segunda-feira, 15 de setembro de 2014





-Barqueiro, que céu tão leve!
Barqueiro que mar parado!
Barqueiro, que enigma breve,
o sonho de ter amado!

Em barca de nuvens sigo:
e o que vou pagando ao vento
para levar-te comigo
é suspiro e pensamento.

Cecilia Meireles.


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Canção do Deserto.

PELO HORIZONTE de areias,
Reclina-se a voz do canto.
A moça diz, muito longe:
“ Eu sou a rosa do campo...”

O beduíno pára e escuta,
Vestido de pensamento,
Sozinho, entre as margens de ouro
Do ar e do deserto imenso.

“Eu sou a rosa do campo..”
E olhando para as ovelhas
Sente o chão verde e macio
E flores pelas areias.

“Eu sou a rosa do campo..”
Mas tudo o que houve e está vendo
É poeira, apenas, que voa:
O vento dá voz ao vento...

Cecilia Meireles 
In Poemas Dispersos 1958

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" Meus pés vão pisando a terra
que é a imagem da minha vida:
tão vazia, mas tão bela,
tão certa , mas tão perdida!

Cecilia Meireles.
in Canção na tarde no campo

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Foto


 

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