segunda-feira, 7 de julho de 2014




 Escola é boa, o que atrapalha são as aulas...
O condomínio é bom, o que atrapalha são as regras...

Por que a escola é boa? Porque tem um monte de jovens. É a oportunidade de verem outros jovens e também por estes serem vis-. r   A escola ainda não encontrou um excelente caminho para resolver este delicado relacionamento entre professores (adultos) e alunos (adolescentes). A convivência obrigatória através de aulas torna pesada a ida dos alunos à escola.
É também nos condomínios, verticais ou horizontais, que os jovens se reúnem para o "prazer do nada fazer junto com amigos"... até que sejam interrompidos por algum condômino, síndico ou zelador, para que a ordem e a paz sejam restabelecidas...
Para o jovem, mais do que vontade, é quase uma necessidade relacionar-se com outros jovens. Isto porque a adolescência é um segundo parto, um nascer da família para ganhar as ruas, para caminhar com as próprias pernas e escolher a dedo com quem vai se aventurar pela vida afora. Ou seja, o adolescente precisa de outros adolescentes para o seu desenvolvimento social.
É quando ele vai encontrar o melhor amigo, a paquera, a namorada, a sua turma, o seu território... É quando os amigos falam mais alto que os próprios pais, quando com a turma faz "coisas" que sozinho, ou na presença dos pais, não faria. É quando vai pôr em prática a luta para conquistar um lugar de destaque depois de sentir-se enturmado, através do competição, da demonstração de habilidades, do paixão (nem sempre confessada) pela garota (ou garoto) "inatingível", do ódio aos estudos, de fazer o que tem vontade. Defende com unhas e dentes seu território geográfico e afetivo contra intrusos ao mesmo tempo que quer invadir outras áreas.
Mais do que a escola ou um shopping, o condomínio oferece as condições ideais para a formação das turmas de adolescentes. Os pais pertencem à mesma faixa sócio-econômica, mesmo que sejam de origens, credos e raças diferentes, e aspiram aos seus filhos estilos de vida muito próximos. Eles acreditam que seus filhos estão seguros dentro dos condomínios, que podem visitar uns aos outros, que podem receber amigos "de fora" enquanto eles, tanto pai quanto mãe, trabalham.
Nos condomínios mais preparados há praças e clubes onde os adolescentes podem se encontrar em público e aprontar escondido, como, por exemplo, fumar maconha na casa das máquinas, nos cantos dos garagens e até mesmo em locais mais retirados, pouco usados, escuros, onde normalmente adultos não transitam.
Faço menção à maconha porque atendi muitos adolescentes envolvidos com drogas e deles tenho ouvido o quanto é fácil fumá-la, principalmente em condomínios. Numa linguagem entre usuários, "ligalaise" é aquele lugar onde eles podem fumar a maconha sem serem perturbados. No maior parte das vezes ocorre quando os pais estão fora durante a tarde e o filho usuário chama seus amigos para fumarem juntos, dar um "pega" quando algum deles ,"apresenta" um baseado.
0 único cuidado que eles têm que tomar é não deixar vestígios ou "palas" (janelas escancaradas, mesmo no maior frio, incenso, bom ar, apetrechos canábicos, sementinhas e gravetinhos pelos cantinhos do quarto) para que os pais nada percebam quando voltarem ao doce lar. Nem é preciso falar que há pais que toleram a presença de maconha e outros poucos que, apesar de não aprovarem seu uso, permitem que fumem em casa, usando os mais variados argumentos. Para não insistir neste tema, aos interessados sugiro que leiam especialmente o capítulo Condomínio: paraíso dos drogas, do meu livro 'Anjos Caídos - Como prevenir e eliminar as drogas no vida do adolescente".
Dr. Içami Tiba





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