terça-feira, 22 de agosto de 2017







FÁBULAS DIVERSAS COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

TEXTO I: O MACACO E O GOLFINHO

        Na antiguidade, os navios eram pequenos barcos a remo ou à vela, e as viagens, é claro, uma grande aventura. O tempo não contava: ao embarcar, era impossível prever a duração da viagem... 
      Para se entreterem nessas grandes travessias, os viajantes recorriam a tudo o que fossem capazes de imaginar: uns jogavam dados ou xadrez, outros dormiam todo o tempo, alguns conversavam entre si ou com a tripulação, e ainda havia os que levavam consigo seus bichos de estimação para fazer companhia: cachorros, macacos ou corvos amestrados. 
      Um mercador ateniense emigrado da Sicília – que, na época, chamava-se Magna Grécia – fizera fortuna em poucos anos. E decidira regressar à pátria para gozar a riqueza. Enquanto esperava que carregassem sua bagagem para o interior do navio, reparou em um marinheiro fenício que passava por ali com um macaco ao ombro.
       — Ei, moço! – chamou. – O que esse seu simpático bichinho sabe fazer?        O outro achou graça:
     — Khala? Esse é o mais esperto macaco da face da Terra! Trepa no mastro do navio e me avisa quando avista alguma embarcação. Além disso, sabe dançar quando ouve música. Quer ver? 
      Sem esperar resposta, tirou uma flauta do bolso e começou a tocar uma música típica do seu país. 
     Khala saltou, imediatamente, para o chão e começou a dançar, dando várias cambalhotas e até um salto mortal.
     — Quanto você quer por ele? – perguntou o mercador, sem muito interesse, para o preço não vir. Muito alto.
        — Uma mina ateniense não bastaria, pois, além de ele ser muito esperto, gosto demais dele ... – o outro se fez de rogado, para fazer seu produto valer mais. 
        Depois de alguma discussão, o marinheiro deu o preço:
        — Cem dracmas.
      — Cem dracmas! – exclamou o mercador, roxo e gago, de raiva. – Você deve estar maluco! 
     Depois de regatear, as cem dracmas reduziram-se a quatro e logo uma moeda de prata trocada de mãos, ao mesmo tempo em que o macaco trocava de dono.
       — Adeus, Khala! – suspirou o fenício. – Odeio me separar de você, mas é preciso...– e, passando a cordinha no pescoço do macaco, entregou-o ao mercador, acrescentando: — É um bichinho muito especial, você vai ver. Boa viagem!
        — Adeus, marinheiro, e obrigado! 
     E os dois, o macaco e o mercador, começaram a subir a prancha que servia de ponte entre o navio e o cais. 
       Khala era obediente e não reclamou.
   O fenício tinha razão: já no primeiro dia, Khala tornara-se o grande divertimento da tripulação e dos passageiros: saltava, dançava, trepava no mastro e apanhava comida das mãos das pessoas. Não parava um minuto. 
       Naquele mês de julho, o tempo estava maravilhoso. O mar apresentava-se liso e calmo, e a viagem corria agradável, sem atropelos. 
      No décimo dia, porém, quando o navio preparava-se para dobrar o último cabo, um forte vendaval levantou-se, com vento a noroeste, e o céu cobriu-se de nuvens negras. A pequena embarcação balançava terrivelmente. Todos receavam que ela não fosse aguentar ou que, a qualquer momento, batesse nos rochedos. 
       O capitão mandou que todos os passageiros fossem para o porão. 
       Ao preparar-se para obedecer, o mercador percebeu que não via Khala.
       — Onde você está, Khala? – chamou, apreensivo. – Khala! Khala!
     Em cima do mastro, Khala, animadíssimo, fazia seu melhor número. Por não ter medo da tempestade, saltava, corri, dançava, parecendo muito alegre com aquilo que lhe parecia uma festa... 
     O mercador nem teve tempo de abrir a boca, uma onda mais violenta ainda abateu-se sobre a popa do navio, que se empinou, permanecendo suspenso sobre a crista da onda, voltando a cair de popa. Ouviu-se um estrondo: o mastro partira-se, caindo de lado sobre a ponte. Quebrou os cabos que o prendiam e perdeu-se na fúria das águas. Khala caiu de cabeça para baixo e, por um longo momento, ficou parado, bebendo água, bebendo, bebendo...
       Estava quase morto, quando ouviu uma voz que dizia:
        — Suba nas minhas costas.
     Ele só entendeu por ter sido criado por marinheiros e estar habituado à linguagem do mar, pois era um golfinho que assim lhe falava, naquela estranha mistura de ruídos e assobios. 
      Embora se sentisse desfalecendo, Khala apressou-se em obedecer: 
    Como é bom respirar! Agora, sim, o macaco voltara à superfície e podia conversar com o amigo que lhe salvara a vida:
    — Obrigado! Eu não sei o que teria acontecido comigo, se não fosse você...Ou melhor, até sei! – disse Khala.
      — De nada! Você vai para Atenas? – perguntou o golfinho.
      — Vou.
      — Você é ateniense?
     — Ateniense? – surpreendeu-se o macaco. – Acho que esse idiota pensa que eu sou um homem... – e continuou, em voz alta: - Sim, sou. E ateniense de uma das melhores famílias!
     — Ah, sim? – o golfinho não parecia muito surpreso. – E a quem tenho a honra de transportar na minha garupa?
     — Filostrato, filho de Pisandro, neto de Timóteo, bisneto de Electeu e de Licurgo.
     — Estranho... – pensou o golfinho. — Nunca tinha ouvido falar... – e perguntou em voz alta: — E o que você faz na vida?
   — Vivo de rendas. Possuo casas, terrenos e navios. Ah, estava me esquecendo: também sou animador...
    — Animador? – pensou o golfinho. – Não deveria ser “armador”? Hum, deve ser algum espertinho...  Espere, que já vamos ver ... – e em voz alta perguntou:  — Se você é animador, deve conhecer bem o Pireu, não é verdade? 
     Já envolvido por suas próprias mentiras, Khala nem parou para pensar, pois, se o tivesse feito, teria se lembrado de que Pireu é o nome do porto de Atenas. Com grande entusiasmo, exclamou: 
     — Pireu! Pireu! Você também conhece aquele grande malandro? Uma pessoa fantástica, divertidíssima... Sabia que ele não anda bem ultimamente?
       — Sério? Você tem certeza? – o golfinho fingiu interesse.
       — Absoluta! – respondeu o macaco.
      — Pois eu tenho certeza é de outra coisa! – disse, com raiva, o golfinho, diante de tamanho descaramento. – Tenho certeza é de que você, se quiser voltar a ver o seu querido amigo Pireu, vai ter de ir a nado! 
   E o golfinho sacudiu as costas, derrubando Khala na água e desaparecendo num mergulho rápido, sem ouvir os desesperados pedidos de socorro do macaco.

Moral: Os ignorantes têm a mania de tentar enganar quem sabe mais do que eles, mas isso quase nunca á certo.

(LIVRO FÁBULAS DE ESOPO – EDITORA PAULUS) VOCABULÁRIO:

Dracmas: nome do dinheiro usado na época.
Fenício: natural ou habitante da antiga Fenícia, região litorânea da atual Síria.
Ateniense: natural ou habitante da cidade de Atenas (Grécia).
Armador: construtor de navios.
A partir da leitura do Texto I, realize, com êxito, as questões a seguir.

1ª QUESTÃO: Para se distraírem em suas viagens, os marinheiros faziam várias atividades. Marque a opção que apresenta uma atividade que não foi citada no texto:
       A – ( ) Eles jogavam dados.
       B – ( ) Alguns dormiam.
      C – ( ) Outros conversavam.
      D – (X) Jogavam cartas.
      E – ( ) Levavam seus animais de estimação.
2ª QUESTÃO: “O capitão mandou que todos os passageiros fossem para o porão.”  O capitão deu essa ordem porque ...
       A – ( ) o sol estava muito forte e os passageiros passavam mal.
      B – ( ) os marinheiros estavam jogando e precisavam de espaço.
      C – (X) a embarcação corria risco de naufragar.
      D – ( ) a comida seria servida no porão.
      E – ( ) era norma do navio.  
3ª QUESTÃO: “Embora se sentisse desfalecendo, Khala apressou-se em obedecer:”  A palavra destacada poderá ser substituída, sem alterar o sentido da frase, por:
       A – ( ) agitado.
       B – (X) desmaiando.
      C – ( ) disposto.
      D – ( ) esperto.
      E – ( ) atento.
4ª QUESTÃO: Marque a opção correta:
       A – (X) “O mar apresentava-se liso e calmo, e a viagem corria agradável...” Na frase acima, o mar foi personificado.
       B – ( ) “Em cima do mastro, Khala, animadíssimo, fazia seu melhor número.” O adjetivo animadíssimo encontra-se no grau comparativo de igualdade.
       C – ( ) “Khala saltou, imediatamente, para o chão e começou a dançar...” Imediatamente é o mesmo que nervosamente.
       D – ( ) “Tenho certeza é de que você, se quiser voltar a ver o seu...” O vocábulo é classifica-se como monossílabo átono.
       E – ( ) “— Ei, moço!...” A vírgula foi usada para separar a palavra que indica uma explicação.
5ª QUESTÃO: De acordo com o Texto I, o macaco conseguiu entender o que o golfinho dizia, porque:
       A – ( ) ele falava a língua dos golfinhos.
       B – ( ) entendia qualquer idioma.
       C – (X) estava habituado à linguagem do mar.
       D – ( ) viveu algum tempo entre os golfinhos.
       E – ( ) era o rei do mar.
TEXTO II:O CÃO NA MANJEDOURA

       Um cachorro dormia em uma manjedoura cheia de feno. Quando os bois chegaram, cansados e com fome depois de um dia inteiro de trabalho no campo, o cachorro acordou. 
    Acordou, mas não queria permitir que os bois se aproximassem da manjedoura e começou a rosnar e a tentar morder seus focinhos, como se a manjedoura estivesse cheia de carne e ossos e essas delícias fossem só dele. Os bois olharam para o cachorrinho muito aborrecidos.
       — Que egoísta! – disse um deles.  – Ele nem gosta de comer feno! E nós, que comemos, e que estamos com tanta fome, ele não nos deixa chegar perto! 
      Nesse momento apareceu o fazendeiro. Quando percebeu que o cachorro estava fazendo, pegou um pau e enxotou o cachorro do estábulo a pauladas por ser tão malcriado.

Moral: Não prive os outros do que não pode desfrutar.

                                 (Livro Fábulas – editora Martin Claret)
Vocabulário:

manjedoura: tabuleiro para comida dos animais na estrebaria
desfrutar: aproveitar

A partir da leitura do Texto II, realize as questões.

6ª QUESTÃO: Qual foi a causa do cachorro rosnar para os bois?
       A – ( ) Não gostar dos bois.
       B – ( ) Estar cumprindo ordens.
      C – ( ) Ter o costume de rosnar para eles.
      D – (X) Não querer que os bois se aproximassem da manjedoura.
      E – ( ) Achar que eram inimigos.

7ª QUESTÃO: O que aconteceu com o cão, como consequência de sua atitude?
       A – ( ) Os bois bateram nele.
       B – ( ) Foi atacado por um cão que defendeu os bois.
       C – ( ) A manjedoura virou em cima dele.
       D – ( ) Foi obrigado a comer toda comida dos bois.
       E – (X) Foi expulso pelo fazendeiro.
TEXTO III: A ROSA E A BORBOLETA

        Certa vez, uma borboleta se apaixonou por uma linda rosa. A rosa ficou muito comovida, pois o pó das asas da borboleta formava um maravilhoso desenho em ouro e prata. Desse modo, quando a borboleta se aproximou voando até a rosa e disse que a amava, a rosa ficou coradinha e aceitou o namoro. Após um longo noivado e muitas promessas de fidelidade, a borboleta deixou sua amada rosa. Oh! Desgraça! A borboleta voltou somente muito tempo depois. 
       — É isso que você chama fidelidade? – choramingou a rosa. – Faz séculos que você partiu, e, além disso, você passa o tempo de namoro com todos os tipos de flores. Vi quando você beijou dona Gerânio, vi quando você deu voltinhas na dona Margarida até que dona Abelha chegou e expulsou você... Pena que ela não lhe deu uma boa ferroada! 
        — Fidelidade! – riu a borboleta. – Assim que me afastei, vi o senhor Vento beijando você. Depois você deu o maior escândalo com o senhor Zangão e ficou dando trela para todo besourinho que passava por aqui. E ainda vem me falar em fidelidade!

Moral: Não espere fidelidade se não for fiel também.

                            (Livro Fábulas – editora Martin Claret)

Depois de ler o Texto III, faça o que for proposto.

8ª QUESTÃO: Qual foi a reação da rosa quando a borboleta se declarou? Ela ficou:
       A – ( ) pálida de susto.
       B – (X) ruborizada de vergonha.
       C – ( ) um pouco amarelada de emoção.
       D – ( ) esverdeada de raiva.
       E – ( ) roxa de decepção.
9ª QUESTÃO: “– Faz séculos que você partiu, ...” (ls. 7 e 8) O que significam as palavras destacadas nesse contexto?
       A – (X) Que muito tempo se passou desde a partida da borboleta.
       B – ( ) Que o tempo passou rápido demais.
       C – ( ) Que a última vez em que elas se viram foi no século passado.
       D – ( ) Que há pouco tempo que a borboleta partiu.
       E – ( ) Que há mais ou menos uns trezentos anos elas não se viam.
TEXTO IV: O LENHADOR E HERMES

       Um lenhador cortava lenha perto do rio quando perdeu o machado, que a correnteza levou. Ele sentou-se triste na margem e pôs-se a chorar. 
      Por fim, Hermes apiedou-se dele e veio saber o motivo do choro. Assim que o soube, mergulhou, trouxe um machado de ouro e perguntou ao lenhador se era o que tinha perdido. Como o homem dissesse que não era o dele, Hermes de novo mergulhou e trouxe um de prata. E o lenhador disse que aquele também não era o dele. 
        Mergulhando pela terceira vez, Hermes trouxe o machado do lenhador; e este reconheceu que aquele era o machado que perdera. A honestidade do lenhador tanto encantou Hermes que este deu-lhe todos os machados. 
        De volta para junto de seus companheiros, contou-lhes sua aventura e um deles, enciumado, quis obter o mesmo. Munido de um machado, foi para a margem do rio, atirou de propósito seu machado na correnteza, sentou-se e pôs-se a chorar. Também apareceu-lhe Hermes e, indagando o motivo de seu choro, soube da perda do machado. O deus mergulhou e, de igual forma, trouxe um machado de ouro e perguntou se era o que havia perdido. E o lenhador, seduzido pelo engodo do ganho fácil, disse “Sim, é ele, na verdade”. E o deus, aborrecido com a desonestidade, não só não lhe deu o de ouro, como não devolveu ao homem o próprio machado. 

Moral: A divindade é favorável aos justos tanto quanto é hostil aos injustos.

                                                (Livro Fábulas – editora Martin Claret)
Vocabulário:
Hermes – mensageiro dos deuses
seduzido pelo engodo – atraído pelo ganho fácil 

 Após a leitura do Texto IV e, depois, realize as questões
10ª QUESTÃO: Sobre o texto, é incorreto afirmar que:
       A – ( ) foi escrito em forma de prosa.
       B – ( ) o primeiro lenhador teve o seu machado levado pela correnteza.
       C – (X) o segundo lenhador teve a mesma sorte do primeiro.
       D – ( ) o primeiro lenhador ganhou três machados de Hermes.
       E – ( ) a honestidade do primeiro lenhador encantou Hermes.
 11ª QUESTÃO: Quando o lenhador contou aos companheiros o que acontecera perto do rio, um dos lenhadores sentiu:
       A – ( ) muita raiva.
       B – ( ) grande vergonha.
       C – ( ) ternura pelo fato ocorrido.
       D – ( ) uma enorme felicidade.
       E – (X) ciúmes.
TEXTO V: A LEBRE A TARTARUGA

        “Apostemos, disse à lebre 
        a tartaruga esperta,
        que eu chego primeiro ao alvo 
        do que tu, que és tão ligeira!” 

        Dado o sinal de partida,
        estando as duas a par,
        a tartaruga começa 
        lentamente a caminhar.

        A lebre tendo vergonha
        de correr diante dela, 
        tratou a tal vitória 
        de mentira, sem valor.

        Deita-se, e dorme o seu pouco;
        ergue-se, e põe-se a observar
        de que parte corre o vento, 
        e depois torna a deitar. 

       Deita uma vista d’olhos
       sobre a caminhante lerda,
       inda a vê longe da chegada,
       e a dormir de novo torna.

      Olha, e depois que a vê perto, 
      começa a sua carreira, 
      mas então apressa os passos 
      a tartaruga esperta.

      À meta chega primeiro
     apanha o prêmio apressada,
     pregando à lebre vencida
     uma grande vaia.

     Não basta só haver posses
     para obter o que queremos.
     É preciso pôr-lhe os meios,
     senão, atrás ficaremos.

    O tamanho do frasco não desprezes
    do que pode nele existir,
    porque um anão acordado
    mata um gigante a dormir.

(Livro Fábulas de La Fontaine editora Martin Claret - adaptação)

Depois da leitura do Texto V, faça o que for pedido abaixo.

12ª QUESTÃO: De acordo com o texto, é correto afirmar:
       A – ( ) A tartaruga venceu a corrida por ser um animal mais veloz do que a lebre.
       B – ( ) A lebre vaia a tartaruga quando esta apanha o prêmio no final da corrida.
       C – ( ) A humildade da lebre fez com que perdesse a corrida.
       D – (X) A lebre estava confiante, pois tinha certeza de sua vitória.
       E – ( ) No início da corrida, a tartaruga disparou.
13ª QUESTÃO: Identifique a relação estabelecida pelo conectivo destacado no verso abaixo: “para obter o que queremos.”
        A – ( ) consequência
       B – ( ) condição
       C – (X) finalidade
       D – ( ) solução
       E – ( ) explicação
TEXTO VI: O LOBO E O CORDEIRO

       Aquele verão estava muito quente e um lobo dirigiu-se a um riachinho, disposto a refrescar-se um pouco. Quando se preparava para mergulhar o focinho na água, ouviu um leve rumor e viu a grama se mexendo. Ao olhar em direção ao barulho, avistou, logo adiante, um cordeirinho, que bebia tranquilamente.
        — Que sorte! – pensou o lobo. – Vim para beber água e encontro comida também... 
       Pôs um tom severo na voz e chamou: 
       — Ei, você aí!
       — É comigo que o senhor está falando? – surpreendeu-se o cordeirinho.     – Que deseja?
       — O que é que eu desejo? Ora, seu mal-educado! Não vê que, ao beber, você suja a minha água? Nunca ninguém ensinou você a respeitar os mais velhos? 
     — Senhor... Como pode dizer isso? Olhe como bebo com a ponta da língua... Além do mais, com sua licença, eu estou mais abaixo, e o senhor mais acima... A água passa primeiro pelo senhor e só depois por mim. Não é possível que eu o incomode! – respondeu o cordeirinho, com voz trêmula. 
       — Ora essa! Com a sua idade já quer me ensinar para que lado corre a água?
       — Não, de jeito nenhum, não é isso... Só queria que reparasse... 
     — Que reparar que nada! Você não me engana! Pensa que escapará, como no ano passado, quando andava por aí, falando mal da minha família? “Os lobos são assim, os lobos são assados!” Você teve muita sorte, por nunca termos nos encontrado, senão eu já teria mostrado a você como são os lobos!
       — Nem imagino quem lhe contou isso, senhor, mas é mentira. A prova é que, no ano passado, eu ainda nem tinha nascido... 
       — Pois, se não foi você, foi o seu pai! – rosnou o lobo, saltando em cima do pobre inocente e devorando-o. 

Moral: Quando uma pessoa está decidida a fazer mal, qualquer razão lhe serve, inclusive uma mentira.
                                         (Livro Fábulas de Esopo – editora Paulus).

A partir da leitura atenta do Texto VI, realize as questões a seguir.

 14ª QUESTÃO: Desde o início, qual era a intenção do lobo em relação ao cordeiro?
       A – (X) Comer o cordeiro.
       B – ( ) Descobrir se era o cordeiro que andava sujando a água do rio.
       C – ( ) Saber se o cordeiro é quem andava falando mal dele.
       D – ( ) Fazer amizade com o cordeiro.
       E – ( ) Ensinar o cordeiro a respeitar os mais velhos.
15ª QUESTÃO: Durante toda a conversa com o lobo, o cordeiro demonstrou:
       A – ( ) aborrecimento.
       B – ( ) covardia.
       C – (X) educação.
       D – ( ) arrogância.
       E – ( ) indiferença.
16ª QUESTÃO: De acordo com o texto, por que era impossível o cordeiro sujar a água do lobo?
       A – ( ) Porque o cordeiro era muito pequeno.
       B – ( ) Porque o rio era muito grande.
       C – ( ) Porque a água do rio era totalmente poluída.
       D – ( ) Porque o cordeiro não encostava a língua na água.
       E – (X) Porque o cordeiro bebia água depois que ela já havia passado pelo lobo.
TEXTO VII: O MACACO E O GATO
(Monteiro Lobato)

       Simão, o macaco, e Bichano, o gato, moram juntos na mesma casa. E pintam o sete. Um furta coisas, remexe gavetas, esconde tesourinhas, atormenta o papagaio; outro arranha os tapetes, esfiapa as almofadas bebe o leite das crianças. 
        Mas, apesar de amigos e sócios, o macaco sabe agir com tal esperteza que é quem sai ganhando sempre. 
       Foi assim no caso das castanhas. 
     A cozinheira pusera a assar na brasa umas castanhas e fora à horta colher temperos. Vendo a cozinha vazia, os dois malandros se aproximaram. Disse o macaco:
     — Amigo Bichano, você que tem uma pata jeitosa, tire as castanhas do fogo.
      O gato não se fez insistir e com muita arte começou a tirar as castanhas. 
     — Pronto, uma... 
   — Agora, aquela lá... Isso. Agora aquela gorducha... Isso. E mais a da esquerda, que estalou... 
    O gato as tirava, mas quem as comia, gulosamente, piscando o olho, era o macaco... 
     De repente, eis que surge a cozinheira, furiosa, de vara na mão.
     — Espere aí, diabada!... 
    Os dois gatunos sumiram-se aos pinotes. 
    — Boa peça, hem? – disse o macaco lá longe. 
  O gato suspirou: 
   — Para você, que comeu as castanhas. Para mim foi péssima, pois arrisquei o pelo e fiquei em jejum, sem saber que gosto tem uma castanha assada...

Moral: O bom bocado não é para quem o faz, é para quem o come. 

Faça as questões abaixo, referentes ao Texto VII.
17ª QUESTÃO: De acordo com o texto, o macaco sempre ganhava do gato, por quê?
       A – ( ) O gato era desprovido de inteligência.
       B – (X) Simão era mais esperto.
       C – ( ) O macaco era mais rápido do que o gato.
       D – ( ) Bichano era muito preguiçoso.
       E – ( ) O macaco era maior do que o gato.
18ª QUESTÃO: “– Agora, aquela lá...”  O vocábulo destacado no trecho acima refere-se:
       A – ( ) à cozinha.
       B – ( ) à horta.
       C – ( ) à casa.
       D – (X) às castanhas.
       E – ( ) à cozinheira.
TEXTO VIII: O AVARENTO

        Após ter convertido toda a sua fortuna em ouro, fez dela uma barra de ouro e o enterrou próximo à muralha, junto com seu coração. 
      Todos os dias ele ia contemplar seu tesouro. Mas um trabalhador dos arredores que observara suas idas e vindas e percebera o que acontecia, esperou sua partida e roubou a barra de ouro.  
        Quando o avarento voltou e deparou com o buraco vazio, desabou em lágrimas e começou a arrancar os cabelos. 
       Um transeunte, ao ver tamanha aflição, perguntou-lhe a causa e, em seguida, lhe disse: “Não te desesperes dessa forma, meu amigo; pegue uma pedra, coloque-a no lugar da barra e imagina que é o teu ouro. Pois mesmo quando ainda o tinhas, tu na verdade não o possuías, pois dele não fazias uso”.
                        Moral: A posse não é nada se não se aproveita dela.

                                               (Livro Fábulas – editora Martin Claret).

A partir da leitura atenta do Texto VIII, realize a questão a seguir.

 19ª QUESTÃO: “Não te desesperes dessa forma, meu amigo...” A vírgula foi usada com a finalidade de separar:
       A – (X) palavras que indicam chamamento.
       B – ( ) os itens de uma enumeração.
       C – ( ) as diversas ações do personagem.
       D – ( ) a fala do narrador e a do personagem.
       E – ( ) palavras que indicam uma explicação.
TEXTO IX:

Depois da leitura do Texto IX, faça a questão abaixo.

20ª QUESTÃO: A palavra mas que aparece no primeiro quadrinho dá ideia de:
       A – ( ) adição.
       B – ( ) posse.
       C – (X) oposição.
       D – ( ) condição.

       E – ( ) explicação. 

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