quinta-feira, 24 de setembro de 2015


                                       Secretária

                              (Luís Fernando Veríssimo)

            O teste definitivo para você saber se você está ou não integrado no mundo moderno é a secretária eletrônica. O que você faz quando liga para alguém e quem atende é uma máquina. Tem gente que nem pensa nisso. Falam com a secretária eletrônica com a maior naturalidade, qual é o problema? É apenas um gravador estranho com uma função a mais. Mas aí é que está. Não é uma máquina como qualquer outra. É uma máquina de atender telefone. O telefone (que eu não sei como funciona, ainda estou tentando entender o estilingue) pressupõe um contato com alguém e não com alguma coisa.
    A secretária eletrônica abre um buraco nesta expectativa estabelecida. É desconcertante. Atendem — e é alguém dizendo que não está lá!  Seguem instruções para esperar o bip e gravar a mensagem.
         É aí que começa o teste. Como falar com ninguém no telefone? Um telefonema é como aqueles livros que a gente gosta de ler, que só tem diálogos. É travessão você fala, travessão fala o outro. E de repente você está falando sozinho. Não é nem monólogo. É diálogo só de um.
               — Ahn, sim, bom, mmm... olha, eu telefono depois. Tchau.
             O “tchau” é para a máquina. Porque temos este absurdo medo de magoá-la. Medo de que a máquina nos telefone de volta e nos xingue, ou pelo menos nos bipe com reprovação. Sei de gente que muda a voz para falar com secretária eletrônica. Fica formal, cuida a construção da frase. Às vezes precisa resistir à tentação de ligar de novo para regravar a mensagem porque errou a colocação do pronome.
         Outros não resistem. Ao saber que estão sendo gravados, limpam a garganta, esperam o bip e anunciam:
                — De Augustin Lara...
              E gravam um bolero. Talvez seja a única atitude sensata.

1. “O teste definitivo para você saber...”; o vocábulo definitivo, nesse contexto, corresponde ao seguinte sinônimo:
a) inapelável         b) decisivo       c) determinado       d) derradeiro       e) aprovado

2. O item que mostra um desenvolvimento INADEQUADO do segmento sublinhado é:
a) “O teste definitivo para você saber  =  o teste definitivo para que você saiba.
b) “Ao saber que estão sendo gravados  =  quando sabem que estão sendo gravados.
c) “para regravar a mensagem”  =  para que regrave a mensagem.
d) “Seguem instruções para esperar o bip” = seguem instruções para que se espere o bip.
e) “como aqueles livros que a gente gosta de ler”  =  como aqueles livros que a gente gosta que se leiam.

3. “O teste definitivo para você saber se você está ou não integrado no mundo moderno é a secretária eletrônica”; a forma de reescrever-se esse segmento do texto que ALTERA o seu sentido original é:
a) Para você saber se está ou não integrado no mundo moderno, o teste definitivo é a secretária eletrônica.
b) A secretária eletrônica é o teste definitivo para você saber se está ou não integrado no mundo moderno.
c) É a secretária eletrônica o definitivo teste para você saber se está ou não integrado no mundo moderno.
d) Para você saber se está ou não integrado no mundo moderno, a secretária eletrônica é o teste definitivo.
e) O teste definitivo do mundo moderno para você saber se está ou não integrado nele é a secretária eletrônica.

4. O item em que o vocábulo PARA tem significado diferente de todos os demais é:
a) “O teste definitivo para você saber...”   
b) “O que você faz quando liga para alguém...”
c) “Seguem instruções para esperar o bip...” 
d) “Sei de gente que muda a voz para falar com a secretária...”
e) “...ligar de novo para regravar a mensagem.”

5. A frase do texto em que há claramente a personificação da secretária eletrônica por meio de uma ação humana que lhe é atribuída, é:
a) ‘Medo de que a máquina nos telefone de volta...”                
b) “O tchau’ é para a máquina.”
c) “Porque temos este absurdo medo de magoá-la.”                 
 d) “Não é uma máquina como qualquer outra.”
 e) Sei de gente que muda a voz para falar com secretária eletrônica.”

6, “O que você faz quando liga para alguém e quem atende é uma máquina”. Nesse segundo período do texto, os elementos que estão em oposição semântica são:
 a) você / quem      b) faz / liga       c) liga / atende      d) alguém / máquina     e) o / uma

7. A frase abaixo que representa uma linguagem coloquial é:
a) “Tem gente que nem pensa nisso.”               
b) “Falam com a secretária eletrônica com a maior naturalidade.”
c) “Talvez seja a única solução sensata.”         
d) “E gravam um bolero.”
e) “É apenas um gravador estranho com uma função a mais.”

8. “Tem gente que nem pensa nisso. Falam com a secretária eletrônica com a maior naturalidade, qual é o problema?” A pergunta final desse segmento:
a) é feita pelo próprio autor do texto.
b) é questão atribuída à secretária eletrônica.
c) é da autoria da “gente que nem pensa nisso”.
d) parte de quem não é atendido pela secretária com naturalidade.
e) questiona o problema de não haver quem atenda o telefone.

9. “A secretária eletrônica abre um buraco nesta expectativa estabelecida”; a “expectativa” referida no texto é a de que:
a) se entre em contato com alguém.                  b) se possa deixar um recado.
c) a secretária eletrônica esteja ligada.            d) se possa seguir as instruções da máquina.
                             e) não tenham ligado a secretária eletrônica.

10. O trecho entre parênteses no segundo parágrafo — que eu não sei como funciona, ainda estou tentando entender o estilingue — tem a função de:
a) mostrar a competência tecnológica do autor do texto.
b) fazer pouco das máquinas modernas.
c) demonstrar a inadequação do autor diante das coisas modernas.
d) transmitir um tom crítico ao texto.
e) situar o texto em tempos passados.

11. “— Ahn, sim, bom, mmm...”; essas palavras Indicam, por parte de quem é atendido pela secretária eletrônica:
a) aborrecimento         b) hesitação       c) espanto        d) desilusão       e) admiração

12. O item em que o sentido da oração sublinhada está ERRADAMENTE indicado, é:
a) “O que você faz  quando liga para alguém e quem atende é uma máquina” — tempo.
b) “...regravar a mensagem  porque errou a colocação do pronome” — causa.
ç) “Sei de gente que muda a voz  para falar com a secretária eletrônica” — finalidade.
d) “O teste definitivo para você saber  se está ou não integrado no mundo moderno  é a secretária eletrônica” — condição.
e) “Ao saber que estão sendo gravados “ —tempo.

13. Afirmação que cabe ao texto como um todo é que ele:
a) critica amargamente os novos meios tecnológicos.
b) elogia a tranqüilidade dos que não temem as máquinas.
c) ironiza a falta de educação da secretária eletrônica.
d) destaca a desumanização nas relações humanas.
e) indica uma solução para os problemas de comunicação,

14. Há tipos diferentes de atitudes diante do atendimento de uma secretária eletrônica. A frase cuja identificação dessa atitude NÃO está adequada é:
a) “Falam com a secretária eletrônica com a maior naturalidade” — tranqüilidade.
b) “Como falar com ninguém no telefone?” — confusão mental.
c) ‘E gravam um bolero” — lirismo.
d) “Sei de gente que muda a voz para falar com secretária eletrônica” — formalismo.
 e)”,,,ou pelo menos nos bipe com reprovação” — temor

15.0 item em que a oração sublinhada NÃO indica uma ação em seqüência cronológica em relação à oração anterior, é:
a) “0 que você faz quando liga para alguém  e quem atende é uma máquina.                   
b)”...esperam o bip e anunciam.”
c) “Seguem instruções para esperar o bip e gravar a mensagem.”
d) “Medo de que a máquina nos telefone de volta e nos xingue.”
e)”,.. pressupõe um contato com alguém e não com alguma coisa.”

16. Em todos os itens abaixo há uma junção de um substantivo com um adjetivo; o par em que o adjetivo NÃO representa uma opinião do autor do texto é:
   a) atitude sensata          b) teste definitivo         c) absurdo medo      
                         d) mundo moderno     e) gravador estranho

17. O item em que a segunda forma proposta para o segmento inicial ALTERA o sentido original é:
a) “Talvez seja a única atitude sensata” / A única atitude sensata talvez seja essa.
b) “Eu telefono depois”! Depois eu telefono.
c) “É aí que começa o teste”! Aí o teste começa.
d) “Como falar com ninguém no telefone?” / Como ninguém falar ao telefone?
e) “E gravam um bolero”! E um bolero é gravado.


O HOMEM E A GALINHA

Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Era uma galinha como as outras.
Um dia a galinha botou um ovo de ouro. O homem ficou contente. Chamou a mulher:
- Olha o ovo que a galinha botou.
A mulher ficou contente:
- Vamos ficar ricos!
E a mulher começou a tratar bem da galinha. Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha. Dava pão-de-ló, dava até sorvete. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:
- Pra que esse luxo com a galinha? Nunca vi galinha comer pão-de-ló... Muito menos tomar sorvete!
- É, mas esta é diferente! Ela bota ovos de ouro!
O marido não quis conversa:
- Acaba com isso mulher. Galinha come é farelo.
Aí a mulher disse:
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim - o marido respondeu.
A mulher todos os dias dava farelo à galinha. E a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:
- Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão! A galinha pode muito bem comer milho.
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim - o marido respondeu.
Aí a mulher começou a dar milho pra galinha. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:
- Pra que esse luxo de dar milho pra galinha? Ela que procure o de-comer no quintal!
- E se ela não botar mais ovos de ouro? - a mulher perguntou.
- Bota sim - o marido falou.
E a mulher soltou a galinha no quintal. Ela catava sozinha a comida dela. Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Uma dia a galinha encontrou o portão aberto. Foi embora e não voltou mais.
Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa casa onde tratam dela a pão-de-ló. (Ruth Rocha)

1) O texto recebe o título de O  homem e a galinha.  Por que a história recebe esse título?
a) Porque eles são os personagens principais da história narrada.
b) Porque eles representam, respectivamente, o bem e o mal na história.
c) Porque são os narradores da história.
d) Porque ambos são personagens famosos de outras histórias.
e) Porque representam a oposição homem-animal.

2) Qual das afirmativas a seguir não é correta em relação ao homem da fábula?
a) É um personagem preocupado com o corte de gastos.
b) Mostra ingratidão em relação à galinha.
c) Demonstra não ouvir as opiniões dos outros.
d) Identifica-se como autoritário em relação à mulher
e) Revela sua maldade nos maus-tratos em relação à galinha.

3) Qual das características a seguir pode ser atribuída à galinha?
a) avareza
b) conformismo
c) ingratidão
d) revolta
e) hipocrisia

4) Era uma vez um homem que tinha uma  galinha. De que outro modo poderia ser dita a frase destacada?
a) Era uma vez uma galinha, que vivia com um homem.
b) Era uma vez um homem criador de galinhas.
c) Era uma vez um proprietário de uma galinha.
d) Era uma vez uma galinha que tinha uma propriedade.
e) Certa vez um homem criava uma galinha.

5) Era uma vez é uma expressão que indica tempo:
a) bem localizado
b) determinado
c) preciso
d) indefinido
e) bem antigo

6) A segunda frase do texto diz ao leitor que a galinha era uma galinha como as outras. Qual o significado dessa frase?
a) A frase tenta enganar o leitor, dizendo algo que não é verdadeiro.
b) A frase mostra que era normal que as galinhas botassem ovos de ouro.
c) A frase indica que ela ainda não havia colocado ovos de ouro.
d) A frase mostra que essa história é de conteúdo fantástico.
e) A frase demonstra que o narrador nada conhecia de galinha.

7) O que faz a galinha ser diferente das demais?
a) Botar ovos todos os dias independentemente do que cofnia.
b) Oferecer diariamente ovos a seu patrão avarento.
c) Pôr ovos de ouro antes da época própria.
d) Botar ovos de ouro a partir de um dia determinado.
e) Ser bondosa, apesar de sofrer injustiças.

8) O homem ficou contente. O conteúdo dessa frase indica um (a):
a) causa
b) modo
c) explicação
d) conseqüência
e) comparação

9) A presença de travessões no texto indica:
a) a admiração da mulher
b) a surpresa do homem
c) a fala dos personagens
d) a autoridade do homem
e) a fala do narrador da história

10) Que elementos demonstram que a galinha passou  a receber um bom tratamento, após botar o primeiro ovo de ouro?
a) pão-de-ló / mingau / sorvete
b) milho / farelo / sorvete
c) mingau / sorvete / milho
d) sorvete / farelo / pão-de-ló
e) farelo / mingau / sorvete

11) Dizem, eu não sei... Quem é o responsável por essas palavras?
a) o homem
b) a galinha
c) o narrador
d) a mulher
e) o ovo

Gabarito dos exercícios de interpretação

1-a, 2-e, 3-b, 4-c, 5-d, 6-c, 7-d, 8-d, 9-c, 10-a, 11-c


O Reformador da Natureza

Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de botar defeito em todas as coisas.
— Tolices, Américo?
— Pois então?!... Aqui neste pomar, você tem a prova disso. Lá está aquela jabuticabeira enorme sustentando frutas pequeninas e mais adiante vejo uma colossal abóbora presa ao caule duma planta rasteira. Não era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem que ser reorganizadas por mim, eu trocaria as bolas – punha as jabuticabas na aboboreira e as abóboras na jabuticabeira. Não acha que tenho razão?
E assim discorrendo, Américo provou que tudo estava errado e só ele era capaz de dispor com inteligência o mundo.
— Mas o melhor – concluiu – não é pensar nisso, é tirar uma soneca à sombra destas árvores, não acha?
E Américo Pisca-Pisca, pisca-piscando que não acabava mais, estirou-se de papo para cima à sombra da jabuticabeira.
Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou com o mundo novo, inteirinho, reformado pelas suas mãos. Uma beleza!
De repente, porém, no melhor do sonho, plaf! uma jabuticaba cai do galho bem em cima do seu nariz.
Américo despertou de um pulo. Piscou, piscou. Meditou sobre o caso e afinal reconheceu que o mundo não era tão mal feito como ele dizia.
E lá se foi para casa, refletindo:
 — Que espiga!... Pois não é que se o mundo tivesse sido reformado por mim a primeira vítima teria sido eu mesmo? Eu, Américo Pisca-Pisca, morto pela abóbora por mim posta em lugar da jabuticaba? Hum!... Deixemo-nos de reformas. Fique tudo como está que está tudo muito bem.
E Pisca-Pisca lá continuou a piscar pela vida a fora, mas desde então perdeu a cisma de corrigir a Natureza.
[...]
LOBATO, Monteiro. A reforma da natureza. São Paulo: Brasiliense, 2002


01- No trecho “— Mas o melhor – concluiu – não é pensar nisso, é tirar uma soneca à sombra destas árvores, não acha?”, a palavra sublinhada se refere
(A) ao hábito de Américo de pôr defeito nas coisas.  (B) à queda da jabuticaba no nariz do Américo.
(C) às mudanças sugeridas por Américo.                    (D) ao sonho que Américo teve.

02 - Podemos identificar um exemplo do conflito gerador da narrativa no trecho
(A) “... eu trocaria as bolas – punha as jabuticabas na aboboreira e as abóboras na jabuticabeira.”
(B) "– Mas o melhor – concluiu – não é pensar nisso, é tirar uma soneca à sombra destas árvores, não acha?”
(C) “Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou com o mundo novo, inteirinho, reformado pelas suas mãos. Uma beleza!”
(D) “Meditou sobre o caso e afinal reconheceu que o mundo não era tão mal feito como ele dizia”.

O LEÃO E O RATINHO
Esopo
Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.
Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata. Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora.
Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.
Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão.
Uma boa ação ganha outra.
Fonte: Ler e escrever: Livro de textos do aluno/Secretaria da Educação, FDE. São Paulo: FDE, 2008

03 - O leão conseguiu se soltar da rede dos caçadores porque
(A) prendeu o ratinho com a pata.    (B) desistiu de esmagar o ratinho.
(C) deixou o ratinho ir embora.        (D) o ratinho roeu as cordas.

04 - A fábula O leão e o ratinho quer
(A) ensinar o leitor, com diferentes situações.    (B) descrever as relações dos animais na floresta.
(C) revelar grandes segredos ao leitor.               (D) contar sobre a fuga do leão.

05 - A expressão que apresenta uma qualidade, revelando a opinião do narrador na fábula O leão e o ratinho é
(A) “fazia a floresta inteira tremer”.        (B) “todos conseguiram fugir”.
(C) “cansado de tanto caçar”.                   (D)”dormia espichado”.

Para responder abaixo, leia a tirinha.


Fonte: ZIRALDO, A. As melhores tiradas do Menino Maluquinho / Ziraldo: ilustrações do autor, Mig e equipe. São Paulo: ed. Melhoramentos, 2005, p.25.

06 - O Menino Maluquinho disse “OBA!”, no primeiro quadrinho. A forma como foi registrada sua fala significa que ele está:  (A) sussurrando.   (B) chorando.   (C) cantando.   (D) gritando.

07 - Os elementos que caracterizam o humor na tirinha são
(A) as exclamações do Maluquinho “OBA! e “IUPI!...”       (B) a expressão e os gestos de alegria da mãe.
(C) a fala da mãe e a onomatopeia “CRAC!” e “IUPI!”       (D) a fala e a expressão facial do médico.

08 - Da leitura da tirinha do Maluquinho, pode-se entender que
(A) é a primeira vez que Maluquinho foi engessado.   
(B) a mãe não se preocupa com o comportamento do menino.
(C) o menino é agitado e costuma quebrar coisas.      
(D) o médico não tratou direito do Maluquinho.

Quem vai salvar a vida
(...) No dia seguinte era sábado, e meu pai pegou o Trovão, nosso cachorro, e já ia saindo com ele pra passear.
Eu então perguntei:
– Ô, pai, que tal levar um saquinho para pegar a sujeira do Trovão?
– Pegar a sujeira? – ele perguntou.
– Então, pai, não se pode deixar sujeira no meio da rua...
– Ora, ora – meu pai respondeu –, a rua é pra isso mesmo!
– Pai, que absurdo! A rua é de todos! É como se você levasse seu cachorro pra sujar a casa dos outros. Você não vê que a gente pisa nessa sujeira e traz pra casa? Não vê que tem crianças pequenas que andam na rua e sujam os pés?
Meu pai me olhou torto, torto.
E foi embora.
Mas, quando ele voltou, eu vi que ele tinha um saquinho, que ele atirou no lixo (...).
Ruth Rocha. Quem vai salvar a vida? São Paulo, FTD, 2009

09 - A parte do texto que nos indica que o narrador é um filho ou filha é
(A) “A rua é de todos!”                                                         (B) “Ora, ora(...), a rua é para isso mesmo!”
(C) “(...) não se pode deixar a sujeira no meio da rua...”        (D) “Meu pai me olhou torto, torto.”

10 - Lendo o trecho “Mas, quando ele voltou, eu vi que ele tinha um saquinho, que ele atirou no lixo (...)”, pode-se concluir que o pai:    
(A) resolveu comprar sacos de lixo.         (B) desistiu de passear com o cão.
(C) recolheu a sujeira de seu cachorro.   (D) pisou no lixo encontrado na rua.





                             Esta é a história de dois pezinhos.

  Um pé esquerdo e um direito. Quem olhava assim rápido nem via muita  entre eles. Podia achar que um fosse o reflexo do outro como num espelho, mas eram muito diferentes.
  O esquerdo tinha o dedão mais gordinho e gostava de . O direito morria de cócegas e adorava balé.
  O esquerdo preferia usar tênis.  Já o direito, por ele vivia descalço.
  O esquerdo, muito vaidoso, ficava feliz de unhas cortadas. O direito, mais desleixado, às vezes cheirava chulé.
  Como os pezinhos dependiam de sua dona, viviam fazendo acordos:
  - Tá bom, eu vou para trás na hora do arabesque, lá na  de balé – dizia o esquerdo. – Mas, no futebol, eu chuto a .
  - Legal. – concordava o direito. – Mas, quando a gente estiver dançando, não fique reclamando que a sapatilha aperta.
  Conversavam sempre à noite, quando Mariana, a dona deles, dormia. Assim, podiam se entender melhor.
  Uma noite, Mariana perdeu o sono. Enquanto contava carneirinhos, ouviu uma vozinha dizendo assim:
  - Tomara que amanhã ela ponha meia rosa.
  A menina levou um susto. Levantou a cabeça do , a tempo de ouvir o pé direito responder:
  - Ah, não. Gosto mais daquelas de listrinhas azuis.
  Mariana não podia acreditar no que via e ouvia. Os pezinhos continuaram:
  - Esqueceu que amanhã tem aula de futebol? – lembrou o esquerdo. – Ela sempre põe meias cor-de-rosa quando vai jogar.
  - Droga, então vai  as chuteiras também. Depois você reclama se eu fico cheirando a chulé.
  - Vou marcar um golaço, duvida? – gabou o esquerdo.
  -  Não, sei que graça você vê  futebol! – suspirou o direito.
  Mariana fez uma cara de quem tinha descoberto a América:
  - Então é por isso que eu chuto melhor com a esquerda!
  Os pezinhos prosseguiram no papo:
  - Não ligue. À tarde, ela vai na aula de dança e ai você fica feliz.
  - Vou fazer a melhor pirueta da minha vida, me espere!
  A menina se surpreendeu mais uma vez:
  - Por isso eu arraso quando fico na ponta do pé direito!
  Comovida, Mariana pensou no esforço que seus pezinhos faziam para se entenderem, apesar das diferenças. Pensou também como seria se todas as pessoas fizessem o mesmo.
  Afundou no travesseiro e dormiu.
  Na manhã seguinte, ela resolveu fazer uma surpresa para os seus pés. No esquerdo, vestiu a meia rosa e a chuteira. No direito, a meia listradinha de e a sapatilha. Foi para escola assim, com um pé de cada jeito.
  Quando pisou na sala de aula, seus colegas começaram a caçoar dela. Mariana tentou explicar que seus pés eram diferentes um do outro e que isso não tinha o menor problema. Mas a turma não parava de rir.
  Mariana descobriu como era difícil ser diferente. Só porque não usava iguais como todo mundo, tinha virado motivo de riso. Morrendo de raiva, ela foi chorar na .
  Escondida atrás de uma , abaixou-se para ficar mais perto de seus pés. Acariciando ora o esquerdo, ora o direito, e disse:
  - Não liguem para esses bobos. Eu não vou deixar de gostar de vocês só porque são diferentes um do outro.
  Estava nisso quando alguém se aproximou. Mariana olhou pela fresta de uma prateleira e tudo que viu foi dois pés. Um estava calçado com tênis. O outro, com chinelo de praia.
  A menina levantou os olhos, maravilhada. Deu de cara com o Edgar, o novo colega de escola. Ele estendeu-lhe a mão dizendo:
  - Não chore, Mariana. Nenhum PÉ É IGUAL AO OUTRO.
  Foram os dois para o pátio. Ela já nem ligava mais para a zoada dos colegas. Mariana só ficava pensando num jeito de apresentar seus pés aos pés de Edgar.

Cláudio Fragata. In: Recreio Especial: Era uma vez..., n. 1. , Abril, s/d.
Vocabulário
arabesque: constitui uma das poses básicas do Ballet Clássico.
gabou: orgulhou-se   

ESTUDO DO TEXTO:                                                                                                               
1) “Esta história é sobre dois pezinhos. Um pé esquerdo e um direito. Quem olhava assim rápido nem via muita diferença entre eles. Podia achar que um fosse o reflexo do outro como num espelho, mas eram muito diferentes.”. Escreva as diferenças que existiam entre os dois pezinhos:                                     (0,5)

Pé direito
Pé esquerdo


















2) “A menina perdeu o sono e levou um susto.”                                                                                           (0,5)
a) Que fato ocorreu que surpreendeu a menina?
_____________________________________________________________________________________

3) “Mariana fez uma cara de quem tinha descoberto a América.” Que grande descoberta ela teve?             (0,5)
_____________________________________________________________________________________

4) O texto mostra que os colegas de Mariana reagiram de maneira errada. Marque com  x aquela que resume melhor a reação dos colegas de Mariana:                                                                                       (0,5)
(   ) medo                              (   ) preconceito                    (   ) raiva                    (   ) simpatia

5) “ Mariana descobriu como era difícil ser diferente.” O que a fez se sentir diferente de todo mundo?             (0,5)
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6) “Mariana olhou pela fresta de uma prateleira e tudo que viu foi dois pés.” Neste momento como ela ficou?                                                                                                                                                                    (0,5)
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7) Qual é a  que Mariana aprendeu?                                                                                                       (0,5)
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Nesta lição, serão focados os tipos de discurso.

Trecho I
“Maurício saudou, com silenciosa admiração, esta minha avisada malícia”. E imediatamente, para o meu Príncipe:
_Há três anos que não te vejo,  Jacinto... Como tem sido possível, neste Paris que é uma aldeola, e que tu atravancas?"
[EÇA DE QUEIRÓS, 'A Cidade e as Serras']

01. Transponha para o discurso indireto o excerto acima, fazendo as adaptações necessárias.
02.  Justifique, agrupando-as em dois blocos, as alterações realizadas.

Trecho II
"Ela insistiu:
- Me dá esse papel aí."

      03.  Na transposição da fala do personagem para o discurso indireto, a alternativa correta é:
(A) Ela insistiu que desse aquele papel aí.
(B) Ela insistiu em que me desse aquele papel ali.
(C) Ela insistiu em que me desse aquele papel aí.
(D) Ela insistiu em que lhe desse aquele papel ali.

Trecho III
"A fúria de Alexandre chegara ao auge, e ele disse que arrombaria a porta, que jamais o prenderiam ali."
(A ARMADILHA, Murilo Rubião.)

04.  Assinalar a alternativa que indica a melhor transformação do discurso indireto do texto em discurso direto:
(A) - Arrombarei a porta, jamais me prenderão aqui.
(B) - Arrombaria a porta, jamais me prenderiam aqui.
(C) - Arrombarei a porta se me prenderem aqui.
(D) - Arrombaria a porta se me prendessem ali.

Trecho IV
Tentei rir, para mostrar que não tinha nada. Nem por isso permitiu adiar a confidência, pegou em mim, levou-me ao quarto dela, acendeu vela, e ordenou-me que lhe dissesse tudo. Então eu perguntei-lhe, para principiar, quando é que ia para o seminário.
- Agora só para o ano, depois das férias.
(Machado de Assis, "Dom Casmurro")

05. Neste excerto, que narra um fato ocorrido entre Bentinho e sua mãe, observa-se o emprego do discurso direto e do discurso indireto.
a) Transcreva os trechos em que é empregado o discurso indireto.

b) Transponha esses trechos para o discurso direto, efetuando as necessárias adaptações.
   
Trecho V
Uma hora o Dito chamou Miguilim, queria ficar com Miguilim sozinho. Quase que ele não podia mais falar. -"Miguilim, e você não contou a estória da Cuca Pingo-de-Ouro... "-"Mas eu não posso, Dito, mesmo não posso! Eu gosto demais dela, estes dias todos..." COMO É QUE PODIA INVENTAR A ESTÓRIA? Miguilim soluçava.
(Guimarães Rosa)

06. A frase em destaque representa:
(A) uma mistura da voz do narrador com o pensamento do personagem, num  momento de extrema emoção.
(B) a fala do personagem Miguilim, explicando por que não entendia os próprios limites.
(C) a fala do personagem Dito, que gostava demais de uma certa narrativa fabulosa e, neste momento terminal, queria ouvi-Ia.
(D) a voz exclusiva do narrador, que se distancia da cena narrada, compungido pela dor dos personagens e solidário com ela.

Trecho VI
- O toca-discos foi a única coisa que eu consegui salvar quando me despejaram.

07. Transforme a fala abaixo em um discurso indireto. Para tal, imagine que há na cena um narrador que utiliza os verbos introdutórios de fala e faça as modificações que se tornem necessárias.

Trecho VII
Contendo-se para não dar um forte pontapé na poltrona da frente, ele enrolou o pulôver como uma bola e sentou-se em cima. Gemeu. Mas por que aquilo tudo? Por que a mãe lhe falava daquele jeito, por quê? Não fizera nada de mal, só queria mudar de lugar, só isso... não, desta vez ela não estava sendo nem um pouquinho camarada.

             08.   Transcreva a parte do texto estruturada sob forma de DISCURSO INDIRETO LIVRE.

09. O discurso indireto livre é empregado na seguinte passagem:
(A) Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo.
(B) Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena.
(C) Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade.
(D) O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente.

Texto VIII
História estranha

        Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com  ele mesmo chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e…
        O homem aproxima-se   dele   mesmo.   Ajoelha-se, põe as mãos   nos   seus   ombros   e   olha   nos   seus olhos. Seus olhos se enchem de lágrimas. Sente uma coisa no   peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não   encontra   o   que   dizer.   Apenas   abraça  a   si   mesmo,   longamente.   Depois   sai   caminhando, chorando, sem olhar para trás.
        O   garoto   fica   olhando   para   a   sua   figura   que   se   afasta.   Também se reconheceu.   E   fica   pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser sentimental!
                                                     (Luís Fernando Veríssimo, Comédias para se ler na escola)

10. Localize no texto a passagem do discurso indireto livre. (grife com caneta ou lápis colorido).

LIÇÃO 12
Nesta lição, o foco será entorno da gramática.

01.   Identifique o sujeito nas orações, e em seguida os classifique.
a)    Desenhavam despreocupados os alunos.
b)   Despreocupados, os alunos e os professores pintavam.
c)    Não entendi a questão.
d)    Mandaram os acidentados para o hospital.
e)    Precisa-se de carpinteiros.
f)     Faz dias que o carteiro não aparece.

02.   Observe as orações: João e Carlos foram à cidade. Fizeram muitas compras.
Nesse caso o sujeito de “fizeram” é
(A) Composto.                                    &n  bsp;       (C) Implícito.
(B) Indeterminado                                        (D) Oração sem sujeito.

03.   Indique se o uso do SE nas orações abaixo é pronome apassivador ouíndice de indeterminação do sujeito.
a)    Falou-se muito sobre trabalho.
b)    Faz-se unha.
c)    Discutiu-se muito sobre o assunto.
d)    Alugam-se casas.

04.   Identifique o predicativo de cada oração, e em seguida classifique comopredicativo do sujeito ou do objeto.
a)    Derrubaram a velha casa.
b)    Seus pais são maravilhosos.
c)    O choro da criança parecia fraco.
d)    Os estudantes e os congressistas fizeram um bom trabalho.

05.   Identifique nas orações os predicados, e em seguida os classifique.
a)    Os bombeiros socorreram as vítimas do incêndio.
b)    Este homem parecia uma criança.
c)    Os alunos retornaram da excursão felizes.
d)    O seu gesto foi delicado.
e)    O dentista respondeu sério.
06.     Os professores universitários lutam por melhores salários.

07.     Classifique os verbos da questão anterior quanto aos verbos significativos.

08.     Classifique o termo grifado de cada oração em objeto direto ou objeto indireto.
a)O cantor não gostava de entrevistas.
b)      O cheiro da tinta contaminou o ar.
c)Eu vejo você amanhã.
d)     O povo reagiu contra os maus políticos.
09.     Classifique os termos destacados abaixo em complemento nominal ou adjunto adnominal.
a)O porão da casa estava cheio de ratos.
b)      As casas de madeira eram bem feitas.
c)Os bons políticos agiram favoravelmente ao povo.
d)     Os meninos ganharam bonés de veludo.

10.     Destaque nas orações o aposto ou o vocativo. Em seguida os classifique.
a)Chegou a hora da verdade, amigos.
b)      Olá, meu rapaz, isto não é vida! (M. Assis)
c)A morte, angústia de quem vive, ocorre ao acaso.
d)     Vocês por aqui, meninos?!
e)Dona Aida servia o patrão, pai de Marina, menina levada.

11.     Relacione as orações coordenadas abaixo conforme o código seguinte:
( A ) oração coordenada assindética
(B ) oração coordenada sindética aditiva
( C ) oração coordenada sindética adversativa
( D ) oração coordenada sindética alternativa
( E ) oração coordenada sindética explicativa
( F ) oração coordenada sindética conclusiva

a) Gosto muito de dançar, pois faço “jazz” desde pequenina.(   )
b) Recebeu a bola, driblou o adversário e chutou para o gol.(   )
c) Acendeu o “abat-jour”, guardou os chinelos e deitou-se.(   )
d) Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre.(   )
e) Ele estudou bastante; deve, pois, passar no próximo vestibular.(   )
f) Está faltando água nas represas, por conseguinte haverá racionamento de energia.(  )
g) Não me abandone, ou eu sou capaz de morrer.(   )
h) Não é gulodice, nem egoísmo de criança.(   )
i) Ela não só chorava, como também rasgava as cartas com desespero.(   )
j) Choveu muito na região sudeste; no entanto, o rodízio de água começará amanhã.(   )

“A Leitura embriaga a alma e enobrece o espírito, enquanto que a Escrita imortaliza o ser, tornando-o modalizador de homens.”

Nesta 2ª apostila de Exercícios de Língua Portuguesa, algumas das atividades foram produzidas por mim, Francisco Antônio, outras foram pesquisadas em blogs, nos livros do Gestar II e no caderno da Olimpíada de Língua Portuguesa (06/08/12).