O tempo e seus múltiplos significados
Há meses, uma palavra ronda minha mente, Lola: TEMPO!
Sim, esse pequeno termo do nosso vocabulário – Tempo – e com significados múltiplos, simples e também complexos. O Tempo pode ser visto, sentido e analisado de tantas formas que acredito ter sido essa pluralidade que me fez demorar em escrever esse texto.
Comecemos pelo Tempo da História – bem, Lola, o tempo da História também é tão diverso e escorregadio quanto qualquer outra significação que se tente dar a essa palavrinha de duas sílabas! Dentro dos teóricos da minha ciência, tem um Mancebo que muito me agrada quando se propõe a analisar esse aspecto histórico. Fernand Braudel vai dizer que na história existem o Tempo de Curta Duração e o Tempo de Longa Duração. Calma, Lola, eu vou explicar! Na curta duração é como se a temporalidade se restringisse ao momento do acontecimento, do fato histórico! Como a bomba atômica que se lançou sobre Nagazaki, você vê todos os anos, ou a cada década, o mesmo acontecer por lá, Lola?!? Não, né, amiga? Então, deu pra entender? Sim? Que bom! Agora, a Longa Duração, bem essa é uma criatura tinhosa, Lola! Na Longa Duração, os acontecimentos acontecem durante séculos, o que muda é sua conjuntura e objetivos, mas as características são similares! Como, por exemplo, Lola, as esperanças messiânicas que a humanidade sempre direcionou para o provir de um mundo melhor!
Esse é apenas um pequeno exemplo de como o Tempo pode ser tratado pela História. Mas, deixemos o científico de lado, afinal, aqui não é sala de aula, né, Lola?!? Sim, sim, aqui é um espaço para as discussões cotidianas, então, levemos o Tempo para o dia a dia!
Falar do Tempo do calendário é algo angustiante, já perceberam? Por exemplo, quando comecei a escrever esse texto, olhei para a data e de repente percebi que sábado fará cinco meses que me joguei nessa aventura no além-mar! Cinco meses em que não convivo com meus mais amados e antigos amigos! Cinco meses que não abraço meus pais, minhas irmãs, minha avó! Cinco meses em que não vou dançar no Burburinho, bar alternativo do Recife, onde se toca a melhor playlist de Rock e Blues do mundo (na minha visão de pernambucana megalomaníaca)! Cinco meses que não ando pelas ruas pelas quais cresci! Cinco meses que não sinto o cheiro do meu sertão! Putz! Acabo de me lembrar! Mês que vem é carnaval! Primeiro carnaval longe da folia de Momo (isso corta o coração de uma carnavalesca nata como eu!)! Lola, pensar no tempo do calendário é fatal para quem tem tanto por fazer, para quem escolheu ir a um mundo além daquele mundinho cotidiano e confortável! Porque, Lola? Simples, minha amiga! É fatal porque nos mostra o que estamos perdendo, o quanto, possivelmente, estamos perdendo de nós mesmos, afinal, ninguém, depois de uma jornada, voltará a ser o mesmo! É impossível continuar com as mesmas visões de mundo, com as mesmas características! Quando nos damos pelo tempo do calendário, quando percebemos quantas folhinhas já foram arrancadas, percebemos também quantas camadas antigas foram retiradas e quantas novas foram criadas! É alucinante perceber que o Tempo pode nos fazer mergulhar em indagações existenciais e nos leva a perguntar: e agora, para onde?!?
Mas, Lola, há também o Tempo lento, esse é o tempo que dedicamos às coisas que mais nos agradam! Você, Lola, por acaso, conta o tempo que você perde tomando um café e olhando o pôr-do-sol? Ninguém nunca contabiliza esse Tempo, Lola! Nem o mais neurótico entre nós o faz! Porque esse é o tempo de nossas pequenas felicidades! Sim, conheço o ditado que diz se você não é feliz com você mesmo, não vai ser feliz nem assim nem assado… blá…blá…blá…. Acredito, minha querida, que todos nós somos felizes (à nossa maneira: alguns são mais sérios, outros são Budas felizes, escolhe tua praia!), mas também acredito que somos presenteados com pequenas réstias de felicidade! O tempo que passamos olhando o voo de um pássaro e nos encantamos com seu balé aéreo sempre nos coloca um sorriso no rosto, já percebeu?!? Quando olhamos o fim de tarde, a lua cheia no céu, as estrelas, estamos enlevados em uma contemplação feliz do infinito tão maior que nós, e isso também é um retalho de felicidade que o Tempo nos presenteia! Até mesmo num dia cinza, frio e com chuva, a pequena felicidade chega e nos faz respirar e sentir o cheiro da terra molhada, observar as gotas d’água nas folhas e ver como, aos poucos, a natureza renasce! O Tempo lento nos dá a possibilidade de apreciarmos pacientemente as pequenas felicidades que nos são oferecidas todos os dias, todos os meses, todos os anos!
Ainda há o Tempo que junta o amor e a felicidade! Não sabia, Lola?!? Pois bem! Esse é o Tempo que dedicamos a algo além de nós mesmos! É quando você está atolada de trabalho e de repente sua melhor amiga te liga e você larga tudo e dá aquele Tempo (que era e não era seu), para ir em seu socorro, ouvir seus grilos e enxugar seu choro! Nesse tipo de Tempo, a palavra é doação! Já pensou? Lembra quando saíamos do supermercado e nos deparamos com uma senhorinha carregando pacotes pesados e levando chuva? Nós oferecemos nossa sombrinha para abrigá-la dos pingos, pegamos suas sacolas e a levamos até seu destino, e ali, bem naquele momento, ela sorriu e percebeu que o mundo pode ser mais colorido e menos individualista, pelo fato simples de termos dedicado a ela uma pequena fração de nosso Tempo! Esses momentos em que paramos tudo e vamos ver os amigos? Sair para a balada, tomar café, sentar numa praça e falar do sexo dos anjos, ouvir sobre novas paixões, novos planos, antigas rixas, ah Lola, como é belo esse Tempo! Existe maior prova de amor, respeito e felicidade, do que suspendermos nossas vidas por algumas horas e dedicarmos aquele Tempo aos amigos?!? Essa é uma das provas cabais e incontestes de que nos importamos! É muito mais profundo do que a parábola do Príncipe e da Raposa que todos os dias, às 16h, se encontravam e se cativavam! É como dizer, através do silêncio, “Ei! Estou aqui pro que der e vier!” Sempre juntos e misturados, numa cacofonia de visões de mundo, linhas de pensamento e por aí vai! É mais profundo que sexo dedicar nosso tempo ao outro, seja quem for esse outro! É um mergulho nas amplidões humanas, um doar sem pedir nada, ou melhor, talvez, pedindo apenas um pouco do tempo daquele outro para si, e assim, juntos, por pequenos momentos, construir retalhos de felicidade!
Lola, num mundo onde o tempo do relógio nos rege, onde corremos tanto que mal vemos o caminho, perceber que podemos desacelerar um pouco e aproveitar o Tempo conosco e com os outros é uma das dádivas que o universo nos concede! Então, Lola, aproveita teus Tempos e se entrega à jornada!!
Sim, esse pequeno termo do nosso vocabulário – Tempo – e com significados múltiplos, simples e também complexos. O Tempo pode ser visto, sentido e analisado de tantas formas que acredito ter sido essa pluralidade que me fez demorar em escrever esse texto.
Comecemos pelo Tempo da História – bem, Lola, o tempo da História também é tão diverso e escorregadio quanto qualquer outra significação que se tente dar a essa palavrinha de duas sílabas! Dentro dos teóricos da minha ciência, tem um Mancebo que muito me agrada quando se propõe a analisar esse aspecto histórico. Fernand Braudel vai dizer que na história existem o Tempo de Curta Duração e o Tempo de Longa Duração. Calma, Lola, eu vou explicar! Na curta duração é como se a temporalidade se restringisse ao momento do acontecimento, do fato histórico! Como a bomba atômica que se lançou sobre Nagazaki, você vê todos os anos, ou a cada década, o mesmo acontecer por lá, Lola?!? Não, né, amiga? Então, deu pra entender? Sim? Que bom! Agora, a Longa Duração, bem essa é uma criatura tinhosa, Lola! Na Longa Duração, os acontecimentos acontecem durante séculos, o que muda é sua conjuntura e objetivos, mas as características são similares! Como, por exemplo, Lola, as esperanças messiânicas que a humanidade sempre direcionou para o provir de um mundo melhor!
Esse é apenas um pequeno exemplo de como o Tempo pode ser tratado pela História. Mas, deixemos o científico de lado, afinal, aqui não é sala de aula, né, Lola?!? Sim, sim, aqui é um espaço para as discussões cotidianas, então, levemos o Tempo para o dia a dia!
Falar do Tempo do calendário é algo angustiante, já perceberam? Por exemplo, quando comecei a escrever esse texto, olhei para a data e de repente percebi que sábado fará cinco meses que me joguei nessa aventura no além-mar! Cinco meses em que não convivo com meus mais amados e antigos amigos! Cinco meses que não abraço meus pais, minhas irmãs, minha avó! Cinco meses em que não vou dançar no Burburinho, bar alternativo do Recife, onde se toca a melhor playlist de Rock e Blues do mundo (na minha visão de pernambucana megalomaníaca)! Cinco meses que não ando pelas ruas pelas quais cresci! Cinco meses que não sinto o cheiro do meu sertão! Putz! Acabo de me lembrar! Mês que vem é carnaval! Primeiro carnaval longe da folia de Momo (isso corta o coração de uma carnavalesca nata como eu!)! Lola, pensar no tempo do calendário é fatal para quem tem tanto por fazer, para quem escolheu ir a um mundo além daquele mundinho cotidiano e confortável! Porque, Lola? Simples, minha amiga! É fatal porque nos mostra o que estamos perdendo, o quanto, possivelmente, estamos perdendo de nós mesmos, afinal, ninguém, depois de uma jornada, voltará a ser o mesmo! É impossível continuar com as mesmas visões de mundo, com as mesmas características! Quando nos damos pelo tempo do calendário, quando percebemos quantas folhinhas já foram arrancadas, percebemos também quantas camadas antigas foram retiradas e quantas novas foram criadas! É alucinante perceber que o Tempo pode nos fazer mergulhar em indagações existenciais e nos leva a perguntar: e agora, para onde?!?
Mas, Lola, há também o Tempo lento, esse é o tempo que dedicamos às coisas que mais nos agradam! Você, Lola, por acaso, conta o tempo que você perde tomando um café e olhando o pôr-do-sol? Ninguém nunca contabiliza esse Tempo, Lola! Nem o mais neurótico entre nós o faz! Porque esse é o tempo de nossas pequenas felicidades! Sim, conheço o ditado que diz se você não é feliz com você mesmo, não vai ser feliz nem assim nem assado… blá…blá…blá…. Acredito, minha querida, que todos nós somos felizes (à nossa maneira: alguns são mais sérios, outros são Budas felizes, escolhe tua praia!), mas também acredito que somos presenteados com pequenas réstias de felicidade! O tempo que passamos olhando o voo de um pássaro e nos encantamos com seu balé aéreo sempre nos coloca um sorriso no rosto, já percebeu?!? Quando olhamos o fim de tarde, a lua cheia no céu, as estrelas, estamos enlevados em uma contemplação feliz do infinito tão maior que nós, e isso também é um retalho de felicidade que o Tempo nos presenteia! Até mesmo num dia cinza, frio e com chuva, a pequena felicidade chega e nos faz respirar e sentir o cheiro da terra molhada, observar as gotas d’água nas folhas e ver como, aos poucos, a natureza renasce! O Tempo lento nos dá a possibilidade de apreciarmos pacientemente as pequenas felicidades que nos são oferecidas todos os dias, todos os meses, todos os anos!
Ainda há o Tempo que junta o amor e a felicidade! Não sabia, Lola?!? Pois bem! Esse é o Tempo que dedicamos a algo além de nós mesmos! É quando você está atolada de trabalho e de repente sua melhor amiga te liga e você larga tudo e dá aquele Tempo (que era e não era seu), para ir em seu socorro, ouvir seus grilos e enxugar seu choro! Nesse tipo de Tempo, a palavra é doação! Já pensou? Lembra quando saíamos do supermercado e nos deparamos com uma senhorinha carregando pacotes pesados e levando chuva? Nós oferecemos nossa sombrinha para abrigá-la dos pingos, pegamos suas sacolas e a levamos até seu destino, e ali, bem naquele momento, ela sorriu e percebeu que o mundo pode ser mais colorido e menos individualista, pelo fato simples de termos dedicado a ela uma pequena fração de nosso Tempo! Esses momentos em que paramos tudo e vamos ver os amigos? Sair para a balada, tomar café, sentar numa praça e falar do sexo dos anjos, ouvir sobre novas paixões, novos planos, antigas rixas, ah Lola, como é belo esse Tempo! Existe maior prova de amor, respeito e felicidade, do que suspendermos nossas vidas por algumas horas e dedicarmos aquele Tempo aos amigos?!? Essa é uma das provas cabais e incontestes de que nos importamos! É muito mais profundo do que a parábola do Príncipe e da Raposa que todos os dias, às 16h, se encontravam e se cativavam! É como dizer, através do silêncio, “Ei! Estou aqui pro que der e vier!” Sempre juntos e misturados, numa cacofonia de visões de mundo, linhas de pensamento e por aí vai! É mais profundo que sexo dedicar nosso tempo ao outro, seja quem for esse outro! É um mergulho nas amplidões humanas, um doar sem pedir nada, ou melhor, talvez, pedindo apenas um pouco do tempo daquele outro para si, e assim, juntos, por pequenos momentos, construir retalhos de felicidade!
Lola, num mundo onde o tempo do relógio nos rege, onde corremos tanto que mal vemos o caminho, perceber que podemos desacelerar um pouco e aproveitar o Tempo conosco e com os outros é uma das dádivas que o universo nos concede! Então, Lola, aproveita teus Tempos e se entrega à jornada!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário