terça-feira, 22 de agosto de 2017

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TEXTO: A VERDADEIRA AMIZADE   
           
      Um homem, seu cavalo e seu cão caminhavam por uma estrada. Depois de muito andar esse homem se deu conta de que ele, seu cavalo e seu cão haviam morrido num acidente. Muitas vezes os mortos levam tempo para se dar conta de sua nova condição. A caminhada era muito longa, morro acima, o sol era forte e eles ficaram suados e com sede. Precisavam desesperadamente de água. Numa curva do caminho, avistaram um portão todo de mármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos de ouro, no centro havia uma fonte de onde jorrava água cristalina. O caminhante dirigiu-se ao homem que numa guarita, guardava a entrada.
-Bom dia, ele disse.
-Bom dia, respondeu o homem.
-Que lugar é este, tão lindo? Ele perguntou.
-Isto aqui é o céu, foi a resposta.
-Que bom que nós chegamos ao céu, estamos com muita sede, disse o homem.
-O senhor pode entrar e beber água à vontade, disse o guarda, indicando-lhe a fonte.
- Meu cavalo e meu cachorro também estão com sede.
-Lamento muito, disse o guarda.
-Aqui não se permite a entrada de animais.
       O homem ficou muito desapontado porque sua sede era grande. Mas ele não quis beber e deixar seus amigos com sede. Assim, prosseguiu seu caminho. Depois de muito caminho acima, com sede e cansaço multiplicados, ele chegou a um sítio, cuja entrada era uma velha porteira velha semiaberta. A porteira se abria por um caminho de terra, com árvores dos dois lados que faziam sombra.
      À sombra de uma das árvores, um homem estava deitado, cabeça coberta com um pano, parecia que estava dormindo.
  -Bom dia, disse o caminhante. -Bom dia disse o homem.
  -Estamos com muita sede, eu, meu cavalo e meu cachorro.
  - Há uma fonte naquelas pedras, disse o homem indicando o lugar.
  -Podem beber a vontade. O homem, o cavalo e o cachorro foram até a fonte e mataram a sede.
  -Muito obrigado, ele disse ao sair.
  -Voltem quando quiserem, respondeu o homem.
  -A propósito, disse o caminhante, qual é o nome desse lugar?
  -Céu, respondeu o homem.
  -Céu? Mas o homem da guarita ao lado do portão de mármore disse que lá era o céu!
  -Aquilo não é o céu, aquilo é o inferno. O caminhante ficou perplexo. -Mas então, disse ele, essa informação falsa deve causar grandes confusões.
  -De forma alguma, respondeu o homem. Na verdade, eles nos fazem um grande favor.
  - Porque lá ficam aqueles que são capazes de abandonar seus melhores amigos...
Interpretação do texto

1- Numere os parágrafos do texto depois complete:
O texto possui três parágrafos.

2- Quantos personagens o texto possui? Quais são eles?
Resposta: Cinco personagens. São eles: o homem, o cavalo, o cão, o guarda e o homem que estava deitado à sombra.

3- Onde se passa a história e como os personagens foram parar lá?
Resposta: No inferno e no céu. Eles morreram em um acidente.

4- Qual foi o desapontamento que o homem teve ao passar pelo portão de mármore?
Resposta: O guarda disse que não entrava animais.

5- Por que foi que o homem conseguiu chegar realmente no céu?
Resposta: Porque lá ficam aqueles que não são capazes de abandonar seus melhores amigos.

6- Dê a sua opinião sobre o texto.
Resposta Pessoal.
CRÔNICA: TATUAGEM

   Enfermeira inglesa de 78 anos manda tatuar mensagem no peito pedindo para não proceder a manobras de ressuscitação em caso de parada cardíaca. Mundo Online, 4.fev.2003

    Ela não era enfermeira (era secretária), não era inglesa (era brasileira) e não tinha 78 anos, mas sim 42: bela mulher, muito conservada. Mesmo assim, decidiu fazer a mesma coisa. Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia. O homem não comentou: perguntou apenas o que era para ser tatuado.
     - É bom você anotar -disse ela- porque não será uma mensagem tão curta como essa da inglesa.
      Ele apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar.
    - "Em caso de que eu tenha uma parada cardíaca" -ditou ela-, "favor não proceder à ressuscitação".
      Uma pausa, e ela continuou:
     - "E não procedam à ressuscitação, porque não vale a pena. A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos."
     Ele continuou escrevendo, sem dizer nada. Era pago para tatuar, e quanto mais coisas tatuasse, mais ganharia.
     Ela continuou falando. Agora voltava à sua infância pobre; falava no sacrifício que fora para ela estudar. Contava do rapaz que conhecera num baile de subúrbio, tão pobre quanto ela, tão esperançoso quanto ela. Descrevia os tempos de namoro, o noivado, o casamento, o nascimento dos dois filhos, agora grandes e morando em outra cidade. Àquela altura o tatuador, homem vivido, já tinha adivinhado como terminaria a história: sem dúvida ela fora abandonada pelo marido, que a trocara por alguma mulher mais jovem e mais bonita. E antes que ela contasse sua tragédia resolveu interrompê-la. Desculpe, disse, mas para eu tatuar tudo que a senhora me contou, eu precisaria de mais três ou quatro mulheres.
    Ela começou a chorar. Ele consolou-a como pôde. Depois, convidou-a para tomar alguma coisa num bar ali perto.
    Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão muito bem. Ela sente um pouco de ciúmes quando ele é procurado por belas garotas, mas sabe que isso é, afinal, o seu trabalho. Além disso, ele fez uma tatuagem especialmente para ela, no seu próprio peito. Nada de muito artístico, o clássico coração atravessado por uma flecha, com os nomes de ambos. Mas cada vez que ela vê essa tatuagem, ela se sente reconfortada. Como se tivesse sido ressuscitada, e como se estivesse vivendo uma nova, e muito melhor, existência.
Moacyr Scliar – Folha de São Paulo – 10/03/2003
INTERPRETAÇÃO

1.O cronista se inspirou em um fato real.
a)    Qual é o fato?
   Enfermeira inglesa de 78 anos manda tatuar mensagem no peito pedindo para não proceder a manobras de ressuscitação em caso de parada cardíaca.

b)    De onde foi retirado?
    Publicado em: Mundo Online, 4.fev.2003.

2. O fato gerador do conflito que constrói a crônica é a secretária
(  ) ser mais jovem que a mulher  da notícia.  
( X ) concluir que a vida não vale a pena.
(  ) achar romântica a história da enfermeira    
(  ) ter se envolvido com o tatuador.

3. Quais as diferenças apontadas pelo narrador entre a mulher da notícia e a mulher da crônica?
Mulher da notícia tinha 78 anos e era uma enfermeira inglesa e a mulher da crônica tinha 42 anos, era secretária e bela.

4. Transcreva o trecho que mostra como o tatuador imaginava o final da história que a mulher lhe contava.
Imaginava que ela fora abandonada pelo marido, que trocara por alguma mulher mais jovem e mais bonita.

5. Qual foi a tatuagem especial que o tatuador fez em seu próprio peito para a secretária?
O clássico coração atravessado por uma flecha, com o nome de ambos.

6. Relacione:
(1) Situação inicial     (2) Conflito
(3) Desenvolvimento 
(4) Clímax    (5) Desfecho

( 5 ) Os dois vivem juntos, ele fez uma tatuagem no peito e cada vez que ela  vê, se sente ressuscitada.
1 ) Uma mulher procura um tatuador após ler uma notícia de uma enfermeira que tatuou uma frase inusitada.
2) A mulher acha que a vida não vale a pena e quer uma tatuagem semelhante a da enfermeira "Em caso de que eu tenha uma parada cardíaca" -ditou ela-, "favor não proceder à ressuscitação".
( 3 )  A secretária começa a contar sua história infeliz para o tatuador. Ele a interrompe pois já sabia como terminaria,
( ) Ela chora, ele a conforta como pôde e convida-a para tomar alguma coisa.

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