Crônicas
“Profissões só pra homem”, por Jaguar
Rio - Não faz muito tempo comentei numa crônica, numa entrevista ou numa mesa de bar (hipótese mais provável) que só restavam duas profissões exclusivas para homem: estivador e cartunista. Todas as outras já estavam ocupadas, com mais zelo e competência, pelas mulheres. Exemplo mais expressivo: as presidentas do Brasil e da Alemanha. E quem me garante que a suprema autoridade da China não é uma mulher travestida de homem? Já o Obama, desconfio que não passa de um pau mandado da Michelle, aquele mulherão. Mas voltando a estivador e cartunista. Outro dia comprei uma revista com fotos de mulheres mais musculosas que qualquer halterofilista. A única profissão que sobrava para o (ex) sexo forte era a de cartunista. Um cartum do Siné é um soco na cara gráfico.
E não me falem da Maitena, sucesso na Argentina e adjacências. Comparada a esses monstros, é uma sangria ao lado de um vinho rascante. Até que Laerte, 59, passou a partir de 2009 a usar roupas femininas e comunicou aos amigos e clientes que atende pelo nome de Sônia ou coisa parecida. E isso com o apoio dos filhos e da namorada. Minha tese foi para as cucuias; a senhora em questão produz cartuns geniais. Para mim foi a coisa mais original deste século e até do anterior. Não se trata de um travesti “normal”. Fui o primeiro, com a turma do Pasquim, a entrevistar a Rogéria e saiu na capa do jornal como Mona Lisa. Sônia não tem nada a ver com Rogéria ou Aloma, mais bonitas que a maioria das mulheres.
Ela poderia ser uma das senhoras que encontro do elevador do prédio, carregando sacolas do supermercado. E isso não veio de repente. Lembro que há anos, num festival de humor aqui no Rio, depois de muitas rodadas de “chopes e pastel”, alguém sugeriu que cada um contasse sua mais esquisita experiência. Por sorteio, o primeiro a falar foi o Laerte. “Um amigo de infância foi me visitar. Bebemos um bocado”. “E aí?”, perguntei. “Dormi com ele”. “Não sou homem nem mulher”, declarou numa entrevista. Concordo. Sônia (ou Laerte) é algo fora do comum.
Fonte: JAGUAR. Jornal O dia. In: http://odia.ig.com.br/portal/opiniao/jaguar-profiss%C3%B5es-s%C3%B3-pra-homem-1.420558. Veiculado em 16 de março de 2012.
Atividade de Leitura
1. Na sua opinião, a crônica “Profissões só para homem”, de Jaguar, possui características estruturais e temáticas que se aproximam mais de uma crônica literária ou de uma crônica jornalística? Explique sua resposta.
Atividade de Língua
2. Procure captar o sentido de cada uma das expressões destacadas abaixo, empregadas no sentido conotativo, e reescreva-as passando para o sentido denotativo.
Habilidade trabalhada: Identificar o sentido denotativo e conotativo da linguagem.
a) “Obama... é um pau mandado de Michelle”.
b) “Michelle, aquele mulherão”.
c) “Um cartum de Sine é um soco na cara gráfico”.
d) “Minha tese foi para as cucuias”.
Atividade de Língua
3. Quando escrevemos um texto, podemos direcionar o nosso dicurso para qualquer um dos elementos da comunicação para a transmissão de uma mensagem. Dependendo do elemento focalizado, percebemos o predomínio de uma função da linguagem diferente.
Com base nessas informações, observe o verso seguinte:
“Já o Obama, desconfio que não passa de um pau mandado da Michelle, aquele mulherão”.
E responda:
a) Qual função da linguagem predomina nesta frase?
b) Quais são as características dessa função?
Atividade de Produção textual
4. A crônica é um gênero textual desenvolvido, geralmente, a partir de acontecimentos da atualidade, contudo, sempre permeado pelo ponto de vista de seu autor. Este gênero possui uma classificação própria de acordo com o assunto ou com a sua estrutura.
A partir desse conceito e das características principais desse gênero textual, escreva uma crônica aproveitando um fato ocorrido recentemente no seu colégio ou no noticiário recente.
Habilidade trabalhada: Produzir uma crônica a partir de notícia de jornal, editando-a, sob a orientação do professor, para publicação em jornal mural ou blog informativo produzido pela turma.
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