Pronomes, (VERISSIMO, Luis Fernando. Contos de verão. O Estado de S. Paulo,
Leia o texto abaixo para responder às questões:
Pronomes
“Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina pediu:
— Me faz um favor?
—O quê?
— Você não vai ficar chateado?
—O que é?
— Não fala tão certo?
— Como assim?
— Você fala certo demais. Fica esquisito.
—Por quê?
— É que a turma repara. Sei lá, parece...
— Soberba?
— Olha aí, ‘soberba’. Se você falar ‘soberba’ ninguém vai saber o que é. Não fala ‘soberba’. Nem ‘todavia’. Nem ‘outrossim’. E cuidado com os pronomes.
— Os pronomes? Não posso usá-los corretamente?
— Está vendo? Usar eles. Usar eles!
O Carlinhos ficou tão chateado que, junto com a turma, não falou nem certo nem errado. Não falou nada. Até comentaram:
— O Carol, teu namorado é mudo?
Ele ia dizer ‘Não, é que, falando,
sentir-me -ia vexado’, mas se conteve a tempo. Depois, quando estavam sozinhos, a Carolina agradeceu, com aquela voz que ele gostava.
— Comigo você pode botar os pronomes onde quiser, Carlinhos.
Aquela voz de cobertura de caramelo.”
(VERISSIMO, Luis Fernando. Contos de verão. O Estado de S. Paulo,
1 jJan. 2000.)
1ª – O texto de Luis Fernando Veríssimo faz uma intertextualidade com o assunto colocação pronominal? Explique.
2ª – Carolina, namorada de Carlinhos, apresenta preconceitos em relação à fala dele? Por quê?
3ª – O que o autor quer dizer com a expressão “Aquela voz de cobertura de caramelo”?
4ª – Na expressão “sentir-me-ia”, nota-se um caso de próclise, mesóclise ou ênclise?
5ª – Explique por que o pronome oblíquo “se” está em posição de próclise, no seguinte trecho: “mas se conteve a tempo”?
6ª – Na fala de Carolina “— Comigo você pode botar os pronomes onde quiser, Carlinhos.”, notamos, quanto ao sentido, duas interpretações. Quais?
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