sexta-feira, 16 de setembro de 2016

LÍNGUA PORTUGUESA
Última flor do Lácio, inculta e bela, 
És, a um tempo, esplendor e sepultura
 Ouro nativo, que na ganga impura 
A bruta mina entre os cascalhos vela…
 Amote assim, desconhecida e obscura, 
Tuba de alto clangor, lira singela,
 Que tens o trom e o silvo da procela
 E o arrolo da saudade e da ternura!
Am o teu viço agreste e o teu aroma 
De virgens selvas e de oceano largo! 
 Amo-te, ó rude e doloroso idioma, 
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!
E em que Camões chorou, no exílio amargo, 
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!”  
(Olavo Bilac, 1865 – 1918)

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