TEXTOS DE PORTUGUÊS PARA O 9º ANO COM GABARITO
01 – O LOBO E O
CORDEIRO
A razão do mais forte vai sempre vencer
É o que adiante vocês hão de ver.
Num límpido regato um dia
Um cordeiro, sereno, bebia.
Eis que surge um lobo faminto:
- Como ousas sujar minha água?
Diz o lobo com fingida mágoa:
- Logo vais receber o castigo
Por assim desafiar o perigo.
- Senhor – o cordeiro respondeu -,
Não te zangues: não vês que me encontro
Vinte passos abaixo de ti
E, portanto, seria impossível
Macular tua água daqui?
- Tu a sujas – diz o bicho feroz -,
Além disso estou informando
Que falaste de mim ano passado.
- Como poderia te ter ofendido
Se não era nascido então,
E o leite materno inda bebo?
- Ora, ora, se não foste tu,
Com certeza foi teu irmão.
- Não o tenho.
- Então foi algum dos teus:
Pois que nunca me deixam em paz,
Tu, teus pastores e cães;
Necessária a vingança se faz.
E no fundo da floresta
Com toda tranquilidade
O lobo devora o cordeiro
Sem outra formalidade.
Histórias sobre
ética. São Paulo: Ática, 1999, p. 11-12.
(Coleção para
gostar de ler, v. 27; coordenação e seleção de textos de
Marisa Lajolo).
1 – Identifique:
a) Qual é o primeiro argumento do lobo,
para justificar sua ameaça ao cordeiro?
O cordeiro estava sujando a
água que ele ia beber.
b) O lobo apresenta esse argumento com
fingida mágoa: com que objetivo ele finge que está magoado?
Com o objetivo de disfarçar
a falsidade de seu argumento.
c) Qual é o contra-argumento do
cordeiro?
Estava abaixo do lobo,
portanto, não podia estar sujando a água.
d) Qual é a atitude do lobo diante do
contra-argumento do cordeiro?
Ignora o contra-argumento e
insiste em seu argumento – reafirma que o cordeiro suja a água – e em seguida
apresenta outro argumento.
2 – Identifique:
a) Qual é o segundo argumento do lobo,
para continuar ameaçando o cordeiro?
O cordeiro tinha falado mal
dele, no ano anterior.
b) Qual é o contra-argumento do
cordeiro?
Ainda não tinha nascido, no
ano anterior.
c) Qual é a ração do lobo ao
contra-argumento do cordeiro?
Não nega o
contra-argumento, mas apresenta outro.
3 – Identifique:
a) Qual é o terceiro argumento do lobo,
para insistir na ameaça ao cordeiro? Que pressuposto está subjacente a esse
argumento?
O irmão do cordeiro tinha
falado mal dele; o pressuposto é que o cordeiro deveria pagar pelos atos do
irmão.
b) Qual é o contra-argumento do
cordeiro?
Não tinha irmão.
c) Qual é a resposta do lobo? Que
pressuposto está subjacente a essa resposta?
Algum dos pastores ou dos
cães tinha falado mal dele; o pressuposto é que o cordeiro deveria pagar pelos
atos daqueles com quem convivia.
4 – No jogo de argumentos e contra-argumentos, qual dos dois
tinha razão: o lobo ou o cordeiro?
O
cordeiro, porque apresentava fatos verdadeiros, enquanto o lobo inventava
fatos.
5 – Recorde as palavras finais do lobo:
“Necessária a
vingança se faz”.
Foi mesmo por
vingança que o lobo devorou o cordeiro? Justifique sua resposta.
Não,
não havia razão para vingança, o cordeiro tinha cometido nenhuma falta; devorou
o cordeiro porque estava faminto.
6 – Identifique, na fábula, o preceito moral ou a moral e
explique: que relação tem esse preceito com a história do lobo e do cordeiro?
A
razão do mais forte vai sempre vencer; a fábula mostra que, embora o cordeiro é
que tivesse razão, venceu o lobo, apenas porque era mais forte.
02 – ESSAS MENINAS
As alegres
meninas que passam na rua, com suas pastas escolares, às vezes com seus namorados.
As alegres meninas que estão sempre rindo, comentando o besouro que entrou na
classe e pousou no vestido da professora; essas meninas; essas coisas sem
importância.
O uniforme as
despersonaliza, mas o riso de cada uma as diferencia. Riem alto, riem musical,
riem desafinado, riem sem motivo; riem.
Hoje de manhã
estavam sérias, era como se nunca mais voltassem a rir e falar coisas sem
importância. Faltava uma delas. O jornal dera notícia do crime. O corpo da
menina encontrado naquelas condições, em lugar ermo. A selvageria de um tempo
que não deixa mais rir.
As alegres
meninas, agora sérias, tornaram-se adultas de uma hora para outra; essas
mulheres.
Contos
plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1998, p. 72.
Carlos Drummond de Andrade Graña Drummond
1 – A primeira parte do conto – os dois primeiros parágrafos
– falta de personagens meninas.
a) Que comportamentos caracterizam os
personagens como meninas?
São estudantes, namoram,
estão sempre rindo, conversam coisas sem importância.
b) O narrador diz que “o uniforme as
despersonaliza” – por quê?
Porque ficam todas iguais.
c) “O riso as diferencia”; por que as
diferencia, se todas riem?
Cada uma ri de um jeito:
alto, musical, desafinado.
d) As meninas falam de “coisas sem
importância”: que exemplo dessas coisas sem importância aparece no conto?
O besouro que entrou na
classe e pousou no vestido da professora.
2 – Na segunda parte do conto – os dois últimos parágrafos –
essas meninas passam a ser essas mulheres.
a) Por que o crime transformou as
meninas, “de uma hora para outra”. Em mulheres?
Respostas pessoal;
possibilidades: porque se confrontaram com o mal, a violência; porque
experimentaram o sofrimento; porque descobriram a ameaça, o perigo.
b) Segundo o conto, que diferença há
entre ser menina e ser mulher?
Resposta com base nas
características “externas” indicadas no texto: ser menina é ser alegre, rir,
conversar coisas sem importância; ser mulher é ser séria, ser adulta. Resposta
por inferência: ser menina é desconhecer e ser mulher é conhecer a violência, o
sofrimento.
3 – Recorde: o narrador não diz que crime foi cometido nem em
quais condições foi encontrado o corpo da menina:
“O jornal dera
notícia do crime. O corpo da menina encontrado naquelas condições, em lugar
ermo”.
a) Em sua opinião, por que o narrador
não esclarece que crime foi cometido?
Resposta pessoal.
b) Por que o narrador diz apenas
“aquelas condições”, sem esclarecer em quais condições o corpo da menina foi
encontrado?
Resposta pessoal.
c) O narrador não diz que crime foi
cometido nem em que condições o corpo foi encontrado, mas o leitor sabe; por
que sabe?
Porque o tipo de crime e as
condições em que suas vítimas são encontradas são bem conhecidos, pela
frequência em que são noticiados.
4 – O que é que o conto revelou a você, leitor? Escolha entre
as opções abaixo ou dê sua própria resposta.
a) Os criminosos não respeitam nem mesmo
meninas estudantes.
b) A impossibilidade da alegria e do
riso num mundo violento.
c)
O amadurecimento que resulta do confronto com a violência.
d)
A transformação de meninas alegres em mulheres sérias.
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