Atividade de produção de Texto- crônica de Luis Fernando Veríssimo motivando o reconto––6º ao 9º ano
A criação de um
texto a partir de um outro texto já existente(intertextualizando),
buscando através do humor e de textos de interesse dos alunos, tornar a
leitura um momento de prazer e dessa forma criar o hábito e o gosto por
essa prática. A boa receptividade do aluno, ao utilizar o material de
leitura elaborado comprovou que se oferecer um material atrativo, ele é
capaz de fazer excelente reprodução e é possível despertar nele o
gosto pela leitura.
Nesta atividade há a sugestão de como produzir um texto a partir de uma crônica de Luis Fernando Veríssimo
, que mesmo sendo um texto intertextualizado, é tão atrativo, provocativo, e bem-humorado, que dificilmente os alunos deixarão de se sentirem motivados á uma nova produção com a técnica que vamos descrever.
, que mesmo sendo um texto intertextualizado, é tão atrativo, provocativo, e bem-humorado, que dificilmente os alunos deixarão de se sentirem motivados á uma nova produção com a técnica que vamos descrever.
A crônica que será
trabalhada, do Luis Fernando Veríssimo, tem o título “Detalhes” e faz
parte da coletânea da obra “O Analista de Bagé”. Nesta crônica o autor reconta com
uma grande “pitada” de humor o clássico dos Contos de Fadas “Cinderela”
ou a “A Gata Borralheira” que é já do conhecimento dos alunos, e não
pense que adolescentes não vão gostar por ser um conto infantil. Ao
contrário adolescentes adoram voltar ao tempos de criança, mesmo quando
não admitem ou fazem piadas.
O autor, nesta
crônica, faz um reconto com muito humor, provoca uma nova visão da
trama, indo e vindo nos “detalhes” dos tempos antigos das fadas aos
tempos atuais. A trama é narrada por um dos personagens da história, que
embora não seja citado, todos sabem que estava lá no local dos
acontecimentos. O que é bem divertido.
A intenção desta
estratégia é perceber todas essas nuances e concluir que os fatos
(geralmente contidos em crônicas ou noticiários e até mesmo em contos
fictícios,tem diversas maneiras de serem vistas de acordo com o ponto de
vista de quem as relata.
Vamos então à atividade. Pode –se introduzir com muito entusiasmo, na sala de aula, “hoje
vamos saber tudo sobre uma crônica, e a crônica que eu escolhi para
essa primeira vez é muito engraçada e vocês vão adorar” ( e vão mesmo, pode acreditar).
“Sabem o que é uma crônica?” O professor pode relatar todo a história, ou deixar para um segundo momento e resumir assim:
A
crônica enquanto estilo literário: Ligada à vida quotidiana; Narrativa
informal, familiar, intimista; Uso da oralidade na escrita: linguagem
coloquial; Sensibilidade no contato com a realidade; Síntese; Leveza;
Diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa fiada; Uso do humor;
É um fato moderno: está sujeita à rápida transformação e à fugacidade
da vida moderna. Enfim, é uma história do dia-a-dia, com uma pitada de
humor, transformada em textos maravilhosos aí, o humor faz com que
fique mais interessante.
Essa é uma característica bem marcante do Luis Fernando Veríssimo .
A
crônica que hoje vamos conhecer é também é intextualizada, significa
que Veríssimo escreveu sobre um texto de um outro autor. .
Estratégia da Produção, reprodução ou reconto
1-Conhecimento Prévio dos Alunos
Quem Conhece a historinha “Cinderela”? (explorar o tema com os alunos)
-2-Fazer a leitura do texto original ( no livrinho infantil, resumidinho, mesmo, de preferência) – Cinderela ou a Gata Borralheira .
2- Extrapolação do texto:
Pedir
aos alunos que comparem fatos marcantes, como princesas que esperavam
os príncipes de suas vidas, para a vida moderna atual.Esse tempo
existiu, em que as mulheres esperavam pelos homens que seriam seus
maridos e “sonhavam com príncipes encantados”, isso ainda existe, na
vida moderna?
3- Analisando a Crônica
(levar um impresso com a transcrição da Crônica para cada aluno)
DETALHES
Luis Fernando Veríssimo
O velho porteiro do palácio chega em casa, trêmulo. Como sempre que tem baile no
palácio, sua mulher o espera com café da manhã reforçado. Mas desta vez ele nem
olha para a xícara fumegante, o bolo, a manteiga, as geleias. Vai direto à
aguardente. Atira-se na sua poltrona perto do fogão e toma um longo gole de
bebida, pelo gargalo.
___ Helmuth, o que foi?
___ Espera, Helga. Deixa eu me controlar primeiro.
Toma outro gole de aguardente.
___ Conta, homem! O que houve com você? Aconteceu alguma coisa no baile?
___ Co-começou tudo bem. As pessoas chegando, todo mundo de gala, todos com
convite, tudo direitinho. Sempre tem, é claro, o filhinho de papai sem convite que
quer levar na conversa, mas já estou acostumado. Comigo não tem conversa. De
repente, chega a maior carruagem que eu já vi. Enorme. E toda de ouro. Puxada
por três parelhas de cavalos brancos. Cavalões! Elefantes! De dentro da carruagem,
salta uma dona. Sozinha. Uma beleza. Eu me preparo para barrar a entrada dela
porque mulher desacompanhada não entra no baile do palácio. Mas essa dona tão
bonita, tão sei lá, radiante, que eu não digo nada e deixo ela entrar.
___ Co-começou tudo bem. As pessoas chegando, todo mundo de gala, todos com
convite, tudo direitinho. Sempre tem, é claro, o filhinho de papai sem convite que
quer levar na conversa, mas já estou acostumado. Comigo não tem conversa. De
repente, chega a maior carruagem que eu já vi. Enorme. E toda de ouro. Puxada
por três parelhas de cavalos brancos. Cavalões! Elefantes! De dentro da carruagem,
salta uma dona. Sozinha. Uma beleza. Eu me preparo para barrar a entrada dela
porque mulher desacompanhada não entra no baile do palácio. Mas essa dona tão
bonita, tão sei lá, radiante, que eu não digo nada e deixo ela entrar.
___ Bom, Helmuth. Até aí...
___ Espera. O baile continua. Tudo normal. Às vezes rola um bêbado pela
escadaria, mas nada de mais. E então bate a meia-noite. Há um rebuliço na porta do
palácio. Olho para trás e vejo uma mulher maltrapilha que desce pela escadaria,
correndo. Ela perde uma sapato. E o príncipe atrás dela.
___ Bom, Helmuth. Até aí...
___ Espera. O baile continua. Tudo normal. Às vezes rola um bêbado pela
escadaria, mas nada de mais. E então bate a meia-noite. Há um rebuliço na porta do
palácio. Olho para trás e vejo uma mulher maltrapilha que desce pela escadaria,
correndo. Ela perde uma sapato. E o príncipe atrás dela.
___ O príncipe?
___ Ele mesmo. E gritando para mim segurar a esfarrapada. “Segura! Segura!” Me
preparo para segura-la quando ouço uma espécie de “vum” acompanhado de um
clarão. Me viro e...
___ E o quê, meu Deus?
O porteiro esvazia a garrafa com um último gole.
___ Você não vai acreditar.
___ O príncipe?
___ Ele mesmo. E gritando para mim segurar a esfarrapada. “Segura! Segura!” Me
preparo para segura-la quando ouço uma espécie de “vum” acompanhado de um
clarão. Me viro e...
___ E o quê, meu Deus? 186
O porteiro esvazia a garrafa com um último gole.
___ Você não vai acreditar.
___ Conta!
___ A tal carruagem. A de ouro. Tinha se transformado numa abóbora.
___ Numa o quê?
___ Eu disse que você não ia acreditar.
___ Uma abóbora?
___ E os cavalos em ratos.
___ Helmuth...
___ Não tem mais aguardente?
___ Acho que você já bebeu demais por hoje.
___ Juro que não bebi nada!
___ Esse trabalho no palácio está acabando com você, Helmuth. Pede para ser
transferido para o almoxarifado.
VERÍSSIMO, L. F. O analista de Bagé. 100. ed. Porto Alegre: L&P Editore
4-Identificação: o narrador é um personagem – o porteiro do palácio do Rei. Vejam o nome dele e da sua mulher:
Helmut e Helga então porque o Luis Fernando Veríssimo escolheu esses nomes?
Esses
nomes Alemães se referem a quem? - Ao Green. Isso ao Jacob Green, que
ele é a referencia no mundo do conto de fadas, aqui o é Jacob Grimm é o
sobrenome, ( Jacob grimm e Wilhelm Grimm -autores alemães dos contos de fadas infantis). Então a escolha desses nomes foi intencional, do Luis Fernando.
6- INTERPRETAÇÃO
a)Trabalhar primeiro o título: Porque que o Luis Fernando Veríssimo colocou Detalhes,
porque que vocês acham que ele colocou esse título Detalhes? No começo
do texto fala dos detalhes da casa do porteiro, a mulher colocou bolo,
manteiga, totalmente detalhado o dia dele. Mas há também os detalhes do
conto da Cinderela: a abóbora, os ratinhos…
b)o que daria para identificar o humor aqui nesse texto porque que fica engraçado?
c) Por que ele ficou espantado? (Ima moça chegar ao baile sozinha, os bêbados, os que entram sem ingresso) Isso aqui vocês acham que poderia ter ocorrido assim na atualidade ou em tempos lá da Cinderela, o que vocês acham?
7- COMENTANDO PARTES DA CRONICA
Então,
vejam que interessante que interessante, o porteiro até gagueja…
começou tudo bem, as pessoas chegando todo mundo de gala(O QUE É GALA?
enriquecer o vocabulário na interpretação) todos com convite tudo
direitinho, sempre tem é claro filhinho de papai ( É UM FATO ATUAL?) sem convite que “quer levar na conversa”, mas já estou acostumado, esse filhinho de papai
è de que tempo? Do nosso tempo, da nossa atualidade. Do nosso tempo:
ele conseguiu fazer essa intertextualidade de uma coisa que já
aconteceu com os dias atuais por isso que é crônica. E isso que dá humor. Vejam como FICOU BEM INTERESSANTE – CONTADO ASSIM POR VERISSIMO-
7-
Após a análise da Crônica vem a produção individual do texto, em que o
professor vai propor que cada aluno escola um personagem do texto
original e este personagem seja o narrador e reconte a história sob o
seu ponto de vista, como “ele viu e imaginou a história da Cinderela”,
dentro das característica de uma crônica.
O
professor pode começar a relatar, oralmente, como o
ratinho(transformado em cocheiro descreveria somente o que viu e o que
aconteceu com ele também… apenas um trechinho para que a turma entenda o
que se pede), e se prepare para a surpresa de crônicas nunca antes
imagináveis escritas pelos alunos da sua turma. Pode abrir um concurso
para a melhor, porque vai haver excelentes produções.
Esta
estratégia pode ser usada desde o 4º ano das séries iniciais ao
Fundamental II, com esta crônica do Veríssimo ou com outros excelentes
contos ( que sejam breves, como as fábulas) brasileiros e mesmo com
contos sem intertextualizações. Um ideia bem legal, para não recair em
contos com
cunho mais antigo, peça aos alunos que tragam crônicas de jornais ou
revistas sobre assuntos atuais e até mesmo políticos, econômicos, sobre
assuntos que estão na mídia, para serem trabalhados na produção de
textos intextualizados como o a que foi usada nesta e em outras estratégias de recontos.
Por: Júlia Virginia de Moura – pedagoga
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