terça-feira, 7 de outubro de 2014

A História da Mafalda

Foto: Novas folhas, novas flores, na infinita benção do recomeço.

                     Mafalda

Personagem da banda desenhada (BD) criada pelo argentino Quino, Mafalda surgiu regularmente a 29 desetembro de 1964, nas páginas do semanário Primera Plana. Um pouco antes tinham sido publicadas três tiras nosuplemento humorístico da revista Leoplán.
Em 1963 foi pedido a Quino para conceber uma história passada com uma família de classe média, que tivesse ointuito de promover artigos para o lar, sem que se identificasse claramente uma marca, numa espécie depropaganda indireta, em que as personagens vão ambicionando ter determinados equipamentos. Quino assim fez,apresentando quatro tiras de BD, que acabaram por ser recusadas pelos jornais: sendo publicidade tinham de serpagas, pelo que essa primitiva Mafalda nunca foi publicada.
Mais tarde, o semanário Primera Plana pediu a Quino um projeto novo, tendo o autor apresentado Mafalda, cujonome começa pela mesma letra da empresa de eletrodomésticos que inicialmente despoletou a criação da série,Mansfield.
A sua personagem emblemática, Mafalda a contestatária, surge numa série de banda desenhada publicada nosjornais e revistas em tiras (curta sequência de quadradinhos). Inicialmente, Mafalda foi publicada em PrimeraPlana (1964), onde surgiu durante seis meses, tendo depois sido publicada no diário El Mundo, a partir de marçode 1965 e, finalmente, no Siete Dias, desde 1967 até terminar em julho de 1973, ao fim de mais de três mil tirasde BD.
Para além das tiras diárias, Mafalda surgiu também em livros, cujo primeiro foi editado em 1966 na Argentina. Aprimeira edição no estrangeiro aconteceu em Itália, em 1969, tendo uma introdução de Umberto Eco. Nos anosseguintes seguir-se-iam Espanha, Portugal, França, Alemanha, Grécia, entre muitos outros países.
Apesar do grande sucesso alcançado por Mafalda em diversos países, sobretudo na América Latina e na Europa,a decisão de terminar a série prendeu-se com o desejo de Quino se dedicar em exclusivo ao desenho de humor(Caricatura) e de não querer repetir situações, num trabalho diário que, ao fim de alguns anos, se torna difícilgerir.
Quino apenas abriu exceções para causas como "A Declaração dos Direitos das Crianças" para a UNICEF, e parauma campanha médica a favor da higiene oral na Argentina, em que voltou a desenhar a pequena miúda e osseus amigos.
Mas qual é o universo de Mafalda? Vive com uns pais muito resignados em relação ao que a vida lhes oferece,num retrato típico de uma família argentina (e não só) de classe média, sendo Mafalda, por vezes,particularmente cáustica com a situação doméstica da mãe.
Mafalda é também uma observadora muito perspicaz do que se passa no Mundo, sendo uma crítica implacável dasociedade. Primeiro conhece as notícias através da rádio e dos jornais, depois pela televisão, que chega "tarde"a casa, depois de muita pressão sua, pois Mafalda chegou a ser a única na escola que não tinha televisão.
Está sinceramente preocupada com o destino do planeta, personificado no seu globo fétiche, com o qual tantofala.
Quanto aos meninos da sua idade com quem se dá, vieram enriquecer decisivamente a série, pela diferença depersonalidades e de objetivos de vida. Manolito (Manelinho) aspira seguir as pisadas do pai, emigrante espanholdono de uma mercearia, local onde Manolito surge frequentemente atrás do balcão a atender clientes. Filipe é osonhador do grupo, sendo muito tímido. Mora no mesmo prédio de Mafalda, gosta de Xadrez e de BD,imaginando-se no papel de Cavaleiro Solitário. O castiço Miguelito não gosta de sopa como Mafalda, odiando omar, uma vez que o imagina como uma "enorme sopa"! Com a Susaninha existem várias divergências, pois estaquer casar com um homem rico para não trabalhar e ter muitos filhos. Para além disso, é racista, não gosta depobres e fala, fala, sendo uma cópia fiel da sua mãe. Gui (diminutivo de Guilherme) é o irmão mais novo deMafalda, tendo aparecido em 1968. Sempre de chupeta na boca, é contestatário como a irmã. FinalmenteLiberdade, a última personagem a surgir, consegue ser ainda mais contestatária que Mafalda, assumindo-secomo uma verdadeira revolucionária. Como a mãe é a única senhora que trabalha fora de casa, a mãe deLiberdade merece toda a admiração de Mafalda.
Mesmo tendo terminado  décadas, a popularidade e a atualidade de Mafalda continuam a ser impressionantes,sendo justamente considerada a mais célebre heroína da BD da América Latina e um nome incontornável dabanda desenhada mundial.
A adaptação aos desenhos animados aconteceu em 1993, em Espanha, quando se produziu uma série de 104episódios de um minuto.
Em Portugal a série surgiu em maio de 1970, por intermédio das Publicações Dom Quixote, que até 1975 editaramum total de 18 livros em pequeno formato.
Em 1972 a mesma editora apresentou o primeiro álbum em grande formato, seguindo-se diversos outros títulos(entre o final dos anos 70 e durante os anos 80 do século XX), também em grande formato.
Dado o grande carinho com que os leitores portugueses acolheram a série, foi editado o livro Toda a Mafalda,condensando num único volume as tiras da pequena irrequieta, para além de apresentar diversas curiosidadessobre a série e o seu autor. A Bertrand Editora apresentou em 2003 O Mundo de Mafalda, que corresponde auma nova versão do título anterior e em 2005 surgiu Viagem com Quino e Mafalda, álbum editado pela Teorema.
Em 2001 a Fnac editou em exclusivo dois vídeos com mais de 100 episódios (de um minuto cada) de desenhosanimados de Mafalda.
ver definição de apresentou...

Como referenciar este artigo:Mafalda. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-10-07].
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