Textos dissertativos argumentativos
Os textos dissertativos argumentativos procuram emitir uma visão pessoal de questões relevantes nos mais diversos campos: economia, política, comportamento, cultura, psicologia, educação, saúde, ecologia etc. Pode-se dizer que esses textos querem convencer os leitores, muitas vezes contrapondo-se ao senso comum, isto é, àquilo que todo mundo repete sem necessariamente analisar.
O texto dissertativo deve ser bem estruturado e é por isso que se recomenda que a redação siga, em linhas gerais, o esquema abaixo, dividido em três partes.
- Introdução – 1º parágrafo: Apresentação do tema e da tese.
- Desenvolvimento( argumentação) – 2º ou 3º parágrafos centrais: comprovação da tese por meio de comentários e análises sustentados por dados estatísticos, exemplos, informações históricas, geográficas e científicas.
- Conclusão – último parágrafo: Finalização da discussão, de modo a sintetizar os aspectos discutidos e reafirmar a tese. Dependendo do tema, é possível que na conclusão se anunciem propostas de ação convenientes.
1) É aconselhável empregar a 1ª pessoa do singular?
Não. A dissertação procura convencer o leitor. Para isso, as opiniões só valem se forem comprovadas, de modo que pareçam “universalmente” válidas. Assim, não interessa tanto quem emite as opiniões, mas os argumentos que é capaz de apresentar. Daí ser preferível não utilizar o eu, mas uma linguagem mais impessoal.
2) Pode-se empregar a 1ª pessoa do plural?
Sim. O emprego de nós se justifica quando se refere a um conjunto adequado ao tema e suficientemente compreensível no contexto: nós pode se referir aos brasileiros, a toda a humanidade, aos jovens. Não cai bem usar o nós para se referir a um grupo muito restrito, específico, como “nós, que moramos na Zona Oeste da cidade”, a não ser que esse grupo seja central para o tema da dissertação.
3) A linguagem precisa ser formal?
4) Posso inventar dados e exemplos?
Não. Em hipótese nenhuma devem ser incluídos dados e exemplos que não correspondam à realidade. A dissertação, como qualquer outro texto opinativo argumentativo, não pode, sob pena de perder a credibilidade, falsificar informações para comprovar um ponto de vista.
5) É aceitável usar frases de terceiros?
Sim. A citação de filósofos, cientistas sociais, artistas, psicólogos, médicos é uma ótima estratégia de convencimento, desde que inclua no texto a voz de personalidades reconhecidamente autorizadas a opinar sobre o assunto. Mas não exagere: não faça de sua dissertação uma simples colagem de frases de outro, deixando de emitir sua opinião.
6) Posso propor perguntas no texto?
Sim. Fazer perguntas pode ser uma boa estratégia tanto na introdução quanto no desenvolvimento ou na conclusão. A resposta nem precisa vir imediatamente na sequência, mas o texto deve dar pistas para que o leitor consiga, ao final, chegar a uma resposta.
7) É aceitável empregar linguagem metafórica?
Sim. Desde que o leitor consiga entender as metáforas e outras figuras de linguagem empregadas na dissertação, é possível dar sabor à linguagem dissertativa por meio da conotação. A ironia é igualmente uma arma poderosa na crítica.
8) Pode-se defender mais de uma opinião simultaneamente?
9) É aconselhável analisar o tema sob mais de um ângulo?
Sim. É muito importante perceber que a maioria dos temas permite análises distintas, dependendo da perspectiva que se adote. É enriquecedor que a dissertação consiga — sem cair na contradição nem no simples impasse — revelar a perspectiva dos diferentes envolvidos (médicos/pacientes; governo/povo; jovens/pais; economistas/sindicalistas etc.) em relação ao tema discutido.
Izete Fragata Torralvo, Carlos Alberto Cortez Michillo . Linguagem em movimento .vol. 3. – 1. ed. – São Paulo: FTD, 2010, p. 55-56
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