quinta-feira, 24 de setembro de 2015


                                       Secretária

                              (Luís Fernando Veríssimo)

            O teste definitivo para você saber se você está ou não integrado no mundo moderno é a secretária eletrônica. O que você faz quando liga para alguém e quem atende é uma máquina. Tem gente que nem pensa nisso. Falam com a secretária eletrônica com a maior naturalidade, qual é o problema? É apenas um gravador estranho com uma função a mais. Mas aí é que está. Não é uma máquina como qualquer outra. É uma máquina de atender telefone. O telefone (que eu não sei como funciona, ainda estou tentando entender o estilingue) pressupõe um contato com alguém e não com alguma coisa.
    A secretária eletrônica abre um buraco nesta expectativa estabelecida. É desconcertante. Atendem — e é alguém dizendo que não está lá!  Seguem instruções para esperar o bip e gravar a mensagem.
         É aí que começa o teste. Como falar com ninguém no telefone? Um telefonema é como aqueles livros que a gente gosta de ler, que só tem diálogos. É travessão você fala, travessão fala o outro. E de repente você está falando sozinho. Não é nem monólogo. É diálogo só de um.
               — Ahn, sim, bom, mmm... olha, eu telefono depois. Tchau.
             O “tchau” é para a máquina. Porque temos este absurdo medo de magoá-la. Medo de que a máquina nos telefone de volta e nos xingue, ou pelo menos nos bipe com reprovação. Sei de gente que muda a voz para falar com secretária eletrônica. Fica formal, cuida a construção da frase. Às vezes precisa resistir à tentação de ligar de novo para regravar a mensagem porque errou a colocação do pronome.
         Outros não resistem. Ao saber que estão sendo gravados, limpam a garganta, esperam o bip e anunciam:
                — De Augustin Lara...
              E gravam um bolero. Talvez seja a única atitude sensata.

1. “O teste definitivo para você saber...”; o vocábulo definitivo, nesse contexto, corresponde ao seguinte sinônimo:
a) inapelável         b) decisivo       c) determinado       d) derradeiro       e) aprovado

2. O item que mostra um desenvolvimento INADEQUADO do segmento sublinhado é:
a) “O teste definitivo para você saber  =  o teste definitivo para que você saiba.
b) “Ao saber que estão sendo gravados  =  quando sabem que estão sendo gravados.
c) “para regravar a mensagem”  =  para que regrave a mensagem.
d) “Seguem instruções para esperar o bip” = seguem instruções para que se espere o bip.
e) “como aqueles livros que a gente gosta de ler”  =  como aqueles livros que a gente gosta que se leiam.

3. “O teste definitivo para você saber se você está ou não integrado no mundo moderno é a secretária eletrônica”; a forma de reescrever-se esse segmento do texto que ALTERA o seu sentido original é:
a) Para você saber se está ou não integrado no mundo moderno, o teste definitivo é a secretária eletrônica.
b) A secretária eletrônica é o teste definitivo para você saber se está ou não integrado no mundo moderno.
c) É a secretária eletrônica o definitivo teste para você saber se está ou não integrado no mundo moderno.
d) Para você saber se está ou não integrado no mundo moderno, a secretária eletrônica é o teste definitivo.
e) O teste definitivo do mundo moderno para você saber se está ou não integrado nele é a secretária eletrônica.

4. O item em que o vocábulo PARA tem significado diferente de todos os demais é:
a) “O teste definitivo para você saber...”   
b) “O que você faz quando liga para alguém...”
c) “Seguem instruções para esperar o bip...” 
d) “Sei de gente que muda a voz para falar com a secretária...”
e) “...ligar de novo para regravar a mensagem.”

5. A frase do texto em que há claramente a personificação da secretária eletrônica por meio de uma ação humana que lhe é atribuída, é:
a) ‘Medo de que a máquina nos telefone de volta...”                
b) “O tchau’ é para a máquina.”
c) “Porque temos este absurdo medo de magoá-la.”                 
 d) “Não é uma máquina como qualquer outra.”
 e) Sei de gente que muda a voz para falar com secretária eletrônica.”

6, “O que você faz quando liga para alguém e quem atende é uma máquina”. Nesse segundo período do texto, os elementos que estão em oposição semântica são:
 a) você / quem      b) faz / liga       c) liga / atende      d) alguém / máquina     e) o / uma

7. A frase abaixo que representa uma linguagem coloquial é:
a) “Tem gente que nem pensa nisso.”               
b) “Falam com a secretária eletrônica com a maior naturalidade.”
c) “Talvez seja a única solução sensata.”         
d) “E gravam um bolero.”
e) “É apenas um gravador estranho com uma função a mais.”

8. “Tem gente que nem pensa nisso. Falam com a secretária eletrônica com a maior naturalidade, qual é o problema?” A pergunta final desse segmento:
a) é feita pelo próprio autor do texto.
b) é questão atribuída à secretária eletrônica.
c) é da autoria da “gente que nem pensa nisso”.
d) parte de quem não é atendido pela secretária com naturalidade.
e) questiona o problema de não haver quem atenda o telefone.

9. “A secretária eletrônica abre um buraco nesta expectativa estabelecida”; a “expectativa” referida no texto é a de que:
a) se entre em contato com alguém.                  b) se possa deixar um recado.
c) a secretária eletrônica esteja ligada.            d) se possa seguir as instruções da máquina.
                             e) não tenham ligado a secretária eletrônica.

10. O trecho entre parênteses no segundo parágrafo — que eu não sei como funciona, ainda estou tentando entender o estilingue — tem a função de:
a) mostrar a competência tecnológica do autor do texto.
b) fazer pouco das máquinas modernas.
c) demonstrar a inadequação do autor diante das coisas modernas.
d) transmitir um tom crítico ao texto.
e) situar o texto em tempos passados.

11. “— Ahn, sim, bom, mmm...”; essas palavras Indicam, por parte de quem é atendido pela secretária eletrônica:
a) aborrecimento         b) hesitação       c) espanto        d) desilusão       e) admiração

12. O item em que o sentido da oração sublinhada está ERRADAMENTE indicado, é:
a) “O que você faz  quando liga para alguém e quem atende é uma máquina” — tempo.
b) “...regravar a mensagem  porque errou a colocação do pronome” — causa.
ç) “Sei de gente que muda a voz  para falar com a secretária eletrônica” — finalidade.
d) “O teste definitivo para você saber  se está ou não integrado no mundo moderno  é a secretária eletrônica” — condição.
e) “Ao saber que estão sendo gravados “ —tempo.

13. Afirmação que cabe ao texto como um todo é que ele:
a) critica amargamente os novos meios tecnológicos.
b) elogia a tranqüilidade dos que não temem as máquinas.
c) ironiza a falta de educação da secretária eletrônica.
d) destaca a desumanização nas relações humanas.
e) indica uma solução para os problemas de comunicação,

14. Há tipos diferentes de atitudes diante do atendimento de uma secretária eletrônica. A frase cuja identificação dessa atitude NÃO está adequada é:
a) “Falam com a secretária eletrônica com a maior naturalidade” — tranqüilidade.
b) “Como falar com ninguém no telefone?” — confusão mental.
c) ‘E gravam um bolero” — lirismo.
d) “Sei de gente que muda a voz para falar com secretária eletrônica” — formalismo.
 e)”,,,ou pelo menos nos bipe com reprovação” — temor

15.0 item em que a oração sublinhada NÃO indica uma ação em seqüência cronológica em relação à oração anterior, é:
a) “0 que você faz quando liga para alguém  e quem atende é uma máquina.                   
b)”...esperam o bip e anunciam.”
c) “Seguem instruções para esperar o bip e gravar a mensagem.”
d) “Medo de que a máquina nos telefone de volta e nos xingue.”
e)”,.. pressupõe um contato com alguém e não com alguma coisa.”

16. Em todos os itens abaixo há uma junção de um substantivo com um adjetivo; o par em que o adjetivo NÃO representa uma opinião do autor do texto é:
   a) atitude sensata          b) teste definitivo         c) absurdo medo      
                         d) mundo moderno     e) gravador estranho

17. O item em que a segunda forma proposta para o segmento inicial ALTERA o sentido original é:
a) “Talvez seja a única atitude sensata” / A única atitude sensata talvez seja essa.
b) “Eu telefono depois”! Depois eu telefono.
c) “É aí que começa o teste”! Aí o teste começa.
d) “Como falar com ninguém no telefone?” / Como ninguém falar ao telefone?
e) “E gravam um bolero”! E um bolero é gravado.

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