Boiadeiro errante

                                                                                                 Autor: Edson Amorim

Boiadeiro errante desse Brasil afora

Tocar boiada é o que mais adora
Leva sua vida montado num burrão
Com lindo arreio muito bem encilhado
Na garupa um laço de couro de boi, trançado
Seu fiel companheiro de profissão !

Na cabeça um chapéu com abas dobradas

Botas com grandes esporas rosetadas

Goiaca na cintura e com calça de couro vestido

Chicote trançado na mão estalando

E o seu encantado berrante tocando

Pra ele tudo é demais divertido !

Nasceu corajoso e esta vida escolheu pra levar

Sua alma arrojada e destemida sonhou em viajar

Pelas estradas tingidas de vermelha poeira

Levando  grandes boiadas pelos estradões

Em dias ensolarados e de chuva pelos sertões

Calmamente rompendo junto a comitiva estradeira !

Na culatra a manada vai tocando

Com chicote cumprido na mão estalando

No estradão vai levando a boiada

Cuidando pra não ter estourada

E na frente o ponteiro chamando

Ao toque do berrante repicando !

Boiadeiro errante é um destemido peão

Atrás ou na frente da boiada no estradão

É um homem valente e sem vaidade

Montado no burrão com traia ajeitada

Mas a distancia é uma espora afiada

Que corta seu peito de tanta saudade !

E quando descansa nas incertas pousadas

Reza pra sua viagem seguir abençoada

A lua que companhia sempre vem lhe fazer

Um pouco ela também se entristece

Pela saudade que o boiadeiro, padece

Pensando na família até adormecer  !

E lá no alto do céus tão estrelado

Os cometas cruzam de lado a lado

Ao dormir com sua amada ele sonha

Ela que em casa o espera tristonha

E quando o sol anuncia a alvorada

A dura rotina novamente é recomeçada !

Viajando esse imenso chão brasileiro

Montado em seu burrão estradeiro

Em meio à bela e admirável natureza

Reino encantado de tantas belezas

Entoando o toque de seu encantado berrante

Pela longa estrada vai o boiadeiro errante !!