terça-feira, 16 de agosto de 2016

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Gêneros literários

Gênero Lírico

É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema, que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas impressões em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e os verbos estão em primeira pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem. Observe o lirismo destes versos de Manuel bandeira e de Adriana Calcanhoto:

Ardo em desejo na tarde que arde! Nada ficou no lugar
Oh, como é belo dentro de mim Eu quero quebrar essas xícaras
Teu corpo de ouro no fim da tarde: Eu vou enganar o diabo
Teu corpo que arde dentro de mim Eu quero acordar sua família
Que ardo contigo no fim da tarde Eu vou escrever no seu muro
E violentar o seu gosto


Gênero Épico
Nesse gênero há a presença de um narrador que fundamentalmente conta a história passada de terceiros. Isso implica certo distanciamento entre o narrador e o assunto tratado, coisa que não ocorre no gênero lírico. Os verbos e os pronomes quase sempre estão na terceira pessoa, porque se trata “dele” ou “deles”. Além disso, os textos épicos pressupõem a presença de um ouvinte ou uma platéia, que estariam escutando o narrador.
Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou uma nação, envolvendo aventuras, guerras, viagens, gestos históricos, etc. Normalmente apresentam um tom de exaltação, isto é, de valorização, de seus heróis e seus feitos. Os poemas épicos intitulam-se epopéias e as mais famosas da literatura ocidental são: Ilíada e Odisséia, de Homero; Eneida, de Virgílio; Os Lusíadas, de Luis de Camões; Paraíso Perdido, de Milton; e Orlando Furioso, de Ludovico Ariosto.
No Brasil, foram feitos vários poemas épicos, principalmente seguindo o modelo de Camões. Os mais importantes são: Caramuru, de Santa Rita Durão, e O Uraguai, de Basílio da Gama.



Gênero Dramático

Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem o papel das personagens. Todo o texto se desenrola a partir de diálogos, obrigando a uma seqüência rigorosa das cenas e de suas relações de causa e conseqüência. Nesse fragmento da peça Gota d’água, de Chico Buarque de Holanda, em que Joana e Jasão, os protagonistas, brigam porque ele arranjou outra mulher. Observe que o texto foi escrito em versos, pois seu autor tenta realçar o trabalho com o texto, como era feito antigamente no teatro. Perceba também como o enredo se constrói a partir do diálogo entre as personagens.

JOANA Cê gosta da filha do Creonte, Jasão?

JASÃO Não quero falar nisso agora...

JOANA Gosta não.
Ta só perturbado, né? Responde pra mim...

JASÃO Tava falando, deixa eu continuar, sim?

JOANA Responde duma vez, homem, toma coragem.
Você gosta mesmo da moça?...

JASÃO (gritando) Mulher, pára, deixa eu falar... (tempo)
Você sabe... eu não tenho cara pra chutar vocês pra córner... é sacanagem
que eu não vou fazer. Mas também veja o meu lado
Cedo ou tarde a gente ia ter que se separar
Quando eu te conheci, tava pra completar
vinte anos, não foi? Eu nem tinha completado
Você tinha trinta e quatro mas era bem
conservada, a carroceria, bom molejo
e a bateria carregada de desejo
Então não queria saber de idade, e nem
quero saber, porque para mim quem gosta gosta
e o amor não vê documento nem certidão
Só que dez anos se passaram desde então
[...]

Gênero Narrativo
Na concepção atual, existe um quarto gênero, visto como uma variante do Gênero épico e composto de narrativas em prosa. Dependendo da estrutura, da forma e da extensão, as principais manifestações são o romance, o conto e a crônica. Nessas modalidades, temos representações da vida comum, de um mundo particular e individual; ao contrário da universalidade das grandiosas narrativas épicas, marcadas pela representação de um mundo maravilhoso, povoado de heróis e deuses.
Tipos de narração:
1ª pessoa: narrador interno e onipresente, que participa dos acontecimentos.
3ª pessoa: narrador externo e onisciente está fora dos acontecimentos, mas tem ciência de tudo que acontece.
É importante ressaltar que nas narrações em 1ª pessoa, nem tudo que o narrador afirma corresponde à “verdade”, pois é sempre uma visão parcial, individual, de quem participa.


Atividades


Leia o poema abaixo para responder os exercícios 1 e 2:

Desencanto (Manuel Bandeira)

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.

1. A que gênero pertence Desencanto, de Manuel Bandeira? Porque se pode dizer que o poema é representante desse gênero?

2. Você diria que a poesia de Manuel Bandeira é objetiva ou subjetiva? Justifique.

3. “Na serra de Ibiapaba, numa de suas encostas mais altas, encontrei um jegue. Estava voltado para o lado e me pareceu que descortinava o panorama. Mas quando me aproximei, percebi que era cego.” (Oswaldo França Júnior, em As Laranjas Iguais).
O fragmento é representante do gênero:
a) lírico
b) épico
c) narrativo
d) dramático
e) nenhuma das opções acima.

Leia o texto abaixo para responder às questões 4 e 5.
A um passarinho
Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
(Vinícius de Moraes)

4. Segundo o texto, qual é a condição fundamental para a condição poética?

5. A que gênero literário pertence o texto?

6. Retire do texto abaixo três marcas do Gênero Dramático:

JOANA Cê gosta da filha do Creonte, Jasão?

JASÃO Não quero falar nisso agora...

JOANA Gosta não.
Ta só perturbado, né? Responde pra mim...

JASÃO Tava falando, deixa eu continuar, sim?

JOANA Responde duma vez, homem, toma coragem.
Você gosta mesmo da moça?...

JASÃO (gritando) Mulher, pára, deixa eu falar... (tempo)
Você sabe... eu não tenho cara pra chutar vocês pra córner... é sacanagem
que eu não vou fazer. Mas também veja o meu lado
Cedo ou tarde a gente ia ter que se separar
Quando eu te conheci, tava pra completar
vinte anos, não foi? Eu nem tinha completado
Você tinha trinta e quatro mas era bem
conservada, a carroceria, bom molejo
e a bateria carregada de desejo
Então não queria saber de idade, e nem
quero saber, porque para mim quem gosta gosta
e o amor não vê documento nem certidão
Só que dez anos se passaram desde então [...]

7. Dê o significado de epopéia: 

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