etc). Também não consideraremos aqui os gêneros argumentativos digitais, como blogues, fóruns virtuais e outros. Dentre os principais exemplos de argumentação escrita de que aqui trataremos, destacamos a própria dissertação, o artigo de opinião, a crônica argumentativa, o editorial, a resenha crítica, a carta de solicitação/de reclamação, a carta de leitor.
Uma questão que estabelece a marca de cada um desses gêneros é a quem cada texto se dirige, ou seja, quem é o seu  leitor. Assim, apresentamos, a partir daí, uma divisão de estudo desses textos.
Gênero Argumentativo Quem é o leitor? Marcas estruturaias Observações
Dissertação Leitor universal, qualquer um. Texto impessoal, sem marcas de interlocução, em linguagem objetiva e padrão culto, com rígida divisão das partes do texto argumentativo. Pode haver ainda dissertação de tom pessoal. Contudo, essa é de cobrança escassa em concursos.
Artigo de opinião Um certo público leitor de dada publicação. O texto deve se adequar ao perfil do publico. Assim, suas marcas de formalidade ou informalidade dependerão disso. No geral, sua estrutura é menos rígida e costuma se admitir tom pessoal. O artigo de opinião, de modo geral, é dos gêneros argumentativos mais livres e fluídos que há.
Carta de solicitação ou de reclamação O destinatário da carta. Esse texto é dum remetente específico a um destinatário também específico. Portanto, são obrigatórias tanto a primeira pessoa quanto marcas de interlocução, além do cabeçalho com local e data, do vocativo e da saudação introdutórias, bem como a despedida e assinatura. A distinção entre solicitação e reclamação não é, necessariamente, rigorosa.
Carta de leitor O editor da revista ou autor de dada matéria. Esse texto se assemelha ao modelo geral das cartas argumentativas, no entanto, prescinde de cabeçalho com local e data. No geral, é um texto bastante objetivo e conciso.
Editorial O público leitor de determinada publicação Expressa a opinião de certa publicação, falando, portanto em nome coletivo. Sua linguagem tende a ser formal, embora acompanhe a expectativa do público leitor.  
Crônica argumentativa O público leitor da publicação que conterá a crônica. Esse texto partilha da liberdade geral da crônica narrativa e tem em comum com esse uma motivação do cotidiano. Em geral, essa modalidade de crônica pode se aproximar bastante do artigo de opinião.
Resenha crítica O público de certa publicação artística ou crítica. O texto consiste em um resumo comentado e opinativo sobre dada obra ou trecho de obra. Pode ser pensada como uma versão bastante simplificada do ensaio.
Vejamos uma exemplificação bem simples de um breve trecho de mesmo tema em cada uma das versões:

Exemplificação

a) Dissertação
Os problemas de trânsito atuais de qualquer grande cidade são motivos de transtornos vários a seus cidadãos. No município do Rio de Janeiro, isso não é diferente e assume contornos dramáticos, em meio às obras por que passa a metrópole. Os engarrafamentos se dão em escala gigantesca, paralisando veículos, a produção e a vida das pessoas.
b) Artigo de Opinião (em uma revista de algum nível de informalidade):
Não vem sendo fácil pro carioca suportar os engarrafamentos que tomam conta da cidade por conta das obras profundas que vem ocorrendo. A cidade, de cabelo em pé, buzina sem parar buscando algum ponto de fuga. Somos quase o Estacionamento de Janeiro.
c) Carta Argumentativa:
Rio de Janeiro, 03 de dezembro de 2013.
Excelentíssimo Sr. Prefeito da cidade do Rio de Janeiro,
Venho, por meio desta, manifestar-me quanto à situação caótica que ora nos encontramos na cidade governada por V. Exª. A situação é mais do que periclitante, atingindo níveis de inviabilidade que põem em xeque o bom funcionamento de serviços ao conjunto dos cidadãos. 
d) Carta de leitor:
Caros editores da Revista Hoje, em seu último número, havia uma matéria que tratava das mudanças em curso na cidade do Rio de Janeiro. Gostaria de aqui problematizar um ponto argumentado por vocês naquela matéria: a do preço necessário a se pagar por tais mudanças.
e) Editorial:
A Gazeta de Notícias traz a seu público a sua opinião independente acerca das mudanças ora em curso na cidade do Rio de Janeiro, bem como de seus desdobramentos ao conjunto da população atual e futura.
f) Crônica Argumentativa:
Essa semana testemunhei uma cena inusitada. Uma velhinha esbravejava cobras e lagartos e outros répteis mais de difícil identificação, após ser fechada no trânsito cada vez mais alarmante do Rio de Janeiro. Ora, essa é apenas a ponta do iceberg desse inferno que tem se tornado se locomover dentro de um veículo na cidade.
g) Resenha Crítica:
Na obra Carros e cidades, de Alexandre Silveira Pontes, a questão principal em discussão é o modelo de desenvolvimento rodoviário e seu impacto à vida das cidades brasileiras. Esse ponto de vista assume especificidades e exemplificações várias ao longo dos sete capítulos da obra, os quais apresentaremos aqui.
Como se observa, o leitor alvo causa modificações de formato bem marcantes, evidenciando também distintas finalidades, para além da argumentação.
 

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