segunda-feira, 21 de dezembro de 2015


A LITERATURA DE CORDEL
O que é e origem
A literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizadas desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.
Chegada ao Brasil
A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de literatura, principalmente na região Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares.

De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores. Fazem grande sucesso em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Bahia. Este sucesso ocorre em função do preço baixo, do tom humorístico de muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidiana da cidade ou da região. Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, brigas, milagres, vida dos
cangaceiros, atos de heroísmo, milagres, morte de personalidades etc.

Em algumas situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças com a presença do público.
Um dos poetas da literatura de cordel que fez mais sucesso até hoje foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Acredita-se que ele tenha escrito mais de mil folhetos. Mais recentes, podemos citar os poetas José Alves Sobrinho, Homero do Rego Barros, Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva), Téo Azevedo. Zé Melancia, Zé Vicente, José Pacheco da Rosa, Gonçalo Ferreira da Silva, Chico Traíra, João de Cristo Rei e Ignácio da Catingueira.

Vários escritores nordestinos foram influenciados pela literatura de cordel. Dentre eles podemos citar: João Cabral de Melo, Ariano Suassuna,
José Lins do Rego e Guimarães Rosa.
Poética do cordel:
- Quadra: estrofe de quatro versos.
- Sextilha: estrofe de seis versos.
- Septilha: é a mais rara, pois é composta por sete versos.
- Oitava: estrofe de oito versos.
- Quadrão: os três primeiros versos rimam entre si; o quarto com o oitavo, e o quinto, o sexto e o sétimo também entre si.
- Décima: estrofe de dez versos.
- Martelo: estrofes formadas por decassílabos (comuns em desafios e versos heróicos).
Literatura Oral
Faz parte da literatura oral os mitos, lendas, contos e provérbios que são transmitidos oralmente de geração para geração. Geralmente, não se conhece os autores reais deste tipo de literatura e, acredita-se, que muitas destas estórias são modificadas com o passar do tempo. Muitas vezes, encontramos o mesmo conto ou lenda com características diferentes em regiões diferentes do Brasil. A literatura oral é considerada uma importante fonte de memória popular e revela o imaginário do tempo e espaço onde foi criada.

Muitos historiadores e antropólogos estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscarem informações preciosas sobre a cultura e a
história de uma época. Em meio a ficção, resgata-se dados sobre vestimentas, crenças, comportamentos, objetos, linguagem, arquitetura etc.

Podemos considerar como sendo literatura oral os cantos, encenações e textos populares que são representados nos
folguedos.

Exemplos de mitos, lendas e folclore brasileiro:
saci-pererê, curupira, boto cor de rosa, caipora, Iara, boitatá,
lobisomem, mula-sem-cabeça,
negrinho do pastoreio.
 
EXEMPLOS


Está vivinho da silva
O nosso belo Cordel;
Já é tema de mestrado,
Estudado com laurel;
Cada dia, aumentam mais
Os prestígios triunfais
Do cantador-menestrel!
                                        


Era manhã, brisa mansa,
Quando deixei Fortaleza,
Com um misto de tristeza,
Calma, fé e esperança...
Trago tudo na lembrança,
Jamais eu pude apagar
Três faces a acenar:
Meu pai, minha mãe, meu irmão.
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar.


Minha mãe cortou a fala,
Quando eu disse: vou partir.
Porém antes de eu sair,
Botou a roupa na mala;
Depois veio até a sala,
Só para poder rezar;
Pra Deus me acompanhar,
Ela fez uma oração.
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar.

 

Sei que Rubenio passou
Pela triste experiência;
O Dantas me deu ciência,
Geraldo Amâncio cantou;
E meu Cordel aprovou
Esta canção de ninar
Que vai alguém embalar,
Superando a inquietação...
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar.

 

Certa vez eu subi ao infinito,
Peguei duas estrelas só c’uma mão;
Passeei de Mercúrio a Plutão,
Derrubei dois cometas só c’um grito.
E São Pedro já foi ficando aflito,
Indo logo a Jesus, preocupado...
E o Mestre, em tom equilibrado,
Disse a Pedro, ouvindo cantilenas:
– Fique calmo, amigo, isto é apenas
O Marcelo em Martelo agalopado!
                                                    
 Tocando meus dedos nas cordas plangentes
Da minha viola-deusa-companheira,
Relembro os dias com mamãe na feira,
Brincando, fagueiro, ao som dos repentes;
Saudosos instantes, distantes, ausentes,
Que a minha memória não pode olvidar,
Pois foi esse carme que fez germinar
A paz verdadeira no meu coração;
Com ele eu cresci e vi inspiração,
Cantando galope na beira do mar.
                                                            ® RUBENIO MARCELO



 

Quero viajar
Nas crinas do vento
Sem planejamento
Meu afã traçar
Por onde apontar
Meu baço nariz
Minh’ausente cerviz
E o vago coração
Pra além de Plutão
Pro “Planeta X”
                               ® RUBENIO MARCELO

GA – RUBENIO MARCELO mora
ML – Num lugar aconchegante,
GA – Campo Grande é importante,
ML – Qual Fortaleza e Aurora;
GA – Do Ceará foi embora,
ML – Só tem a recordação,
GA – E um filho longe do chão
ML – É mesmo que estar atado.
Isso é que é quadrão cantado,
Isso é que é cantar quadrão!

ML – RUBENIO receba aí
GA – O nosso fraterno abraço;
ML – Da vida, o repente eu faço,
GA – De Dantas, de mim, de ti;
ML – Incumbência eu recebi
GA – De todos que aqui estão,
ML – Por isso, os repentes vão
GA – Dizendo muito obrigado.
Isso é que é quadrão cantado,

Isso é que é cantar quadrão!

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