segunda-feira, 10 de abril de 2017

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TEXTOS DE PORTUGUÊS PARA O 9º ANO COM GABARITO

01 – O LOBO E O CORDEIRO

A razão do mais forte vai sempre vencer
É o que adiante vocês hão de ver.
Num límpido regato um dia
Um cordeiro, sereno, bebia.
Eis que surge um lobo faminto:
- Como ousas sujar minha água?
Diz o lobo com fingida mágoa:
- Logo vais receber o castigo
Por assim desafiar o perigo.
- Senhor – o cordeiro respondeu -,
Não te zangues: não vês que me encontro
Vinte passos abaixo de ti
E, portanto, seria impossível
Macular tua água daqui?
- Tu a sujas – diz o bicho feroz -,
Além disso estou informando
Que falaste de mim ano passado.
- Como poderia te ter ofendido
Se não era nascido então,
E o leite materno inda bebo?
- Ora, ora, se não foste tu,
Com certeza foi teu irmão.
- Não o tenho.
- Então foi algum dos teus:
Pois que nunca me deixam em paz,
Tu, teus pastores e cães;
Necessária a vingança se faz.
E no fundo da floresta
Com toda tranquilidade
O lobo devora o cordeiro
Sem outra formalidade.
                                     Histórias sobre ética. São Paulo: Ática, 1999, p. 11-12.
        (Coleção para gostar de ler, v. 27; coordenação e seleção de textos de
                                                                                                           Marisa Lajolo).
1 – Identifique:
a)     Qual é o primeiro argumento do lobo, para justificar sua ameaça ao cordeiro?
O cordeiro estava sujando a água que ele ia beber.

b)    O lobo apresenta esse argumento com fingida mágoa: com que objetivo ele finge que está magoado?
Com o objetivo de disfarçar a falsidade de seu argumento.

c)     Qual é o contra-argumento do cordeiro?
Estava abaixo do lobo, portanto, não podia estar sujando a água.

d)    Qual é a atitude do lobo diante do contra-argumento do cordeiro?
Ignora o contra-argumento e insiste em seu argumento – reafirma que o cordeiro suja a água – e em seguida apresenta outro argumento.

2 – Identifique:
a)     Qual é o segundo argumento do lobo, para continuar ameaçando o cordeiro?
O cordeiro tinha falado mal dele, no ano anterior.

b)    Qual é o contra-argumento do cordeiro?
Ainda não tinha nascido, no ano anterior.

c)     Qual é a ração do lobo ao contra-argumento do cordeiro?
Não nega o contra-argumento, mas apresenta outro.

3 – Identifique:
a)     Qual é o terceiro argumento do lobo, para insistir na ameaça ao cordeiro? Que pressuposto está subjacente a esse argumento?
O irmão do cordeiro tinha falado mal dele; o pressuposto é que o cordeiro deveria pagar pelos atos do irmão.

b)    Qual é o contra-argumento do cordeiro?
Não tinha irmão.

c)     Qual é a resposta do lobo? Que pressuposto está subjacente a essa resposta?
Algum dos pastores ou dos cães tinha falado mal dele; o pressuposto é que o cordeiro deveria pagar pelos atos daqueles com quem convivia.

4 – No jogo de argumentos e contra-argumentos, qual dos dois tinha razão: o lobo ou o cordeiro?
       O cordeiro, porque apresentava fatos verdadeiros, enquanto o lobo inventava fatos.

5 – Recorde as palavras finais do lobo:
       “Necessária a vingança se faz”.
       Foi mesmo por vingança que o lobo devorou o cordeiro? Justifique sua resposta.
       Não, não havia razão para vingança, o cordeiro tinha cometido nenhuma falta; devorou o cordeiro porque estava faminto.

6 – Identifique, na fábula, o preceito moral ou a moral e explique: que relação tem esse preceito com a história do lobo e do cordeiro?
       A razão do mais forte vai sempre vencer; a fábula mostra que, embora o cordeiro é que tivesse razão, venceu o lobo, apenas porque era mais forte.
02 – ESSAS MENINAS

         As alegres meninas que passam na rua, com suas pastas escolares, às vezes com seus namorados. As alegres meninas que estão sempre rindo, comentando o besouro que entrou na classe e pousou no vestido da professora; essas meninas; essas coisas sem importância.
         O uniforme as despersonaliza, mas o riso de cada uma as diferencia. Riem alto, riem musical, riem desafinado, riem sem motivo; riem.
         Hoje de manhã estavam sérias, era como se nunca mais voltassem a rir e falar coisas sem importância. Faltava uma delas. O jornal dera notícia do crime. O corpo da menina encontrado naquelas condições, em lugar ermo. A selvageria de um tempo que não deixa mais rir.
         As alegres meninas, agora sérias, tornaram-se adultas de uma hora para outra; essas mulheres.
                                     Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1998, p. 72.
                                             Carlos Drummond de Andrade Graña Drummond
                                                                              www.carlosdrummond.com.br
1 – A primeira parte do conto – os dois primeiros parágrafos – falta de personagens meninas.
a)     Que comportamentos caracterizam os personagens como meninas?
São estudantes, namoram, estão sempre rindo, conversam coisas sem importância.

b)    O narrador diz que “o uniforme as despersonaliza” – por quê?
Porque ficam todas iguais.

c)     “O riso as diferencia”; por que as diferencia, se todas riem?
Cada uma ri de um jeito: alto, musical, desafinado.

d)    As meninas falam de “coisas sem importância”: que exemplo dessas coisas sem importância aparece no conto?
O besouro que entrou na classe e pousou no vestido da professora.

2 – Na segunda parte do conto – os dois últimos parágrafos – essas meninas passam a ser essas mulheres.
a)     Por que o crime transformou as meninas, “de uma hora para outra”. Em mulheres?
Respostas pessoal; possibilidades: porque se confrontaram com o mal, a violência; porque experimentaram o sofrimento; porque descobriram a ameaça, o perigo.

b)    Segundo o conto, que diferença há entre ser menina e ser mulher?
Resposta com base nas características “externas” indicadas no texto: ser menina é ser alegre, rir, conversar coisas sem importância; ser mulher é ser séria, ser adulta. Resposta por inferência: ser menina é desconhecer e ser mulher é conhecer a violência, o sofrimento.

3 – Recorde: o narrador não diz que crime foi cometido nem em quais condições foi encontrado o corpo da menina:
       “O jornal dera notícia do crime. O corpo da menina encontrado naquelas condições, em lugar ermo”.
a)     Em sua opinião, por que o narrador não esclarece que crime foi cometido?
Resposta pessoal.

b)    Por que o narrador diz apenas “aquelas condições”, sem esclarecer em quais condições o corpo da menina foi encontrado?
Resposta pessoal.

c)     O narrador não diz que crime foi cometido nem em que condições o corpo foi encontrado, mas o leitor sabe; por que sabe?
Porque o tipo de crime e as condições em que suas vítimas são encontradas são bem conhecidos, pela frequência em que são noticiados.

4 – O que é que o conto revelou a você, leitor? Escolha entre as opções abaixo ou dê sua própria resposta.
a)     Os criminosos não respeitam nem mesmo meninas estudantes.
b)    A impossibilidade da alegria e do riso num mundo violento.
c)     O amadurecimento que resulta do confronto com a violência.
d)    A transformação de meninas alegres em mulheres sérias.

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