quarta-feira, 16 de setembro de 2015

             Leitura como prática social

Inicialmente, o professor escreverá no quadro a seguinte frase:  “Eles blá, blá, blá e nós glub, glub, glub.”

Em seguida, questionará os alunos: Quais os sentidos que você produziu para o enunciado?

Depois, do levantamento de hipóteses, o professor sugerirá contextos diferentes ao enunciado para que os alunos possam produzir sentidos. Para isso sugerirá algumas situações que deverão ser discutidas em grupo:

a) Um outdoor veiculado na cidade de São Paulo.

b) O outdoor foi veiculado na cidade de São Paulo em época de chuva.

c) O anunciante da propaganda é dono de uma cervejaria muito badalada na cidade de São Paulo e resolveu investir em marketing para aumentar os lucros.

d) Esse enunciado foi produzido por um grupo de meninas.

Após a discussão, os alunos socializarão as conclusões a que chegaram a partir da situação dada. Por exemplo:

a) Poderia ser o enunciado uma propaganda de algum bar ou casa de sucos e vitaminas.

b) O pronome "Eles", no caso, se refere aos políticos que culturalmente são conhecidos por falarem muito e agirem pouco. O pronome "Nós" representaria a população que sofre com as inundações causadas pelas enchentes.

c) Sócio-historicamente, as mulheres são conhecidas por conversarem mais que os homens. Então, se o enunciado publicado no outdoor fosse uma propaganda de uma cervejaria, poderia entender-se que a intenção do produtor foi ser irônico, quebrando uma ordem já estabelecida socialmente: o fato de as mulheres conversarem mais que os homens e o fato de que, geralmente, homens em cervejarias consomem mais cerveja do que mulheres. Daí o efeito de sentido contrário produzido pelo enunciado marcaria a “sacada” do publicitário.

d) Uma das leituras possíveis é que as meninas utilizaram-se de esperteza para beber algo enquanto os meninos conversavam. Meninos e meninas poderiam estar em uma sorveteria quando os meninos começam a discutir sobre futebol. As meninas, sem perder tempo, aproveitam da distração de seus companheiros e tomam o sorvete deles.

Finalizando esta atividade, o professor conduzirá os alunos à conclusão de que não existe uma única leitura possível. Os sentidos construídos dependem do contexto sociocomunicativo e dos sujeitos ideologicamente constituídos que leem.

Para exemplificar a conclusão a que chegaram os alunos com o auxílio do professor, este exibirá uma charge animada sobre o tema: leitura e contextos. Esclarecerá os alunos que após a exibição, eles terão de comentar a animação.
Disponível em: < http://charges.uol.com.br/2009/12/15/cotidiano-em-mau-portugues>. Acesso em: 15/12/09)

Para a análise da charge, o professor entregará cópia da seguinte atividade:

Leia o seguinte trecho do diálogo entre Lula e Dilma 
- (...) é que perto das eleições você não devia ter usado aquela palavra feia...
- (...) Sarney? Fazer o quê, ele é meu aliado..
- Não...aquela que é sinônimo de fezes...
- Merda?
- Essa.
- Qual o problema em falar merda?...

• Lula continua a frase acima apresentando um argumento para a utilização da palavra que Dilma não gostou. Qual foi o argumento? Explique a réplica de Lula embasado pela nossa discussão.


Essa atividade foi extraída da aula Leitura como prática social, da professora Walleska Bernardino Silva - Uberlândia/MG. Disponível no Portal do Professor/MEC. Acessado em 11/07/2013. Todas as informações contidas nela são de responsabilidade do autor.

Charge

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