Você sabia?
A Bandeira do Brasil possui algumas estrelas e constelações bastante conhecidas, e nela está contido o mapa astral do nascimento da República. Ou seja, os astros que estavam no céu sobre a capital Rio de Janeiro, no dia e na hora do nascimento da República Federativa do Brasil.
Às 8 horas e trinta minutos da manhã de 15 de novembro de 1889, quando o alagoano Deodoro da Fonseca proclamou o fim da monarquia e início do regime republicano, o Sol ganhava altura no oriente na constelação da Balança e o ascendente daquele momento era a constelação do Sagitário.
Na imagem acima, retiramos o efeito de espalhamento da luz solar na atmosfera, tornando possível ver as estrelas que estavam acima do horizonte (linha verde) no momento da Proclamação da República na cidade do Rio de Janeiro, então Capital do Brasil. Perceba a constelação do Cruzeiro do Sul no alto da imagem, momento em que alcança o meridiano do observador, sua maior altitude no céu em relação ao horizonte.
Conheça as estrelas da Bandeira, seus nomes e os estados que representam:
Perceba que a Bahia possui um lugar de destaque, sendo representada pela estrela Rubídea, a Gama Crux (Gacrux), que é a estrela da cumeeira da cruz no desenho do Cruzeiro.
O Distrito Federal é representado pela estrela de menor magnitude entre as estrelas da Bandeira, a Polaris Australis, estrela Sigma do Oitante, que apesar de ser pouco expressiva está situada no Polo Sul celeste (projeção do Polo Sul terrestre na esfera celeste) e, portanto, parece não mover-se ao longo da noite, como as outras estrelas, que aparentemente giram em torno dela.
Quem deu a ideia pro Décio?
Há uma peculiaridade marcante em relação à esfera celeste representada na Bandeira do Brasil: as estrelas estão dispostas como se fossem observadas do céu para a Terra, e não da Terra para o céu, como de fato observamos. Isso faz com que as constelações apareçam com seu aspecto invertido.
Pouca gente nota isso, até porque as constelações não estão rigorosamente caracterizadas. Mas quem conhece a constelação do Cruzeiro (Crux, em latim), logo a identifica e nota que na bandeira a estrela Mimosa e a estrela Intrometida aparecem nos braços inversos da cruz.
Ao reparar isso pela primeira vez, a gente pode pensar que a bandeira foi confecionada de modo errado, mas a culpa não é da costureira que bordou as estrelas. É do Décio, o Décio Villares, artista que fez o desenho da esfera tendo por base uma esfera celeste, instrumento de astronomia que representa as estrelas com a Terra ao centro. Ou seja, o aspecto das estrelas aparece invertido em relação a quem observa da Terra para o céu.
Talvez o Décio quisesse simbolizar a “visão dos anjos” sobre o nascimento da República, mas já houve quem sugerisse mudar as estrelas para o modo como realmente as observamos, a exemplo de bandeiras como a da Austrália ou da Nova Zelândia, onde o Cruzeiro do Sul também está representado. Embora seja poética essa “visão dos anjos”, para quem conhece bem o desenho das constelações é como ver uma imagem em negativo, causa um certo estranhamento, especialmente porque este detalhe da história da Bandeira não é muito conhecido.
A história, as formas geométricas e as cores da Bandeira do Brasil:
Centralizado sobre um retângulo verde, repousa um losango amarelo com uma esfera azul ao centro. Uma faixa branca acompanha a curvatura da esfera, atravessando-a de modo ascendente da direita para a esquerda, dividindo a esfera em duas partes. No interior da faixa branca estão escritas em letras verdes as palavras “Ordem e Progresso”, com iniciais maiúsculas. A letra “e” entre as palavras apresenta padrão um pouco menor de tamanho.
Na esfera estão contidas vinte e seis estrelas abaixo da faixa branca, e uma acima. Cada estrela representa um estado da federação, incluindo o Distrito Federal. A estrela que está acima da faixa branca equivale à Alfa de Virgem e representa o estado do Pará. Em 1889, os atuais estados do Amazonas, Amapá e Roraima eram terras do Pará, que na época era o único estado com parte de seu território acima da linha do equador. Trata-se de mais uma simbologia, pois levando-se em consideração a verdadeira posição da Alfa Virgem e das demais estrelas representadas na esfera, a faixa branca não coincide com o equador celeste.
Os elementos geométricos que formam a bandeira: retângulo verde, losango amarelo e a esfera ao centro, bem como as cores da bandeira remontam ao ano de 1820, quando Dom João VI encomendou ao famoso pintor francês Jean Baptiste Debret a feitura de um brasão de armas para o novo título de Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarvez, que surgira com a elevação do Brasil de colônia ultra-marina para reino unido a Portugal e Algarvez.
As chamadas invasões napoleônicas haviam causado grandes transformações na Europa, incluindo a mudança da família real portuguesa para o Brasil, em novembro de 1807. Em 1814 – 1815, quando se avizinhava a derrota de Napoleão, um congresso em Viena, na Áustria, reuniu os representantes dos estados mais poderosos da Europa para discutir acordos, selar alianças e redesenhar o mapa europeu. Entre outras alianças, acordou-se o casamento do herdeiro da coroa portuguesa Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon (Dom Pedro I), da Casa de Bragança, com Caroline Josepha Leopoldine Franziska Ferdinanda von Habsburg-Lothringen (Dona Leopoldina), da Casa de Áustria. O casamento foi realizado em Viena em março de 1817, por procuração, sem a presença do noivo.
Pouco tempo depois, com o retorno de Dom João VI a Portugal e a tentativa de impor ao Brasil o retorno à condição de colônia, no dia 07 de setembro de 1822, Dom Pedro I proclamou a independência do Reino do Brasil em relação ao Reino de Portugal, e no dia 18 do mesmo mês assinou o decreto que regulamentava a nova bandeira brasileira a ser adotada.
A bandeira do Reino do Brasil independente tráz as seguintes características: centralizado em um retângulo verde, o losango amarelo guarda um escudo verde com a esfera armilar cor de ouro ao centro, sobreposta em uma cruz da Ordem de Cristo envolta por um círculo azul de bordas brancas contendo 19 estrelas, cada qual representando uma das províncias. Ladeando o escudo verde e cruzando-se abaixo dele aparecem atados por uma fita um ramo de café e outro de tabaco, elementos importantes da economia brasileira da época. Ainda no interior do losango, e acima do escudo está a coroa real, com diamantes ajustados sobre o protetor e, no alto da coroa uma cruz, simbolizando que Deus está acima do rei.
Em sua origem heráldica, a cor verde remete à Casa de Bragança, e o amarelo à Casa de Áustria – Habsburg. Pouco depois de Dom Pedro I, que era filho de Dom João VI e herdeiro do brasão declarar a independência do Brasil, no dia 07 de setembro de 1822, adotou-se provisoriamente o brasão desenhado por Debret como estandarte do Brasil independente. Poucos meses depois a bandeira sofreria uma primeira mudança, com a substituição da Coroa Real pela Coroa Imperial.
Nos últimos anos do período conhecido como “Segundo Império”, com a Província Cisplatina desligada do Brasil (1829), e a criação das Províncias do Amazonas (1850) e do Paraná (1853), Pedro II, filho de Pedro I, aumentou para 20 o número de estrelas da bandeira.
Ainda no tempo de Pedro I, o verde da bandeira passa a ser relacionado ao país da “eterna primavera”. Mais tarde, com a queda da monarquia e a adoção da bandeira republicana, passou a ser largamente difundida e adotada a ideia bastante sugestiva de que o verde simboliza as matas e o amarelo as riquezas minerais. A esfera azul, estrelada, não deixa dúvidas de que representa o céu. Mas como vimos, não se trata de um céu qualquer, representa o aspecto celeste sobre a cidade do Rio de Janeiro no momento que o golpe de estado se comsumava, pondo fim à monarquia e dando início a instauração do regime republicano no Brasil.
No dia 17 de novembro, Dom Pedro II e família deixaram o Brasil e seguiram exilados para a Europa. Em 19 do mesmo mês adotou-se a bandeira republicana, que manteve os elementos essenciais da bandeira imperial e desde então sofreu pequenas modificações.
Pois, esta é uma breve história da nossa bandeira, espero que você tenha gostado e descoberto alguma nova informação. Nós só aprendemos a amar aquilo que conhecemos. Conheça a história do seu país.
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