A tese e seus argumentos: Sequência Didática
SEQUÊNCIA DIDÁTICA – A TESE E SEUS ARGUMENTOS
Introdução
Avaliação
Objetivos
Identificar e analisar os diferentes tipos de
argumentos que sustentam uma argumentação textual.
Refletir sobre a temática Bullying a fim de
que os alunos argumentem por que não praticá-lo.
Conteúdos
Argumentação e linguagem: a tese e seus
argumentos
Bullying
EF II (9º ANO), EM (1º ANO)
Tempo estimado
14 aulas
Material necessário
Cópia de textos, mídia (data show, notebook ou
PC), laboratório de informática, internet
Introdução
Comentar inicialmente com a turma que todo
texto é produzido com uma finalidade comunicativa. Ele tem por trás de si um
autor que procura convencer o leitor/ouvinte acerca de alguma ideia. Essa ideia
constitui a tese de um texto argumentativo.
Informar a turma de que a direção da aula será
para os diferentes argumentos de que um autor se vale para comprovar a tese ao
organizar uma argumentação sem distinguir entre o ato de convencer e o ato de
persuadir.
Desenvolvimento
1ª etapa
Explicar que uma das maneiras de que um autor se vale para
comprovar sua tese é a argumentação por
exemplo. Nela, usa-se, inicialmente, um exemplo ou um caso específico,
para, em seguida, generalizar e extrair uma conclusão geral. Projetar o
seguinte quadrinho e observar com os alunos esse tipo de argumentação.
Fonte: www.netica.org.br
A partir da leitura do quadrinho, perguntar e discutir:
a)
Qual
é a ideia principal para a qual o quadrinho pretende o convencimento do leitor?
b)
Como
esse texto procura fazer isso?
c)
Como
estão organizadas, em termos de estrutura linguística, de tempos verbais, as
“recomendações”?
d)
Que
comportamento se espera do leitor convencido da ideia do quadrinho?
e)
Você
percebe nesse exemplo um caso de bullying?
Em seguida, perguntar quem já foi alvo de implicâncias e
perseguições de colegas na escola. Houve algum tipo de agressão física ou as
ações se deram mais no campo moral, com a escolha de apelidos politicamente
incorretos? Os jovens percebiam risadinhas, empurrões, fofocas ou a propagação
de termos pejorativos como bola, rolha de poço, baleia, nerd, quatro-olhos
etc.? Quem já recebeu mensagens difamatórias ou ameaçadoras no celular, no
Orkut ou nos blogs pessoais? Provavelmente muitos dirão que já testemunharam
"brincadeirinhas" do gênero, mas dificilmente admitirão que já as
promoveram.
Levar
os alunos ao laboratório de informática para pesquisaram conceitos e exemplos
de “Bullying e Cyberbullying”. Em grupos, fazer a pesquisa e socializar para
todos o que encontraram. De preferência, que permitam aos colegas a
visualização em data show, apresentando primeiramente o exemplo selecionado
pelo grupo e a partir daí apresentar uma ideia geral com base nos conceitos
pesquisados sobre o tema em questão. Após as apresentações, levar os alunos a
perceberem que fizeram o uso da argumentação por exemplo, ou seja, partiram de
uma situação particular para uma geral.
Sugestão
de sites e blogs para os alunos:
Observação:
Dependendo do planejamento do professor, essa atividade pode também ser feita
através de uma webquest. Nela, o
professor explicará o passo a passo de cada grupo, as fontes de informação a
serem utilizadas e o papel de cada grupo a ser desempenhado nessa tarefa. O
seguinte endereço apresenta slides com o passo a passo na construção de uma webquest: http://www.slideboom.com/presentations/166181/Como-criar-uma-WebQuest.
2ª etapa
Uma
outra maneira de que um autor se vale para comprovar sua tese é a argumentação por ilustração. Nessa
argumentação, há uma situação genérica e em seguida, como comprovação, uma
singularização dessa situação. Apresentar aos alunos três casos específicos de
bullying contra professores na internet. Pode ser o que está na reportagem do site www.revistaescola.abril.com.br, intitulada “Agressões contra
professores na internet”. Utilizar o seguinte trecho:
Mais sobre bullying
[...]
O professor de Química
George Lopes, de Silvânia, a 80 quilômetros de Goiânia, diz não se importar com
a comunidade em que é citado (veja
imagem acima), que existe há três anos. Quando foi publicada, ele
apenas quis saber o teor dos comentários. Descobriu frases como Dar
uma pedrada nele é o meu sonho e outras ainda mais ofensivas. Todo educador é
visto como chato pelos jovens. Eu sempre fui rígido, por isso os estudantes
criaram essa forma de protesto. Além disso, sei que alguns adolescentes se
sentem bem humilhando os outros. Mas não ligo, não me atinge,
afirma.
Inconformismo
e atitude
Outros, como Sidnei
Raimundo de Melo, que leciona Matemática em Manaus, não escondem a indignação.
Ele não quis ser fotografado, mas declarou que até pensou em abandonar a
carreira ao ler na internet O professor Raimundo é bisonho. Fiquei triste,
tive insônia e perdi a vontade de trabalhar. Sem o apoio da direção da escola, ele procurou o
responsável pela publicação para conscientizá-lo do caráter agressivo de sua
atitude. O jovem pediu desculpas e deletou tudo. É meu dever ajudar a construir
valores éticos na sala de aula, afirma Sidnei. Ele estava disposto a prestar uma queixa formal
caso a conversa não surtisse efeito: Os jovens precisam aprender que não
dá para desrespeitar impunemente.
"Perdi a vontade de dar aulas quando li que eles me
achavam 'bisonho'. Nem consegui dormir." Sidnei Raimundo de Melo,
professor de Matemática em Manaus, que não quis ser fotografado
Chocada também ficou Maria
Aparecida de Carvalho, que dá aulas de Física no Rio de Janeiro, ao descobrir
que uma de suas aulas fora gravada em vídeo e estava num site com o título Maria
recebendo um santo. Ela costumava fazer paródias de músicas e adaptar as letras
com conteúdos da disciplina para cantá-las com as turmas. Os comentários diziam que ela era
ridícula e adorava aparecer. O vídeo foi deletado após a professora avisar que
tomaria providências legais.
[...]
Após a apresentação, em
grupos, os alunos vão produzir teses/ideias principais que apresentem de forma
geral a situação do bullying contra professores na internet, fazendo uma
relação com os casos acima ilustrados a fim de que percebam como se dá a
construção da argumentação por ilustração, partindo da situação genérica para a
particular e socializar para os demais colegas.
Chamar a atenção dos
alunos para a seguinte fala: As tecnologias da informação e comunicação, os
computadores e os celulares tornaram-se meios facilitadores para publicar
imagens e comentários depreciativos. Em blogs, fotologs e redes sociais, alunos
ofendem e fazem chacota de seus professores ou demais funcionários da escola,
com discursos de ódio que muitas vezes incidem em crimes de injúria, calúnia e
difamação. Essa “nova moda” tem nome e chama-se ciberbullying, uma violência
virtual que se multiplica de maneira inimaginável na internet.
Nos softwares
sociais, como o Facebook, Bebo, MySpace, Linkedin, Hi5 e Orkut, esse
último preferido entre crianças e adolescentes e que mantém hegemonia no
País com 26,6 milhões de perfis. Comunidades são criadas para expor críticas e
rejeição a um determinado professor. Assim, alunos buscam ofender e
ridicularizar a figura do docente, usando imagens de animais (burro, macaco),
bruxas, caveiras ou até mesmo com algum desenho pornográfico. (http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/na-mira-dos-alunos)
3ª etapa
Apresentar a próxima
forma de construção da argumentação: argumentação
baseada em prova concreta. É a que traz para o texto informações que
resultam de pesquisa, estatística e similares. Exemplificar com a pesquisa
feita pela ABRAPIA - Associação
Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência se
dedica a estudar, pesquisar e divulgar o bullying desde 2001, tendo a partir de
2003 implantado um programa de redução do comportamento agressivo entre
estudantes, em escolas do Rio. Essa pesquisa foi utilizada como fonte de
informação
no livro “Diga Não ao Bullying”, editado pela ABRAPIA em 2003 e de autoria de
Aramis Lopes Neto e Lucia Helena Saavedra.
A
pesquisa foi intitulada “Diga não ao bullying”, feita com o apoio financeiro da Petrobras e em parceria com o IBGE
(Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) e a Secretaria de
Educação do Município do Rio de Janeiro, no período de novembro e dezembro de
2002 e março de 2003, através de questionários distribuídos a alunos de 5ª a 8ª
série, de 11 escolas, sendo 9 públicas e 2 particulares. Alguns resultados
dessa pesquisa destacaram: população alvo, participantes do bullying, tipos de
bullying identificados, locais onde ocorreram o bullying, reações dos alunos
alvos de bullying, sentimentos admitidos pelos alunos testemunhas diante de
situações de bullying na sua escola, sentimentos admitidos pelos alunos autores
de bullying.
Dividir
a turma em duplas ou grupos, conforme a quantidade de alunos e distribuir cada
um dos sete aspectos da pesquisa divulgado em gráficos e disponível em: http://www.observatoriodainfancia.com.br/IMG/pdf/doc-100.pdf. Cada grupo fará
para o grupo maior a interpretação do gráfico em questão, apontando a
importância para a argumentação desse resultado. Também deve expressar sua
opinião sobre o impacto e a veracidade dessa informação para a realidade dele.
4ª etapa
Apontar para os alunos outra forma de argumentar
num texto: a argumentação de autoridade.
Esse tipo de argumento recorre a informações renomadas, como autores, livros,
revistas especializadas, para demonstrar a veracidade da tese. É o tipo de
argumento mais encontrado em livros didáticos ou em textos científicos. Dizer
aos alunos que o site da nova escola para respaldar a discussão sobre o tema
bullying postou em sua página reportagens, artigos e um vídeo. O vídeo
apresenta entrevista dada por Aramis Lopes Neto, médico especialista em
bullying e presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do
Adolescente e especialista em cyberbylling, e nele, o médico fala do assunto
com base no filme “As melhores coisas do mundo”, que mostra as transformações e
os relacionamentos da adolescência em meio a uma overdose de tecnologia que
envolve os jovens e potencializa os efeitos do bullying na internet. Apontar
que o entrevistado é um exemplo de argumento de autoridade para o site. A
partir da entrevista com o especialista, os alunos anotarão e apontarão elementos
que fortalecem a sua posição como alguém renomado. Discutir o que anotaram e
reforçar a importância desse recurso na construção de uma ideia. Os alunos, em
grupos, irão ao laboratório de informática e trarão um vídeo, justificando por
que o utilizariam como fonte para construir um argumento de autoridade a partir
da temática em questão.
5ª etapa
Outro tipo de argumento a trabalhar com os
alunos é o argumento por raciocínio
lógico (resultam de relações lógicas). Os alunos irão construir esse tipo
de argumento e após a prática devem definir em sala de aula com suas palavras o
que entenderem sobre o argumento por raciocínio lógico.
Primeiramente, vão assisitir ao vídeo
“Bullying e o mal que causa”, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=NLp0z9ZtjWk. Em seguida, responder as perguntas:
a)
Para que assunto
o vídeo quer chamar a atenção do leitor?
b)
De que ideia o
vídeo pretende convencer o leitor?
c)
Que argumentos
Daniele Vuoto utiliza para falar sobre a situação-problema?
d)
Que argumentos
você pode exemplificar de que são consequências do bullying?
Os adolescentes
deverão elaborar uma lista de ações/soluções para evitar o bullying na escola.
As sugestões de cada equipe serão organizadas e apresentadas por meio de um
grande painel para toda escola.
Depois, assistir ao filme “As melhores coisas
do mundo”, drama com duração de 107 minutos, na direção de Laís Bondazky,
(ficha e sinopse do filme disponíveis em: http://www.filmesdecinema.com.br/filme-melhores-coisas-mundo-6283/). Debater sobre as situações-problema direcionadas
ao bullying que surgem durante a narrativa. A partir dele, cada aluno deve
postar um argumento respondendo a seguinte pergunta no Twitter (a sugestão aqui
é de que a escola construa um perfil para discutir a temática e o professor,
através dessa atividade, estimular a participação dos alunos): “Bullying: Por
que dizer não?”. Cada colega tem o direito de contra-argumentar a posição do outro
desde que seja aceitável pelo grupo, se não o argumento será reformulado ou
deletado. É claro que o professor deve acompanhar a escrita e a reescrita do
argumento para só depois ser postado no Twitter.
Avaliação
Utilização adequada nas atividades do tipo de argumento
solicitado;
Participação nas discussões e reflexões a partir das questões
norteadoras (oralidade);
Capricho, criatividade e ligação com os conceitos trabalhos
durante a aula para elaboração dos textos;
Trabalho colaborativo na criação dos cartazes, produção de
parágrafos argumentativos no Twitter, sugestão de ideias, criatividade e
integração com o grupo;
Participação efetiva na construção das atividades.
Fonte
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – Gestar II. Língua
Portuguesa: Caderno de Teoria e Prática 6 – TP6: leitura e processos de escrita
II. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.