sábado, 17 de outubro de 2015



O GATO E A BARATA

A baratinha velha subiu pelo pé do copo que, ainda com um pouco de vinho, tinha sido largado a um canto da cozinha, desceu pela parte de dentro e começou a lambiscar o vinho. Dada a pequena distância que nas baratas vai da boca ao cérebro, o álcool lhe subiu logo a este. Bêbada, a baratinha caiu dentro do copo. Debateu – se, bebeu mais vinho, ficou mais tonta, debateu – se mais, bebeu mais, tonteou mais e já quase morria quando deparou com o carão do gato doméstico que sorria de suas aflição, do alto do copo.
- Gatinho, meu gatinho – pediu ela – , me salva, me salva. Me salva que assim que eu sair eu deixo você me engolir inteirinha, como você gosta. Me salva.
- Você deixa mesmo eu engolir você? – disse o gato.
- Me saaaalva! – implorou a baratinha. – Eu prometo.
O gato então virou o copo com uma pata, o líquido escorreu e com ele a baratinha que, assim que se viu no chão, saiu correndo para o buraco mais perto, onde caiu na gargalhada.
- Que é isso? – perguntou o gato. – Você não vai sair daí e cumprir sua promessa? Você disse que deixaria eu comer você inteira.
- Ah, ah, ah – riu então a barata, sem poder se conter. – E você é tão imbecil a ponto de acreditar na promessa de uma barata velha e bêbada?

Moral: Ás vezes a autodepreciação nos livra do pelotão.

(Millôr Fernandes. Fábulas fabulosas. 8. ed. Rio de Janeiro, Nórdica, 1963. p. 15-6.)

1Quais as personagens das fábula2
2.O que aconteceu à barata?
3.O que fez ela, quando se viu presa dentro do corpo?
4.Segundo o autor, por que o vinho subiu logo à cabeça da barata?
5.Que faz o gato ao ver a aflição da barata?
6.Vendo – se salva, como age a barata? Como reage quando o gato lhe cobra a promessa?
7.Explique a moral da fábula com suas palavras.
8.Você concorda com a moral do texto? Justifique sua resposta, procurando ilustra –la com um fato de que tenha tido conhecimento ou que tenha acontecimento com você.
 

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