Vaguidão específica
“As mulheres têm um jeito de falar a
que chamamos vaguidão específica.”
― Maria, ponha isso lá fora, em qualquer parte.
― Junto com as outras?
― Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e fazer qualquer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
― Sim, senhora. Olha , o homem está aí.
― Aquele de quando choveu?
― Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
― Que é que você disse a ele?
― Eu disse para ele continuar.
― Ele já começou?
― Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
― É bom?
― Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
― Você trouxe tudo para cima?
― Não, senhora. Só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.
― Mas traga, traga. Na ocasião, nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.
― Está bem. Vou ver como.
Millôr Fernandes
“As mulheres têm um jeito de falar a
que chamamos vaguidão específica.”
― Maria, ponha isso lá fora, em qualquer parte.
― Junto com as outras?
― Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e fazer qualquer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
― Sim, senhora. Olha , o homem está aí.
― Aquele de quando choveu?
― Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
― Que é que você disse a ele?
― Eu disse para ele continuar.
― Ele já começou?
― Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
― É bom?
― Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
― Você trouxe tudo para cima?
― Não, senhora. Só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.
― Mas traga, traga. Na ocasião, nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.
― Está bem. Vou ver como.
Millôr Fernandes
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