quarta-feira, 13 de maio de 2015





O Gato e o Galo

                   Autor: Esopo

Um gato, ao capturar um galo, ficou imaginando como achar uma desculpa, qualquer que fosse, para justificar o seu desejo de devorá-lo.

 
Acusou ele então de causar aborrecimentos aos homens, já que cantava à noite e não deixava ninguém dormir.

O galo se defendeu dizendo que fazia isso em benefício dos homens, e assim eles podiam acordar cedo para não perder a hora do trabalho.

 
O gato respondeu; "Apesar de você ter uma boa desculpa eu não posso ficar sem jantar." E dito isso, comeu o galo.

 Moral da História:

Quem é mau caráter, sempre vai achar uma desculpa para tornar legítimas suas más ações.

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O velho e a mosca

Repousava à soalheira um Velho calvo, com a cabeça descoberta, e uma Mosca não fazia senão picar-lhe na calva. Acudia logo o Velho com a mão, e como ela fugisse mui depressa, dava em si mesmo grandes palmadas, de que a Mosca gostava e se ria. Disse o Velho:

 - Ride-vos, embora, de quantas vezes eu der em mim; que isso não me mata, mas se uma só vez vos acerta, ficareis morta, e pagareis o novo e o velho.

 Esopo

 

 
                                   O caracol e a roseira

 Em volta do jardim havia um bosque de avelãs e mais adiante se estendiam os campos e os prados, nos quais havia vacas e ovelhas; porém no meio do jardim havia uma roseira em plena floração. A seus pés estava um caracol, o qual valia muito, segundo a sua própria opinião.

 - Espere que chegue o meu tempo dizia - farei muito mais do que dar rosas, avelãs ou leite, como as vacas ou ovos como as galinhas.

- Espero muito de você - respondeu a Roseira - poderei saber quando veremos essas maravilhas que tanto anuncia?

- Levarei para isso o tempo que achar necessário - replicou o Caracol - você sempre tem tanta pressa em seu trabalho, que não chega a despertar a curiosidade de ninguém.

No ano seguinte, o Caracol estava quase no mesmo lugar de antes, isto é, ao Sol e ao pé da Roseira; esta estava cheia de botões, que começavam a abrir-se, mostrando umas rosas magníficas, sempre viçosas e novas. E o Caracol, mostrando meio corpo para fora da concha, esticou seus tentáculos e os encolheu novamente, para voltar a esconder-se.

 - Tudo tem o mesmo aspecto do ano passado. Não se vê o mínimo progresso em nenhum lugar. A Roseira está coberta de rosas... Mas nunca fará nada de novo.

 

Passou-se o verão e logo após o outono; A Roseira dera rosas lindas, até que começaram a cair os primeiros flocos de neve.

 

O tempo ficou úmido e tempestuoso e a Roseira se inclinou até o solo, enquanto o Caracol se escondia dentro da terra.

 

Começou novo ano e a Roseira reviveu. O Caracol também apareceu.

 
- Você já é uma roseira velha - disse o Caracol - de forma que logo secará. Você já deu ao mundo tudo o que havia dentro de si. E se isso valeu alguma coisa, é assunto que não tenho tempo de examinar; mas o certo é que você não fez nada para o seu aperfeiçoamento, senão teria produzido algo diferente. Pode negá-lo? E agora você se converterá numa vara seca e desnuda. Entende o que digo?

 - Está me alarmando - exclamou a Roseira - nunca pensei nisso. Jamais imaginei o que está dizendo.
 

- Não, você não se preocupou muito em pensar em algo. Porém, nunca pensou em averiguar a razão de sua floração, por que você produz flores? E por que motivo o fazia sempre de forma igual?

 - Não - replicou a Roseira - dei flores com a maior alegria, porque não podia fazer outra coisa. O Sol era tão quente e o ar tão bom!... Eu bebia o orvalho e a chuva; respirava... E vivia. Logo me chegava novo vigor da terra, assim como do céu. Experimentava um certo prazer, sempre novo e maior, e era obrigada a florescer. Tal era a minha vida, não poderia fazer outra coisa.

 - Você sempre levou uma vida muito cômoda - observou o Caracol.

 - Na realidade, sinto-me muito favorecida - disse a Roseira - e, de agora em diante, não vou possuir tantos bens. Você possui uma dessas mentes inquiridoras e profundas e de tal maneira é bem dotado, que não duvido de que assombrará o mundo sem demora.

 - Não tenho tal propósito - replicou o Caracol - o mundo não é nada para mim. Que tenho a ver com ele? Já tenho muito o que fazer comigo mesmo.

 - Em todo caso, não temos o dever, na terra, de fazer o que pudermos pelo bem dos demais e de contribuir para o bem comum com todas as nossas forças? Que foi que você já deu ao mundo?

 - Que foi que eu dei? Que lhe darei? Pouco me importa o mundo. Produza as suas rosas, porque sabe que não pode fazer outra coisa; que as avelãs dêem avelãs e as vacas leite. Cada um de vocês possui um público especial; eu tenho o meu, dentro de mim mesmo. Vou entrar dentro de mim e permanecer aqui. O mundo para mim não é nada e não me oferece o mínimo interesse.

 
E assim o Caracol entrou em sua casa e se fechou.

 
- Que lástima! - exclamou a Roseira - não posso colocar-me num lugar abrigado, por mais que o deseje. Sempre tenho que dar rosas e mudas de roseira. As folhas caem ou são arrastadas pelo vento e o mesmo acontece com as pétalas das flores.

 Em todo o caso, eu vi uma das rosas entre as páginas do livro de orações da dona da casa; outra de minhas rosas foi colocada no peito de uma jovenzinha muito formosa, e outra, enfim, recebeu um beijo dos lábios suaves de um menino, que se entusiasmou ao vê-la. Tudo isso me encheu de felicidade e será uma das recordações mais gratas de toda a minha vida.

 E a Roseira continuou florescendo com a maior inocência, enquanto que o Caracol continuava retirado dentro da sua viscosa casa. Para ele o mundo não valia nada.

 Passaram-se os anos. O Caracol voltou para a terra e a Roseira também; do mesmo modo a rosa seca no livro de orações já desaparecera, mas no jardim floresciam novas rosas e também havia novos caracóis; e se escondiam dentro de suas casas, sem se incomodarem com os outros porque para eles o mundo não representava nada. Teremos que contar também a história deles. Não, porque, no fundo, não se diferenciariam nada daquilo que já contamos.

 Hans Christian Andersen

 

 

                     A cegonha e a raposa
 

Sendo amigas a Cegonha com a Raposa, a Raposa a convidou um dia a jantar.

Chegado o tempo, preparou a Raposa ardilosa uma comida líquida, manjar como papas e a estendeu por uma lousa, e importunava a Cegonha a que comesse.


Mas como ela picava na lousa, quebrava o bico, e nada tomava nele, com que se foi faminta para o ninho.

 Mas por se vingar, convidou a Raposa outra vez e lançou o manjar em uma almotolia, donde comia com o bico, e pescoço comprido.

 E a Raposa não podendo meter o focinho, se tornou para sua casa, corrida e morta de fome.

 Esopo

 

 A lagarta

 Imóvel sobre uma folha, a lagarta olhou em torno e viu todos os insetos em contínua movimentação. Alguns cantando, outros saltando, outros ainda correndo e voando. Pobre criatura, era a única que não tinha voz e que não sabia nem correr nem voar.

Com grande esforço começou a mover-se, mas tão lentamente que quando passou de um folha para outra sentiu-se como se tivesse dado a volta ao mundo.

No entanto não tinha inveja de ninguém. Sabia que era uma lagarta e que as lagartas precisam aprender a tecer finos fios, com grande habilidade, até construírem uma casinha para si mesmas. E então pôs-se a trabalhar.

Dentro em breve a lagarta estava envolvida num macio casulo de seda, separada de todo o resto do mundo.
 

- E agora? - pensou ela.
 

- Agora espere - respondeu uma voz - tenha um pouco de paciência e você verá.

Quando chegou o momento a lagarta acordou, e não era mais uma lagarta.

Saiu do casulo com duas lindas asas brilhantes e coloridas, e imediatamente voou bem alto no céu.

 
Leonardo da Vinci

 

 
 
O rabo do macaco

 
Era um macaco que resolveu sair pelo mundo a fazer negócios. Pensou, pensou e foi colocar-se numa estrada, por onde vinha vindo, lá longe, um carro de boi. Atravessou a cauda na estrada e ficou esperando.
 

Quando o carro chegou e o carreiro viu aquele rabo atravessado, deteve-se e disse:

 
- Macaco, tire o rabo da estrada, senão passo por cima!

 
- Não tiro! - respondeu o macaco - e o carreiro passou e a roda cortou o rabo do macaco.

 
O bichinho fez um barulho medonho.

 
- Eu quero o meu rabo, eu quero o meu rabo ou então uma faca!

Tanto atormentou o carreiro que este sacou da cintura a faca e disse:

 
- Tome lá, seu macaco dos quintos, mas pare com esse berreiro, que está me deixando zonzo.
 
O macaco lá se foi, muito contente da vida, com a sua faca de ponta na mão.
 

- Perdi meu rabo, ganhei uma faca! Tinglin, tinglin, vou agora para Angola!

 Seguiu caminho.


Logo adiante deu com um tio velho que estava fazendo balaios e cortava o cipó com os dentes.

 - Olá amigo! - berrou o macaco - estou com dó de você, palavra! Tome esta faca de ponta.

 O negro pegou a faca mas quando foi cortar o primeiro cipó a faca se partiu pelo meio.


O macaco botou a boca no mundo - eu quero, eu quero minha faca ou então um balaio!

 O nefro, tonto com aquela gritaria, acabou dando um balaio velho para aquela peste de macaco que, muito contente da vida, lá se foi cantarolando:

- Perdi meu rabo, ganhei uma faca; perdi minha faca, pilhei um balaio! Tinglin, tinglin, vou agora para Angola!

 Seguiu caminho.

 Mais adiante encontrou uma mulher tirando pães do forno, que recolhia na saia.

 - Ora, minha sinhá - disse o macaco, onde já se viu recolher pão no colo? Ponha-os neste balaio.


A mulher aceitou o balaio, mas quando começou a botar os pães dentro, o balaio furou.

 O macaco pôs a boca no mundo.
 

- Eu quero, eu quero o meu balaio ou então me dê um pão.
 

Tanto gritou que a mulher, atordoada, deu-lhe um pão. E o macaco saiu a pular, cantarolando:

 - Perdi meu rabo, ganhei uma faca; perdi minha faca, pilhei um balaio; perdi meu balaio, ganhei um pão. Tinglin, tinglin, vou agora para Angola!

 E lá se foi muito contente da vida, comendo o pão.

 
 

José Bento Monteiro Lobato

 
A aranha e as uvas

 Uma aranha observou durante dias a fio os movimentos dos insetos, e notou que as moscas ficavam em torno de um grande cacho de uvas muito doces.

 - Já sei o que fazer - disse ela para si mesma.

 
Subiu para o alto da parreira e, por meio de um tênue fio, desceu até o cacho de uvas, onde instalou-se num pequenino espaço entre duas frutas. De dentro do esconderijo começou a atacar as pobres moscas que vinham em busca de alimento. Matou muitas delas, pois nenhuma suspeitava que houvesse ali uma aranha.

 Porém em breve chegou a época da colheita. O fazendeiro foi para o campo, colheu o cacho de uvas e atirou-o para dentro de uma cesta, na qual se viu espremido junto com os outros cachos.

 As uvas foram a armadilha fatal para a aranha impostora, que morreu exatamente como as moscas que enganara.

 

Leonardo da Vinci

 

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A castanheira II

 

Em um jardim cercado por um alto muro, diversas árvores frutíferas moravam juntas. Durante a primavera todas ficavam cobertas de flores e no verão ficavam carregadas de frutos. Havia também uma castanheira.

 

- Porque hei de ficar escondida neste jardim? - pensou, certo dia, a castanheira - vou espichar meus galhos até à estrada para que todos possam ver como meus frutos são bons.

 

E assim, pouco a pouco, foi espichando seus mais lindos galhos por cima do muro para que todos pudessem vê-los.

 

Porém quando os ramos ficaram cobertos de castanhas, os passantes começaram a apanhá-las, e quanto não conseguiam alcançar os galhos, puxavam-nos para baixo com varetas, e, se não tivessem varetas, atiravam pedras.

 

Em pouco tempo a castanheira, maltratada e apedrejada, perdeu tanto os frutos quanto a folhagem, e seus pobres galhos quebrados ficaram pendurados para fora do muro.

 

                Leonardo da Vinci

 

 

O cisne confundido com o ganso

 
Um homem muito rico alimentava um ganso e um cisne juntos, ainda que com diferentes finalidades: um era para o canto e outro para a mesa.

 
Quando chegou a hora para a qual era alimentado o ganso, era de noite e a escuridão não permitia distinguir entre as duas aves.

 Capturado o cisne em lugar do ganso, entoou seu belo canto prelúdio de morte. Ao ouvir sua voz, o amo o reconheceu e seu canto o salvou da morte.

Moral da Estória:

 Antes de tomar uma ação sobre outro, seja para beneficiar ou prejudicar, primeiro devemos nos assegurar de sua verdadeira identidade.

 

Esopo

 

 
A raposa e as uvas
 

Uma raposa morta de fome, viu alguns cachos de uvas negras maduras penduradas nas grades de uma viçosa videira.

 

Ela então usou de todos os seus dotes e artifícios para alcançá-las, mas acabou se cansando em vão, sem conseguir.

 

Por fim deu meia volta e foi embora, consolando a si mesmo desapontada e dizendo:

 

- As uvas estão estragadas, e não maduras como eu pensei. Esopo

 
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A  Águia e a Gralha       

 

Uma grande Águia, saindo do seu ninho no alto de um penhasco, num fulminante voo rasante e certeiro, capturou uma ovelha e a levou presa às suas fortes e afiadas garras.

 Uma Gralha, que a tudo testemunhara, tomada de inveja, decidiu que poderia fazer a mesma coisa.

 Assim, ela voou para o alto e tomou impulso. Então, com grande velocidade, atirou-se sobre uma Ovelha com a intenção de também carregá-la presa às suas garras, como antes fizera sua concorrente.

 Ocorre que suas garras, pequenas e fracas, acabaram por ficar embaraçadas no espesso manto de lã do animal, e isso a impediu inclusive de soltar-se, e embora o tentasse com todas as suas forças, foi em vão todo seu esforço.

 O Pastor das ovelhas, vendo o que estava acontecendo, capturou-a. Feito isso, cortou suas penas, de modo que não pudesse mais voar.

 À noite a levou para casa e entregou como brinquedo para seus filhos.

 "Que pássaro engraçado é esse?", perguntou um deles.

 "Ele é uma Gralha meus filhos. Mas se você lhe perguntar, ele dirá que é uma Águia."

 
Moral da História:

 Não devemos permitir que a ambição nos conduza para além dos nossos limites.

 

Moral Alternativa:

 É sinal de imprudência dar um passo maior que as pernas.

 

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O Vento e o Sol

 (Esopo)

 
O vento e o sol estavam disputando qual dos dois era o mais forte.

 De repente, viram um viajante que vinha caminhando.

- Sei como decidir nosso caso. Aquele que conseguir fazer o viajante tirar o casaco, será o mais forte. Você começa!- propôs o sol, retirando-se para trás de uma nuvem.

 O vento começou a soprar com toda a força. Quanto mais soprava, mais o homem ajustava o casaco ao corpo. Desesperado, então o vento retirou-se.

 O sol saiu de seu esconderijo e brilhou com todo o esplendor sobre o homem, que logo sentiu calor e despiu o paletó.

 

Moral:O amor constrói, a violência arruína.

 

 

A Rã e o Touro

 

          ( Narrador )

  

Uma tarde, andava um grande Touro passeando ao longo da água, e vendo-o a Rã tão grande, tocada de inveja, começou a comer, e a inchar-se com vento, e perguntava às outras rãs se era já tão grande como parecia? Responderam elas: Não!!! Pensa a Rã segunda vez, e põe mais força por inchar; e aborrecida por faltar muito para se igualar o Touro inchou de novo, mas tão rijamente, que veio a rebentar com cobiça de ser grande.

 

 

Moral da história: Não cobiçar as coisas alheias!

 

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Biografia dos Fabulistas

 

*Esopo

 

*Hans Christian Andersen

 

*Jean de La Fontaine

 

*José Bento Monteiro Lobato

 

*Leonardo da Vinci

 
 Fonte: http://universodasfabulas.blogspot.com.br/2012/02/o-cisne-confundido-com-o-ganso.html

 

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