segunda-feira, 15 de agosto de 2016

POKEMÓN

Analu Faria


"Tenho mais o que fazer." É o desabafo de muita gente que acha chato o joguinho eletrônico em que o usuário "caça" Pokemóns. Nos últimos dias, não sei do que o mundo anda mais cheio: se de monstrinhos japoneses virtuais ou se de gente que "tem mais o que fazer."

Fico pensando que a vida adulta se resume a pessoas que se envolvem com coisas novas e gente que está ocupada demais para isso. Geralmente as segundas se dão melhor na vida: têm mais dinheiro, mais estabilidade, são mais bem vistas, tem status. As primeiras costumam se divertir mais, de uma diversão mais genuína que encher a cara no fim de semana.
Esta crônica não é nem de longe uma apologia ao joguinho, que virou febre em alguns países nos últimos meses. Nem é uma crítica a quem não gosta de Pokémons. É mais uma observação de quem, à medida que envelhece, percebe ser mais nítida a diferença entre as pessoas que se surpreendem com o novo e aquelas que já estão satisfeitas com o que já viram. 
Talvez esta crônica seja mais simples do que o leitor imagina: não vai acabar em mocinhos e bandidos, não vai ter final feliz (nem triste). Talvez esta crônica seja sobre estar entre dois caminhos, como quem se posiciona no exato ponto em que o rio desemboca no mar.
O Pokemón, gente, é um divisor de águas.

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