POKEMÓN
Analu Faria
"Tenho mais o que fazer." É o desabafo de muita gente que acha chato o
joguinho eletrônico em que o usuário "caça" Pokemóns. Nos últimos dias,
não sei do que o mundo anda mais cheio: se de monstrinhos japoneses
virtuais ou se de gente que "tem mais o que fazer."
Fico pensando que a vida adulta se resume a pessoas que se envolvem com
coisas novas e gente que está ocupada demais para isso. Geralmente as
segundas se dão melhor na vida: têm mais dinheiro, mais estabilidade,
são mais bem vistas, tem status. As primeiras costumam se divertir mais,
de uma diversão mais genuína que encher a cara no fim de semana.
Esta crônica não é nem de longe uma apologia ao joguinho, que virou
febre em alguns países nos últimos meses. Nem é uma crítica a quem não
gosta de Pokémons. É mais uma observação de quem, à medida que
envelhece, percebe ser mais nítida a diferença entre as pessoas que se
surpreendem com o novo e aquelas que já estão satisfeitas com o que já
viram.
Talvez esta crônica seja mais simples do que o leitor imagina: não vai
acabar em mocinhos e bandidos, não vai ter final feliz (nem triste).
Talvez esta crônica seja sobre estar entre dois caminhos, como quem se
posiciona no exato ponto em que o rio desemboca no mar.
O Pokemón, gente, é um divisor de águas.
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