A Vidraça
Um casal
, recém-casados, mudou-se para um bairro muito tranqüilo. Na primeira manhã que
passaram na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou em uma vizinha que
pendurava lençóis no varal e comentou com o marido:
- Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando de um sabão novo. Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine lavar roupas!
Nossa vizinha continuava pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar roupas!
E assim, a cada três dias , a mulher repetia o discurso, enquanto a vizinha pendurava sua roupa no varal.
Passando um mês, a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos, e empolgada foi dizer ao marido:
- Veja , ela aprendeu a lavar as roupas. Será que a outra vizinha a deu sabão? Porque eu não fiz nada.
O marido calmamente a respondeu:
- Não, hoje, eu levantei-me mais cedo e lavei a vidraça da janela.
E, assim é tudo. Depende da janela através da qual observamos os fatos. Antes de criticar, verifique se você fez alguma coisa para contribuir, verifique seus próprios defeitos e limitações. Devemos olhar, antes de tudo para nossa própria casa. Para dentro de nós mesmos. Só assim poderemos ter real noção do real valor dos amigos, dos parentes, das pessoas que nos cercam.
Lave sua vidraça. Abra sua janela. Leia, reflita esta mensagem e a compreensão fortalecerá o laço de amizade de quem você gosta.
- Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando de um sabão novo. Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine lavar roupas!
Nossa vizinha continuava pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar roupas!
E assim, a cada três dias , a mulher repetia o discurso, enquanto a vizinha pendurava sua roupa no varal.
Passando um mês, a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos, e empolgada foi dizer ao marido:
- Veja , ela aprendeu a lavar as roupas. Será que a outra vizinha a deu sabão? Porque eu não fiz nada.
O marido calmamente a respondeu:
- Não, hoje, eu levantei-me mais cedo e lavei a vidraça da janela.
E, assim é tudo. Depende da janela através da qual observamos os fatos. Antes de criticar, verifique se você fez alguma coisa para contribuir, verifique seus próprios defeitos e limitações. Devemos olhar, antes de tudo para nossa própria casa. Para dentro de nós mesmos. Só assim poderemos ter real noção do real valor dos amigos, dos parentes, das pessoas que nos cercam.
Lave sua vidraça. Abra sua janela. Leia, reflita esta mensagem e a compreensão fortalecerá o laço de amizade de quem você gosta.
espelho
(Ricardo Azevedo)
Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapé esquecida nos cafundós da mata. Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma loja e viu um espelho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos. Depois gritou, com o espelho nas mãos: - Mas o que é que o retrato de meu pai está fazendo aqui?- Isso é um espelho - explicou o dono da loja.- Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai. Os olhos do homem ficaram molhados.- O senhor... conheceu meu pai? - perguntou ele ao comerciante. O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira.- É não! - respondeu o outro. - Isso é o retrato do meu pai. É ele sim! Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo? E o nariz? E aquele sorriso meio sem jeito? O homem quis saber o preço. O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o espelho, baratinho. Naquele dia, o homem que não sabia quase nada entrou em casa todo contente. Guardou, cuidadoso, o espelho embrulhado na gaveta da penteadeira. A mulher ficou só olhando. No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para o quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou e deu um passo atrás. Fez o sinal da cruz tapando a boca com as mãos. Em seguida, guardou o espelho na gaveta e saiu chorando.- Ah, meu Deus! — gritava ela desnorteada. - É o retrato de outra mulher! Meu marido não gosta mais de mim! A outra é linda demais! Que olhos bonitos! Que cabeleira solta! Que pele macia! A diaba é mil vezes mais bonita e mais moça do que eu!- Quando o homem voltou, no fim do dia, achou a casa toda desarrumada. A mulher, chorando sentada no chão, não tinha feito nem a comida.- Que foi isso, mulher?- Ah, seu traidor de uma figa! Quem é aquela jararaca lá no retrato?- Que retrato? - perguntou o marido, surpreso.- Aquele mesmo que você escondeu na gaveta da penteadeira!O homem não estava entendendo nada.- Mas aquilo é o retrato do meu pai!Indignada, a mulher colocou as mãos no peito: - Cachorro sem-vergonha, miserável! Pensa que eu não sei a diferença entre um velho lazarento e uma jabiraca safada e horrorosa? A discussão fervia feito água na chaleira. - Velho lazarento coisa nenhuma! - gritou o homem, ofendido.A mãe da moça morava perto, escutou a gritaria e veio ver o que estava acontecendo. Encontrou a filha chorando feito criança que se perdeu e não consegue mais voltar pra casa. - Que é isso, menina?- Aquele cafajeste arranjou outra!- Ela ficou maluca - berrou o homem, de cara amarrada.- Ontem eu vi ele escondendo um pacote na gaveta lá do quarto, mãe! Hoje, depois que ele saiu, fui ver o que era. Tá lá! É o retrato de outra mulher!A boa senhora resolveu, ela mesma, verificar o tal retrato. Entrando no quarto, abriu a gaveta, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os olhos. Olhou de novo. Soltou uma sonora gargalhada.- Só se for o retrato da bisavó dele! A tal fulana é a coisa mais enrugada, feia, velha, cacarenta, murcha, arruinada, desengonçada, capenga, careca, caduca, torta e desdentada que eu já vi até hoje!E completou, feliz, abraçando a filha: - Fica tranqüila. A bruaca do retrato já está com os dois pés na cova!
(Versão de conto popular de origem chinesa)
(Ricardo Azevedo)
Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapé esquecida nos cafundós da mata. Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma loja e viu um espelho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos. Depois gritou, com o espelho nas mãos: - Mas o que é que o retrato de meu pai está fazendo aqui?- Isso é um espelho - explicou o dono da loja.- Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai. Os olhos do homem ficaram molhados.- O senhor... conheceu meu pai? - perguntou ele ao comerciante. O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira.- É não! - respondeu o outro. - Isso é o retrato do meu pai. É ele sim! Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo? E o nariz? E aquele sorriso meio sem jeito? O homem quis saber o preço. O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o espelho, baratinho. Naquele dia, o homem que não sabia quase nada entrou em casa todo contente. Guardou, cuidadoso, o espelho embrulhado na gaveta da penteadeira. A mulher ficou só olhando. No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para o quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou e deu um passo atrás. Fez o sinal da cruz tapando a boca com as mãos. Em seguida, guardou o espelho na gaveta e saiu chorando.- Ah, meu Deus! — gritava ela desnorteada. - É o retrato de outra mulher! Meu marido não gosta mais de mim! A outra é linda demais! Que olhos bonitos! Que cabeleira solta! Que pele macia! A diaba é mil vezes mais bonita e mais moça do que eu!- Quando o homem voltou, no fim do dia, achou a casa toda desarrumada. A mulher, chorando sentada no chão, não tinha feito nem a comida.- Que foi isso, mulher?- Ah, seu traidor de uma figa! Quem é aquela jararaca lá no retrato?- Que retrato? - perguntou o marido, surpreso.- Aquele mesmo que você escondeu na gaveta da penteadeira!O homem não estava entendendo nada.- Mas aquilo é o retrato do meu pai!Indignada, a mulher colocou as mãos no peito: - Cachorro sem-vergonha, miserável! Pensa que eu não sei a diferença entre um velho lazarento e uma jabiraca safada e horrorosa? A discussão fervia feito água na chaleira. - Velho lazarento coisa nenhuma! - gritou o homem, ofendido.A mãe da moça morava perto, escutou a gritaria e veio ver o que estava acontecendo. Encontrou a filha chorando feito criança que se perdeu e não consegue mais voltar pra casa. - Que é isso, menina?- Aquele cafajeste arranjou outra!- Ela ficou maluca - berrou o homem, de cara amarrada.- Ontem eu vi ele escondendo um pacote na gaveta lá do quarto, mãe! Hoje, depois que ele saiu, fui ver o que era. Tá lá! É o retrato de outra mulher!A boa senhora resolveu, ela mesma, verificar o tal retrato. Entrando no quarto, abriu a gaveta, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os olhos. Olhou de novo. Soltou uma sonora gargalhada.- Só se for o retrato da bisavó dele! A tal fulana é a coisa mais enrugada, feia, velha, cacarenta, murcha, arruinada, desengonçada, capenga, careca, caduca, torta e desdentada que eu já vi até hoje!E completou, feliz, abraçando a filha: - Fica tranqüila. A bruaca do retrato já está com os dois pés na cova!
(Versão de conto popular de origem chinesa)
A,valiação de Língua Portuguesa
Nome: nº: série
PROCURA-SE
Os beija-flores ou colibris estão entre as menores aves do mundo e são as
únicas capazes de ficar voando no mesmo lugar, como um helicóptero, ou de voar
para trás. Para isso, porém, as suas pequenas asas precisam movimentar-se muito
depressa, o que gasta muita energia. Assim, eles precisam se alimentar
bastante, e algumas espécies podem comer em um único dia até oito vezes o seu
próprio peso. Uau!
O balança-rabo-canela é um beija-flor pequeno que pesa apenas nove gramas e só
existe no Brasil. Ele tem as costas esverdeadas e a parte de baixo do corpo na
cor canela, com um tom mais escuro na garganta. As penas da cauda, por sua vez,
são de cor bronze e têm as pontas brancas. A ave possui ainda uma fina listra
branca em cima e
embaixo dos olhos.
Assim como os outros beija-flores, o balança-rabo-canela geralmente se alimenta
de pequenos insetos, aranha e néctar, um líquido doce produzido pelas flores.
Para sugá-lo, essas aves têm uma língua com ponta dupla, que forma dois
pequenos canudos.
É comum os beija-flores ficarem com os grãos de pólen das flores grudados nas
penas e no bico depois de sugarem o néctar. Assim, acabam levando-os de uma
flor a outra, à medida que seguem seu caminho. Como as flores precisam do pólen
para produzir sementes, os beija-flores, sem querer, ajudam-nas ao fazer esse
transporte e acabam beneficiados também: afinal, o néctar das flores é um dos
seus alimentos.
Os beija-flores enxergam muito bem, e muitas flores possuem cores fortes, como
vermelho ou laranja, para atraírem a sua atenção. Embora muito pequenas, essas
avessão muito valentes e sabem defender seus recursos, como as flores que
utilizam para se alimentar. Assim, alguns machos podem até expulsar as fêmeas
da sua própria espécie caso elas cheguem perto da comida. Na luta pela
sobrevivência parece não haver espaçopara gentileza: machos e fêmeas geralmente
se juntam apenas na época da reprodução.
O balança-rabo-canela coloca seus ovos de setembro a fevereiro e choca-os
durante 15 dias. A fêmea é quem constrói o ninho e também cuida dos filhotes por
quase um mês após o nascimento para que eles consigam sobreviver sozinhos.
O pequeno balança-rabo-canela está ameaçado de extinção por conta da
destruição do ambiente onde vive, ou seja, do seu habitat. As matas que servem
de lar
para essa ave estão sendo destruídas de maneira acelerada para a criação de
animais, o
cultivo de alimentos, a instalação de indústrias e pelo crescimento das
cidades. Portanto,
precisamos preservá-las para que esse belo beija-flor não desapareça para
sempre.
FONSECA, Lorena;; ALVES, Maria Alice
1.O balança-rabo-canela é um beija-flor que
(A) pesa apenas nove gramas.
(B) põe ovos o ano inteiro.
(C) possui uma lista branca nas asas.
(D) tem as costas cor de bronze.
2.Em “Assim, acabam levando-os de uma flor a outra, à medida que seguem seu
caminho”, o termo destacado refere-se a
(A) brotos em geral.
(B) colibris pequenos.
(C) grãos de pólen.
(D) insetos comestíveis.
3.O balança-rabo-canela, depois de sugar o néctar,
(A) alimenta-se de insetos variados.
(B) auxilia as fêmeas na criação dos filhotes.
(C) contribui para a reprodução das flores.
(D) cuida dos filhotes por quase um mês.
4.Os beija-flores estão ameaçado de extinção porque
(A) comem até oito vezes o seu próprio peso.
(B) o ambiente em que eles vivem está sendo destruído.
(C) gastam muita energia para voar.
(D) têm de lutar constantemente por seus recursos.
5.O texto “Procura-se!”
(A) informa sobre o perigo de extinção dos beija-flores chamados de
“balança-rabo-
canela”.
(B) inventa algumas características sobre os beija-flores chamados de
“balança-rabo-
canela”.
(C) traz um relato de experiência científica com os beija-flores chamados de
“balança-
rabo-canela”.
(D) anuncia que alguém está procurando beija-flores chamados de “balança-rabo-
canela” para comprar.
6.A questão central tratada no texto é
(A) a preservação dos beija-flores.
(B) a reprodução de animais silvestres.
(C) o crescimento das cidades.
D) o hábito alimentar das aves.
7- Releia todas as questões novamente e explique por que as demais alternativas
de cada uma das questões são consideradO
título é O menininho, de Helen E. Buckley:
"Era uma vez um menininho que contrastava com a escola
bastante grande. Uma manhã a professora disse que os alunos iriam fazer um
desenho.
- Que bom! - Ele gostava de fazer desenhos.
Ele pegou sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar.
Mas a professora disse para esperar, que ainda não era hora
de começar.
E ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores.
- Que bom! - pensou o menininho. Ele gostava de desenhar
flores e começou a desenhar flores com lápis rosa, azul e laranja. Mas a
professora disse que ia mostrar como fazer. E a flor era vermelha com caule
verde.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.
O menininho olhou para a flor da professora, então olhou
para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso. Ele virou o
papel e desenhou uma flor igual à da professora.
Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar
livre, a professora disse que os alunos iriam fazer alguma coisa com o barro.
- Que bom! - pensou. Ele gostava de trabalhar com barro.
Ele pensou que podia fazer com ele todos os tipos de coisas:
elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar a sua
bola de barro. Mas a professora disse para esperar.
E ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.
- Que bom! - pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos
de todas as formas e tamanhos.
A professora disse que era para esperar, que iria mostrar
como fazer.E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.O
menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostou
mais do seu, mas ele não podia dizer isso. Amassou seu barro numa grande bola
novamente e fez um prato fundo igualzinho ao da professora.
E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a
fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais
coisas por si próprio.
Então, aconteceu que o menininho e a sua família se mudaram
para outra cidade, e o menininho tinha que ir para outra escola.
Esta escola era ainda maior que a primeira. E no primeiro
dia, a professora disse que os alunos fariam um desenho:
- Que bom! - pensou o menininho, e esperou que a professora
dissesse o que fazer.
Ela não disse. Apenas andava pela sala. Quando veio até o
menininho disse:
- Você não quer desenhar?
- Sim, mas o que vamos desenhar?
- Eu não sei, até que você o faça.
- Como eu posso fazê-lo?
- Da maneira que você gostar.
- E de que cor?
- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas
cores, como eu posso saber qual o desenho de cada um?
- Eu não sei. - disse o menininho.
E começou a desenhar uma flor vermelha com caule verde
segunda-feira, 9 de junho de 2008
A
melhor e a pior comida do mundo
Utilizando a
adaptação feita por Pedro Bandeira de trecho da peça teatral
"A raposa e as uvas",de Guilherme de Figueiredo L. Roberto Silvado
Há mais de dois mil anos, um rico mercador grego tinha um escravo chamado Esopo. Um escravo corcunda, feio, mas de sabedoria única no mundo. Certa vez, para provar as qualidades de seu escravo, o mercador ordenou:Toma, Esopo. Aqui está esta sacola de moedas. Corre ao mercado. Compra lá o que houver de melhor para um banquete. A melhor comida do mundo!
Pouco tempo depois, Esopo voltou do mercado e colocou sobre a mesa um prato coberto por fino pano de linho. O mercador levantou o paninho e ficou surpreso:Ah, língua? Nada como a boa língua que os pastores gregos sabem tão bem preparar. Mas por que escolheste exatamente a língua como a melhor comida do mundo?
O escravo de olhos baixos, explicou sua escolha:O que há de melhor do que a língua, senhor? A língua é que nos une a todos, quando falamos. Sem a língua não poderíamos nos entender. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão. Graças à língua é que se constróem as cidades, graças à língua podemos dizer o nosso amor. A língua é o órgão do carinho, da ternura, do amor, da compreensão. É a língua que torna eterno os versos dos grandes poetas, as idéias dos grandes escritores. Com a língua se ensina, se persuade, se instrui, se reza, se explica, se canta, se descreve, se elogia, se demonstra, se afirma. Com a língua dizemos "mãe", "querida" e "Deus". Com a língua dizemos "sim". Com a língua dizemos "eu te amo"! O que pode haver de melhor do que a língua, senhor?
O mercador levantou-se entusiasmado:Muito bem, Esopo! Realmente tu me trouxeste o que há de melhor. Toma agora esta outra sacola de moedas. Vai de novo ao mercado e traz o que houver de pior, pois quero ver a tua sabedoria.
Mais uma vez, depois de algum tempo, o escravo Esopo voltou do mercado trazendo um prato coberto por um pano. O mercador recebeu-o com um sorriso:Hum... já sei o que há de melhor. Vejamos agora o que há de pior...
O mercador descobriu o prato e ficou indignado:O quê?! Língua? Língua outra vez? Língua? Não disseste que a língua era o que havia de melhor? Queres ser açoitado?
Esopo encarou o mercador e respondeu:A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de todas as intrigas, o início de todos os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que separa a humanidade, que divide os povos. É a língua que usam os maus políticos quando querem nos enganar com suas falsas promessas. É a língua que usam os vigaristas quando querem trapacear. A língua é o órgão da mentira, da discórdia, dos desentendimentos, das guerras, da exploração. É a língua que mente, que esconde, que engana, que explora, que blasfema, que insulta, que se acovarda, que mendiga, que xinga, que bajula, que destrói, que calunia, que vende, que seduz, que corrompe. Com a língua, dizemos "morre", "canalha" e "demônio". Com a língua dizemos "não". Com a língua dizemos "eu te odeio"! Aí está, senhor, porque a língua é a pior e a melhor de todas as coisas!
"Não se enganem; não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas ponham em prática o que ela manda....Alguém pensa que é religioso? Se não souber controlar a sua língua, a sua religião não vale nada, e ele está enganando a si mesmo. Para Deus, o Pai, a religião pura e verdadeira é esta: ajudar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e não se manchar com as coisas más deste mundo."
Vamos usar as nossas palavras, comentários e observações para abençoar, estimular e animar aqueles que estão ao nosso redor? Como você abençoará alguém através das suas palavras durante o dia de hoje? Faça isto e você descobrirá a benção de Deus sobre a sua vida
"A raposa e as uvas",de Guilherme de Figueiredo L. Roberto Silvado
Há mais de dois mil anos, um rico mercador grego tinha um escravo chamado Esopo. Um escravo corcunda, feio, mas de sabedoria única no mundo. Certa vez, para provar as qualidades de seu escravo, o mercador ordenou:Toma, Esopo. Aqui está esta sacola de moedas. Corre ao mercado. Compra lá o que houver de melhor para um banquete. A melhor comida do mundo!
Pouco tempo depois, Esopo voltou do mercado e colocou sobre a mesa um prato coberto por fino pano de linho. O mercador levantou o paninho e ficou surpreso:Ah, língua? Nada como a boa língua que os pastores gregos sabem tão bem preparar. Mas por que escolheste exatamente a língua como a melhor comida do mundo?
O escravo de olhos baixos, explicou sua escolha:O que há de melhor do que a língua, senhor? A língua é que nos une a todos, quando falamos. Sem a língua não poderíamos nos entender. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão. Graças à língua é que se constróem as cidades, graças à língua podemos dizer o nosso amor. A língua é o órgão do carinho, da ternura, do amor, da compreensão. É a língua que torna eterno os versos dos grandes poetas, as idéias dos grandes escritores. Com a língua se ensina, se persuade, se instrui, se reza, se explica, se canta, se descreve, se elogia, se demonstra, se afirma. Com a língua dizemos "mãe", "querida" e "Deus". Com a língua dizemos "sim". Com a língua dizemos "eu te amo"! O que pode haver de melhor do que a língua, senhor?
O mercador levantou-se entusiasmado:Muito bem, Esopo! Realmente tu me trouxeste o que há de melhor. Toma agora esta outra sacola de moedas. Vai de novo ao mercado e traz o que houver de pior, pois quero ver a tua sabedoria.
Mais uma vez, depois de algum tempo, o escravo Esopo voltou do mercado trazendo um prato coberto por um pano. O mercador recebeu-o com um sorriso:Hum... já sei o que há de melhor. Vejamos agora o que há de pior...
O mercador descobriu o prato e ficou indignado:O quê?! Língua? Língua outra vez? Língua? Não disseste que a língua era o que havia de melhor? Queres ser açoitado?
Esopo encarou o mercador e respondeu:A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de todas as intrigas, o início de todos os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que separa a humanidade, que divide os povos. É a língua que usam os maus políticos quando querem nos enganar com suas falsas promessas. É a língua que usam os vigaristas quando querem trapacear. A língua é o órgão da mentira, da discórdia, dos desentendimentos, das guerras, da exploração. É a língua que mente, que esconde, que engana, que explora, que blasfema, que insulta, que se acovarda, que mendiga, que xinga, que bajula, que destrói, que calunia, que vende, que seduz, que corrompe. Com a língua, dizemos "morre", "canalha" e "demônio". Com a língua dizemos "não". Com a língua dizemos "eu te odeio"! Aí está, senhor, porque a língua é a pior e a melhor de todas as coisas!
"Não se enganem; não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas ponham em prática o que ela manda....Alguém pensa que é religioso? Se não souber controlar a sua língua, a sua religião não vale nada, e ele está enganando a si mesmo. Para Deus, o Pai, a religião pura e verdadeira é esta: ajudar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e não se manchar com as coisas más deste mundo."
Vamos usar as nossas palavras, comentários e observações para abençoar, estimular e animar aqueles que estão ao nosso redor? Como você abençoará alguém através das suas palavras durante o dia de hoje? Faça isto e você descobrirá a benção de Deus sobre a sua vida
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Não
faz nada, só fica em casa
Era uma vez uma mulher que perdeu seu nome de batismo ou
melhor trocou- o por outro muito usado: o de mãe. Sendo mãe tornou-se uma
pessoa essencialmente chata. A maior cobradora da paróquia. Faça isso; faça
aquilo...O relógio toca. Começa a batalha.- Vamos acordar, pessoal!!!Corre liga
a água para o café. O leite também (quando tem)...- Vamos crianças, vistam o
uniforme!O pai já está no banho. Rápido. Tem aula.Côa o café. Serve a
mesa.Vamos pessoal. Olhe a hora. Coma o pão. Escovem os dentes.Pronto. O marido
foi para o trabalho e as crianças para a escola.Trocou de roupa. Tirou a mesa,
limpou a mesa do café. Arrumou as camas. Varreu a casa. Retirou o pó dos
móveis. Vai ao verdureiro. Feitas as compras corre ao açougue. aproveita a
saída passa pelo banco e paga as contas de água e luz.Volta correndo. Faz o
almoço. Olha o relógio. Está na hora do marido e das crianças
chegarem...Chegaram. Serve o almoço.- Menino não belisque sua irmã!O pai pede
que lave o macacão. Conta que hoje o trabalho melhorou um pouco, mas é para
cuidar das despesas. Breve repouso e volta ao serviço.A mãe lava a louça do
almoço. Afilha seca os pratos e o filho os talheres, ele se manda para o
quintal. O cachorro aparece com os pêlos da cauda bem aparados.- Esse menino!
Foi por isso que ele pegou a tesoura...- Crianças façam a lição.Sim. Claro,
arranjar figuras para a tarefa de geografia. Costurar a barra da calça do
menino. Pregar o botão da blusa da menina.- Mãe, amanhã é aniversário da
professora. Tenho que levar um bolo.Pronto. O bolo está no forno. Enquanto
assa, lava o macacão.- Vamos ao dentista.Cuidado ao atravessar a rua.Passam na
panificadora. Voltam para casa.- Tomem banho!Providenciar o jantar.- Não gosta
de ovo? Tem que comer. Faz bem para a saúde.Fiquem quietos. Deixem o papai
assistir o noticiário sossegado. Ele está cansado. Trabalhou o dia todo. Vão
para o banho! Já arrumaram o material para a aula de amanhã? Mas que turma!
Desde que chegamos do dentista estou dizendo para irem para o banho.Todos
deitados.Verificação total da casa. Deixar a mesa arrumada para o café
matinal.- Ora veja! O menino esqueceu de guardar o caderno.Abriu-o, deu uma
olhada na lição. Ele preencheu uma folha com dados pessoais: nome completo,
data de nascimento, local e também dados familiares.Profissão do pai:
mecânico.Profissão da mãe: não faz nada, só fica em casa."
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Só
o amor para perdoar,uma traição
Titulo: Crônica de Natal
Autor: Aldemar Paiva- adapt. Rolando Boldrin
Não, eu não gosto de vancê,
Papai Noé.
Também não gosto desse seu papé
De ficá aí vestido de vermeio
vendendo ilusão
pra tar de burguesia.
se os meninos pobre da
cidade, soubesse
o desprezo que o sinhô tem
Pela humirdade,
eles jogavam pedra
em sua fantasia.
Vancê, tarvêz num se alembre mais..
Faz muito tempo...eu cresci.
me tornei rapaz
Mas nunca esquecí aquilo que passô.
Foi assim:
Eu tinha escrevido
um biete prô sinhô
Pedindo o meu presente..
A noite inteira eu esperei contente..
Raiou o dia...Chegou o sor...
Mas vancê.. não chegô.
Inté chorei...desconsolado...
Então, dias despois, meu pai
Coitado, me apareceu com um trenzinho
véio enferrujado..
ponhô na minha mão
e disse assim; Toma...é seu..
--Pra mim, pai ?
Sim. É pra vancê...foi o papai Noé que mandô.
E aí vi quando ele, uma lágrima
desfarsô, de emoção
...Eu..
Inocente... nesse caso,
maginei que o meu biete com atraso,
tinha chegado
im sua mão, .naquela hora.
Então , contente,
limpeio MEU trezinho
bem limpado, dei corda nele
ele partiu...deu muitas
Vorta...meu pai do lado...me olhou
Se riu... me abraçou...e foi-simbora.
Passado mais uns dia
Meu pobre pai , de repente vortou.
vinha assim
Como quem ta com medo
e falou pra mim:
Me dá aqui aquele seu brinquedo
Eu vou trocá por outro na cidade.
E eu... sem vontade
Fui entregando pra ele
o MEU trezinho, quage a saluçá...
E como quem num qué abandoná
Um mimo que lhe deu quem
Lhe qué bem..
Eu supriquei medroso
Ô pai...eu só tenho ele
..Eu num quero outro brinquedo
Eu quero aquele
Por favor, pai...num vá levá meu trem
Ele nem me ouviu..
Correndo, bateu a porta. e saiu.
como um doido varrido
Minha mãe gritô pra ele.
.José ?
Ele nem deu ouvido...
Foi-se imbora e nunca mais vortô.
Pois é..
papai Noé..
Vancê me transformô
Num homi que hoje
Despresa a infância e o dia de Natá.
Sem meu pai..sem brinquedo
Afiná...dos seus presente,
Num hai um que sobre
Da riqueza pra esses menino pobre
Que sonha o ano inteiro
Com a noite de Natá.
E só bem despois que eu cresci
Foi que tudo compriendí...
Naquele do tar trenzinho
meu pai de mim compadecido
Num gesto humano e decidido
pagou bem caro a minha ilusão
foi longe demais, coitado.
imaginando que pro seu fio aquilo
era um bem
Tinha roubado do fio do patrão
aquele trem
Quando ele sumiu da última vêz,
Pensei que tinha viajado
No entanto minha mãe
despois que eu fiquei moço,
em pranto...me conto... que ele foi preso
e transformado..em RÉU...
pra absorvê meu pai
Nenhum amigo ou parente
Se atreveu.
E o pobre definhando na cadeia
Foi indo...indo...
Inté o dia em que Deus,entrou naquela
cela, e libertou ele pro céu
Autor: Aldemar Paiva- adapt. Rolando Boldrin
Não, eu não gosto de vancê,
Papai Noé.
Também não gosto desse seu papé
De ficá aí vestido de vermeio
vendendo ilusão
pra tar de burguesia.
se os meninos pobre da
cidade, soubesse
o desprezo que o sinhô tem
Pela humirdade,
eles jogavam pedra
em sua fantasia.
Vancê, tarvêz num se alembre mais..
Faz muito tempo...eu cresci.
me tornei rapaz
Mas nunca esquecí aquilo que passô.
Foi assim:
Eu tinha escrevido
um biete prô sinhô
Pedindo o meu presente..
A noite inteira eu esperei contente..
Raiou o dia...Chegou o sor...
Mas vancê.. não chegô.
Inté chorei...desconsolado...
Então, dias despois, meu pai
Coitado, me apareceu com um trenzinho
véio enferrujado..
ponhô na minha mão
e disse assim; Toma...é seu..
--Pra mim, pai ?
Sim. É pra vancê...foi o papai Noé que mandô.
E aí vi quando ele, uma lágrima
desfarsô, de emoção
...Eu..
Inocente... nesse caso,
maginei que o meu biete com atraso,
tinha chegado
im sua mão, .naquela hora.
Então , contente,
limpeio MEU trezinho
bem limpado, dei corda nele
ele partiu...deu muitas
Vorta...meu pai do lado...me olhou
Se riu... me abraçou...e foi-simbora.
Passado mais uns dia
Meu pobre pai , de repente vortou.
vinha assim
Como quem ta com medo
e falou pra mim:
Me dá aqui aquele seu brinquedo
Eu vou trocá por outro na cidade.
E eu... sem vontade
Fui entregando pra ele
o MEU trezinho, quage a saluçá...
E como quem num qué abandoná
Um mimo que lhe deu quem
Lhe qué bem..
Eu supriquei medroso
Ô pai...eu só tenho ele
..Eu num quero outro brinquedo
Eu quero aquele
Por favor, pai...num vá levá meu trem
Ele nem me ouviu..
Correndo, bateu a porta. e saiu.
como um doido varrido
Minha mãe gritô pra ele.
.José ?
Ele nem deu ouvido...
Foi-se imbora e nunca mais vortô.
Pois é..
papai Noé..
Vancê me transformô
Num homi que hoje
Despresa a infância e o dia de Natá.
Sem meu pai..sem brinquedo
Afiná...dos seus presente,
Num hai um que sobre
Da riqueza pra esses menino pobre
Que sonha o ano inteiro
Com a noite de Natá.
E só bem despois que eu cresci
Foi que tudo compriendí...
Naquele do tar trenzinho
meu pai de mim compadecido
Num gesto humano e decidido
pagou bem caro a minha ilusão
foi longe demais, coitado.
imaginando que pro seu fio aquilo
era um bem
Tinha roubado do fio do patrão
aquele trem
Quando ele sumiu da última vêz,
Pensei que tinha viajado
No entanto minha mãe
despois que eu fiquei moço,
em pranto...me conto... que ele foi preso
e transformado..em RÉU...
pra absorvê meu pai
Nenhum amigo ou parente
Se atreveu.
E o pobre definhando na cadeia
Foi indo...indo...
Inté o dia em que Deus,entrou naquela
cela, e libertou ele pro céu
Titulo: O pedido do
caipirinha
Autor: Lulu Benencase
PAPAI NOÉ OS MENINO ME CONTARAM.
LÁ NA ESCOLA ONDE EU VÔ
QUE O SENHÔ ATENDE OS PEDIDO
DOS RICO DOS POBRE OPRIMIDO
MANDADO POR NOSSO SENHÔ
ME CONTARAM INTÉ QUE É
SÓ PONHA CAPIM EM BAIXO DA CAMA
E DRUMI PRÁ ESPERÁ
MAIS PAPAI NOÉ PRÁ COMEÇÁ
NEM CAMA EU TENHO PRÁ MIM DRUMI
EU TENHO É UMA ESTERA VÉIA
REMENDADA QUE DÁ PENA INTÉ DE OIÁ
BRINQUEDO INTÃO NEM É BÃO FALÁ
TREM DE FERRO,AEROPRANINHO,SORDADINHO
EU SÓ CUNHEÇO DE NOME
SÓ DE OUVI AS OUTRA CRIANÇA CUMENTÁ
QUE VALE QUE O PAI FALÔ
QUE A INVEJA NUM TEM VALÔ
PRO CABOCLO LUTADÔ
MAIS EU TE JURO PAPAI NOÉ
QUANDO EU ESCUITO UMA CRIANÇA
DO MEU BAIRRO CUMENTÁ
EU SINTO QUE O MICRÓBIO DA INVEJA
CUMAÇA LOGO A ME ATACÁ
ÓI PAPAI NOÉ,PRO SENHÔ EU NUM TENHO SEGREDO
INTÉ HOJE EU SÓ TIVE DOIS BRINQUEDO
PRIMERO TIVE UM POTRANCO
QUE ERA TODINHO BRANCO
E BONITO COMO QUE
MAIS DEPOIS OS NEGÓCIO APIORÔ
E O PAI TEVE QUE VENDÊ
DESPOIS ME DERAM O PINHÃO
ESSE CACHORRINHO BÃO
QUE MI AJUDA ADIVERTI
NAS AGUA DO RIBERÃO
NADANDO DAQUI PRÁ LÍ
HÁ! O SENHÔ PERSISAVA VÊ PAPAI NOÉ
QUANDO EU DÔ UM MERGUIÃO
CUSTANDO PRA PARECÊ
NUM É DE VÊ
QUE O DANADO DO VIRA-LATA
LATI DESESPERADO
PENSANDO QUE EU VO MORRÊ
MAIS ÓI,PAPAI NOÉ,
JÁ QUE NÓIS TEMO PROSIANDO
JÁ QUE A GENTE TA CUNVERSANDO
O MEU PEDIDO EU VOU FAZÊ
FAZ A MINHA MÃE ALEVANTÁ
FAIZ DOIS ANO QUE ELA NUM SABE
O QUE É NATÁ
FAIZ DOIS ANO QUE A COITADA
PASSÔ A TUSSI,TUSSI
NUM ISFORÇO DANADO LÁ NA CAMA
PRÁ PODÊ ARRESISTÍ
SE O SENHÔ ME ATENDÊ
EU PODIA INTÉ LHE ENTREGÁ
O MEU ÚNICO AMIGO BÃO
O MEU CACHORRINHO PINHÃO
QUE EU CUSTEI TANTO A GANHÁ
MAIS O SENHÔ PODE FICÁ COM ELE OU ENTÃO
FAZÊ PRESENTE PRA OUTRA CRIANÇA
QUE O SENHÔ QUISÉ DÁ
EU TE PROMETO FICA CUNTENTE
MEMO COM VONTADE DE CHORÁ
MAIS ÓIA PAPAI NOÉ
NUM ESQUEÇA O MEU PEDIDO
QUANDO CHEGÁ O NATÁ
PRU FAVÔ
FAIZ A MINHA MÃEZINHA SARÁ
Autor: Lulu Benencase
PAPAI NOÉ OS MENINO ME CONTARAM.
LÁ NA ESCOLA ONDE EU VÔ
QUE O SENHÔ ATENDE OS PEDIDO
DOS RICO DOS POBRE OPRIMIDO
MANDADO POR NOSSO SENHÔ
ME CONTARAM INTÉ QUE É
SÓ PONHA CAPIM EM BAIXO DA CAMA
E DRUMI PRÁ ESPERÁ
MAIS PAPAI NOÉ PRÁ COMEÇÁ
NEM CAMA EU TENHO PRÁ MIM DRUMI
EU TENHO É UMA ESTERA VÉIA
REMENDADA QUE DÁ PENA INTÉ DE OIÁ
BRINQUEDO INTÃO NEM É BÃO FALÁ
TREM DE FERRO,AEROPRANINHO,SORDADINHO
EU SÓ CUNHEÇO DE NOME
SÓ DE OUVI AS OUTRA CRIANÇA CUMENTÁ
QUE VALE QUE O PAI FALÔ
QUE A INVEJA NUM TEM VALÔ
PRO CABOCLO LUTADÔ
MAIS EU TE JURO PAPAI NOÉ
QUANDO EU ESCUITO UMA CRIANÇA
DO MEU BAIRRO CUMENTÁ
EU SINTO QUE O MICRÓBIO DA INVEJA
CUMAÇA LOGO A ME ATACÁ
ÓI PAPAI NOÉ,PRO SENHÔ EU NUM TENHO SEGREDO
INTÉ HOJE EU SÓ TIVE DOIS BRINQUEDO
PRIMERO TIVE UM POTRANCO
QUE ERA TODINHO BRANCO
E BONITO COMO QUE
MAIS DEPOIS OS NEGÓCIO APIORÔ
E O PAI TEVE QUE VENDÊ
DESPOIS ME DERAM O PINHÃO
ESSE CACHORRINHO BÃO
QUE MI AJUDA ADIVERTI
NAS AGUA DO RIBERÃO
NADANDO DAQUI PRÁ LÍ
HÁ! O SENHÔ PERSISAVA VÊ PAPAI NOÉ
QUANDO EU DÔ UM MERGUIÃO
CUSTANDO PRA PARECÊ
NUM É DE VÊ
QUE O DANADO DO VIRA-LATA
LATI DESESPERADO
PENSANDO QUE EU VO MORRÊ
MAIS ÓI,PAPAI NOÉ,
JÁ QUE NÓIS TEMO PROSIANDO
JÁ QUE A GENTE TA CUNVERSANDO
O MEU PEDIDO EU VOU FAZÊ
FAZ A MINHA MÃE ALEVANTÁ
FAIZ DOIS ANO QUE ELA NUM SABE
O QUE É NATÁ
FAIZ DOIS ANO QUE A COITADA
PASSÔ A TUSSI,TUSSI
NUM ISFORÇO DANADO LÁ NA CAMA
PRÁ PODÊ ARRESISTÍ
SE O SENHÔ ME ATENDÊ
EU PODIA INTÉ LHE ENTREGÁ
O MEU ÚNICO AMIGO BÃO
O MEU CACHORRINHO PINHÃO
QUE EU CUSTEI TANTO A GANHÁ
MAIS O SENHÔ PODE FICÁ COM ELE OU ENTÃO
FAZÊ PRESENTE PRA OUTRA CRIANÇA
QUE O SENHÔ QUISÉ DÁ
EU TE PROMETO FICA CUNTENTE
MEMO COM VONTADE DE CHORÁ
MAIS ÓIA PAPAI NOÉ
NUM ESQUEÇA O MEU PEDIDO
QUANDO CHEGÁ O NATÁ
PRU FAVÔ
FAIZ A MINHA MÃEZINHA SARÁ
Titulo: Esmola para São José
Autor: José Laurentino
Tem certas coisa sêo moço,
que eu num gosto muito não.
por inzempro: ouví contar
estória de operação,
de arrancamento de dente
ouví estória de briga,
eu posso inté escuíta,
mas me dá uma fadiga...
Mas, pru arte dos pecado,
ou por minha pouca fé
todo dia lá im casa
passa um veio andando a pé
pru sina, muito feliz
chega im minha casa,bate parma e diz:
---esmola pra S. José.
E o diabo da muié
que é muito cuvitêra
eu nunca vi uma muié
que num fosse resadêra
adiquére um tanto-ou-quanto
corre e vai lá dar prô santo...
Santo...prô veio fazê a fera
Muitas veis, logo cedinho
eu vô tomá meu café
quando dô fé, é o grito:
---esmola pra S. José.
Isso foi me enchendo o saco
cada dia enchendo mais
um dia cheguei im casa
com a barguia virada pra tráis,
sentei num sêpo de pau
tomei uma de rapé
e ouví a voz lá da porta...
---Esmola pra S. José.
Pru morde dá a esmola
a muié se remecheu
mas eu gritei, num vá não,
hoje quem vai dá essa esmola sô eu.
Quando eu cheguei na porta
o véio teve um espanto,e eu disse:
--vá trabaiá vagabundo
que eu não dô esmola pra Santo.
Pois eu acho que os santo
não tem muita precisão,
afiná eu nuca vi
um santo comê feijão
Troque o Santo numa enxada
deixe de ser preguiçoso
pois Santo num qué esmola,
deixe de ser mentiroso.
O véio me oiou, e disse:
---que S. José te perdoe,
e se Deus tive te ouvindo.
Que ele te abençoe.
E que cubra vossa casa,
de paz, amor, união,
sossego, prosperidade,
conforto e comprienção.
E se um dia o sinhô,
precisá deste véinho
ele não mora tão perto,
mas eu lhe ensino o caminho,
Fica no sitio Cauã
onde já morô meu pai,
a direira de quem vêm
a esquerda de quem vai
Se um dia o sinhô passá
por alí cum precisão
de fome o sinhô num morre
também num dorme no chão,
Quando o véio disse aquilo
eu senti naquele instante,
cumo se eu fosse uma frumiga
sob os pé de um elefante,
tava cum as perna tremendo
digo e num péço segredo
que esse véio me deu uma surra
sem me tocá com um dedo,
Eu com tanta ignorância
ele tanta mansidão
fez eu pagá muito caro
a farta de inducação
então naqueçe momento
eu gritei pra Salomé
mandei trazê pra véinho
uma boa chicra de café
e fui contá meu dinheiro,
tinha somente um cruzero,
dei tudinho a S. José
Autor: José Laurentino
Tem certas coisa sêo moço,
que eu num gosto muito não.
por inzempro: ouví contar
estória de operação,
de arrancamento de dente
ouví estória de briga,
eu posso inté escuíta,
mas me dá uma fadiga...
Mas, pru arte dos pecado,
ou por minha pouca fé
todo dia lá im casa
passa um veio andando a pé
pru sina, muito feliz
chega im minha casa,bate parma e diz:
---esmola pra S. José.
E o diabo da muié
que é muito cuvitêra
eu nunca vi uma muié
que num fosse resadêra
adiquére um tanto-ou-quanto
corre e vai lá dar prô santo...
Santo...prô veio fazê a fera
Muitas veis, logo cedinho
eu vô tomá meu café
quando dô fé, é o grito:
---esmola pra S. José.
Isso foi me enchendo o saco
cada dia enchendo mais
um dia cheguei im casa
com a barguia virada pra tráis,
sentei num sêpo de pau
tomei uma de rapé
e ouví a voz lá da porta...
---Esmola pra S. José.
Pru morde dá a esmola
a muié se remecheu
mas eu gritei, num vá não,
hoje quem vai dá essa esmola sô eu.
Quando eu cheguei na porta
o véio teve um espanto,e eu disse:
--vá trabaiá vagabundo
que eu não dô esmola pra Santo.
Pois eu acho que os santo
não tem muita precisão,
afiná eu nuca vi
um santo comê feijão
Troque o Santo numa enxada
deixe de ser preguiçoso
pois Santo num qué esmola,
deixe de ser mentiroso.
O véio me oiou, e disse:
---que S. José te perdoe,
e se Deus tive te ouvindo.
Que ele te abençoe.
E que cubra vossa casa,
de paz, amor, união,
sossego, prosperidade,
conforto e comprienção.
E se um dia o sinhô,
precisá deste véinho
ele não mora tão perto,
mas eu lhe ensino o caminho,
Fica no sitio Cauã
onde já morô meu pai,
a direira de quem vêm
a esquerda de quem vai
Se um dia o sinhô passá
por alí cum precisão
de fome o sinhô num morre
também num dorme no chão,
Quando o véio disse aquilo
eu senti naquele instante,
cumo se eu fosse uma frumiga
sob os pé de um elefante,
tava cum as perna tremendo
digo e num péço segredo
que esse véio me deu uma surra
sem me tocá com um dedo,
Eu com tanta ignorância
ele tanta mansidão
fez eu pagá muito caro
a farta de inducação
então naqueçe momento
eu gritei pra Salomé
mandei trazê pra véinho
uma boa chicra de café
e fui contá meu dinheiro,
tinha somente um cruzero,
dei tudinho a S. José
Titulo: Pitoco
Autor: Abilio Victor (Nhô Bentico)
Poema que virou um clássico por sua pureza de liguagem Caipira declamado em circus e festas do interior à meio século.
PITOCO ERA UM CACHORRINHO
QUE EU GANHEI DO MEU PADRINHO
NUMA NOITE DE NATÁ
ERA ESPERTO BEM ATIVO
TINHA DOIS ÓIOS BEM VIVO
SARTANDO DE LÁ PRA CÁ
DI MINHA CEDO PITOCO
QUANDO MI LEVANTAVA
PITOCO É QUE MI ACORDAVA
COM LATIDOS SEM PARÁ
MI FAZIA TANTA FESTA
LAMBIA INTÉ MINHA TESTA
CHEGAVA INTÁ MI BEJA
E DOMINGO BEM CEDINHO
EU PEGAVA MEU BODOQUINHO
OS PELOTE NO ESBORNÁ
PITOCO CORRIA NA FRENTE
DANDO SARTO DE CONTENTE
ROLANDO NOS CAPINZÁ
ERA DOMINGO DE MÊS
DIA DE SANTA INÊS
TINHA FESTA NO ARRAIÁ
MINHA MÃE COM AS CRIANÇADA
TUDO DE ROPA TROCADA
NA CAPELA FOI REZÁ
EU FUGINDO POR UMA ESTRADA
COM PITOCO FUI CAÇA
HOJE DÓI A MINHA CONSCIÊNCIA
DA MINHA DESEBEDIÊNCIA
EM NÃO PODE LHE SARVÁ
PITOCO LATIA,LATIA DE TANTA ALEGRIA
SEM NADA PODE CISMÁ
EU TACAVA UM PELOTE
FAZENDO VIRÁ CAMBOTE
UM POBRE CARÁ-CARÁ
DE REPENTE FIQUEI COM ALMA FRIA
GRITEI PRÁ VIRGE MARIA
QUE PODIA ME SARVÁ
UMA URUTÚ DAS DORADA
NUM GAIO DEPENDURADA
TAVA PRONTA PRA SARTÁ
PITOCO FICO ARREPIADO
FICO COM OS ÓIO VIDRADO
E DEU UM SARTO MORTÁ
SE CUMBATEU COM A SERPENTE
ARREPICOU TODA DE DENTE
MAIS NÃO PODE SE SARVÁ
PITOCO MORREU LATINDO
OS SEUS ÓINHO TÃO LINDO
FOI FECHANDO DEVAGAR
PARECIA INTÉ QUE RIA
DA MINHA PATIFARIA
DE NÃO PODE LHE SARVÁ
E NESSE MUNDO TÃO OCO
ONDE OS AMIGO SÃO POCO
DISPOIS QUE MORREU PITOCO
NUNCA MAIS ACHEI OUTRO IGUÁ
Autor: Abilio Victor (Nhô Bentico)
Poema que virou um clássico por sua pureza de liguagem Caipira declamado em circus e festas do interior à meio século.
PITOCO ERA UM CACHORRINHO
QUE EU GANHEI DO MEU PADRINHO
NUMA NOITE DE NATÁ
ERA ESPERTO BEM ATIVO
TINHA DOIS ÓIOS BEM VIVO
SARTANDO DE LÁ PRA CÁ
DI MINHA CEDO PITOCO
QUANDO MI LEVANTAVA
PITOCO É QUE MI ACORDAVA
COM LATIDOS SEM PARÁ
MI FAZIA TANTA FESTA
LAMBIA INTÉ MINHA TESTA
CHEGAVA INTÁ MI BEJA
E DOMINGO BEM CEDINHO
EU PEGAVA MEU BODOQUINHO
OS PELOTE NO ESBORNÁ
PITOCO CORRIA NA FRENTE
DANDO SARTO DE CONTENTE
ROLANDO NOS CAPINZÁ
ERA DOMINGO DE MÊS
DIA DE SANTA INÊS
TINHA FESTA NO ARRAIÁ
MINHA MÃE COM AS CRIANÇADA
TUDO DE ROPA TROCADA
NA CAPELA FOI REZÁ
EU FUGINDO POR UMA ESTRADA
COM PITOCO FUI CAÇA
HOJE DÓI A MINHA CONSCIÊNCIA
DA MINHA DESEBEDIÊNCIA
EM NÃO PODE LHE SARVÁ
PITOCO LATIA,LATIA DE TANTA ALEGRIA
SEM NADA PODE CISMÁ
EU TACAVA UM PELOTE
FAZENDO VIRÁ CAMBOTE
UM POBRE CARÁ-CARÁ
DE REPENTE FIQUEI COM ALMA FRIA
GRITEI PRÁ VIRGE MARIA
QUE PODIA ME SARVÁ
UMA URUTÚ DAS DORADA
NUM GAIO DEPENDURADA
TAVA PRONTA PRA SARTÁ
PITOCO FICO ARREPIADO
FICO COM OS ÓIO VIDRADO
E DEU UM SARTO MORTÁ
SE CUMBATEU COM A SERPENTE
ARREPICOU TODA DE DENTE
MAIS NÃO PODE SE SARVÁ
PITOCO MORREU LATINDO
OS SEUS ÓINHO TÃO LINDO
FOI FECHANDO DEVAGAR
PARECIA INTÉ QUE RIA
DA MINHA PATIFARIA
DE NÃO PODE LHE SARVÁ
E NESSE MUNDO TÃO OCO
ONDE OS AMIGO SÃO POCO
DISPOIS QUE MORREU PITOCO
NUNCA MAIS ACHEI OUTRO IGUÁ
as erradas.
Titulo: Confissão de Caboco
Autor: Zé da Luz (adap. Rolando Boldrin)
Sinhô dotô delegado,Digo à vossa-sinheria.Que inté onti fui casado,Cum a muié que im vidaSe chamo Rosa Maria.Faz dez mês que se gostêmoFaz oito que fumo noivoFaz sete que nóis casêmo.Nóis casêmo, e nóis viviaCumo pobre é verdadeMas a gente se sentiaRico de felicidade.Pras banda que nóis moravaNo luga Xã da Cotia,Morava tombem um cabraChamado Chico Faria.Esse cabra, antigamenteTinha gostado de Rosa,Chegaro inté a sê noivoMas num fizéro a intrósaDo casamento, pru modeMunué- Uréia- de- BodeQue era padrinho de MariaTe desmanchado essa prosa.Entonce o Chico FariaAdespois que nóis casêmoIm cunversa as vez dizia:Qui inda me dava fimPra se casa cum a Maria.Dessas coisa eu sabia,Mas num dei importância,Tinha toda a cunfiançaNa muié que eu tanto amava,Ou mais mio, adoravaCum toda a minha sustança.Despois disso, o meu rigimeEra vive trabaiano, sem da muiéTê ciúme. A muié, pru sua vez,Nunca me deu cabimento, deu pensaQue ela fizesse um dia um dia um farsejamento.Mas, sêo dotô, tome tento,No resto da minha estória, que o ruim chego agora.Se não me farta a memória,Já faz ansim uns três mêsQui o cabra Chico Faria,Todo prosa, todo ancho,Quase sempre, mais das vezAvisitava o meu rancho.Pur ali, descunfiado,Cumo quem qué e num qué,Eu fui veno que o marvadoTentava minha muié.Ou ventação, ou ingano,Eu fui vendo a coisa feia.Pru derradêro eu já tava,Cum a mosca detráis da uréia.Os tempo foi se passando,E o meu arreceiamentoCada vêiz ia omentando.Sêo doto, vá escuitano.Onti, já de tardezinha,Meu cumpade, o Quinca Arruda,Me chamo, pra nóis dansáNum samba, lá na varginhaNa casa de Mestre Duda.Entonce, Rosa Maria,Sempre gosto da samba,Mas porém de tardesinha,Me disse descunfiada,Que prô samba ela num iaQui tava muito infadavaPercisava de deita.Eu fiquei discunfiadoCum a preposta da muié,Despois de tuma caféQuage puro sem misturaCum a faca na cinturaFui prô samba, fui samba.Cheguei no samba, dotô.Repare agora, o sinhô,Quem era que tava lá,O cabra Chico FariaQue quando foi me avisandoFoi logo me perguntando:---Cadê siá, dona Maria,Num veio, não? Pra dansá?Não sinhô, fico im casa.Pru caboco arrespondí.Sintí entonce uma brasaQuêmando meu coração.Nunca mais pude tiraAs palavra desse cabraDa minha manginação.Perdi o gosto da festaE num pude dansá, não.O cabra pru sua vêz,Não dansava, sêo dotô.De vêz im quando me oiavaCum oiá de traidô.Meia noite mais ô menoSe adispidindo do povo,Disse: --- Adeus que eu já vô.Quando ele se arritirôEu tobem me arritireiAtrás dele, sim senhô.Ele na frente, eu atrás,Se o cabra andava depressa,Eu andava muito mais.Noite escura, quiném breu,Nem eu avistava o cabra,Nem o cabra via eu.Sempre andando, sempre andando,Ele na frente eu atrás.Já nem se escuitava maisA vóiz fole tocanoNa casa de Mestre Duda,A noite tava mais negaQui a cunciência de JUDÁ.Sempre andando, sempre andandoEu fui vendo sêo dotô,Qui o marvado ia tumandoDereção da minha casa,Minha casa, sim senhô.Já pertinho do terrêro,Eu me escundí pru destrasDum pé de trapiazêro.Abaixadinho escundido,Prendi a suspiração,Abri os óio e os uvido,Pra mio vê e uvíQuá era sua intenção.Sêo doto, repare bem:O cabra oiando pra trásDo memo jeito que fazUm ladrão pra vê argúem,Num tendo visto ninguémNa minha porta bateu.De lá de dentro uma vóiz,Bem baxinho arrespondeu.Ele entonce, cá de fora:--- Quem ta batendo, sou eu.De repente abriu-se a porta.Ah, sêo dotô, nessa horaA isperança tava morta,Tava morto o meu amô.No escuro, uma vóiz falô:---Tá aqui, sêo Chico, essa cartaQui à tempo eu tinha escrividoPra manda pra vosmecê.Pru favo, num leia agora,Vá simbora, vá simbora,Qui quando chegá im casa,Tem muito tempo pra lê.Quando as minhas oiça uviuAs palavras qui MariaDizia pru disgraçado,Eu fiquei amalucado,Fiquei quase cumo um loco,Ou mió, cumo um cabocoQuando ta cheio de caprito.Duia sarto cumo um cabritoEu tava nos pé cabraE sem quere, di um grito:---Mizerávi. E arrastei minha Faca da cintura. Naquela horaDotô, eu vi o Chico FariaNa bêra da sepurtura.Mais o cabra teve sorte,Sempre nessas sircunstânciaOs homi foge da morte.Correu o cabra, dotô,Tão vexado que dexôA carta caí no chão.Dei de garra no papé,O portadô da traição.Machuquei nas minha mão,A minha honra, dotô, a honraDaquela farsa muié.---Maria me atraçuô.Essa muié que um diaJuêiada nus pé do artá,Juro im nome de Deus,Qui inquanto vida tivesse Haverá de me honrá,Me amá cum todo amô.Cum perdão de sêo dotô.Quando vi a mizeráve Na escuridêza da noiteDos meus óio se escundêSem deixa nem sombra, intéEntrei prá dentro do ranchoPra me vinga da muié.Dotô qui hora minguada.Maria tava ajuêiada,Chorando cum as mão postaCumo que faz oração,Oiando pra eu pedia,Pelo cáli, pela ósta...Pru Jesus crucificado,Pelo amô qui eu lhe amavaQui eu num fizesse isso, não.Eu tava, dotô, eu tavaCego de raiva e paixão.Sem dize uma palavra Agarrei nas suas mão,Levantei ela prá ribaE interrei inté o caboO ferro da parnaibaPru riba du coraçãoSarvei a honra, dotôSarvei a honra, apois não.Despois que vi a MariaCaí sem vida no chãoVim fala cum vósmecêVim cunfissá meu crimeE mi intregá às prisão.Ta aqui a faca assassinaE o sangue na minhas mão.Cumo prova da traição,Ta aqui a carta dotô.Lhe péço um grande favo.Antes de Vossa-SenhôriaMi manda lá pra prisão,Mi leia aqui essa cartaPra eu sabe cumo MariaPerparava a traição.Sêo Chico:
"Xã--da--Cutia.Digo à Vossa Sinhoria,Qui só lhe faço essa cartaPrô sinhô ficá sabendoQui eu num sô muiéQue o sinhô tá intendendo.Si o sinhô cuntinuáCum seus debique atrivido,O geito que tem é contáTudo-tudo a meu marido.O sinhô fique sabendo Qui cum o seu descaramento,Não faz nunca eu quebráO sagrado juramentoQui eu jurei nos pé do artáNo dia do casamento.Se o sinhô é inxiridoIncontrô uma muito forte,O nome do meu maridoEu honro inté a morte.Sou de Vossa-sinhoria,Sua criada Maria."
Dotô, dotô, mi responda...O qui é que eu to uvindo?Vosmicê leu essa cartaOu num leu, ta me iludindo?Dotô...meu Deus seu dotô...Maria tava inucente?Me arresponda pru favor.Matei Maria Inucente?Pru quê sêo dotô? Pru quê?Matei Maria somentePru quê num prendi a lê.Infeliz de quem num leuUma carta do ABC.Magine agora o dotôCumo é grande o meu sofrê.Sou duas vêiz criminoso,Qui castigo, sêo dotô,Qui mizérra, qui horrô...Qui crime num sabe lê.
Autor: Zé da Luz (adap. Rolando Boldrin)
Sinhô dotô delegado,Digo à vossa-sinheria.Que inté onti fui casado,Cum a muié que im vidaSe chamo Rosa Maria.Faz dez mês que se gostêmoFaz oito que fumo noivoFaz sete que nóis casêmo.Nóis casêmo, e nóis viviaCumo pobre é verdadeMas a gente se sentiaRico de felicidade.Pras banda que nóis moravaNo luga Xã da Cotia,Morava tombem um cabraChamado Chico Faria.Esse cabra, antigamenteTinha gostado de Rosa,Chegaro inté a sê noivoMas num fizéro a intrósaDo casamento, pru modeMunué- Uréia- de- BodeQue era padrinho de MariaTe desmanchado essa prosa.Entonce o Chico FariaAdespois que nóis casêmoIm cunversa as vez dizia:Qui inda me dava fimPra se casa cum a Maria.Dessas coisa eu sabia,Mas num dei importância,Tinha toda a cunfiançaNa muié que eu tanto amava,Ou mais mio, adoravaCum toda a minha sustança.Despois disso, o meu rigimeEra vive trabaiano, sem da muiéTê ciúme. A muié, pru sua vez,Nunca me deu cabimento, deu pensaQue ela fizesse um dia um dia um farsejamento.Mas, sêo dotô, tome tento,No resto da minha estória, que o ruim chego agora.Se não me farta a memória,Já faz ansim uns três mêsQui o cabra Chico Faria,Todo prosa, todo ancho,Quase sempre, mais das vezAvisitava o meu rancho.Pur ali, descunfiado,Cumo quem qué e num qué,Eu fui veno que o marvadoTentava minha muié.Ou ventação, ou ingano,Eu fui vendo a coisa feia.Pru derradêro eu já tava,Cum a mosca detráis da uréia.Os tempo foi se passando,E o meu arreceiamentoCada vêiz ia omentando.Sêo doto, vá escuitano.Onti, já de tardezinha,Meu cumpade, o Quinca Arruda,Me chamo, pra nóis dansáNum samba, lá na varginhaNa casa de Mestre Duda.Entonce, Rosa Maria,Sempre gosto da samba,Mas porém de tardesinha,Me disse descunfiada,Que prô samba ela num iaQui tava muito infadavaPercisava de deita.Eu fiquei discunfiadoCum a preposta da muié,Despois de tuma caféQuage puro sem misturaCum a faca na cinturaFui prô samba, fui samba.Cheguei no samba, dotô.Repare agora, o sinhô,Quem era que tava lá,O cabra Chico FariaQue quando foi me avisandoFoi logo me perguntando:---Cadê siá, dona Maria,Num veio, não? Pra dansá?Não sinhô, fico im casa.Pru caboco arrespondí.Sintí entonce uma brasaQuêmando meu coração.Nunca mais pude tiraAs palavra desse cabraDa minha manginação.Perdi o gosto da festaE num pude dansá, não.O cabra pru sua vêz,Não dansava, sêo dotô.De vêz im quando me oiavaCum oiá de traidô.Meia noite mais ô menoSe adispidindo do povo,Disse: --- Adeus que eu já vô.Quando ele se arritirôEu tobem me arritireiAtrás dele, sim senhô.Ele na frente, eu atrás,Se o cabra andava depressa,Eu andava muito mais.Noite escura, quiném breu,Nem eu avistava o cabra,Nem o cabra via eu.Sempre andando, sempre andando,Ele na frente eu atrás.Já nem se escuitava maisA vóiz fole tocanoNa casa de Mestre Duda,A noite tava mais negaQui a cunciência de JUDÁ.Sempre andando, sempre andandoEu fui vendo sêo dotô,Qui o marvado ia tumandoDereção da minha casa,Minha casa, sim senhô.Já pertinho do terrêro,Eu me escundí pru destrasDum pé de trapiazêro.Abaixadinho escundido,Prendi a suspiração,Abri os óio e os uvido,Pra mio vê e uvíQuá era sua intenção.Sêo doto, repare bem:O cabra oiando pra trásDo memo jeito que fazUm ladrão pra vê argúem,Num tendo visto ninguémNa minha porta bateu.De lá de dentro uma vóiz,Bem baxinho arrespondeu.Ele entonce, cá de fora:--- Quem ta batendo, sou eu.De repente abriu-se a porta.Ah, sêo dotô, nessa horaA isperança tava morta,Tava morto o meu amô.No escuro, uma vóiz falô:---Tá aqui, sêo Chico, essa cartaQui à tempo eu tinha escrividoPra manda pra vosmecê.Pru favo, num leia agora,Vá simbora, vá simbora,Qui quando chegá im casa,Tem muito tempo pra lê.Quando as minhas oiça uviuAs palavras qui MariaDizia pru disgraçado,Eu fiquei amalucado,Fiquei quase cumo um loco,Ou mió, cumo um cabocoQuando ta cheio de caprito.Duia sarto cumo um cabritoEu tava nos pé cabraE sem quere, di um grito:---Mizerávi. E arrastei minha Faca da cintura. Naquela horaDotô, eu vi o Chico FariaNa bêra da sepurtura.Mais o cabra teve sorte,Sempre nessas sircunstânciaOs homi foge da morte.Correu o cabra, dotô,Tão vexado que dexôA carta caí no chão.Dei de garra no papé,O portadô da traição.Machuquei nas minha mão,A minha honra, dotô, a honraDaquela farsa muié.---Maria me atraçuô.Essa muié que um diaJuêiada nus pé do artá,Juro im nome de Deus,Qui inquanto vida tivesse Haverá de me honrá,Me amá cum todo amô.Cum perdão de sêo dotô.Quando vi a mizeráve Na escuridêza da noiteDos meus óio se escundêSem deixa nem sombra, intéEntrei prá dentro do ranchoPra me vinga da muié.Dotô qui hora minguada.Maria tava ajuêiada,Chorando cum as mão postaCumo que faz oração,Oiando pra eu pedia,Pelo cáli, pela ósta...Pru Jesus crucificado,Pelo amô qui eu lhe amavaQui eu num fizesse isso, não.Eu tava, dotô, eu tavaCego de raiva e paixão.Sem dize uma palavra Agarrei nas suas mão,Levantei ela prá ribaE interrei inté o caboO ferro da parnaibaPru riba du coraçãoSarvei a honra, dotôSarvei a honra, apois não.Despois que vi a MariaCaí sem vida no chãoVim fala cum vósmecêVim cunfissá meu crimeE mi intregá às prisão.Ta aqui a faca assassinaE o sangue na minhas mão.Cumo prova da traição,Ta aqui a carta dotô.Lhe péço um grande favo.Antes de Vossa-SenhôriaMi manda lá pra prisão,Mi leia aqui essa cartaPra eu sabe cumo MariaPerparava a traição.Sêo Chico:
"Xã--da--Cutia.Digo à Vossa Sinhoria,Qui só lhe faço essa cartaPrô sinhô ficá sabendoQui eu num sô muiéQue o sinhô tá intendendo.Si o sinhô cuntinuáCum seus debique atrivido,O geito que tem é contáTudo-tudo a meu marido.O sinhô fique sabendo Qui cum o seu descaramento,Não faz nunca eu quebráO sagrado juramentoQui eu jurei nos pé do artáNo dia do casamento.Se o sinhô é inxiridoIncontrô uma muito forte,O nome do meu maridoEu honro inté a morte.Sou de Vossa-sinhoria,Sua criada Maria."
Dotô, dotô, mi responda...O qui é que eu to uvindo?Vosmicê leu essa cartaOu num leu, ta me iludindo?Dotô...meu Deus seu dotô...Maria tava inucente?Me arresponda pru favor.Matei Maria Inucente?Pru quê sêo dotô? Pru quê?Matei Maria somentePru quê num prendi a lê.Infeliz de quem num leuUma carta do ABC.Magine agora o dotôCumo é grande o meu sofrê.Sou duas vêiz criminoso,Qui castigo, sêo dotô,Qui mizérra, qui horrô...Qui crime num sabe lê.
Titulo: Eu quero voltar pra
casa
Autor: Giusepe Chiaroni
Eu quero voltar pra casa, meu pai.
Quero voltar.
Depois de tanto girar,
Esqueci ou desconheço
O meu primeiro endereçoa
luz do primeiro lar.
Entrei nesta multidão
Que atravanca este planeta
Sem cartão, sem tabuleta
Sem identificação,
Agora quero voltar.
Os caminhos são escuros
só enganos
E eu com oitenta anos
Não aprendi a falar.
É costume ter-se piedade
Duma criança perdida
Tonta e estranha na cidade
Tem gente com dó de mim
é próprio do ser humano
Querem me levar pra casa
Querem sim.
Pros meu pais, ou para os meus manos
Mas eu com oitenta anos
Não sei dizer de onde vim
Estou sozinho
Como quando aqui cheguei.
A gente nasce chorando
Acho até que nem mudei.
Chega-se feio enrugado
Sem cabelo na cabeça
pequenino desdentado
pois hoje esses mesmos dados
me servem, como serviram.
Os meus cabelos caíram
Os meus dentes se acabaram
E as rugas ?
Se elas sumiramo certo é que elas voltaram.
E quanto a chegar chorando,
Eu posso dizer também
Que choro de quando em quando,
E choro com o ninguém.
Ah..mamãe, grita..Zezinho???
Grita..Guaglioni meu pai,
A mãe chama o filho vai
O pai chamou ? É o caminho.
Mas, eu apuro os ouvidos
E um triste silêncio cai.
To perdido...perdido..
Não tenho nem mãe nem pai.Vivo ?
Acho que estou vivo.
Mas sem um objetivo
De quem vem ou de quem vai.
Nada me dá um motivo
Nada me prende ou me atrai.
Nada me empurra ou me abrasa
Pra poder continuar
Eu quero voltar pra casa..
Tenho pouco amor..a fé muito rasa..
Papai e mamãe sem me chamar
Eu quero voltar pra casa
Mas esqueci o lugar.
Autor: Giusepe Chiaroni
Eu quero voltar pra casa, meu pai.
Quero voltar.
Depois de tanto girar,
Esqueci ou desconheço
O meu primeiro endereçoa
luz do primeiro lar.
Entrei nesta multidão
Que atravanca este planeta
Sem cartão, sem tabuleta
Sem identificação,
Agora quero voltar.
Os caminhos são escuros
só enganos
E eu com oitenta anos
Não aprendi a falar.
É costume ter-se piedade
Duma criança perdida
Tonta e estranha na cidade
Tem gente com dó de mim
é próprio do ser humano
Querem me levar pra casa
Querem sim.
Pros meu pais, ou para os meus manos
Mas eu com oitenta anos
Não sei dizer de onde vim
Estou sozinho
Como quando aqui cheguei.
A gente nasce chorando
Acho até que nem mudei.
Chega-se feio enrugado
Sem cabelo na cabeça
pequenino desdentado
pois hoje esses mesmos dados
me servem, como serviram.
Os meus cabelos caíram
Os meus dentes se acabaram
E as rugas ?
Se elas sumiramo certo é que elas voltaram.
E quanto a chegar chorando,
Eu posso dizer também
Que choro de quando em quando,
E choro com o ninguém.
Ah..mamãe, grita..Zezinho???
Grita..Guaglioni meu pai,
A mãe chama o filho vai
O pai chamou ? É o caminho.
Mas, eu apuro os ouvidos
E um triste silêncio cai.
To perdido...perdido..
Não tenho nem mãe nem pai.Vivo ?
Acho que estou vivo.
Mas sem um objetivo
De quem vem ou de quem vai.
Nada me dá um motivo
Nada me prende ou me atrai.
Nada me empurra ou me abrasa
Pra poder continuar
Eu quero voltar pra casa..
Tenho pouco amor..a fé muito rasa..
Papai e mamãe sem me chamar
Eu quero voltar pra casa
Mas esqueci o lugar.
Homem não chora
Autor: Rolando Boldrin
Hoje aqui, oiando pra vancê meu pai,
To me alembrando quanto tempo faz
Que pela primeira vez na vida, eu chorei.
Não foi quando nasci pru que sei que vim berrando...
E disso ninguém se alembra, não.
Foi quando um dia eu caí...levei um trupicão,
Eu era criança. Me esfolei, a perna me doeu,
Quis chora, oiei pra vancê, que esperança.
Vancê não correu pra do chão me alevanta.
Só me oiô e me falô:
---Que isso, rapaz ? Alevanta já daí...
HOMI NÃO CHORA.
Aquilo que vancê falô naquela hora,
Calou bem fundo, pru que vancê era o maió homi do mundo.
Não sabia menti nem pra mim nem pra ninguém...
O tempo foi passando...cresci também...
Mas sempre me alembrando..
HOMI NÃO CHORA.
Foi o que vancê falô.
O mundo foi me dando os solavanco,
Ia sentindo das pobreza os tranco...
Vendo as tristezas vorteá nossa famía,
E as vêiz as revorta que eu sentia era tanta,
Que me vinha um nó cego na garganta,
Uma vontade de gritá...berrá, chorá...mas quá..
Tuas palavra, pai, não me saía dos ouvido..
HOMI NÃO CHORA
Intão, mesmo sentido, eu tudo engolia
E segurava as lágrima que doía...
E elas não caía, nem com tamanho de Quarqué uma dô...
Veio a guerra de 40...e eu tava lá...um homi feito,
Pronto pra defendê o Brasí.
Vancê e a mãe foram me acompanhá pra despedi.
A mãe, coitada, quando me abraçô, chorô de saluçá.
Mas, nóis dois, não.
Nóis só se oiêmo, se abracêmo e despedimo
Como dois HOMI.
Sem chorá nem um pingo.
Ah, me alembro bem... era um dia de domingo.
Também quem é que pode esquecê daquele tempo ingrato ?
Fui pra guerra, briguei, berrei feito um cachorro do mato,
A guerra é coisa que martrata..
Fiquei ferido...\com sodade de vancês...escrevi carta
Sonhei, quase me desesperei, mas chora, memo que era bão
Nunca chorei...
Pruque eu sempre me alembrava daquilo que meu pai falô:
---HOMI NÃO CHORA.
Agora, vendo vancê aí...desse jeito...quieto..sem fala,
Inté com a barbinha rala, pru que não teve tempo de fazê..
Todo mundo im vorta, oiando e chorando pru vancê...
Eu quero me alembrá...quero segurá...quero maginá
Que nóis dois sempre cumbinemo de HOMI nÃO CHORÁ...
quero maginá que um dia vancê vorta pra nossa casa
Pobre..e nóis vai podê de novo se vê ansim, pra conversá
Intão vem vindo um desespero, que vai tomando conta..
A dô de vê vancê ansim é tanta...é tanta, pai,
Que me vorta aquele nó cego na garganta e uma lágrima Teimosa quage cai..
Óio de novo prôs seus cabelo branco...e arguém me diz
Agora pra oiá pela úrtima vez..que ta na hora de vancê
Embarcá.
Passo a minha mão na sua testa que já não tem mais pensamento....
e a dô que to sentindo aqui dentro,
Vai omentando...omentando, quage arrebentando
Os peito...e eu não vejo outro jeito senão me descurpá.
O sinhô pediu tanto pra móde eu não chora..HOMI NÃO CHORA...
o sinhô cansô de me falá...mas, pai,
Vendo o sinhô ansim indo simbora...
me descurpe, mas,Tenho que chora
Autor: Rolando Boldrin
Hoje aqui, oiando pra vancê meu pai,
To me alembrando quanto tempo faz
Que pela primeira vez na vida, eu chorei.
Não foi quando nasci pru que sei que vim berrando...
E disso ninguém se alembra, não.
Foi quando um dia eu caí...levei um trupicão,
Eu era criança. Me esfolei, a perna me doeu,
Quis chora, oiei pra vancê, que esperança.
Vancê não correu pra do chão me alevanta.
Só me oiô e me falô:
---Que isso, rapaz ? Alevanta já daí...
HOMI NÃO CHORA.
Aquilo que vancê falô naquela hora,
Calou bem fundo, pru que vancê era o maió homi do mundo.
Não sabia menti nem pra mim nem pra ninguém...
O tempo foi passando...cresci também...
Mas sempre me alembrando..
HOMI NÃO CHORA.
Foi o que vancê falô.
O mundo foi me dando os solavanco,
Ia sentindo das pobreza os tranco...
Vendo as tristezas vorteá nossa famía,
E as vêiz as revorta que eu sentia era tanta,
Que me vinha um nó cego na garganta,
Uma vontade de gritá...berrá, chorá...mas quá..
Tuas palavra, pai, não me saía dos ouvido..
HOMI NÃO CHORA
Intão, mesmo sentido, eu tudo engolia
E segurava as lágrima que doía...
E elas não caía, nem com tamanho de Quarqué uma dô...
Veio a guerra de 40...e eu tava lá...um homi feito,
Pronto pra defendê o Brasí.
Vancê e a mãe foram me acompanhá pra despedi.
A mãe, coitada, quando me abraçô, chorô de saluçá.
Mas, nóis dois, não.
Nóis só se oiêmo, se abracêmo e despedimo
Como dois HOMI.
Sem chorá nem um pingo.
Ah, me alembro bem... era um dia de domingo.
Também quem é que pode esquecê daquele tempo ingrato ?
Fui pra guerra, briguei, berrei feito um cachorro do mato,
A guerra é coisa que martrata..
Fiquei ferido...\com sodade de vancês...escrevi carta
Sonhei, quase me desesperei, mas chora, memo que era bão
Nunca chorei...
Pruque eu sempre me alembrava daquilo que meu pai falô:
---HOMI NÃO CHORA.
Agora, vendo vancê aí...desse jeito...quieto..sem fala,
Inté com a barbinha rala, pru que não teve tempo de fazê..
Todo mundo im vorta, oiando e chorando pru vancê...
Eu quero me alembrá...quero segurá...quero maginá
Que nóis dois sempre cumbinemo de HOMI nÃO CHORÁ...
quero maginá que um dia vancê vorta pra nossa casa
Pobre..e nóis vai podê de novo se vê ansim, pra conversá
Intão vem vindo um desespero, que vai tomando conta..
A dô de vê vancê ansim é tanta...é tanta, pai,
Que me vorta aquele nó cego na garganta e uma lágrima Teimosa quage cai..
Óio de novo prôs seus cabelo branco...e arguém me diz
Agora pra oiá pela úrtima vez..que ta na hora de vancê
Embarcá.
Passo a minha mão na sua testa que já não tem mais pensamento....
e a dô que to sentindo aqui dentro,
Vai omentando...omentando, quage arrebentando
Os peito...e eu não vejo outro jeito senão me descurpá.
O sinhô pediu tanto pra móde eu não chora..HOMI NÃO CHORA...
o sinhô cansô de me falá...mas, pai,
Vendo o sinhô ansim indo simbora...
me descurpe, mas,Tenho que chora
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Adespois de tanto amô
De tanto beijo gostoso
De tanto chêro cheroso,
Nóis briguêmo.
Foi uma briga fatá.
Ela me disse: Acabou-se.
Eu disse: isso mêmo:Acabou-se...tudo.
E nóis dois fiquêmo mudo
Sem vontade de falá.
Cada um fez sua trôxa
E na hora da partida,
Nem se oiêmo.Xinguêmo.
Sim...nôs xinguêmo
Cumo se póde xingá:
---Eu te odeio
---Eu te desprezo
---Bába de cururu.
---Mandinga de sapo seco.
Ocê vai prô Norte?
Eu vô pro sul.
Nunca mais quero te vê...
Nem noticia quero tê.
Eu juro pro Deus do céu...
Nunca mais quero te vê
Nem pintada de caivão
Lá no muro do quintá...
E se eu contigo asonhá
Acordo e faço três crui...Crui...crui...crui.
O Brasí é muito grande
Dá bem pra nôs separá
Ela engoliu um saluço
Eu engoli bem uns quatro...
E larguei o pé no mato
Passou-se tanto tempo
Que nem é bão recordá.
Onti nóis dois se encontrêmo.
Ninguém tento desfarça.
Eu parti pra riba dela
Com um fogo ascêso no oiá
Ela me deu um arrôxo
Que se eu sô um cabra frôxo
Tava aqui em dois pedaço.
E foi tanto bejo gostoso
Foi tanto chêro cheroso.
Entonce nóis se alembrêmo
---O BRASÍ é tão pequeno,
Não dá pra nôs separá.
Bateu Amor à porta da Loucura ...
CONFRONTO
Bateu Amor à porta da Loucura.
"Deixa-me entrar - pediu - sou teu irmão.
Só tu me limparás da lama escura
que me conduziu minha paixão."
A Loucura desdenha recebê-lo,
sabendo quanto amor vive de engano,
mas estarrece de surpresa ao vê-lo,
de humano que era, assim tão inumano.
E exclama: "Entra correndo, o pouso é teu.
Mais que ninguém mereces habitar
minha casa infernal, feita de breu,
enquanto me retiro, sem destino,
pois não sei de mais triste desatino
que esse mal sem perdão, o mal de amar."
(Drummond - Livro A Paixão Medida)
CONFRONTO
Bateu Amor à porta da Loucura.
"Deixa-me entrar - pediu - sou teu irmão.
Só tu me limparás da lama escura
que me conduziu minha paixão."
A Loucura desdenha recebê-lo,
sabendo quanto amor vive de engano,
mas estarrece de surpresa ao vê-lo,
de humano que era, assim tão inumano.
E exclama: "Entra correndo, o pouso é teu.
Mais que ninguém mereces habitar
minha casa infernal, feita de breu,
enquanto me retiro, sem destino,
pois não sei de mais triste desatino
que esse mal sem perdão, o mal de amar."
(Drummond - Livro A Paixão Medida)
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