A paródia
A paródia
é um gênero textual muito popular nos dias de hoje. No entanto, vale a
pena esclarecer algumas idéias sobre a mesma. Existe um conceito popular
do que seja a paródia e um conceito literário. O primeiro consiste em
manter um intertexto superficial com um texto original - muitas vezes
músicas, poemas ou textos em prosa - sem, no entanto manter uma ligação
com a tematica; isso é percepitivel em paródias feitas por programas de
TV, como o Casseta e Planeta, transmitido pela Rede Globo. A funcão dsse
tipo de paródia muitas vezes é a mera diversão, sem um aprofundamento e
mergulho no nos assuntos discutidos entre os textos em questão. Já a
paródia literária, requer um requinte em sua produção. A relação que se
estabelece entre esta e o texto original, o intertexto temático, é
clara, objetiva, e fundamental para a qualidade da mesma. Nesse tipo de
paródia a crítica e a oposição
de idéias, em relação ao texto original, são muito comuns; o intertexto
temático é o ponto forte. Seguem-se a seguir duas paródias literárias
que demonstram o conceito acima exposto:
Texto 01
Texto 01
A formiga e a cigarra (Paródia)
(Parodia da fábula de La Fotaine)
Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra que, apesar das diferenças, desde muito pequenas, eram muito amigas. Era outono e a formiga sempre preocupada com a chegada do inverno, porque sabia bem o que acontecia em sua cidade quando chovia muito, decidiu dedicar-se arduamente ao trabalho. A partir daquele dia faria horas extras diárias, venderia suas férias e trabalharia o mais que pudesse, inclusive em serviços extras que poderia desenvolver em casa, tudo isso para garantir um cofre cheio para a temporada de chuvas.
A cigarra, no entanto, pensava diferente, ou melhor, nem pensava em nada além de curtir a vida:
-
Qualé mulher!!! Tu tem é que aproveitar o hoje, o agora. Amanhã é outro
dia, outra história. Viver um dia de cada vez é a coisa certa a se
fazer!
Mas
a formiga não pensava assim e mergulhou fundo no trabalho. Depois
daquele dia não teve mais tempo para nada e nem para ninguém, seu nome
era trabalho, e seu sobre nome era sempre.
Enquanto
isso a cigarrinha farreava, não perdia uma festa sequer, bebia todas,
contemplava o pôr-do-sol, recebia, ainda acordada, o sol que nascia,
visitava os amigos, viajava, enfim, praticava toda a rotina de uma vida
solteira e sem compromisso.
Chegado o inverno, a cigarrinha, de casaco de pele caríssimo, de perfume Giorgi Armani e maquiada com Lancome chegou na casa da amiga para se despedir e chocou-se ao encontrar apenas a mamãe formiga a chorar e lamentar-se.
Chegado o inverno, a cigarrinha, de casaco de pele caríssimo, de perfume Giorgi Armani e maquiada com Lancome chegou na casa da amiga para se despedir e chocou-se ao encontrar apenas a mamãe formiga a chorar e lamentar-se.
A
formiguinha havia sido despedida uma semana após a conversa inicial
desta fabulosa fábula. O seu superior na fábrica havia aplicado um golpe
na empresa e pusera a culpa na pobre coitada, impondo-lhe uma
chantagem. A formiguinha foi demitida por justíssima causa, não
recebendo nada, nada, nada de indenização, conforme prega o art. XXX, §
3º, inciso 2º, Linha 201º, Vírgula 30 (ao canto da página) da Lei
1.876/46:
“É dado como justa causa as demissões por ocasião de furto do funcionário para com a empresa e não se fala mais nisso.”
O
seu superior (autor do golpe), ficando sensibilizado com a situação da
pobre coitada, conseguiu com a presidência da empresa, que lhe fosse
liberado o Seguro Desemprego. Saindo da empresa a formiguinha foi então
dar entrada no benefício, e durante uma semana ela foi à Caixa Econômica
até que encontrou seu nome na folha para receber a bagatela no dia
seguinte. Assim, preferiu dormir na porta do Banco para que fosse a
primeira a ser atendida. Fez amizade com três senhores, duas mulheres e
cinco adolescentes que lá já estavam, todos com o mesmo intuito, porém é
grande o coração desse povo brasileiro, e ficaram amigos, quase uma
família. Em menos de três horas todos já conheciam as desventuras de
todos.
Nessa noite, a formiguinha sofreu uma parada cárdio-respiratória-vascular-intrauterina, que segundo o médico legista, foi causada pelo uso de ácido sulfúrico na fábrica de chapéus em que trabalhava. A sua nova família ainda levou-a ao hospital, na urgência pediram que aguardasse pois o médico plantonista havia saída para jantar e retornaria em uma hora. A pobre formiga não resistiu e veio a falecer.
- Mas e você, Cigarrinha, para onde vai tão bem vestida? – indagou a mãe da finada, esquecendo a dor e adquirindo um certo ar de malícia.
Nessa noite, a formiguinha sofreu uma parada cárdio-respiratória-vascular-intrauterina, que segundo o médico legista, foi causada pelo uso de ácido sulfúrico na fábrica de chapéus em que trabalhava. A sua nova família ainda levou-a ao hospital, na urgência pediram que aguardasse pois o médico plantonista havia saída para jantar e retornaria em uma hora. A pobre formiga não resistiu e veio a falecer.
- Mas e você, Cigarrinha, para onde vai tão bem vestida? – indagou a mãe da finada, esquecendo a dor e adquirindo um certo ar de malícia.
Eu
conheci Jorgh Alfred Hilfren na praia, no começo do outono passado e
nos apaixonamos logo de cara. Jorgh é muito romântico e, como todo
alemão, é ligado às coisas do coração. Dessa forma, decidimos nos casar
em Dachau.
A formiga mãe, com olhos que derramavam inveja, cumprimentou a cigarrinha que partia rumo a felicidade.
(Moral da história: No Brasil, o trabalho dignifica.. Dignifica... Dignifica o que mesmo?)
Cinthya Danielle dos Reis Leal
Texto 02
Bem brasileiro
Chapeuzinho Vermelho recebe um e-mail de sua mãe dizendo que a avó tinha acabado de ser operada: acabara de fazer uma lipo, colocou botox. Portanto, chapeuzinho deveria visitá-la.
Chapeuzinho decide levar sorvete para sua avó, aliás, sorvete diet, pois ela já é uma pessoa de idade, apesar de não admitir. Chapeuzinho resolveu, então, pegar o coletivo para ir ao hospital.
O problema é que seu ex-namorado Lobo, um sujeito barra pesada, ficou sabendo da história e resolveu se antecipar, pegando um moto-táxi. Logicamente, ele chegou antes, pois Chapéu teve de enfrentar um ônibus lotado e um trânsito infernal.
Ao chegar no hospital e se deparar com a velha, o lobo sacou seu trêsoitão e mandou chumbo na velha. Chapeuzinho havia acabado de chegar e assistiu aquela cena digna do Linha Direta. Tentou chamar a rádio patrulha, porém, a polícia estava em greve.
Então, num acesso de fúria, inspirada pelos filmes do Van Damme e Schwarzenegger, ela ataca o Lobo e o desarma.
No entanto, na luta, eles acabam se beijando apaixonadamente, pois se lembraram dos momentos maravilhosos que passaram juntos.
Depois, Chapéu se lembrou da vovó agonizante, mas para surpresa de todos, a velha sobreviveu graças a prótese de silicone, que alojou a bala. E então, todos viveram felizes até a conta do hospital chegar, já que a vovó não tinha plano de saúde.
Luis Felipe Silva
Élida Borges
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