A carta pessoal
As características desse tipo de gênero textual são simples, ou seja, não possuem muitas regras e estrutura para serem seguidas. Vejamos:
• O assunto é livre, geralmente de ordem íntima, sentimental.
• O tamanho varia entre médio e grande. Quando é pequeno, é considerado bilhete e não carta.
• O tipo de linguagem acompanhará o grau de intimidade entre remetente e destinatário.
Portanto, cabe ao escritor saber se pode usar termos coloquiais ou mesmo gírias.
• Quanto à estrutura, a carta pessoal deve seguir a sequência: 1. local e data escritos à esquerda, 2. vocativo, 3. corpo do texto e 4. despedida e assinatura.
Como o grau de intimidade é variável, o vocativo, por conseqüência, também: Minha querida, Amado meu, Querido Amigo Fulano, Fulaninho, Caro Senhor, Estimado cliente, etc. A pontuação após o vocativo pode ser vírgula ou dois-pontos.
Assim também é em relação à despedida, a qual pode variar entre Atenciosamente, Cordialmente, etc. até Adeus, Saudades, Até em breve, etc.
Quanto à assinatura, pode ser desde só o primeiro nome até o apelido, dependendo da situação.
Caso se esqueça de dizer algo importante e já tenha finalizado a carta é só acrescentar a abreviação latina P.S (post scriptum) ou Obs. (observação).
A carta pessoal geralmente é entregue em mãos ou enviada pelo correio, pois é manuscrita!
Curiosidade sobre P.S: essa sigla é originada do verbo latino “post scribere” que significa “escrever depois”!
Abaixo seguem três exemplos de cartas pessoais. Observe suas estruturas, linguagens e assuntos:
Texto 01
Salvador, 30 de abril de 2009
Querida avó,
Então tudo bem? As férias estão correndo bem e nós estamos encantadas com este lugar: a praia é ótima, o tempo está muito bom, por isso passamos o tempo todo na água.
Eu e Cristina estamos esperando a senhora, lembre-se que prometeu vir aqui no próximo fim de semana. Já estou vendo os dias maravilhosos que vamos passar todos juntos. Tenho saudades das histórias do vovô!
Com a senhora, a praia ainda vai ficar mais bonita, vai ser bom estar em sua companhia. Ah, vovó, mal posso esperar para comer a tua comidinha boa.
Esperamos ansiosamente a sua chegada. Temos muitas saudades!
Um grande beijo,
Sara
Texto 02
Querida avó,
Então tudo bem? As férias estão correndo bem e nós estamos encantadas com este lugar: a praia é ótima, o tempo está muito bom, por isso passamos o tempo todo na água.
Eu e Cristina estamos esperando a senhora, lembre-se que prometeu vir aqui no próximo fim de semana. Já estou vendo os dias maravilhosos que vamos passar todos juntos. Tenho saudades das histórias do vovô!
Com a senhora, a praia ainda vai ficar mais bonita, vai ser bom estar em sua companhia. Ah, vovó, mal posso esperar para comer a tua comidinha boa.
Esperamos ansiosamente a sua chegada. Temos muitas saudades!
Um grande beijo,
Sara
Texto 02
Goiânia, 31 de julho de 2009
Querido amigo James
Gostaria de dizer-lhe que estou com muitas saudades, e não vejo a hora de estarmos juntos outra vez!
Por aqui estamos todos bem, somente a saudade que nos incomoda. Mas estamos nos preparando para a grande viagem até sua casa.
Já fiz vários planos para aproveitarmos muito estas férias.
Um forte abraço
Carolina
Querido amigo James
Gostaria de dizer-lhe que estou com muitas saudades, e não vejo a hora de estarmos juntos outra vez!
Por aqui estamos todos bem, somente a saudade que nos incomoda. Mas estamos nos preparando para a grande viagem até sua casa.
Já fiz vários planos para aproveitarmos muito estas férias.
Um forte abraço
Carolina
Texto 03
Rio de Janeiro, 20 de novembro de 1904
Meu caro Nabuco,
Tão longe, e em outro meio, chegou-lhe a notícia da minha grande desgraça, e você expressou a sua simpatia por um telegrama. A única palavra com que lhe agradeci é a mesma que ora lhe mando, não sabendo outra que possa dizer tudo o que sinto e me acabrunha. Foi-se a melhor parte da minha vida e aqui estou só no mundo. Note que a solidão não me é enfadonha, antes me é grata, porque é um modo de viver com ela, ouvi-la, assistir aos mil cuidados que essa companheira de 35 anos de casados tinha comigo; mas não há imaginação que não acorde, e a vigília aumenta a falta da pessoa amada. Éramos velhos, e eu contava morrer antes dela, o que seria um grande favor; primeiro, porque não acharia a ninguém que melhor me ajudasse a morrer; segundo, porque ela deixa alguns parentes que a consolariam das saudades, e eu não tenho nenhum. Os meus são os amigos, e verdadeiramente são os melhores; mas a vida os dispersa, no espaço, nas preocupações do espírito e na própria carreira que a cada um cabe. Aqui fico, por ora na mesma casa, no mesmo aposento, com os mesmos adornos seus. Tudo me lembra a minha meiga Carolina.
Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei muito tempo em recordá-la.
Irei vê-la, ela me esperará.
Não posso, caro amigo, responder agora à sua carta de 8 de outubro; recebi-a dias depois do falecimento de minha mulher, e você compreende que apenas posso falar deste fundo golpe.
Até outra e breve; então lhe direi o que convém ao assunto daquela carta que, pelo afeto e sinceridade, chegou à hora dos melhores remédios. Aceite este abraço do triste amigo velho
Machado de Assis
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