terça-feira, 27 de outubro de 2015


 A tese e seus argumentos: Sequência Didática


SEQUÊNCIA DIDÁTICA – A TESE E SEUS ARGUMENTOS
Objetivos
Identificar e analisar os diferentes tipos de argumentos que sustentam uma argumentação textual.
Refletir sobre a temática Bullying a fim de que os alunos argumentem por que não praticá-lo.
Conteúdos
Argumentação e linguagem: a tese e seus argumentos
Bullying

Ano
EF II (9º ANO), EM (1º ANO)
Tempo estimado
14 aulas
Material necessário
Cópia de textos, mídia (data show, notebook ou PC), laboratório de informática, internet

Introdução
Comentar inicialmente com a turma que todo texto é produzido com uma finalidade comunicativa. Ele tem por trás de si um autor que procura convencer o leitor/ouvinte acerca de alguma ideia. Essa ideia constitui a tese de um texto argumentativo.
Informar a turma de que a direção da aula será para os diferentes argumentos de que um autor se vale para comprovar a tese ao organizar uma argumentação sem distinguir entre o ato de convencer e o ato de persuadir.
Desenvolvimento
1ª etapa
Explicar que uma das maneiras de que um autor se vale para comprovar sua tese é a argumentação por exemplo. Nela, usa-se, inicialmente, um exemplo ou um caso específico, para, em seguida, generalizar e extrair uma conclusão geral. Projetar o seguinte quadrinho e observar com os alunos esse tipo de argumentação.

A partir da leitura do quadrinho, perguntar e discutir:
a)                 Qual é a ideia principal para a qual o quadrinho pretende o convencimento do leitor?
b)                 Como esse texto procura fazer isso?
c)                  Como estão organizadas, em termos de estrutura linguística, de tempos verbais, as “recomendações”?
d)                 Que comportamento se espera do leitor convencido da ideia do quadrinho?
e)                 Você percebe nesse exemplo um caso de bullying?
Em seguida, perguntar quem já foi alvo de implicâncias e perseguições de colegas na escola. Houve algum tipo de agressão física ou as ações se deram mais no campo moral, com a escolha de apelidos politicamente incorretos? Os jovens percebiam risadinhas, empurrões, fofocas ou a propagação de termos pejorativos como bola, rolha de poço, baleia, nerd, quatro-olhos etc.? Quem já recebeu mensagens difamatórias ou ameaçadoras no celular, no Orkut ou nos blogs pessoais? Provavelmente muitos dirão que já testemunharam "brincadeirinhas" do gênero, mas dificilmente admitirão que já as promoveram. 
Levar os alunos ao laboratório de informática para pesquisaram conceitos e exemplos de “Bullying e Cyberbullying”. Em grupos, fazer a pesquisa e socializar para todos o que encontraram. De preferência, que permitam aos colegas a visualização em data show, apresentando primeiramente o exemplo selecionado pelo grupo e a partir daí apresentar uma ideia geral com base nos conceitos pesquisados sobre o tema em questão. Após as apresentações, levar os alunos a perceberem que fizeram o uso da argumentação por exemplo, ou seja, partiram de uma situação particular para uma geral.
Sugestão de sites e blogs para os alunos:
·                     www.revistaescola.abril.com.br
·                     www.wikipedia.org
·                     www.youtube.com
·                     http://bullyingestresse.blogspot.com
·                     http://bullyingvirtual.wordpress.com
·                    http://juntoscontraobullying.webnode.com.br
·                    http://www.bullying.com.br/
·                    http://www.diganaoaobullying.com.br/
·                    http://www.assediomoral.org/
·                    http://nomorebullying.blig.ig.com.br/
·                    http://www.denunciar.org.br/
·                    http://www.bullying.pro.br/
Observação: Dependendo do planejamento do professor, essa atividade pode também ser feita através de uma webquest. Nela, o professor explicará o passo a passo de cada grupo, as fontes de informação a serem utilizadas e o papel de cada grupo a ser desempenhado nessa tarefa. O seguinte endereço apresenta slides com o passo a passo na construção de uma webquest: http://www.slideboom.com/presentations/166181/Como-criar-uma-WebQuest.
2ª etapa
Uma outra maneira de que um autor se vale para comprovar sua tese é a argumentação por ilustração. Nessa argumentação, há uma situação genérica e em seguida, como comprovação, uma singularização dessa situação. Apresentar aos alunos três casos específicos de bullying contra professores na internet. Pode ser o que está na reportagem do site www.revistaescola.abril.com.br, intitulada “Agressões contra professores na internet”. Utilizar o seguinte trecho:
Mais sobre bullying
[...]
O professor de Química George Lopes, de Silvânia, a 80 quilômetros de Goiânia, diz não se importar com a comunidade em que é citado (veja imagem acima), que existe há três anos. Quando foi publicada, ele apenas quis saber o teor dos comentários. Descobriu frases como Dar uma pedrada nele é o meu sonho e outras ainda mais ofensivas. Todo educador é visto como chato pelos jovens. Eu sempre fui rígido, por isso os estudantes criaram essa forma de protesto. Além disso, sei que alguns adolescentes se sentem bem humilhando os outros. Mas não ligo, não me atinge, afirma.
Inconformismo e atitude
Outros, como Sidnei Raimundo de Melo, que leciona Matemática em Manaus, não escondem a indignação. Ele não quis ser fotografado, mas declarou que até pensou em abandonar a carreira ao ler na internet  O professor Raimundo é bisonho. Fiquei triste, tive insônia e perdi a vontade de trabalhar. Sem o apoio da direção da escola, ele procurou o responsável pela publicação para conscientizá-lo do caráter agressivo de sua atitude. O jovem pediu desculpas e deletou tudo.  É meu dever ajudar a construir valores éticos na sala de aula, afirma Sidnei. Ele estava disposto a prestar uma queixa formal caso a conversa não surtisse efeito: Os jovens precisam aprender que não dá para desrespeitar impunemente.
"Perdi a vontade de dar aulas quando li que eles me achavam 'bisonho'. Nem consegui dormir." Sidnei Raimundo de Melo, professor de Matemática em Manaus, que não quis ser fotografado
Chocada também ficou Maria Aparecida de Carvalho, que dá aulas de Física no Rio de Janeiro, ao descobrir que uma de suas aulas fora gravada em vídeo e estava num site com o título Maria recebendo um santo. Ela costumava fazer paródias de músicas e adaptar as letras com conteúdos da disciplina para cantá-las com as turmas. Os comentários diziam que ela era ridícula e adorava aparecer. O vídeo foi deletado após a professora avisar que tomaria providências legais.
[...]
Após a apresentação, em grupos, os alunos vão produzir teses/ideias principais que apresentem de forma geral a situação do bullying contra professores na internet, fazendo uma relação com os casos acima ilustrados a fim de que percebam como se dá a construção da argumentação por ilustração, partindo da situação genérica para a particular e socializar para os demais colegas.
Chamar a atenção dos alunos para a seguinte fala: As tecnologias da informação e comunicação, os computadores e os celulares tornaram-se meios facilitadores para publicar imagens e comentários depreciativos. Em blogs, fotologs e redes sociais, alunos ofendem e fazem chacota de seus professores ou demais funcionários da escola, com discursos de ódio que muitas vezes incidem em crimes de injúria, calúnia e difamação. Essa “nova moda” tem nome e chama-se ciberbullying, uma violência virtual que se multiplica de maneira inimaginável na internet. 
Nos softwares sociais, como o Facebook, Bebo, MySpace, Linkedin, Hi5 e Orkut, esse  último  preferido entre crianças e adolescentes e que mantém hegemonia no País com 26,6 milhões de perfis. Comunidades são criadas para expor críticas e rejeição a um determinado professor. Assim, alunos buscam ofender e ridicularizar a figura do docente, usando imagens de animais (burro, macaco), bruxas, caveiras ou até mesmo com algum desenho pornográfico. (http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/na-mira-dos-alunos)
3ª etapa
Apresentar a próxima forma de construção da argumentação: argumentação baseada em prova concreta. É a que traz para o texto informações que resultam de pesquisa, estatística e similares. Exemplificar com a pesquisa feita pela ABRAPIA - Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência se dedica a estudar, pesquisar e divulgar o bullying desde 2001, tendo a partir de 2003 implantado um programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes, em escolas do Rio. Essa pesquisa foi utilizada como fonte de informação no livro “Diga Não ao Bullying”, editado pela ABRAPIA em 2003 e de autoria de Aramis Lopes Neto e Lucia Helena Saavedra.
A pesquisa foi intitulada “Diga não ao bullying”, feita com o apoio financeiro da Petrobras e em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) e a Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro, no período de novembro e dezembro de 2002 e março de 2003, através de questionários distribuídos a alunos de 5ª a 8ª série, de 11 escolas, sendo 9 públicas e 2 particulares. Alguns resultados dessa pesquisa destacaram: população alvo, participantes do bullying, tipos de bullying identificados, locais onde ocorreram o bullying, reações dos alunos alvos de bullying, sentimentos admitidos pelos alunos testemunhas diante de situações de bullying na sua escola, sentimentos admitidos pelos alunos autores de bullying.
Dividir a turma em duplas ou grupos, conforme a quantidade de alunos e distribuir cada um dos sete aspectos da pesquisa divulgado em gráficos e disponível em:    http://www.observatoriodainfancia.com.br/IMG/pdf/doc-100.pdf. Cada grupo fará para o grupo maior a interpretação do gráfico em questão, apontando a importância para a argumentação desse resultado. Também deve expressar sua opinião sobre o impacto e a veracidade dessa informação para a realidade dele.
4ª etapa
Apontar para os alunos outra forma de argumentar num texto: a argumentação de autoridade. Esse tipo de argumento recorre a informações renomadas, como autores, livros, revistas especializadas, para demonstrar a veracidade da tese. É o tipo de argumento mais encontrado em livros didáticos ou em textos científicos. Dizer aos alunos que o site da nova escola para respaldar a discussão sobre o tema bullying postou em sua página reportagens, artigos e um vídeo. O vídeo apresenta entrevista dada por Aramis Lopes Neto, médico especialista em bullying e presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente e especialista em cyberbylling, e nele, o médico fala do assunto com base no filme “As melhores coisas do mundo”, que mostra as transformações e os relacionamentos da adolescência em meio a uma overdose de tecnologia que envolve os jovens e potencializa os efeitos do bullying na internet. Apontar que o entrevistado é um exemplo de argumento de autoridade para o site. A partir da entrevista com o especialista, os alunos anotarão e apontarão elementos que fortalecem a sua posição como alguém renomado. Discutir o que anotaram e reforçar a importância desse recurso na construção de uma ideia. Os alunos, em grupos, irão ao laboratório de informática e trarão um vídeo, justificando por que o utilizariam como fonte para construir um argumento de autoridade a partir da temática em questão.
5ª etapa
Outro tipo de argumento a trabalhar com os alunos é o argumento por raciocínio lógico (resultam de relações lógicas). Os alunos irão construir esse tipo de argumento e após a prática devem definir em sala de aula com suas palavras o que entenderem sobre o argumento por raciocínio lógico.
Primeiramente, vão assisitir ao vídeo “Bullying e o mal que causa”, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=NLp0z9ZtjWk. Em seguida, responder as perguntas:
a)                 Para que assunto o vídeo quer chamar a atenção do leitor?
b)                 De que ideia o vídeo pretende convencer o leitor?
c)                  Que argumentos Daniele Vuoto utiliza para falar sobre a situação-problema?
d)                 Que argumentos você pode exemplificar de que são consequências do bullying?
Os adolescentes deverão elaborar uma lista de ações/soluções para evitar o bullying na escola. As sugestões de cada equipe serão organizadas e apresentadas por meio de um grande painel para toda escola.
Depois, assistir ao filme “As melhores coisas do mundo”, drama com duração de 107 minutos, na direção de Laís Bondazky, (ficha e sinopse do filme disponíveis em: http://www.filmesdecinema.com.br/filme-melhores-coisas-mundo-6283/).  Debater sobre as situações-problema direcionadas ao bullying que surgem durante a narrativa. A partir dele, cada aluno deve postar um argumento respondendo a seguinte pergunta no Twitter (a sugestão aqui é de que a escola construa um perfil para discutir a temática e o professor, através dessa atividade, estimular a participação dos alunos): “Bullying: Por que dizer não?”. Cada colega tem o direito de contra-argumentar a posição do outro desde que seja aceitável pelo grupo, se não o argumento será reformulado ou deletado. É claro que o professor deve acompanhar a escrita e a reescrita do argumento para só depois ser postado no Twitter.
Avaliação
Utilização adequada nas atividades do tipo de argumento solicitado;
Participação nas discussões e reflexões a partir das questões norteadoras (oralidade);
Capricho, criatividade e ligação com os conceitos trabalhos durante a aula para elaboração dos textos;
Trabalho colaborativo na criação dos cartazes, produção de parágrafos argumentativos no Twitter, sugestão de ideias, criatividade e integração com o grupo;
Participação efetiva na construção das atividades.
Fonte
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – Gestar II. Língua Portuguesa: Caderno de Teoria e Prática 6 – TP6: leitura e processos de escrita II. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário