sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

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/ \ Curta Rosas com carinho.
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VOCÊ E O SEU RETRATO
Por que tenho saudade
de você, no retrato,
ainda que o mais recente?
E por que um simples retrato,
mais que você, me comove,
se você mesma está presente?
Talvez porque o retrato
já sem o enfeite das palavras,
tenha um ar de lembrança.
Talvez porque o retrato
já sem o enfeite das palavras,
tenha um ar de lembrança.
Talvez porque o retrato
(exato, embora malicioso)
revele algo de criança
(como, no fundo da água,
um coral em repouso)
Talvez pela idéia de ausência
que o seu retrato faz surgir
colocado entre nós-dois
(como um ramo de hortênsia)
Talvez porque o seu retrato,
embora eu me torne oblíquo,
me olha, sempre, de frente
(amorosamente)
Talvez porque o seu retrato
mais se parece com você
do que você mesma (ingrato).
Talvez porque, no retrato
você está imóvel,
(sem respiração...)
Talvez porque todo retrato
é uma retratação.
(A difícil manhã, 1960.)

     

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