quarta-feira, 8 de abril de 2015





São rostos de todo tipo,
faces e olhares a alhures,
e restos de passados,
angústias de futuros,
e presentes aprisionados
num vagão lotado
e na tela cristalina
de um smartphone...
Não obstante, neste instante,
por entre meios fios
e rachaduras em concretos frios,
flores desabrocham,
relvas tingem o cinza,
e verdejam as plantas mais comuns,
enquanto as montanhas cochicham umas as outras
(por milênios a fio)
sobre os seres apressados
que elas viram nascer
e passar e morrer...
Cada pedra portuguesa desta calçada,
cada pequeno jardim,
cada loja de rua e padaria,
cada igreja e banca de jornal daqui
são para mim os símbolos e os emblemas
da minha breve história...
Lá do alto, porém,
de braços abertos,
e um olhar convidativo ao horizonte sem fim deste grande mar,
vela por nós o Cristo,
e nos redime de nossa brevidade,
e nos estende a mão –
um convite para a eternidade.

 

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