MENINO MULTICOLORIDO
Eu sou um menino multicolorido.
É, eu sou de todas as cores por dentro.
Sou misturado. Meu sangue é feito do sangue de muitas raças.
Minha mãe disse que quem tem avós de raças diferentes é mis . . . mis . . .
Esqueci! É um nome complicado. Prefiro pensar que sou multicolorido. Tenho sangue de
francês, de negro, de espanhol e de índio.
Por fora eu sou branquinho, de cabelo claro. Por dentro, sou europeu, preto,
mulato, mestiço.
Acho que é por esse motivo que eu gosto tanto dos índios do Brasil.
Gosto deles porque eu sou um pedaço índio e porque eles estão deixando de ser
índio por inteiro. É que as pessoas brancas aqui do Brasil, já faz tempo, que estão
enganando e destruindo eles, os donos da terra.
Eu vi na televisão os índios xavantes em Brasília. Eles estavam querendo que o
presidente ajudasse todos eles a não desaparecerem.
Fiquei muito aborrecido. Vai chegar o dia em que não vai ter mais índio no Brasil.
Nesse dia, o Brasil vai ficar bem pequenino e não vai mais ser tão bonito, porque
quem faz a nação são as pessoas da terra.
Nesse dia, eu vou ficar triste para sempre. Sei que vou ficar branquinho de raiva.
Alberto Rodrigues Alves
- Leitura silenciosa; leitura oral pelo professor; leitura individual pelos alunos.
- Discussão em torno das idéias apresentadas no texto.
Estudo do texto
1) “Eu sou um menino multicolorido.
É, sou de todas as cores por dentro.”
A palavra “cores” significa ___________________ .
2) Segundo o próprio menino, como ele era “por dentro”? E por fora?
3) “Acho que é por esse motivo que eu gosto tanto dos índios do Brasil.”
O motivo a que ele se refere é:
( ) Os índios são os donos da terra.
( ) Tenho sangue de índio.
( ) Os índios são bons.
4) Segundo o texto, os índios estão deixando de ser índio por inteiro. Por que isso está
acontecendo?
5) Os nossos índios vão acabar.
Transcrever o trecho que mostra as conseqüências desse fato.
6) Copie do texto a frase que fala da reação do menino diante do desaparecimento dos
índios.29
Extrapolação do texto
a) Você também é nação brasileira. Procurar no texto uma frase que afirme isso.
b) O texto diz que os índios são os verdadeiros donos da terra. Você concorda com isso?
Por quê?
Produção
Escolher um trecho do texto que você achou interessante e fazer a ilustração
correspondente.
Você deverá redigir uma carta ao “povo brasileiro” , escolhendo uma das opções
propostas:
a) Você é uma criança indígena que se manifesta publicamente nessa comemoração
do “descobrimento” do Brasil pelos portugueses.
b) Você é uma criança que tem consciência dos problemas brasileiros, e manifesta-se
publicamente, expressando seus sentimentos e suas preocupações.
Apresentação dos trabalhos: todos os trabalhos deverão ser apresentados em sala de
aula e expostos em mural no pátio da escola.
ATIVIDADE 22
O sapo e a cobra
Era uma vez um sapinho que encontrou um bicho comprido, fino, brilhante e
colorido deitado no caminho.
- Alô! Que é que você está fazendo estirada na estrada?
- Estou me esquentando aqui no sol. Sou uma cobrinha, e você?
- Um sapo. Vamos brincar?
E eles brincaram a manhã toda no mato.
- Vou ensinar você a pular.
E eles pularam a tarde toda pela estrada.
- Vou ensinar você a subir na árvore se enroscando e deslizando pelo tronco.
E eles subiram.
Ficaram com fome e foram embora, cada um para sua casa, prometendo se
encontrar no dia seguinte.
- Obrigada por me ensinar a subir na árvore.
Em casa, o sapinho mostrou à mãe que sabia rastejar.
- Quem ensinou isso para você?
- A cobra, minha amiga.
- Você não sabe que a família Cobra não é gente boa? Eles têm veneno. Você está
proibido de brincar com cobras. E também de rastejar por aí. Não fica bem.
Em casa, a cobrinha mostrou à mãe que sabia pular.
- Quem ensinou isso a você?
- O sapo, meu amigo.30
- Que besteira! Você não sabe que a gente nunca se deu com a família Sapo? Da
próxima vez, agarre o sapo e... bom apetite! E pare de pular. Nós, cobras, não fazemos
isso.
No dia seguinte, cada um ficou na sua.
- Acho que não vou rastejar com você hoje.
A cobrinha olhou, lembrou do conselho da mãe e pensou: “Se ele chegar perto, eu
pulo e devoro ele”.
Mas lembrou-se da alegria da véspera e dos pulos que aprendeu com o sapinho.
Suspirou e deslizou para o mato.
Daquele dia em diante, o sapinho e a cobrinha não brincaram mais juntos. Mas
ficavam sempre ao sol, pensando no único dia em que foram amigos.
Lenda africana ( Compilação de Willian J. Bennet e tradução de Luiz Raul Machado)
Atividades
a) Procure o significado de deslizar e estirada, e registre no caderno.
b) Em que sentido a palavra estirada foi usada no texto?
c) Que outro título você daria ao texto?
d) Quem está contando a história participa dela? Como você descobriu?
e) “Acho que não posso rastejar com você”. Quem disse isso e por quê?
f) Por que, mesmo aconselhada pela mãe, a cobrinha não engoliu o sapo?
g) Segundo a lenda, após conversarem com suas respectivas mães, o sapinho e a h)
cobrinha nunca mais brincaram juntos. Explique o porquê disso:
i) A sua família conhece e gosta de seus amigos?
j) Quais são as brincadeiras de que você participa?
ATIVIDADE 23
Leitura Verbal e Não Verbal
FUI31
NÃO DEIXE A NATUREZA IR EMBORA.
Pássaros, plantas e animais que sempre habitaram nossas florestas estão sendo
extintos ou isolados em pequenas manchas de verde, cercadas de cidades por todos os
lados.
Nosso oxigênio também está indo embora.
É um adeus invisível, mas sensível. Sem árvores, nossas fontes estão secando,
silenciosas vítimas da erosão provocada pelo desmatamento. Você pode ajudar a reverter
esse quadro através do site www.click.com.br, um programa de reflorestamento inédito no
país. Você dá um click e uma muda de árvore nativa da Mata Atlântica é plantada em seu
nome. Facilmente, gratuitamente. Dê um click e plante uma árvore agora mesmo. Antes
que a natureza desapareça.
Superinteressante, São Paulo, nº 170, 2001.
Leitura e Interpretação oral/escrita:
a) Com base no texto, é possível identificar o assunto de que o texto trata? Que
assunto é esse?
b) “Não deixe a natureza ir embora”. A quem o autor se dirige ao escrever esta
frase? O que quer enfatizar com o título?
c) Que elementos da natureza citados no texto, estão sendo extintos ou isolados?
d) Que espécie de pássaro mora no ninho que você vê na gravura. Porque ao lado
do ninho, há uma placa contendo a palavra FUI? Qual o sentido desta palavra
no contexto?
e) Na frase “Dê um click e plante uma árvore”, sublinhe os verbos que indicam
ação.
f) Explique o sentido da frase: “É um adeus invisível, mas sensível”.
ATIVIDADE 24
HAVIA UM MENINO
Havia um menino,
que tinha um chapéu
para pôr na cabeça
por causa do sol.
Em vez de um gatinho
tinha um caracol.
Tinha o caracol
dentro de um chapéu;
fazia-lhe cócegas
no alto da cabeça.32
Por isso ele andava
depressa, depressa
pra ver se chegava
a casa e tirava
o tal caracol.
do chapéu, saindo
de lá e caindo
o tal caracol.
Mas era, afinal,
impossível tal,
nem fazia mal
nem vê-lo, nem tê-lo:
porque o caracol
era do cabelo.
Fernando Pessoa
Estratégia para leitura e a discussão do texto
Depois que os alunos tiveram lido silenciosamente a poesia, o professor pode
contar um pouco da vida de Fernando Pessoa e sua importância para a literatura
portuguesa. Em seguida, faz uma discussão informal para que os alunos possam dizer o
que entenderam e sentiram com a leitura do poema.
Concluída a discussão cada aluno desenha o menino que imaginou e depois,
reunidos em equipe, respondem as questões:
a) Qual é o sentido de caracol que o poema nos leva a imaginar?
b) Leia o poema em voz alta, observando quantas palavras apresentam os sons al, el, ol.
Por que você acha que esses sons aparecem tantas vezes ao longo do poema?
c) Você gostou desse poema de Fernando Pessoa? Por quê?
d) Escreva agora um poema.
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